Quem somos? O que fazemos?
Escrito por A Jorge
Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de
muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente da falta de humildade.
O Maçom na sociedade atual - Nossa Ordem tem
sistematicamente, através dos tempos, oferecido aos seus membros oportunidades
de evolução pessoal, para que se transformem numa poderosa força do bem, como
influentes construtores sociais. Muitas tentativas foram feitas, e a história
nos diz, muitas, infrutíferas, devido à intolerância; grande número alcançou
seus objetivos.
Temos apregoado que há necessidade de um número
maior de homens de qualidade em nossa Ordem, para que possamos dar oportunidade
a homens sinceros se prepararem para o serviço na sociedade, segundo os
princípios das tradições iniciáticas. Com isto e com a participação do homem
Maçom na sociedade haverá uma correção dos profundos erros políticos e
sociais, para a defesa da liberdade de consciência, da justiça e da verdade,
seja ela qual for. No Brasil, há liberdade de ação, prevista pela nossa
Constituição, mas há dificuldades múltiplas na prática de nossas manifestações,
em grande parte pela ignorância do povo em geral sobre nossa Instituição, e em
parte pela falta de objetividade na ação do próprio Maçom na sociedade, que
muitas vezes deixa de definir aonde ele quer chegar.
Não é novidade para ninguém, que a elite
brasileira não é muito sensível às preocupações gerais do nosso País. Se
considerarmos que nosso País ainda luta contra suas deficiências básicas, tais
como a educação, a moradia, a saúde, o saneamento básico, e a segurança.
O interessante é que muitos falam e poucos
assumem, e nós Maçons, de tantos passados históricos, somos apontados em muitas
ocasiões como a esperança moral do povo.
O Maçom sempre foi um insatisfeito, e sempre que
na história surgem elementos novos, redimidos pelo saber e pela instrução, e
outros que provocam a queda espiritual e moral do homem, o Maçom sempre tem
reclamado e interferido. Seria interessante sabermos o que o Maçom pode
verdadeiramente fazer na sociedade atual e diante dela. Para isto talvez não
baste entendermos o que ocorre na sociedade atual, mas precisamos nos conhecer
a nós próprios e nossas pretensões.
Quem somos? O que fazemos? Estas questões
aparentemente simples são amplas e podem ser encaradas sob vários aspectos,
mas, dois são básicos:
- Nós
Maçons somos hoje um grupo de homens espalhados pelo País, com princípios
bem definidos pelos nossos Rituais, mas com regras não totalmente bem
definidas pela nossa Constituição e Regulamentos, com decisões sem muita
repercussão, fora de nossos Templos. Cumprimos nossas obrigações perante
nossas Obediências e nossas Lojas, afinal juramos isto!
- Somos
um grupo de homens, cuja decisão sobre o que discutimos, e sobre o que
precisamos na sociedade, não tem, muitas vezes atravessado a rua em que se
encontra a nossa Loja! Infelizmente esta afirmativa não é exagerada.
Muitas vezes dentro de nossos Templos somos combativos, "verdadeiras
feras" em defesa do bem, do menor, da democracia, dos princípios
basilares, reclamamos da sociedade e de tantas outras necessidades do
homem no mundo atual. Nestes aspectos, o Maçom, sem sombra de dúvidas,
não é um privilegiado, pois fala muito e faz pouco! É claro que entendemos
que este comportamento é uma função quase que direta das circunstâncias
da precária vida e da formação do homem na época atual, mas continuo
entendendo que o Maçom, nestes aspectos, ainda não é privilegiado...
Por outro lado, entendemos também, e com o tempo
a passar aprendemos serem nossos Templos um desafio à nossa responsabilidade e
a filosofia é a luz que ultrapassa as barreiras físicas e mentais por nós
conhecidas. É a luz que nos mostra no céu as estrelas que nos orientam nos
dando acesso ao conhecimento e à vida de um modo geral, e é a luz que consolida
o nosso passado, levando-nos a pensar no futuro! Sob este aspecto, entendemos
que o Maçom não só é privilegiado como brilhante, e até muitas vezes convencido
da necessidade de um aperfeiçoamento.
O Maçom agora é privilegiado sim, porque assume
com estes programas um compromisso com a liberdade intelectual e espiritual do
homem, cujo limite, sabemos, é o infinito...
Assim, à sombra deste privilégio, e à frente dos
nossos olhos, vários caminhos podem ser tomados diante da sociedade em que
vivemos; a questão é: qual tomar?
É bem conhecido que o Maçom não cultua o poder,
notadamente o poder político, e muito menos o cortejamos, mas temos a obrigação
de prepararmos nossos membros para que exerçam dignamente o poder quando
convocados para servir a sociedade. A questão é como encarar a sociedade com
conceitos e princípios que defendemos...
Desta forma, faz parte do nosso convívio como
homens de bem, como atuação, oferecer o direito de cobrar dos que se encontram
no poder, posições de competência, austeridade, sensatez, igualdade e moralidade.
A sociedade atual muito pouco sabe sobre nossos propósitos, e reluta muitas
vezes em aceitar nossa Sublime Instituição, duvidando da nossa eficiência.
Nossa grande preocupação é que nós mesmos duvidamos de nossas atuações e de
nossa eficácia.
Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de
muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente de falta de humildade,
que nos assolam em todos os momentos de nossa vida, reverenciando o mal.
Nós escolhemos nossos caminhos e nossa Ordem,
por vontade própria e sem constrangimento ou coação. Se não tivermos
consciência do que queremos podemos livremente procurar nossa realização em
outro lugar.
O que precisamos mesmo é nos aproximar da
sociedade profana; caminharmos até ela, convivermos com suas dificuldades, seus
prazeres, com sua sabedoria e com sua ignorância. Isto é difícil, mais para a
Maçonaria, sociedade repleta de princípios bem definidos, e com a vontade de
fazer, e fazendo o melhor, pode tornar-se viável.
Muitas vezes, o Maçom é brilhante, bem preparado,
repleto de conhecimentos, mas é tímido e se envergonha de chegar à sociedade, e
oferecer algo em favor dos outros. Se formos ao encontro dos reais objetivos
de nossa Ordem, e deixarmos de justificar nossos melindres e preconceitos mais
fortes, e provermos as necessidades do Irmão, naquilo que lhe der oportunidade
de criar e lhe der liberdade de pensamento e acção, já estamos próximos do
cumprimento de nossas obrigações. Entre as quais destacamos o papel de manter e
formar o homem do bem!
Vamos a eles! Podemos contar com o seu apoio e o
nosso nunca lhes faltará.
Favorecer o ser humano, com base no amor ao
próximo, amor fraterno, demonstra acima de tudo a compreensão pura e simples da
prevalência do espírito sobre a matéria.
Não nos permite o mundo atual, ficarmos
encerrados em nossos Templos, fazendo juras de fidelidade, num circuito
fechado, inconsistente. Temos que participar. Afinal, não somos uma obra
exclusiva de nosso tempo, e sim de muitas épocas, e por esta razão somos
responsáveis pelo que mantemos. Temos que nos aproximar da sociedade e não nos
afastarmos dos seus problemas, quebrando o antigo tabu da falta de aproximação
e do diálogo. É chegado o momento de definirmos uma boa razão para vivermos e
até mesmo de pertencermos à Maçonaria.
O Maçom chegou a uma conclusão de que temos que
nos unir e trabalhar juntos, e que não adianta nos lamentarmos levantando
protestos dentro dos nossos Templos contra os erros da sociedade de hoje, que,
aliás, são muitos; o que temos que fazer é trabalhar para o bem, até mesmo numa
tentativa frenética de erguermos a moral de nosso povo, hoje abatido, infeliz e
sem muitas perspectivas sólidas para o futuro. O Maçom tem sempre que levar aos
seus arredores mais próximos seus conhecimentos, que em média são muito superiores
que os da grande maioria deste povo brasileiro sofrido, muitas vezes por falta
de oportunidade e em grande parte desprovido de princípios.
Esqueçamos nossas desavenças, nossas
dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos unamos em torno do bem e da
tolerância. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado,
desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que
se praticou.
Valdemar Sansão - M:. M:.
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