Escrito por
Valdemar Sansão
Trabalho e Riqueza
Acredito que o mundo ideal seja aquele que
inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das
riquezas.
Vivemos em uma sociedade delirante, dentro da
qual o ser humano age em busca de ilusões: ou é um cargo importante,
dinheiro, título ou fama pura e simples, sem relação com algum valor ou
autêntica realidade humana. Quase sempre temos a sensação de que nossa vida,
não tem um sentido maior. Às vezes, acusamos nosso chefe, nossos amigos e até
mesmo nossos pais. Mas, será que levamos a vida como deveríamos?
É dever do Maçom, amante da Verdade,
trabalhar para o reinado da paz e da concórdia, da harmonia, do amor
pelo próximo, da verdade soberana e da justiça absoluta dessa Força que
chamamos Grande Arquiteto do Universo.
Colocamos nossa vida num caminho certo e com
objetivos bem definidos? “Feliz o homem que torna seu o momento presente e
que pode dizer consigo mesmo: HOJE VIVI”.
O TRABALHO
Deus criou o homem sem roupas e sem abrigo, mas
deu-lhe a inteligência para fabricá-los.
É perfeitamente natural que o trabalho de um
homem lhe proporcione direitos e que lhe remunerem esse direito. O trabalho de
um homem não é uma mercadoria. Entram nesse trabalho elementos que não é
possível taxar. Há coisas que não é possível comprar: por exemplo, o sono,
conhecimento do futuro, o talento. O trabalho sério exige
responsabilidade e determinação.
Trabalho maçonico - o termo trabalho em Maçonaria,
é, realmente, mais usado no plural, para designar as reuniões e as deliberações
das Lojas, ou de outros Corpos maçónicos; toda tarefa maçónica dentro do
templo é denominada trabalho; esse trabalho consiste em despertar no maçom as
virtudes que existem no seu subconsciente; as virtudes não são colocadas
dentro do ser humano, mas deduzidas, pois elas nascem com a criatura.
Todavia, toda a Maçonaria Simbólica é dedicada ao trabalho, principalmente do
Aprendiz, que, simbolicamente, desbasta a pedra informe, bruta, esquadrejando-a,
para transformá-la numa pedra cúbica, que se encaixa, perfeitamente, nas
construções.
Trabalho maçónico é o exercício constante para a
obtenção de posturas certas; de prática litúrgica perfeita; é a
emissão de vibrações que alcancem o próximo, que é o maçom ausente,
momentaneamente, em matéria no templo, eis que todo Iniciado faz morada
permanente no templo.
Obviamente, o trabalho não é produzido com o
suor do rosto, isto é, com o imperativo para a subsistência, resultante de um “castigo”.
A construção do templo espiritual coletivo e individual demanda muito
trabalho, mas é dignificante e geradora de prazer. O trabalho não é penoso, mas
a glorificação do Criador; o que o homem produz é sempre um milagre, uma
satisfação, uma bênção, um ato de santidade. O ócio é um vício, o oposto do
labor, pois a desocupação da mente dá margem a que as vibrações e os fluidos
negativos tomem conta do lugar destinado à pureza. Continuemos a tarefa que nos
cabe realizar, em conjunto, de tornar a Maçonaria cada vez melhor praticada, de
colocar nossa mensagem de perfeição ao alcance de todos. Estar nessa tarefa é,
sem dúvida, uma manifestação de fé de nossa capacidade de vencer nossos
próprios desafios. É tarefa aparentemente complexa, mas que se torna simples
quando a executamos de conformidade com os princípios do amor fraternal.
A Maçonaria trabalha no sentido de que seus
ensinos alcancem todos os homens livres e de bons costumes, pois através do seu
conhecimento e da sua vivência, teremos todos melhores condições para sair da
ignorância, violência e sofrimento que ainda caracterizam a nossa sociedade.
A RIQUEZA
O homem não possui de seu senão o que pode levar
deste mundo.
Deus conhece nossas necessidades, e as provê
segundo o necessário; mas o homem, insaciável em seus desejos, não sabe
sempre se contentar com o que tem; o necessário não lhe basta, lhe é
preciso o supérfluo.
As
dificuldades economicas com que lutamos; as convenções sociais, toda a
organização da vida moderna alcançaram o dinheiro a uma tão eminente categoria
que não é para admirar que a imaginação humana lhe atribua uma espécie de
realeza.
A principal vantagem da riqueza é de descartar a
preocupação de ganhar dinheiro; mas, se na realidade pensamos nele em demasia e
com sentimentos egoístas, a riqueza produz mais mal que bem. O dinheiro é uma
grande tentação; impele os homens ao orgulho e à indulgência para
consigo mesmos. A pobreza requer duas virtudes apenas: constância no
trabalho e paciência. O rico, ao contrário, se não possui caridade,
temperança, prudência e muitas outras qualidades, torna-se um perigo. Toda a
história nos ensina quão perigosos são o poder e as riquezas.
Quando me refiro à palavra riqueza, não estou
fazendo menção à jóias nem a supérfluos e sim àqueles bens necessários para
que o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto. Um homem só
deve incomodar-se em atingir a independência que garanta uma modesta soma em
dinheiro para as despesas do enterro, uma casinha em uma pequena quadra no solo
deste planeta. Algumas economias para as despesas anuais com alimentação e
vestuário. A preocupação em acumular dinheiro, escravizando ele os dias e as
noites, eis a maior fraude da civilização moderna.
Portanto, possuir não é um privilégio com que
nos glorifiquemos, mas um encargo, cuja gravidade devemos sentir. Esta função,
que se chama riqueza, exige uma aprendizagem, da mesma forma que há uma
aprendizagem de todas as funções sociais. Saber possuir é uma arte, uma das
artes mais difíceis de aprender. A maior parte das pessoas, pobres ou ricas,
julgam que na opulência basta deixar correr a vida. É por isso que há tão
poucos homens que sabem manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as
fraquezas, extasiados com a intrepidez de ganhar a qualquer preço, mentem,
roubam, traem.
Quando isto ocorrer, poderão aproveitar de forma
eficaz os ensinamentos da Sublime Ordem Maçónica pela contribuição positiva que
sempre deu à sociedade formando seus filiados e, em particular porque os mesmos
já foram testados e aprovados.
O que complica a vida, o que a corrompe e
altera, não é o dinheiro, é o nosso espírito mercenário. O espírito mercenário reduz tudo a esta
pergunta: Quanto eu levo nisto? Quanto é que isto me renderá? É a
famigerada “lei de levar vantagem em tudo”. E tudo se resume neste
axioma: Com dinheiro, tudo se arranja. Aqueles abomináveis
que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza
interior do ser humano. Com esses princípios de conduta, uma sociedade pode não
servir ao povo em nada, mas pode descer a tal infâmia, que não é possível
descrevê-la nem imaginá-la.
Quando encontrarmos um homem rico e ao mesmo
tempo simples, isto é, que considere a sua riqueza como um meio de desempenhar
a sua missão humana, devemos saudá-lo respeitosamente, porque esse homem é
certamente alguém que venceu obstáculos, atravessou perigos, triunfou das
tentações vulgares ou embaraçadas. Para tanto, travou a única luta recomendada
pelos vitoriosos: a sua luta contra si mesmo. Assim vivenciando, nada
lhe será impossível, pois é o único responsável pelo seu destino.
O Maçon autêntico não confunde o conteúdo da sua
bolsa com o do seu cérebro ou do seu coração, e não é com algarismos que avalia
os seus semelhantes. A sua situação excepcional, longe de elegê-lo, humilha-o,
porque sente tudo quanto lhe falta para estar inteiramente à altura do seu
dever. É acolhedor, caritativo, e longe de fazer dos seus bens uma barreira que
o separe do resto dos homens, faz dela um meio para deles se aproximar cada vez
mais. Enquanto houver conflitos de interesse, enquanto existirem na terra a
inveja e o egoísmo, nada será mais respeitável que a riqueza penetrada pelo espírito
de simplicidade, pois assim, o homem, mais do que fazer-se
perdoar, conseguirá fazer-se amar; o resto só é vaidade.
Valdemar Sansão - M:. M:.
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