quinta-feira, 29 de agosto de 2013


 

Escrito por Valdemar Sansão

Trabalho e Riqueza

Acredito que o mundo ideal seja aquele que inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das riquezas.

Vivemos em uma sociedade delirante, dentro da qual o ser humano age em busca de ilusões: ou é um cargo importante, dinheiro, título ou fama pura e simples, sem relação com algum valor ou autêntica realidade humana. Quase sempre temos a sensação de que nossa vida, não tem um sentido maior. Às vezes, acusamos nosso chefe, nossos amigos e até mesmo nossos pais. Mas, será que levamos a vida como deveríamos?

É dever do Maçom, amante da Verdade, trabalhar para o reinado da paz e da concórdia, da harmonia, do amor pelo próximo, da verdade soberana e da justiça absoluta dessa Força que chamamos Grande Arquiteto do Universo.

Colocamos nossa vida num caminho certo e com objetivos bem definidos? “Feliz o homem que torna seu o momento presente e que pode dizer consigo mesmo: HOJE VIVI”.

O TRABALHO

Deus criou o homem sem roupas e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los.

É perfeitamente natural que o trabalho de um homem lhe proporcione direitos e que lhe remunerem esse direito. O trabalho de um homem não é uma mercadoria. Entram nesse trabalho elementos que não é possível taxar. Há coisas que não é possível comprar: por exemplo, o sono, conhecimento do futuro, o talento. O trabalho sério exige responsabilidade e determinação.

Trabalho maçonico - o termo trabalho em Maçonaria, é, realmente, mais usado no plural, para designar as reuniões e as deliberações das Lojas, ou de outros Corpos maçónicos; toda tarefa maçónica dentro do templo é denominada trabalho; esse trabalho consiste em despertar no maçom as virtudes que existem no seu subconsciente; as virtudes não são colocadas dentro do ser humano, mas deduzidas, pois elas nascem com a criatura. Todavia, toda a Maçonaria Simbólica é dedicada ao trabalho, principalmente do Aprendiz, que, simbolicamente, desbasta a pedra informe, bruta, esquadrejando-a, para transformá-la numa pedra cúbica, que se encaixa, perfeitamente, nas construções.

Trabalho maçónico é o exercício constante para a obtenção de posturas certas; de prática litúrgica perfeita; é a emissão de vibrações que alcancem o próximo, que é o maçom ausente, momentaneamente, em matéria no templo, eis que todo Iniciado faz morada permanente no templo.

Obviamente, o trabalho não é produzido com o suor do rosto, isto é, com o imperativo para a subsistência, resultante de um “castigo”. A construção do templo espiritual coletivo e individual demanda muito trabalho, mas é dignificante e geradora de prazer. O trabalho não é penoso, mas a glorificação do Criador; o que o homem produz é sempre um milagre, uma satisfação, uma bênção, um ato de santidade. O ócio é um vício, o oposto do labor, pois a desocupação da mente dá margem a que as vibrações e os fluidos negativos tomem conta do lugar destinado à pureza. Continuemos a tarefa que nos cabe realizar, em conjunto, de tornar a Maçonaria cada vez melhor praticada, de colocar nossa mensagem de perfeição ao alcance de todos. Estar nessa tarefa é, sem dúvida, uma manifestação de fé de nossa capacidade de vencer nossos próprios desafios. É tarefa aparentemente complexa, mas que se torna simples quando a executamos de conformidade com os princípios do amor fraternal.

A Maçonaria trabalha no sentido de que seus ensinos alcancem todos os homens livres e de bons costumes, pois através do seu conhecimento e da sua vivência, teremos todos melhores condições para sair da ignorância, violência e sofrimento que ainda caracterizam a nossa sociedade.

A RIQUEZA

O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo.

Deus conhece nossas necessidades, e as provê segundo o necessário; mas o homem, insaciável em seus desejos, não sabe sempre se contentar com o que tem; o necessário não lhe basta, lhe é preciso o supérfluo.

As dificuldades economicas com que lutamos; as convenções sociais, toda a organização da vida moderna alcançaram o dinheiro a uma tão eminente categoria que não é para admirar que a imaginação humana lhe atribua uma espécie de realeza.

A principal vantagem da riqueza é de descartar a preocupação de ganhar dinheiro; mas, se na realidade pensamos nele em demasia e com sentimentos egoístas, a riqueza produz mais mal que bem. O dinheiro é uma grande tentação; impele os homens ao orgulho e à indulgência para consigo mesmos. A pobreza requer duas virtudes apenas: constância no trabalho e paciência. O rico, ao contrário, se não possui caridade, temperança, prudência e muitas outras qualidades, torna-se um perigo. Toda a história nos ensina quão perigosos são o poder e as riquezas.

Quando me refiro à palavra riqueza, não estou fazendo menção à jóias nem a supérfluos e sim àqueles bens necessários para que  o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto. Um homem só deve incomodar-se em atingir a independência que garanta uma modesta soma em dinheiro para as despesas do enterro, uma casinha em uma pequena quadra no solo deste planeta. Algumas economias para as despesas anuais com alimentação e vestuário. A preocupação em acumular dinheiro, escravizando ele os dias e as noites, eis a maior fraude da civilização moderna.

Portanto, possuir não é um privilégio com que nos glorifiquemos, mas um encargo, cuja gravidade devemos sentir. Esta função, que se chama riqueza, exige uma aprendizagem, da mesma forma que há uma aprendizagem de todas as funções sociais. Saber possuir é uma arte, uma das artes mais difíceis de aprender. A maior parte das pessoas, pobres ou ricas, julgam que na opulência basta deixar correr a vida. É por isso que há tão poucos homens que sabem manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas, extasiados com a intrepidez de ganhar a qualquer preço, mentem, roubam, traem.

Quando isto ocorrer, poderão aproveitar de forma eficaz os ensinamentos da Sublime Ordem Maçónica pela contribuição positiva que sempre deu à sociedade formando seus filiados e, em particular porque os mesmos já foram testados e aprovados.

O que complica a vida, o que a corrompe e altera, não é o dinheiro, é o nosso espírito mercenário. O espírito mercenário reduz tudo a esta pergunta: Quanto eu levo nisto? Quanto é que isto me renderá? É a famigerada “lei de levar vantagem em tudo”. E tudo se resume neste axioma: Com dinheiro, tudo se arranja. Aqueles abomináveis que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do ser humano. Com esses princípios de conduta, uma sociedade pode não servir ao povo em nada, mas pode descer a tal infâmia, que não é possível descrevê-la nem imaginá-la.

Quando encontrarmos um homem rico e ao mesmo tempo simples, isto é, que considere a sua riqueza como um meio de desempenhar a sua missão humana, devemos saudá-lo respeitosamente, porque esse homem é certamente alguém que venceu obstáculos, atravessou perigos, triunfou das tentações vulgares ou embaraçadas. Para tanto, travou a única luta recomendada pelos vitoriosos: a sua luta contra si mesmo. Assim vivenciando, nada lhe será impossível, pois é o único responsável pelo seu destino.

O Maçon autêntico não confunde o conteúdo da sua bolsa com o do seu cérebro ou do seu coração, e não é com algarismos que avalia os seus semelhantes. A sua situação excepcional, longe de elegê-lo, humilha-o, porque sente tudo quanto lhe falta para estar inteiramente à altura do seu dever. É acolhedor, caritativo, e longe de fazer dos seus bens uma barreira que o separe do resto dos homens, faz dela um meio para deles se aproximar cada vez mais. Enquanto houver conflitos de interesse, enquanto existirem na terra a inveja e o egoísmo, nada será mais respeitável que a riqueza penetrada pelo espírito de simplicidade, pois assim, o homem, mais do que fazer-se perdoar, conseguirá fazer-se amar; o resto só é vaidade.

Valdemar Sansão - M:. M:.

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