INTEGRIDADE MORAL, A PEDRA DE TOQUE
A prova final da sinceridade e seriedade de uma diretoria é dada pela
importância que inflexivelmente atribui à integridade do caráter. É isso, acima
de tudo, que devem simbolizar as decisões que a direção toma sobre o seu
pessoal. Porque é através do caráter que se exerce a liderança; é o caráter que
fixa o exemplo a ser imitado. O caráter não é algo que o diretor possa comprar;
se não o trouxer consigo para seu posto, jamais o terá. Não é algo a cujo
respeito se possa enganar os outros. Em poucas semanas, a pessoa com quem o
diretor trabalha, especialmente as que lhe são subordinadas, saberão se ele
possui ou não integridade de caráter. Elas são capazes de perdoar uma série de
coisas: a incompetência, a ignorância, a insegurança e até a má educação.
Jamais, porém, perdoarão a falta de caráter. Nem perdoarão a administração
superior a nomeação de um tipo desses.
A integridade moral pode ser difícil de definir, mas aquilo que constitua
uma falta de integridade tão séria que desqualifique alguém para um posto de
direção certamente não o é. Quem costuma concentrar-se mais nos defeitos das
pessoas do que em suas qualidades não deve ser escolhido para dirigir pessoas.
O gerente ou encarregado que sempre sabe dizer exatamente o que as pessoas não
são capazes de fazer, mas que nunca enxerga aquilo de que elas são capazes de
fazer, estará minando o espírito da sua organização. É claro que todo chefe
deve ter uma noção nítida das limitações dos seus subordinados, mas deve
encará-las como limitações àquilo que eles possam fazer e como obstáculos a
superar. O chefe deve ser realista; e ninguém é menos realista do que a pessoa
que não acredita em coisa alguma.
Quem sempre se preocupa mais em apurar “quem é que está certo e quem é
que está errado” do que “que é que está certo e que é que está errado” não deve
ser nomeado. Colocar o personalismo acima das exigências do serviço é corrupção
e corruptor. A pergunta “Quem é que está certo”? Leva as pessoas a evitar o
risco, quando não a “fazer política”.
A diretoria não deve elevar a postos de chefia quem colocar a
inteligência acima da integridade moral. Isso é imaturidade – e geralmente
incurável. Jamais deve promover quem tenha mostrado medo em relação a algum
subordinado capacitado. Isso é sinal de fraqueza. Jamais dever colocar em posto
de direção alguém que deixe de fixar padrões elevados para a sua própria
atuação. Pois isso gerará desprezo pelo trabalho e pela capacidade diretora.
A pessoa pode conhecer-se mal, trabalhar mal, ser desprovida de critério
e capacidade, e ainda assim não causar grandes danos como chefe. Porém, ela
certamente será perniciosa se não tiver caráter e integridade moral – por
maiores que sejam seus conhecimentos, seu brilhantismo e seu êxito. Ela
destruirá as pessoas, o recurso mais precioso que a empresa possui. Destruirá o
espírito. E destruirá o desempenho.
Isso se aplica de modo especial às pessoas que dirigem as empresas.
Porque o espírito da organização é gerado a partir de cima. Se a organização
for grande em espírito, será porque o espírito de seus dirigentes é grande. Se
ela degenerar, será porque a administração apodrece. Como diz o provérbio, “As
árvores morrem de cima para baixo”. Nenhuma pessoa deverá ser designada para
ocupar posto de importância se a alta administração não estiver disposta a ver
seu caráter sendo tomado para modelo de seus subordinados.
DRUCKER,
Peter Ferdinand. Introdução à
Administração. 3.ed. São Paulo : Pioneira
Thomson Learning, 2002. p. 463-465
Nenhum comentário:
Postar um comentário