sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rivail maçom?(Kardec)

Allan Kardec


Rivail maçom?(Kardec)

Querem alguns biógrafos que Rivail pertenceu à franco-maçonaria, "ainda que nenhum traço de sua iniciação tenha sido descoberto", conforme ressalvou Jean Vartier.Tudo porque na sua obra espírita se encontram termos e expressões maçônicas, como "grande Arquiteto" (que é imitação de Platão), e, mais amiúde, "tolerância", "liberdade", "igualdade", "solidariedade", etc.

Com esse raciocínio, ninguém deixaria de ser maçom, inclusive nosso Padre Antonio Vieira, que igualmente usou, no século XVII, a expressão "supremo Arquiteto" como sinônimo de Deus.

Consideramos, assim, bastante insuficientes essas alegações, e mais: se na França daquela época todo mundo era maçom, logicamente se achavam muito disseminadas a linguagem e as idéias maçônicas. E Rivail, como é natural e compreensível, poderia ou deveria ter sofrido a influência do pensamento maçônico.

Parece que a primeira pessoa a maçonizar Rivail teria sido Mme.Calude Varèze, em sua obra "Lês Grands Illuminés"(Paris, 1948), e foi mais longe: afirmou que ele se iniciara na maçonaria martinista por intermédio do lionês Jean-Baptiste Willermoz (1730-1824), discípulo do fundador Martinès de Pasqually (1727-1774). Este místico, filho de gentil-homem francês de origem portuguesa, nascido em Grenoble, teve também outros seguidores ilustres, como Louis-Claude de Sanit-Martin. Nas lojas martinesistas, os maçons altamente graduados se punham em comunicação com os seres invisíveis, que, no entender deles, não eram seno os chamados anjos das igrejas.

Willermoz mantivera correspondência epistolar com Pasqually, Joseph de Maistre, Saint-Germain, Cagliostro, Savalette de Lange e outros notáveis místicos e ocultistas da época. Segundo René Lê Forestier, Willermoz "foi um desses magnetizadores espiritualistas que acreditaram encontrar no sonambulismo provocado o meio de comunicação com o mundo supra-sensível". Realizavam-se nas lojas martinistas e Willermozistas, em salas convenientemente preparadas, verdadeiras sessões espíritas, nas quais manifestações físicas e inteligentes do Além coroavam as reuniões dos irmãos "eleitos".

Em razão, talvez, de tudo o que expomos é que Mme. Calude Varèze se adiantara em estabelecer uma ligação entre Rivail e Willermoz, ligação que Jean Vartier contraria frontalmente, demonstrando sua inaceitabilidade e reconhecendo na autora excesso de imaginação.Todavia, Vartier não acha improvável que Rivail tenha tido formação maçônica, e pergunta se ele não teria sido obscuro irmão de uma loja ao mesmo tempo deísta e iluminista, ressaltando, no entanto, como o faz A. Moreil, que o ilustre pedagogo francês renunciara aos formalismos e simbolismos e a todo o aspecto ritual e secreto da maçonaria.

Recentemente o fascículo 58 da coleção "As Grandes Religiões", publicada por Abril Cultural S.A., de S. Paulo, registrou na margem da pagina 916 que Rivail, antes de vir a ser o Codificador do Espiritismo, pertencera à Grande Loja Escocesa de Paris. O ilustre confrade Doutor Canuto Abreu investigou o assunto e foi informado de que o autor daquela nota é o Prof. G. Mândelo, da Universidade de Turim(Itália), especialista em história de religiões e seitas.O referido fascículo chegou a estampar, em página inteira, os paramentos maçônicos que Rivail teria usado, fotografados, segundo a mesma publicação, na Sociedade dos Direitos Humanos, de Paris.

A nosso ver, porém, e escudados na longa e afanosa pesquisa que fizemos, inclusive nas coleções da "Revue Spirite", apenas existiu, entre Rivail e maçonaria, afinidade de princípios e ideais, sem jamais haver ele ingressado em loja alguma. É certo que sempre viu com simpatia a franco-maçonaria, mas isto não implica nem prova qualquer adesão oficial da parte dele.

Amigos maçons, alguns íntimos, ele os teve, antes e depois de codificar a Doutrina Espírita.A "Revue Spirite" de 1881, pág.; 101, cita, por exemplo, o nome de J. P. Mazaroz, autor de várias obras sobre a franco-maçonaria e cuja grande preocupação fora a reivindicação dos direitos do trabalhador.

Em 25 de fevereiro de 1864, estando presentes na Sociedade Espírita de Paris vários maçons estrangeiros (inclusive maçons espíritas), Rivail(Kardec) pergunta aos Espíritos acerca da cooperação que o Espiritismo pode encontrar na franco-maçonaria. Em três mensagens recebidas por médiuns diferentes, foi-lhe respondido que a doutrina espírita pode perfeitamente vincular-se às das Grandes Lojas do Oriente, e vice-versa, exatamente porque o Espiritismo realiza todas as aspirações generosas e caritativas da maçonaria, porque ele sanciona as crenças por ela professadas,fornecendo provas insofismáveis da imortalidade da alma,e, afinal, porque ele conduz a Humanidade ao mesmo fim que ela(maçonaria) se propõe: a união, a paz, a fraternidade universal, pela fé em Deus e no porvir.

Na verdade, as relações entre espíritas e maçons sempre foram as melhores possíveis, tanto assim que, em 1899, a abertura do Congresso Espírita e Espiritualista Internacional, em Paris, se deu precisamente no salão de festas do Grande Oriente de França, onde Jules Lermina foi empossado como presidente do Congresso.

ZêusWantuil e Francisco Thiesen

Allan Kardec-Meticulosa pesquisa biobibliográfica.

Editora FEB - Rio



Estou pesquisando em outras fontes. Breve postarei mais informações.

TFA

GERALDO FERNANDES



Um comentário:

  1. Confrade e Irmão, o assunto me interessa de há muito.
    A melhor referência é o livro "Maçonaria & Espiritismo", do mano, já falecido, Eduardo Carvalho Monteiro.
    Saudações Fraternas.
    Ricardo Montedo

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