sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Degraus nos Templos

"A Maçonaria, apesar de seus sublimes fins foi muito desvirtuada quando abriu despreocupadamente as suas portas, onde a falta de escrúpulos na seleção de seus iniciados, permitiu que seus templos fossem invadidos por multidão de pessoas diferentes e esquecida dos elevados princípios que possuía, transformou-se em sociedade de elogios e auxílio mútuos. Entidade onde a ação da política militante introduziu em seu meio princípios de moralidade barata, movimentada por interesses inconfessáveis. O Rito Escocês Antigo e Aceito tem por objetivo restabelecer o antigo e verdadeiro caráter da mais alta moralidade, aderente a prática de virtudes, ao fomento da liberdade regida pela lei, da igualdade com subordinação e disciplina".


Degraus nos Templos do Rito Escocês Antigo e Aceito Charles Evaldo Boller Área de Estudo: Comportamento, Maçonaria, Ritualística, Simbologia. Blog Segredo Maçônico




Os degraus existentes em Loja são num total de dez. No Rito Escocês Antigo e Aceito praticado nas Grandes Lojas, não são dados nomes nem significados simbólicos aos degraus existentes em Loja e estão assim distribuídos: um no altar do segundo vigilante; dois no altar do primeiro vigilante; três no trono do venerável mestre; quatro separando oriente do ocidente. Sabe-se da existência de nomes para cada degrau e que estes têm a finalidade de ajudar no entendimento do significado de sua escalada. É possível especular e lhes dar significação simbólica se considerado que cada degrau num ambiente disciplinado como o da Maçonaria está ligado ao desenvolvimento da liderança.




Pobre daquele maçom que não entende o significado da escalada dos degraus da Loja e, pelo cargo que exerce, se coloca acima de seus irmãos. Certamente verá fracassada sua educação em liderança, o que vai refletir em sua vida particular, sua família, afetar a sociedade que o cerca e em conseqüência, a nação.




O bruto pode até impor sua vontade de forma opressiva por curto espaço de tempo, mesmo assim o mal causado para si e a Loja é duradouro, até irreversível. Isto contrasta com o que ocorre na sociedade, onde os cargos políticos deveriam estar apenas em mãos de servidores públicos; servidores e não ditadores, corruptos ou ladrões. Aquele irmão que hoje está em cargo público, onde deveria ser servidor da coletividade e não o faz, serve apenas a si próprio, é maçom que não aprendeu o sentido que a escalada dos degraus representa. Por não haver aprendido o significado do galgar dos degraus não tem capacidade de se empenhar em propiciar o bem coletivo.




Um irmão ligado à política e que não executa o que aprendeu na ordem, é aquele que normalmente apresenta a desculpa que o cargo público o deixa assoberbado e só aparece em Loja quando surge a necessidade de pedir votos. E como vai aprender se usa a Maçonaria apenas como ferramenta para abrir certas portas do poder e não estuda?




Para a pessoa que escala os degraus da Loja no sentido de crescer em poder, como desvirtuado líder da humanidade, cada degrau para cima conduz um degrau para baixo, para a imoralidade, a falta de ética. Aquele que sobe os degraus da Loja apenas visando portar faixas, medalhas, aventais, espadas, e outros adereços confeccionados de materiais prateados ou dourados, todos reluzentes, não sobe, desce até o fundo do poço e arrasta consigo aqueles que se sujeitam em segui-lo.




O venerável mestre ocupa o degrau mais alto na Loja por imposição de seu cargo; isto é disciplina; não que com isto ele seja mais importante que os obreiros, ao contrário, quanto mais sobe, mais humilde é o homem maçom. Visto desta forma, o oriente não é a única a fonte de sabedoria, isto é vaidade, o leste apenas simboliza a sabedoria; esta emana do corpo da Loja, e o oriente, qual espelho, a reflete de volta aos seus emissores. Para ser espelho, o oriente deve consistir de destacados obreiros virtuosos. Se a qualidade moral, cultural e ética das pessoas que compõem a Loja é ruim, de que adianta o mais sábio dos homens em sua presidência? Quem faz a Loja, quem dá luz ao espetáculo, quem brilha de fato, não é o venerável, o grão-mestre, são todos os membros da oficina em união e abençoados pelo Incriado. Aquele que sobe um degrau para o alto serve aos que estão em degraus inferiores. Na ordem maçônica, o mestre maçom está empenhado num processo de melhoria interminável que não visa o poder pelo poder, mas pelo servir. Para obter sucesso no servir coloca em prática o que os degraus definem, e quanto mais ele sobe na hierarquia da Loja, mais se empenha em servir e isto lhe proporciona verdadeiro e natural poder e capacidade de refletir a sabedoria gerada nos demais quadrantes do templo.


Os degraus deixam o presidente ciente do desenvolvimento da capacidade de retribuir com bondade as críticas dos outros, por vezes cruéis, e localizar pontos onde efetuar mudanças em si próprio para melhor servir os irmãos. Está ciente que os outros só mudam se ele mudar; cada modificação em si próprio tem por objetivo diminuir a distância entre ele e os irmãos; liderar significa caminhar junto com os outros em direção ao objetivo comum e não andar na frente dos liderados visando seus próprios alvos.




O verdadeiro líder maçônico divisa com clareza o real objetivo, age e obtém bons resultados quando propicia aos outros, não o que querem, mas o que precisam para escalar os mesmos degraus pelos quais ele subiu. Um irmão puxa os outros pelos degraus acima, e isto mostra o quanto a ordem é importante na formação de lideranças tão necessárias para a condução de si próprio, da família, da Maçonaria, da sociedade, do país.




A prática da disciplina é uma constante em Loja que desenvolve bons líderes para a sociedade humana. É o líder forjado na cobrança de resultados; formado na batalha de enfrentar problemas e situações onde é cobrado pela sua responsabilidade. Na ocasião azada aprende a lidar com o medo e a ansiedade do enfrentamento de situações conflitantes, pois uma necessidade judicativa é tratada com urgência para não poluir a Loja, onde a procrastinação pode levar até ao abatimento de colunas. Em todas as situações o líder maçom age para ensinar, e aquele que recebe treinamento é discípulo, cuja raiz é disciplina. O discípulo que aprende o significado dos degraus é feliz e certamente cultiva boas sementes, separa joio do trigo. A disciplina faz com que o maçom não apenas esteja qualificado para ser bom líder, mas que também queira aceitar o encargo. Ao alterar sua disposição mental, ao modificar a maneira de pensar pela disciplina maçônica, o líder modifica sua vida e realmente faz a diferença.




O líder maçom não distribui apenas abraços e beijos; quando necessário também aplica "palmadas" naquele que se comporta de forma inadequada, que desrespeita a disciplina, que é o aprendizado do galgar dos degraus de forma obediente. Para este existe a lei; rígida e aplicada com firmeza. O mestre maçom aprende a encontrar o equilíbrio entre aplicar "palmadas" e ter um bom relacionamento. As suas boas ações são conscientes, sabe encontrar o meio-termo que orienta sua razão para moderar seu ímpeto ao extremo. O constante cultivar de princípios éticos alicerçados em cada degrau que escala o levam a concluir ser impossível separar intelecto de coração. Estas duas características convivem dentro de todas as pessoas, mas principalmente no interior do mestre maçom forjado nas oficinas da Maçonaria. Visto desta forma, disciplina e amor são sinônimos, é onde a ordem maçônica deixa de ser a sociedade de elogios e auxílios mútuos pela qual é caracterizada nos últimos tempos. Aplicam-se "palmadas" e abraços por amor para que o resultado de toda a ação resulte em edificar templos a virtude. As emoções são controladas com o tempo, pela prática de constantes ações moderadas em presença da racionalidade, o que predispõe a excelência moral de forma integral.




O alicerce dos degraus da Loja, da escalada do líder maçom, está apoiado em: paciência, gentileza, respeito, altruísmo, humildade, perdão, honestidade, compromisso, resumindo: no amor.




O amor fraterno que a Maçonaria coloca acima de todas as virtudes, o exemplo vivo do que já foi dito no passado pelos maiores líderes e grandes iniciados como a única solução para todos os problemas da humanidade. Em sendo o perfeito vínculo de união, o amor se destaca no mestre maçom por: - como ele serve e se dedica aos seus irmãos; - colocar em prática o que a escalada dos degraus lhe ensinam sem parar; - propiciar os meios de desenvolvimento ordeiro e pacífico de uma pequena célula de sociedade, um laboratório de humanismo onde seus membros se tratam e se comportam como irmãos, praticando o mais profundo amor fraterno entre si.




Ao conjunto de atitudes de cada mestre maçom que escala de forma consciente os degraus da Loja resulta a prática da verdadeira Maçonaria, um ambiente onde qualquer irmão, obediente e disciplinado, descobre a existência do Princípio Criador que é definido por Grande Arquiteto do Universo, pois é sabido que Este só se manifesta onde as pessoas se tratam como irmãos e desenvolvem profundo amor entre si.


Bibliografia:


1. ASLAN, Nicola, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, ISBN 85-7252-158-5, segunda edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 1270 páginas, Londrina, 2003;


2. BENOÎT, Pierre; VAUX, Roland de, A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible , tradução: Samuel Martins Barbosa, primeira edição, Edições Paulinas, 1663 páginas, São Paulo, 1973;


3. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique , tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 400 páginas, São Paulo, 1979;


4. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 413 páginas, São Paulo, 2001;


5. CHALITA, Gabriel, Os Dez Mandamentos da Ética, ISBN 85-209-1584-1, primeira edição, Editora Nova Fronteira S/A, 224 páginas, Rio de Janeiro, 2003;


6. CLAUSEN, Henry C., Comentários Sobre Moral e Dogma, primeira edição, 248 páginas, Estados Unidos da América, 1974;


7. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 550 páginas, São Paulo, 1989;


8. HUNTER, James C., O Monge e o Executivo, Uma História Sobre a Essência da Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de Magalhães, ISBN 85-7542-102-6, primeira edição, Editora Sextante, 140 páginas, Rio de Janeiro, 2004;


9. MARTINS, Maria Helena Pires; ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, Filosofando, Introdução à Filosofia, ISBN 85-16-00826-6, primeira edição, Editora Moderna Ltda., 396 páginas, São Paulo, 1993;


10. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland, O Corpo Fala, A Linguagem Silenciosa da Comunicação Não-verbal, ISBN 85-326-0208-8, 33ª edição, Editora Vozes Ltda., 288 páginas, Petrópolis, 1994.

2 comentários:

  1. PARABÉNS PELO TRABALHO Ir.'.
    Você tem algum material sobre os nomes dos 10 degraus do templo? Caso tenha, favor me enviar por e-mail: lellisw@yahoo.com.br.
    Ap.'. M.'. A.R.L.S. UNIAO ACADEMICA DO ALTO PARANAIBA - NR.4049 ORIENTE DE ARAXÁ M.G.
    T.'.F.'.A.'.

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  2. Parabéns pelo trabalho Ir.'.
    Um eterno aprediz, sempre a galgar os degraus do eterno oriente, onde a cada subida um aprendizado sobre humanidade e humildade.

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