quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016


O SALMO 133

 

O amor fraterno é dom de Deus, como o orvalho que impregna.

“É a graça de Deus que faz habitar unidos os irmãos”. (Santo Agostinho).

 

Significado – Dentre os livros do Antigo Testamento, o livro dos Salmos contribui para a edificação pessoal, como base da devoção familiar, como o livro de consolação e oração, como guia nos ajuda a submeter-nos à vontade de Deus nas horas de alegria e de tristeza. Qualquer que seja sua situação, cada qual encontra nesse livro Salmos e palavras que se aplicam à sua situação e lhe são apropriadas como se fossem escritas somente para ele. Os Salmos são uma coleção de cento e cinquenta poemas de louvor, reunidos num só livro, para serem cantados durante as solenes cerimônias do Templo de Jerusalém, com acompanhamento de instrumentos de corda, sopro e percussão. Eles refletem a sabedoria judaica, a piedade e as crenças populares do povo de Israel. Mais tarde descobriu-se que, mesmo sendo poeta, escritor, músico, cantor e organizador do culto divino, Davi compôs não mais do que trinta Salmos. Os outros foram sendo compostos desde a construção do Templo, mil anos antes de Cristo, até 350 anos antes de Cristo. A maioria dos Salmos dirige-se a Deus, sendo, portanto, uma verdadeira oração. O Livro dos Salmos descreve, como louvor, a criação e demais acontecimentos históricos, iniciando com a criação e concluindo com o cativeiro. Outros são meditações, reflexões sobre a vida, exortações dirigidas ao povo, às pessoas e às outras criaturas. São os mais diversos pensamentos humanos cantados nas mais diferentes situações:

Lamentações, tristeza, dor, penitência, confiança, esperança, agradecimento, louvores, alegria, exultação, advertências, fé e adoração.

 

O Salmo 133, por exemplo, nos ensina a entrar em profunda comunhão de amor e paz. Na abertura dos Trabalhos do Grau I – Aprendiz Maçom no R.E.A.A., é lido por ocasião da abertura do Livro Sagrado, é o Salmo 133, que exalta a união entre os Irmãos. O Oficiante ajoelha-se, abre o Livro Sagrado e lhe faz a leitura, emprestando à sua voz todo sentimento, respeito e veneração. Hinos e cânticos espirituais são usados na Liturgia, alguns até muito antigos e venerandos como o “Glória, mas nenhum se compara aos Salmos bíblicos, que nos ajudará a entrar no clima de recolhimento, necessário para uma boa oração e até mesmo a nos preparar para fazer uma leitura bíblica, de onde desejamos extrair a Palavra de Deus para que ilumine nossa vida. Por isso, o estilo musical dos Salmos é diferente, mais sereno, mais meditativo, mais recitativo.

 

Curiosidades

 

- Eis algumas curiosidades a respeito dos Salmos: - O estilo poético dos judeus é bem diferente do nosso. Nós costumamos fazer rimas alternadas em cada verso, metrificamos as frases, colocamos o verbo no fim e cadenciamos os acentos tônicos. Tudo isso dá um efeito poético. A poesia dos Salmos está em repetir a mesma coisa com palavras diferentes, como, por exemplo: Tua Palavra é luz para os meus passos, é uma lâmpada brilhante em meu caminho”. - O menor Salmo é o 117, com dois versı́culos apenas. O maior é o 119 com 176 versı́culos.

 

O Salmo 133

 

 “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o SENHOR a sua bênção, e a vida para sempre”.

 

As comparações devem ser entendidas desde a perspectiva do gosto oriental. O óleo, agradavelmente perfumado, que vai pingando devagar da cabeça para a barba, era considerado não somente pelos israelitas, mas também pelos egípcios e gregos da antiguidade como algo belo e delicado. Igualmente a barba longa e ondulada era para os orientais (e continua até hoje) sinal de beleza e dignidade viris. O poema entra no nó da questão e busca suscitar atenção e participação como a vivacidade da exclamação com que frisa o fato de irmãos porque o Mestre é um só, e todos somos irmãos e, era habitarem juntos exemplo mais belo e agradável.

 

Composição do Salmo 133

 

– Para compreender o real significado do Salmo, devem-se conhecer os elementos que o compõe:

Davi - tem-se o Rei Davi como autor do Salmo 133. O Rei (viveu provavelmente entre 1015 a 975 a.C) era tido como o grande cantor dos cânticos de Israel e autor de vários Salmos. Óleo – o óleo era utilizado na cerimônia de unção dos Reis e Sumos Sacerdotes. Esses eram ungidos com um óleo especial, o qual era derramado sobre suas cabeças, e dessa forma, eram considerados ”purificados” e “sagrados” para exercer suas funções.

 

Hermon – montanha considerada sagrada pelos judeus e chamada pelos árabes de “montanha nevada”. Localizada ao norte de Israel, marca a divisão geográfica entre Israel, Líbano e Síria. Pela sua altitude (mais de 2.800 metros), seu cume está sempre coberto de neve, o que gera um orvalho que literalmente “rega” toda a região ao seu redor, sendo por isso a região mais fértil de Israel.

 

Monte de Sião – ao contrário do que alguns possam pensar Sião não é Hermon. Ambos os pontos são extremidades de Israel, sendo Hermon a extremidade Norte e Sião a extremidade Sul. Sião foi o local escolhido pelos judeus para servir de sede, sendo a região onde se encontra Jerusalém (daí a origem do termo “sionista”). Após Sião, o que se vê é o deserto.

 

Aarão - irmão mais velho de Moisés e primeiro Sumo Sacerdote de Israel, através do qual se originou a linhagem de Sumos Sacerdotes. Aarão era o porta-voz de Moisés (que possuía problemas de dicção, provavelmente gago ou fanho) e servia de Orador dos judeus junto ao Faraó. Na tradição judaica, Aarão participou do episódio do bezerro de ouro.

 

Esclarecendo

 

– Os Irmãos que Davi se refere são provavelmente, o povo de Israel, divididos em suas tribos e espalhados entre Hermon e Sião (limites de Israel), mas todos vivendo em união. Davi relembra, então, a unção de Aarão como primeiro Sumo Sacerdote de Israel, momento que selou o compromisso entre o povo de Israel e seu Deus. Dali nasceu a nação que Davi representava e defendia. Tal unção que abençoava Israel podia ser vista também em sua terra: a neve do cume de Hermon transforma-se em orvalho, que desce o monte e se transforma em um ribeirão, Banias, o qual desagua no Rio Jordão, esse que liga Hermon até a outra extremidade de Israel, os Montes de Sião, antes de desaguar no Mar Morto. Todas as tribos de Israel estavam espalhadas de Hermon a Sião, sempre próximos às margens do Rio Jordão. “Jordão” significa exatamente isso, “que desce. O Rio Jordão, alimentado pelo orvalho de Hermon, desce até a extremidade sul de Israel. Sião, distribuindo suas bênçãos, assim como o óleo precioso que desce da cabeça de Aarão até a orla de suas vestes. Por fim, Davi afirma que, Sião (Jerusalém) é “ungido” pelas águas que vem de Hermon porque foi o lugar escolhido por Deus para que o povo judeu habite eternamente conforme suas bênçãos. Com esse Salmo, Davi disse ao seu povo que eles deviam permanecer unidos e obedientes às ordens vindas de Sião, pois essa era a vontade de Deus desde a unção de Aarão, comprovada pela bênção da água, que sai o alto de um monte e percorre 190 km de distância, derramando bênçãos por onde passa, até chegar a Sião.

 

Concluindo

 

 Assim se fecham as ideias do Salmo 133. Hoje, conhecemos um manancial inesgotável de pesquisas, há uma riqueza de informações imensa, que está à disposição da ciência, não temos o desafio da caminhada no deserto rumo à terra prometida, enfrentamos o desafio diário da violência, da ira, da descrença; a agrura, a aflição, a insatisfação; nosso povo exaurido, crise aguda de corrupção, resultando em desvios estimados em R$ bilhões e um abismo entre o péssimo gerenciamento e as aspirações populares e o sistema político corrupto. Deu no que deu. Entretanto, ao observarmos e praticarmos os ensinamentos bíblicos de suas mensagens, sem atritos, com perdão, muitas amizades, grande paz e seguindo o caminho correto, sem medo e com muita ajuda recíproca entre os humanos. Para vencê-los, precisamos tão somente de união, da vida em fraternidade entre irmãos. O homem justo e fraterno receberá a retribuição divina, na forma de benção e vida para sempre. Praticar a fraternidade é estar preparado para comparecer diante do Senhor e a retribuição será a benção de Deus e a vida eterna.

 

Assim foi, é, e será com todo Poder e toda a Glória.

 Ir.·. Valdemar Sansão-MM
 
Fonte: JORNAL DO APRENDIZ
EDIÇÃO Nº 80 FEVEREIRO 2016 - página 8 e 9

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