domingo, 28 de abril de 2013

A RELIGIÃO DOS DRUIDAS E SEUS MISTÉRIOS

 
A RELIGIÃO DOS DRUIDAS E SEUS MISTÉRIOS



172 – Depois dos egípcios vieram os druidas, adoradores do Deus Único. Erigiram a Deus altares de pedras brutas sem som de martelo e invocaram em campo aberto.

Creram num céu para os bons e num inferno para os maus, e na imortalidade da alma. Os druidas homenagearam muitas deidades como os cristãos e judeus depois deles, mas não em forma de adoração. Criam na Trindade de Deus ou em seus três atributos e renderam homenagem a cada um destes tributos.

173 – A religião dos druidas tinha duas faces: o culto ao Único Deus e a homenagem às deidades das estrelas, aos elementos, às colinas e às árvores. Os iniciados eram muito versados nos Ritos do Cabari Fenício e tinham doutrinas internas e cerimônias, mas ao povo não davam senão aquilo que lhe podiam ser útil e proveitoso, e não o que ele não podia compreender.

174 – Se algum neófito ou iniciado cometia alguma insensatez, era castigado com a excomunhão, um castigo terrível. Os preceitos filosóficos e religiosos do druidismo eram escritos em versos e chegam a vinte mil. Estes preceitos eram decorados pelos doutos sacerdotes, não sendo permitido escrevê-los; dessa maneira, o candidato permanecia mais de vinte anos sob observação e estudo.

175 – Os druidas usavam pólvora em sua Iniciação para dar um símbolo da chama sagrada, que o aspirante deve encontrar em si mesmo antes de ser iniciado. Eles chamavam-na “Resplendor de Deus”. Quando morria um druida, colocavam em seu peito uma vasilha com terra e sal, cujo significado é “corrupção do corpo e imortalidade da alma incorruptível”.

176 – Eles tratavam antes de prevenir a enfermidade que curá-la. Tinham muitas frases relativas à cura das enfermidades, como, por exemplo, a seguinte: “A jovialidade, a temperança e o levantar-se cedo trazem saúde e felicidade”. Uma de suas máximas filosóficas é a seguinte: “As três bases do mestrado: ver, estudar muito e sofrer muito”.

Outra: “As três bases do pensamento: clareza, amplitude e precisão”. Dessa maneira, eram filósofos da alma e do corpo.



177 – A serpente era um de seus símbolos importantes. Uma serpente do ouro colocada sobre o peito do iniciado era sinal de regeneração. O iniciado tinha de sentir primeiro a Serpente Ígnea, para ter o direito de levar seu símbolo no peito. Precisava fazer ascender a Chama Sagrada de seu sexo quando adorava em Espírito e Verdade. A serpente era adorada com um círculo com gravações misteriosas. Colocava-se uma tiara sobre a cabeça (símbolo da Luz ou da auréola que emanava da cabeça do iniciado).

Era vestido com uma túnica de púrpura (símbolo do Amor desinteressado pela humanidade), salpicado com estrelas (faculdade de luz e de idéias luminosas); levava um báculo na mão (Cetro levantado, “Falo” erguido); era Rei porque tinha chegado a ser um iniciado.

178 – A Serpente Ígnea, quando se arrasta pelo solo, é o símbolo de destruição, é a energia seminal jogada ao solo; mas, quando está erguida, é um emblema da imortalização e da vida, é a Regeneração e tudo aquilo que foi, é e será. Os faraós do Egito levavam em seus diademas uma serpente de ouro na parte correspondente ao entrecenhos, símbolo da alta Iniciação.

179 – No deserto os hebreus laçavam seus semens sobre o solo e se transformavam em serpentes que causavam a enfermidade e a morte. Mas por ordem de Moisés a serpente se ergueu e se tornou doadora de vida e salvadora de almas. A serpente no sexo é fogo; levantada até o trono de Deus, se faz Luz Sagrada e Chama

Inefável; arrastada, é a destruição da alma. Não se deve esquecer também que a célula seminal tem a forma de uma serpente, na qual está latente o Homem-Deus (ver As chaves do reino interior).

180 – Os altares dos druidas eram compostos de uma pedra grande colocada sobre dois outros toscos pilares. A lei druida ordenava que nenhuma ferramenta deveria tocar a pedra sagrada (nem mais nem menos que a Lei Mosaica do Êxodo 20:25: “Não edificarás altar de pedra talhada”). Mas este mandamento foi esquecido milhares de anos depois. Estes altares eram erguidos à sombra de uma árvore forte, como o carvalho, e assim vemos como Abraão, debaixo do carvalho de Menrah, edificou um altar a Deus e ali recebeu os três anjos como hóspedes.



181 – Os druidas adoravam a Deus na Chama Sagrada Interna e reverenciavam publicamente o fogo como emblema do Sol e símbolo do Fogo Divino do Sexo. Todas as religiões tiveram seus fogos sagrados, que não são mais do que símbolos do fogo do sexo, no homem. Os druidas tinham seus conventos e irmandades femininas como as monjas de nosso tempo e tinham três votos para três classes. O primeiro era o voto de

servir livremente nos templos, e as monjas não eram separadas da família. O segundo voto era para aquelas que ajudavam os sacerdotes nos serviços religiosos. O terceiro era para aquelas que juravam castidade e reclusão e que formavam os oráculos de Britão.

182 – Quanto ao supremo sacerdote druida, seu título era Pontifix Maximus, que foi herdado pelo alto sacerdote secular da Antiga Roma e na Itália. Tinha poder supremo,

tanto nos assuntos seculares como nos eclesiásticos, e estava rodeado por um Senado composto pelos principais druidas. É o Arco Druida. Imitaram-no logo o Pontífice Máximo com seus fâmulos, e o Papa com os cardeais.

O signo do flâmine é um chapéu “como o capelo cardinalício”. E em certas ocasiões, o povo beijava o pé do Arco Druida.

Júlio César, ao ser Pontífice Máximo, obrigou Pompeu a fazer o mesmo; depois seguiram-no Calígula e Heliogábalo, a quem o Papa imitou.

Os sacerdotes de Ísis usavam tonsura porque sabiam da existência do Centro Energético no alto da cabeça (lótus de mil pétalas) e diziam ao povo que isso simbolizava o Sol Doador da Vida.

O celibato é de origem pagã. Orígenes castrou-se a si mesmo. O verdadeiro iniciado não aceita o celibato como condição natural; ao contrário, ele ensina a pureza do sexo e a obediência da Lei Divina.

183 – Pitágoras estabeleceu ordens de freiras, entre as quais colocou suas filhas.

As vestais romanas eram monjas que faziam voto de castidade. Também entre os pagãos havia muitos monges e eremitas.

As vestais tinham o dever de atiçar sempre o Fogo Sagrado e não deixá-lo apagar, do contrário eram castigadas com a morte. Brigit, deusa da poesia, da física e dos ferreiros em Kildare, na Irlanda, tinha a missão de conservar um Fogo Sagrado sempre ardendo; quando se aboliu o druidismo, as sacerdotisas se fizeram monjas cristãs e Brigit se converteu em Santa Brigite ou Brígida, santa titular da Irlanda. Durante o reinado de Henrique VIII foram suprimidos da Inglaterra e da Irlanda os conventos com monjas.



Os sacerdotes fenícios usavam sobrepelizes; os sacerdotes persas usavam cordorinas, de onde veio o mandil maçônico (avental grosseiro).

184 – Os sacerdotes persas levavam guizos de prata em suas vestes; os bispos ortodoxos, em suas cerimônias levam-no em seus trajes como fazem os sacerdotes judeus.

O báculo pastoral do bispo e dignitários eclesiásticos corresponde ao lítuo dos romanos e ao bastão dos iogues. É o símbolo da Serpente, do “Falo” e da Cruz.

185 – O jejum era praticado antigamente para limpar o sangue e preparar o aspirante para certos trabalhos espirituais transcendentais.

Os círios ardentes no altar é a prática de manter sempre a luz, nos templos.

Os egípcios tinham “A Festa das Lâmpadas”, que celebravam descendo em barcos pelo Nilo abaixo até o Templo de Ísis; este serviço se converteu nas vésperas.

Os persas usavam água sagrada a que chamavam Sor. É a água, o princípio da geração, que se transmuta em Chama Sagrada.

186 – Os druidas tinham certas danças religiosas e genuflexões, que imitavam as rotações das esferas celestes, conservadas pelos cardeais, pelos dervixes e pelos maçons ao avançarem na direção do Oriente.

187 – Os egípcios lançavam terra sobre o ataúde três vezes e diziam: “A terra à terra, o pó ao pó e a cinza à cinza”.

O sacrifício da hóstia feita com farinha de trigo é tão antigo como as religiões.

O batismo e a unção com óleo para purificar a alma era um rito observado há milhares de anos antes da era cristã. As crianças, depois dessa cerimônia, recebiam o sinal-da-cruz e se lhes davam leite e mel.

Quando o menino chegava aos quinze anos, o sacerdote punha-lhe as vestes chamadas Sudra e o cingia e confirmava, instruindo-o nos mistério da religião.

188 – A cruz é o símbolo da vida. A cruz ansada é um emblema fálico. A cruz representa os dois princípios em conjunção. A cruz é venerada como símbolo da geração e regeneração desde muitos séculos antes da crucificação de Jesus. A cruz se acha gravada em todos os povos antigos da terra.



Extraído do livro DO SEXO À DIVINDADE

As Religiões e seus Mistérios

JORGE ADOUM

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