quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A História da Maçonaria







Permitam-me que os felicite por terem decidido organizar este jantar debate e sobre o tema da Maçonaria, que me foi proposto de modo a apresentar não os aspectos contemporâneos, mas sim sobre o ângulo da História.

Mas de que História podemos tratar? Necessariamente a do Homem praticante ou adepto da Maçonaria, o Maçon. História dos Maçons portanto. Mas quando apareceram os maçons? Quem foi o primeiro maçon? E quem iniciou o primeiro maçon, seria ele um pré-maçon, e portanto também elegível para figurar numa historia da maçonaria? E será que os maçons sempre foram conhecidos por este vocábulo “maçon”? è que hoje já não há romanos, mas sim italianos...e se quisermos falar sobre a historia dos italianos, forçosamente que temos de remontar aos romanos, e aos etruscos, tal e qual como para se falar da história dos portugueses temos de remontar aos lusitanos e aos galaicos durienses... Para além do problema de semântica, a identificação exacta do que se entende por maçon e por maçonaria, temos um segundo problema que é o que se reduz em saber se de História temos o conceito estrito de elementos em documentos escritos, ou se será possível recorrer também à pré história...
Enfim terceiro e último problema. Que aspectos dos maçons e da maçonaria interessam a esta pequena conferência? O da filosofia dos maçons? O das obras dos maçons? O da galeria dos ilustres maçons? A temática dos mistérios e dos rituais? A das Lojas maçónicas, ou da suas Obediências e Ordens? Vamos depois de postos os problemas à sua solução possível, ponto por ponto: 1) do conceito de história, 2) do conceito de maçon, e 3) do essencial da maçonaria – a iniciação.

1) do conceito de História

Todas as obras sobre História localizam o seu início em função da história do Homem civilizado, e assim remontam a cerca de 4000 anos antes de Cristo. Um bom exemplo é a História do Mundo de Christos Kondeatis (edição Caminho 1990) Cujo mapa de parede refere na Europa a cultura megalítica, a civilização de UR na Mesopotâmia (as primeiras cidades datariam de 3000 AC), a unificação do Egipto com o primeiro Faraó Menés, em 3100 AC, enfim a época dos primeiros escritos sumários com pictogramas de 3100 AC, em tábuas de argila. Recorde-se que a idade da pedra se estende até 2000 AC a idade do bronze (misturado com cobre e ferro), que cede á idade do ferro em 1100 AC, e sempre com epicentro no Oriente ou médio oriente. Mas vamos abarcar toda a Terra, todo o globo terrestre? Então devemos citar a primeira civilização americana, dos Olmecas no México cerca de 1200 AC, a civilização do povo Tcheu na China em 1120 AC.

Será esta aproximação satisfatória? Podemos começar no neolítico e na idade dos metais, que alguns situam a começar com a idade do cobre entre 2000 e 3000 AC, e a que se seguiram com 1000 anos de intervalo a idade do bronze, e depois, quase 1000 anos depois a idade do ferro como expõem W. Devos e R. Geivers no seu Atlas Historique (edição Erasme 1993)? Podemos situar-nos no epicentro da civilização egípcia como ponto de partida? E se tivermos em conta os aspectos não apenas materiais mas espirituais, podemos talvez situar o advento da civilização no Egipto, portanto em momento anterior ao nascimento formal da filosofia grega, com Thalés de Mileto em 585 AC, como de forma pedagógica ensina Jostein Gaarder em Le Monde de Sophie (edição Seuil de 1995)...
Fiquemos pois no Egipto.

2) Do conceito de maçon.

Já alertámos para o facto de não nos devermos cingir a este vocábulo se pretendemos averiguar a concepção e a caracterização de uma realidade maçónica, que hoje é percebida em termos da Maçonaria Universal como relativa ao Homem, crente em Deus, Grande Arquitecto do Universo, que pratica em Loja, depois de devidamente iniciado pelos seus Irmãos, rituais esotéricos que lhe permitem melhor conhecer-se a si próprio, e ao Mundo, postulando que não deve fazer aos outros aquilo que não gostavam que lhe fizessem a si.

Haveria maçons na idade Média (1212-1600) ? decerto....

Haveria maçons na idade das Luzes (1736- 1899) ? decerto...

Haverá maçons contemporâneos (século XX) ? decerto...

Estas afirmações baseiam-se numa cultura documentada relativamente assente, sobre a qual há inúmera bibliografia objectiva, e claro, muitíssimos elementos lendários. Todavia naqueles três períodos de tempo, Maçonaria e Maçons são claramente objecto de investigação, de estudo e portanto de conhecimento, em variadíssimos autores como por exemplo Pierre A. Riffard em L´esoterisme (edição Laffont, 1990).
a) Na idade média, a Maçonaria era apelidada de operativa. Ou seja os detentores de ofícios “corporativos” sacralizavam a sua profissão emergente dos tradicionais trabalhos de campo de lavradores, ou de pastores. Algumas destas profissões como a de pedreiro ou de arquitecto (o que planeia, ou projecta o arco e o tecto) afiguram-se particularmente importantes, porque o trabalhar da pedra visando transformar a pedra bruta em pedra cúbica, adequada á construção impõe necessariamente um trabalho de interiorizarão sobre si próprio, em o que resultado, a obra prima externa, indicia um aperfeiçoamento interior, a nível da mestria do seu autor. Aliás lê-se na primeira epístola de São Pedro (II, 5) o conceito de que o trabalhador é também uma pedra viva sobre a qual e com a qual se edifica o edifício espiritual...tendo com referência o Templo de Salomão, ou seja o primeiro edifício físico em que a Arca da Aliança fica depositada de forma imobilizada e permanente. A ideia base é a arquitectura ou o plano da construção, o que implica o respeito de uma ideia ou concepção com regras e símbolos materializadas no concreto por pedras, colunas, tectos, paredes, tecidos, artefactos diversos, em que se transparecia o poder de autodomínio, e auto conhecimento de técnicas e segredos transmitidos ciosamente, por uma cadeia sucessiva de mestres de obras, que se tinham oportunamente iniciado nessa actividade operativa.
A vivência interior desses segredos, o auto aperfeiçoamento, a capacidade de realizar uma obra apreciada por qualquer um, nos seus aspectos exteriores, significa o indício de uma certa elite conceptual, bem diversa da comum dos guerreiros que visavam ainda que em auto defesa, a destruição aos inimigos, ou a dos lavradores e pastores que surgiam como sujeitos às leis da natureza. O maçon era pois um homem voltado para si, actuando em grupo homogéneo, inspirado em regras ancestrais que lhe tinham sido transmitidas por mestres de saberes e de valores Entrava-se nestes grupos depois de uma iniciação, era preciso ser escolhido, prestar provas e ser aceite nestas irmandades, que nada tinham de religioso (não eram nem monges nem sacerdotes), nada tinham de guerreiro (não eram soldados), nada tinham de senhorial (não pertenciam a nobreza), nem eram dependentes dos trabalhos e campo (não eram nem servos da gleba nem pastores) nem eram letrados ou eruditos.


Os Maçons ter-se-iam organizado lentamente talvez a partir de 1212, apenas com homens, reunidos em Strasbourg em 1275. Dispõe se de documentação relevante sobre estas especiais comunidades de maçons que se vão estruturando com base em declarações de princípios, de cartas e de outras formas do que hoje se considera a “auto regulação de interesses” em termos jurídicos, de “franchising” em termos económicos, e de “Lobby” em termos políticos.

Entre outros são citados

. 1212 London Assize of Wages (pedreiros)

. 1250 Album de Villard de Honnecourt (arquitecto)

. 1350 Manuscrito Cooke

. 1390 Manuscrito Regius (edição da tradução de René Dez por Guy Trédaniel, 1985).

Nestes documentos encontram-se espelhados vários elementos dos chamados Old Charges, ou seja caracterização do maçon como homem leal, honesto e incorruptível, respeitador dos seus irmãos, e da hierarquia de mestre, companheiro e aprendiz, o conhecimento da geometria de Euclides (de Alexandria), a invocação de Deus, para a prática de um mester considerado de arte divina, e que se integra no conceito de arquitectura real (palácios de Reis e Príncipes) e na arquitectura sagrada (de Templos). A solidariedade, o direito à remuneração, a responsabilidade, o dever de transmissão dos conhecimentos aos aprendizes, o respeito pelos juramentos, entre outros elementos caracterizam o estatuto dos maçons, em que o dever da solidariedade suplanta o direito à solidariedade.

b) Na idade das Luzes, a maçonaria entra no seu período esotérico e moderno, também identificada por maçonaria de adopção. Isto é, os maçons deixam de ser exclusivamente integrados por profissionais de mesteres relacionados com a arquitectura e construção, para receberem também burgueses e nobres. Estão em causa não os segredos de conhecimento operativo, mas sim a elevação (revelação) dos conhecimentos especulativos e espirituais.

As datas de referência são aos do início do século XVIII, com a institucionalização da Grande Loja de Londres (por reunião de Lojas pré existentes) e que viria a transformar-se mais tarde na UGLE (United Grand Lodge of England), a Loja Mãe da Maçonaria Universal, com aceitação espiritual do deísmo, e respeito pelo poder civil da Coroa:
. 1717 criação da Grande Loja de Londres

. 1723 Constituições dos Franco Maçons

. 1736 Discurso do Cavaleiro de Ramsay

. 1753 rito da Estrita Observância Templária do Barão Von Hundt

. 1758 Ordem CBCS Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa

. 1772 rito escocês rectificado de Willermoz

. 1778 Ordem dos Cavaleiros Eleitos Cohen de Martines de Pasqually

. 1785 Rito egípcio de Cagliostro

Importante documento a ter em conta são os Landmarks, que de tradição oral foram depois vertidos em versão escrita da Regra em doze pontos, que hoje esta amplamente difundida e acessível em variadíssimos livros e obviamente em numerosos sites da internet. Em termos de referências filosóficas a Maçonaria nesta época recorre francamente aos Livros Sagrados (Bíblia, Tora e Alcorão) e recebe a tradição hebraica da construção do Templo de Salomão, e demais alegorias e simbolismos conexos.

c) A Maçonaria Contemporânea do século XX e até aos nossos dias acha-se polarizada em Grandes Orientes e Grandes Lojas e em inúmeras outras organizações de Altos Graus (e a que só se pode pertencer em “good standing” nas Grandes Lojas), e de diversos ritos, dos quais os mais frequentes são dos York, o Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) e o Rito Escocês Rectificado (RER). Constitui uma forma de expressão mundial e institucionalizada, através de Conferências. As mais importantes são a Conferência Mundial das Grandes Lojas (a II Conferência reuniu-se em Lisboa em 1996, a V será em 2002 em Nova Delli, Índia), as Conferências anuais dos Grão Mestres e dos Grandes Secretários da América do Norte (que incluem os EUA, o Canada e o México), e as Conferências anuais dos Grandes Secretários da Europa.

Trata-se da Maçonaria Institucionalizada e legalizada, com inúmeros Templos, e publicações, com expressão na Internet prevendo-se inclusive em Inglaterra para o próximo dia 16 de Abril de 2002 a consagração da primeira Loja virtual. Esta maçonaria mantém obras de solidariedade social, e abrange o mundo feminino em organizações para maçónicas como por exemplo, a Ordem da Estrela do Oriente, (inexistente em Portugal), além de organizações de influencia maçónica para jovens, a Ordem De Mollay para rapazes, e as Filhas de Job ou o Rainbow para raparigas.

Falamos obviamente de Maçonaria Universal (regular) porque existe um sem número de organizações que se pretendem maçónicas, e que muitas vezes tem expressão apenas nas suas fronteiras limitadas de adeptos, não sendo reconhecidas internacionalmente, e por isso não se integrando na Maçonaria de Tradição. Assim, surgiram maçonarias mistas com homens e mulheres, ditas de Direito Humano, e também maçonarias femininas, como a Grande Loja Feminina de França, ou de Portugal. Outros Grandes Orientes e Grandes Lojas (irregulares) multiplicam-se quer na Europa, quer na América Latina , mas não nos países de expressão ou cultura anglo saxónica. Em Portugal reclama-se da Maçonaria O Grande Oriente Lusitano, O Direito Humano, A Grande Loja Feminina, a Grande Loja Nacional de Portugal, a Grande Loja Regular de Portugal, muito embora internacionalmente exista apenas como reconhecida desde 1991, a GLRP que actua sob a designação de uma associação sem fins lucrativos denominada Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, e cuja Loja mais activa de conhecimento externo é a Camelot (www.camelotsite.info).



A razão da distinção entre Maçonaria Universal (Regular) e outras maçonarias é simples, na maioria dos casos, porque são organizações não deístas, e que rejeitam a crença no Grande Arquitecto do Universo, o dever de imparcialidade religiosa e política, e consequentemente, a iniciação não implica o juramento sobre um Livro da Lei Sagrada. Para além destes casos, são também irregulares aquelas organizações que não respeitem determinadas regras de administração e legitimação maçónica, como por exemplo pretenderem actuar sobre o território de Grandes Lojas reconhecidas, admitirem no seu seio maçons não iniciados regularmente, como é o caso de uma pretensa Grande Loja Europeia que pretende actuar no âmbito geográfico da União Europeia, ou ainda outras que resultam de cisões, e outros movimentos de auto afirmação, e que portanto não asseguram a legitimidade da transmissão de origem da consagração e reconhecimento, violando assim os Landmarks, e Os Antigos Usos e Costumes praticados pela Maçonaria Universal, periodicamente reafirmados nas Conferências atrás referidas.


3) Do conceito de iniciação

A Iniciação é um elemento indissociável da maçonaria, embora possa haver muitas outras iniciações, tantas quantas as organizações que a requerem como forma de ingresso do seus membros. A iniciação maçónica visa transformar um profano, postulante em maçon, através de provas rituais a que é submetido por maçons, passando depois deste processo a ser reconhecido como um igual, na sua condição de aprendiz. Mais tarde, pode passar o aprendiz, mediante novas provas, a Companheiro, e finalmente através de novas provas, pode o companheiro ser elevado a Mestre, sempre depois de prestar novos juramentos. Ou seja, a iniciação comporta sempre para o recipiendário: 1) provas rituais, 2) apreciação favorável pelos já iniciados e 3) juramento pelo neófito para selar a sua recepção como membro.

Segundo Jesod Bonum (in Secrets de la Magie de Eliphas Lévi, edição Laffont, 2000), o iniciado tem a lâmpada de Trismegisto, ou seja a razão iluminada pela ciência, o manto de Apolonio, ou seja o completo autodomínio de si próprio, e o bastão dos patriarcas, significando o apoio das forças ocultas e perpétuas da natureza. O iniciado é pois um homem que se libertou de paixões, de constrangimentos e de superstições, pode avançar no desconhecido, nas trevas da ignorância, apoiado no conhecimento que ganhou sobre si próprio e sobre a Natureza, e depois partilhar com outros este estádio de elevação da sua consciência.

O iniciado é pois alguém que atingiu a Luz, a compreensão de si, dos outros e da Natureza, e assim goza com discrição do saber e o poder adquiridos, antecipa o futuro, trabalha o presente, e recorda-se do passado. O verdadeiro iniciado não se abate, não desiste, não se rende aos homens sem espiritualidade. E em maçonaria? A cerimónia de iniciação é retomada de tradições imemoriais, algumas com registo na Bíblia, como o episódio de Hiram, outras de origens diversas como a iniciação dos mistérios de Eleusis, ou dos cavaleiros Templários.

Segundo Daniel Ligou, (Dictionnaire de la Franc Maçonnerie edição PUF, 1987). A inciação maçónica é típica das sociedades secretas, em especial das corporações de mesteres da idade média, e exige:

. adesão livre, pessoal e preparada

. inquérito e interrogatórios rituais

. tempo de espera da candidatura

. idoneidade e boa reputação civil

. apadrinhamento por maçon

. período de reflexão isolado

. provas simbólicas e rituais

. juramentos sobre o Livro Sagrado

. admissão formal e solene

. participação no ágape (banquete) fraternal.

Mas estes são os aspectos esotéricos, isto é exteriorizados, não constituem em si mesmo um segredo, e mesmo os rituais que se acham abundantemente divulgados, revelam ao ínfimo pormenor os detalhes dos procedimentos adoptados. O verdadeiro segredo maçónico da iniciação está nos aspectos esotéricos, ou seja, vivenciados intimamente na consciência do iniciado, em função do conhecimento de si próprio, adquirido face ao simbolismo cujo significado lhe é revelado, e que lhe permite interiorizar a Luz espiritual do Grande Arquitecto do Universo, e a compreensão da Criação.

É essencial a predisposição espiritual do candidato, e a sua maturidade psicológica, e desejável a sua independência económica. O actual Grão Mestre da Maçonaria Regular portuguesa, José Anes, (A Iniciação Maçónica, uma via de espiritualidade, in Religião e Ideal Maçónico - convergências, edição da Universidade Nova de Lisboa, 1994), defende que só pode ser iniciado quem já tem uma religião, ou que acredite no Grande Arquitecto do Universo. A iniciação é pois o caminho para a inteligência do Transcendente, para a compreensão da Harmonia do Universo, para a correcta situação do destino do Homem no Cosmos. Em Maçonaria toma como referências uma tradição ancestral de arquitectura do Templo de Salomão, de base operativa, de influência sacerdotal e de conotações cavalheirescas, ao mesmo tempo, como se deduz da presença respectivamente, do esquadro e do compasso, do Livro da Lei Sagrada, e da espada.

Sem desprimor para outras iniciações esotéricas, esta será porventura uma das mais completas face à História conhecida da Humanidade. E não receamos identificar a iniciação maçónica regular como muito superior à iniciação maçónica irregular, porque, recusando esta última a espiritualidade do sagrado, mais não é do que a admissão humanística num circulo de amizades e solidariedade profanas, embora de elevado sentido cívico, como resulta dos valores da liberdade, da fraternidade e da igualdade. É porém grande a diferença entre valores materiais e valores espirituais, e que resultam dos diferentes planos, o imanente e o transcendente. A grande questão é saber se a iniciação maçónica implica uma morte e um renascimento como a quase unanimidade dos autores maçónicos sustentam, ou se é antes a aquisição de um saber novo, uma iluminação, e uma ascese. Acima de tudo, a iniciação é uma viagem espiritual que visa a obtenção de uma revelação do transcendente, que o próprio iniciado adquire por vivência, sem que lhe seja transmitida exotericamente, isto é explicitamente, pelos maçons reunidos para o efeito em Loja.

O maçon iniciado interioriza na sua intimidade, de consciência desperta pelo simbolismo, a chave da criação do mundo, e a chave da sua própria criação humana, sempre a partir do Kaos em que é lançado. Finda a cerimónia, se bem realizada e bem vivida, o iniciado adquiriu um grau superior de saberes, que lhe permitirá continuar caminho para superiores degraus de conhecimento e de integração universal. Existem muitos rituais maçónicos de iniciação, e como já se disse, até disponíveis na internet, e por isso podem-se inventariar alguns elementos comuns:

. o candidato apresenta-se vendado

. entra como numa caverna, numa sala que desconhece

. encontra inúmeros obstáculos de difícil percepção

. é sempre guiado pela mão por um condutor

. recebe indicações constantes de caracter ritual

. ouve sons de confrontos confusos

. é confrontado com o ar, o fogo, a água e a terra

. são-lhe propostos juramentos

. enfrenta na semi obscuridade ameaças potenciais

. é apaziguado com as luzes acesas, e com a visão do Templo

. são-lhe transmitidos sinais e palavras rituais

. é reconhecido como maçon, e recebido como um irmão

. é chamado a provar a sua solidariedade

. assiste a intervenções explicativas da cerimônia

. é investido com um avental e com luvas rituais

. depois da cerimónia participa numa refeição conjunta (ágape)


Quem é maçon e ler estas linhas assume-as com um significado profundo. Quem o não é, porque não foi iniciado, dificilmente delas retirará qualquer ensinamento e muito menos qualquer revelação. Mesmo que uns digam que os procedimentos representaram a sua morte como profano, e o seu renascimento como maçon, ou que se vá mais longe, e se explique que de olhos vendados assistiu a criação do mundo e ao seu nascimento do ventre materno, e assim compreendeu o fenómeno da criação. Aliás o fenómeno da criação que as mulheres, por o serem, e poderem conceber, não necessitam de assistir em representação para compreenderem uma realidade que lhes é imanente e não transcendente. Essa é Razão pela qual, aliás, as mulheres não necessitam da iniciação maçónica para a sua vida espiritual, e pelo que em nossa opinião não faz sentido a iniciação feminina maçónica, nem a maçonaria mista, e muito menos feminina, e muito menos com rituais de nomenclatura masculina.


Subsiste uma interrogação. Então e Darwin não explicou pela teoria da evolução das espécies que o Homem é que criou Deus á sua imagem, e não o inverso, já que com toda a probabilidade o “homo sapiens” não é mais do que um elo na cadeia evolutiva dos hominideos que há mais de 6 milhões de anos viveram no Quénia? Subiste outra interrogação, mas a evolução do Homem explica-se apenas em termos terrestres? Então não é verdade que um padre jesuíta George Coyne, director do Observatório Astronómico do Vaticano, revelou recentemente (Diário de Noticias, 8 de Janeiro de 2002), a sua convicção na existência de vida extraterrestre? E também não é verdade que ganha cada vez mais adeptos a teoria de que a vida na terra, poderá ter tido origem noutros planetas, em resultado da descoberta de bactérias a mais de 40 Km de altitude como noticiou o Correio da Manhã de 1 de Agosto de 2001?


Terá assim plausibilidade a Teoria da Panspermia de Fred Hoyle e de Chandra Wickramasinghe, de que a vida não nasce espontaneamente, mas está presente em toda a parte, e viaja pelo cosmos fertilizando planetas, como uma espécie de semente universal, conforme divulgado entre nós no II simpósio Internacional “Fronteiras da Ciência”, em Setembro de 2001, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto? E a ser assim, se há vida em outros planetas (ou no espaço), será que a evolução da vida hominidea na Terra não sofreu (beneficiou) de cruzamentos (experiências) de seres mais evoluídos, que teriam inclusive estado na origem da própria civilização egípcia? Assim se justificaria que as pirâmides tivessem sido projectadas bem antes da sua construção, cerca de 10.000 AC , em vez da sua data de referência cerca do século III antes de Cristo? Será essa a data do início da Maçonaria, ou seja da Sabedoria do Universo, e da possibilidade da capacidade humana desenvolver o engenho de construção e de arquitectura?
Terá esse saber de origem divina e extraterrestre tido os seus continuadores nos grandes iniciados?

Só o Grande Arquitecto do Universo tem a resposta.



Sertã, ao Oriente de Portugal,

Ao sétimo dia, do terceiro mês de 6002

Luís Nandin de Carvalho

M.·.M.·., e Grão Mestre Ad Vitam da G.·.L.·.R.·.P.·..


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