sábado, 18 de dezembro de 2010

A Iniciação (I)

QUADRO DENOMINADO "INOCÊNCIA".

A Iniciação (I)

Maçom e a Loja que recebeu esse pedido acedem a ele, a entrada do novo elemento para a Maçonaria e para a Loja processa-se mediante uma cerimônia, designada de Iniciação.

Um dos compromissos que os maçons assumem é o de não divulgar a profanos como se processa a cerimônia de Iniciação. Não por gosto do sincretismo. Não porque algo de ilícito, ou perigoso, ou atentatório da dignidade, exista nessa cerimônia. Simplesmente porque o desconhecimento sobre como se processa e o que se passa nessa cerimônia é absolutamente essencial para que esta atinja os objetivos que com ela se procura prosseguir.

Dir-se-ia, assim sendo, que, nesse caso, não poderia ou deveria eu aqui escrever sobre a Iniciação. Tudo depende do que se escreve e como se escreve. Obviamente que não vou descrever a cerimônia, dizer o que nela se passa como se processa. Assumi o compromisso de tal não fazer publicamente ou em privado perante profanos. E concordo e entendo as razões que subjazem a esse compromisso. Mas, sendo política e objetivo deste blogue desmistificar o pretenso sincretismo da maçonaria e divulgar os princípios e objetivos desta, não seria entendível que aqui se não fizesse referência a um dos mais importantes atos e cerimônias da vida de qualquer maçom, a uma cerimônia que o terá indelevelmente marcado quando por ela passou e que continua e continuará a influenciá-lo positivamente sempre que participa na iniciação de um novo maçon. Seria como descrever o futebol sem falar do golo, como discretear sobre Leonardo da Vinci sem mencionar a Mona Lisa!

Mesmo sem divulgar o que não deve ser divulgado, entendo que algo de interessante pode e deve ser dito sobre a Iniciação, permitindo que a generalidade dos interessados - ou até simples curiosos - entendam que objetivos se procuram prosseguir com essa Cerimônia e, mesmo, a razão da necessidade de detalhes sobre ela não serem conhecidos por quem por ela não passou.

A Cerimônia de Iniciação mais não é do que, no fundo, um rito de passagem! Desde a mais remota Antiguidade e em diversas Civilizações que a Humanidade executa ritos de passagem - o mais freqüente deles porventura o que assinala a passagem da infância para a idade adulta.

A Cerimônia de Iniciação é, assim, e antes do mais, um rito de passagem da vida profana para a vida maçônica. Mas não é um mero marco dessa passagem, desse início. O traço distintivo da Cerimônia de Iniciação em relação à generalidade dos ritos de passagem é o de que aquela, mais do que assinalar, festejar, marcar a passagem da vida profana para a vida maçônica, tem um papel efetivamente constituinte dessa transição.

Não se pode ser maçom sem VIVER a cerimônia de iniciação. Pode-se tê-la estudado, lido sobre ela, até porventura lido o respectivo guião. Nada disso faz diferença: para que a nossa mente e o nosso espírito apreendam em toda a sua complexidade e riqueza o que é ser maçom, é essencial VIVER a Iniciação. Porque a transformação ética e espiritual que o método maçônico propicia depende, não apenas do Intelecto, mas da integralidade do Homem. O que vale por dizer que não basta conhecer intelectualmente os princípios, os ensinamentos, os propósitos, a moral. É necessário SENTIR esses princípios, esses ensinamentos, esses propósitos, essa moral.

E a impressão que a Cerimônia de Iniciação deixará naquele que a ela é submetido será tanto mais forte quanto menos ele souber do que se vai passar. Quanto mais souber (ou julgar que sabe...) sobre o que vai ocorrer, mais distraído estará, aguardando o que espera, ou julga, que vai acontecer, ou interrogando-se porque não aconteceu o que sabe (ou pensa que sabe...) que vai acontecer. E quanto mais concentrado no que sabe (ou imagina que sabe...) estiver, menos atenção dedica àquilo que efetivamente se passa, de menos detalhes se aperceberá, mais sensações perderá.

A todos aqueles que desejem vir a ser iniciados maçons, deixo aqui, portanto, um sincero conselho: informem-se o mais que puderem sobre a maçonaria, mas não busquem informar-se sobre a Cerimônia de Iniciação. Quanto mais dela souberem, menos esta vos marcará. Quanto mais dela conhecerem, menos a VIVERÃO. A maçonaria preza e incentiva o Conhecimento. Mas uma das coisas que se aprende na Maçonaria é que o verdadeiro Conhecimento adquire-se ordenadamente, quando se está preparado para adquirir cada pedaço dele.

Rui Bandeira

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