Valdemar Sansão |
Não
sabe ler nem escrever: Aprendiz Maçom
Preparemos homens para a
Maçonaria e não Maçonaria para os homens!
A Maçonaria não discrimina
qualquer pessoa, por causa de sua opção religiosa. Nossa Ordem sabe que assim o
fazendo ela se torna uma instituição de regeneração da alma humana,
independentemente do credo religioso, de raças, de condições sociais de seus
integrantes, numa grande confraternização em todo o mundo.
Quando alguém é proposto para
Iniciação, nossa Sublime Instituição exige que a vida, passada e presente do
Candidato seja levantada com zelo e cuidado, procurando descobrir se o
identifica no mundo profano, pela sua autoridade moral, pela sua dignidade,
pela sua decência, correção, decoro, pontualidade nos seus compromissos, pelo seu
respeito à própria família e à família de outrem, pela sua humildade e coragem,
que lhe dão personalidade marcante, estado de consciência que o tornará um
autêntico obreiro da paz, do amor, da solidariedade.
A Maçonaria sempre teve a
estimulá-la, os objetivos e causas humanitárias, nobres e sensibilizadoras. No
Brasil lutou inicialmente pela nossa Independência. Proclamada esta, voltou-se
para a sua consolidação. Mais tarde passou a lutar pela abolição da escravatura
elaborando praticamente, todas as Leis que pavimentaram o “13 de Maio”, com
a Proibição do Tráfico, a Lei do Ventre Livre, a Lei dos
Sexagenários, todas elas elaboradas e votadas sob suas influências.
Voltou-se mais tarde para a
proclamação da República, tendo sido os dois primeiros ministérios, o de
Deodoro e o de Floriano Peixoto formados inteiramente por Irmãos Maçons.
Hoje, a Maçonaria é Universal e
os Maçons devem voltar suas preocupações para o Homem de todas as pragas. Não
se limita a resolver, apenas, problemas de seus Irmãos de Loja ou de sua
comunidade, mas colabora intensamente para a construção de um mundo melhor. E
isto acontecerá quando tivermos Fé na grandeza de nossa missão. Quando
partirmos à prática de uma Maçonaria mais abrangente, completa, onde a Fraternidade for
praticada dentro e fora do Templo, onde o Irmão for tanto ou mais
valorizado que o amigo profano.
Sabemos que a Maçonaria não é
Instituição de Caridade. Ela praticará a Beneficência enquanto houver
necessidade, mas, sua missão, pela garantia da Liberdade e da Igualdade, é
dar aos homens condições decentes de vida. Assim, amanhã, quando o mundo for
mais justo, a Maçonaria não perderá sua razão de ser, por não ter mais
beneficência a praticar.
A Iniciação só é possível na
vontade e na determinação de cada um em nascer para o mundo da verdade, da
tolerância, da sabedoria, da fraternidade e do amor. A Iniciação é um
redirecionamento de nosso espírito na caminhada que nos poderá tornar mais
merecedores das bênçãos e da luz do Grande Arquitecto do Universo.
Quando somos Iniciados Maçons,
nossa Ordem sonda nossa alma, nosso caráter, nosso coração e nossa
inteligência, procurando saber se somos realmente livres. Livres de
preconceitos, da preguiça de trabalhar ou de procurar a verdade. A Maçonaria
não nos impõe sua verdade. Ao contrário, concita-nos a investigá-la, pois,
sabiamente, nossa Instituição entende que cada um de nós procura a sua verdade
pessoal.
Julga-se membro de uma corrente
espiritual desejosa de fazer a todos felizes. Nesse sentido começa a observar
objetivos definidos, sonhos a serem concretizados, alvos a serem atingidos,
para justificar a razão de suas reuniões, basta constatar mais de perto a
multidão de desamparados que agoniza, miseráveis sem sorte, sem teto, doentes e
esquecidos que tropeçam e caem, gemem de dor sem a escora de alguém; o morador
de rua na vastidão da noite que recebe por leito o chão de cimento frio da
calçada de ninguém. Mais adiante, fila de doentes em torturante espera,
implorando socorro pelo mal que os atormenta, recolhendo somente a dor que os
dilacera. E os dependentes do álcool e das drogas que nem sabem explicar o mal
que os consome. E nas veredas da vida, aquela multidão sem fé, sem apoio, sem
nome, que em penúria implora um trocado para matar a fome. Se confiar em Deus,
caríssimo Irmão, trabalhe, sirva, jamais censure o que padece.
Somos todos convidados a auxiliar
quanto podemos. A conduta recomendada que apraz ao Grande Arquitecto do
Universo é a caridade cheia de amor que procura o infeliz, que o reergue sem
humilhá-lo. O verdadeiro Maçom se reconhece por suas obras. O valor social do
homem se mede pelo grau de utilidade que ele representa na sociedade.
Procuremos as oportunidades de ação que nos propiciem o prazer de auxiliar a
alguém, de ajudar uma boa causa.
Consideremos todas as criaturas
como irmãs. Partilhemos o sofrimento de nossos semelhantes, respeitando-lhes
sempre a maneira de vida e o modo de ser. Veja que é fácil verificar que
existem na nossa Ordem, inúmeras oportunidades de servir, de trabalhar.
Todos os que agem com amor, que
sabem respeitar seus semelhantes e que se compadecem de seus sofrimentos,
merecem o reconhecimento da Maçonaria. São verdadeiros filhos do Grande
Arquitecto do Universo que vieram atestar a suprema bondade do Criador.
O verdadeiro objectivo da
Maçonaria é a busca da Verdade, quer no sentido filosófico, quer no sentido religioso.
Para o Maçom, a investigação da Verdade é contínua, é algo que começa com a sua
entrada em Loja como Aprendiz, mas não acaba quando atingiu os Graus mais
elevados.
A essência doutrinária maçônica é
apoiada na razão. A razão é a “liberdade do pensamento” que elabora o
conhecimento, após momentos de meditação. A Maçonaria, que é filosoficamente
eclética, usa a razão com equilíbrio, aliando-a ao significado esotérico dos
símbolos. O símbolo quer dizer o que conduz. É uma forma sábia de
transmitir ensinamentos, levando o indivíduo ao esforço de entendê-lo por si
mesmo. Por isso, sabemos que quem traz ganha; quem vem apenas buscar,
perde. Se trabalharmos, merecemos um salário. (Sendo os maçons obreiros
alegóricos da construção do Templo da Verdade, da Ciência e da Razão, o salário
é pago por meio de novos conhecimentos que visam o aperfeiçoamento gradual do
Maçom, não se tratando, pois, de salário material, mas de sua instrução
iniciática). Não é por acaso que os Maçons são chamados de Obreiros.
O trabalho na Maçonaria exige
maior dedicação e comprometimento de todos os que assumiram responsabilidades,
impondo renúncias que muitas vezes sacrificam o convívio familiar e outras
relações sociais. No entanto, é uma grande oportunidade de trabalho,
crescimento espiritual e pessoal, pois, à medida que lidamos com as
dificuldades que o trabalho maçônico exige, vamos estabelecendo relacionamentos
cada vez mais fraternos, desenvolvendo habilidades e atitudes que nos tornam
pessoas melhores e mais felizes. Não podemos deixar de levar em consideração
que o cumprimento de um dever, cria a possibilidade de níveis mais altos de
integração, dos quais somos os maiores beneficiados.
A Loja é simbolizada por uma
Colmeia, sendo o Avental Maçônico, do labor, pois lembra que um Maçom deve ter
sempre uma vida ativa e laboriosa. O Maçom assíduo aos seus trabalhos é
digno de receber o Salário Maçônico, como um direito a quem se faz jus.
Porém, a máxima franciscana do que é dando que se recebe deve servir
de norma para o maçom.
O Candidato deve ser persuadido
com razões, argumentos e fatos que a Maçonaria o levará a conquistar a paz
interior, para adquirir confiança em si próprio, para beneficiar sua família
ante as vibrações de Paz e de Amor. Ele nunca se atreverá a usar nossa Instituição
para ludibriar a quem quer que seja ou para tirar proveito pessoal imerecido de
qualquer coisa. Deve ser cientificado de que somos uma grande família e que a
convivência harmoniosa entre membros da Irmandade tem um papel importante na
formação do Maçom.
Prestamos um juramento de modo
livre, sem coação, de combatermos a ignorância, os erros, a injustiça e de
glorificarmos o amor, a justiça, o direito e a verdade.
Procuremos conhecer a nossa
Doutrina. Pratiquemo-la e estaremos servindo a Deus, ao homem, descortinando a
Verdade e construindo a Justiça.
Respeitemos as diferenças
individuais. Convençamo-nos da impossibilidade da uniformidade, mas busquemos a
Unidade. Dos menores serviços comunitários aos grandes movimentos nacionais e
mundiais, sempre visando o bem-estar comum, juntos estaremos em perfeito
sincronismo, acreditando nos nossos ideais maiores.
Preparados interiormente
provaremos que fomos, somos e seremos a força da paz e da harmonia. Na
escuridão nasce a esperança de uma nova Luz na luta pelo Conhecimento, pela
Solidariedade que devem ser a constante preocupação dos “homens livres e de
bons costumes”.
Valdemar Sansão – M:. M:.
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