quarta-feira, 16 de maio de 2018


O LEMA DA VIDA

 Osório Pais*

Um dia, perguntei ao Sol: que fazes
Para fulgir no eterno alvorecer?
O astro divino respondeu, brilhando:
 – Ajudar e esquecer!

Interroguei à árvore: que fazes
Para florir, amar e frutescer?
Ela, embora ferida, falou calma :
– Ajudar e esquecer!

Interpelei, depois, o pão: que fazes
Para ser vida e bênção no dever?
O pão amigo acrescentou, sereno:
– Ajudar e esquecer!

E disse à fonte límpida: que fazes
Para dar-te à renúncia por prazer?
Atada ao solo, resumiu cantando:
 – Ajudar e esquecer!

A própria terra consultei : que fazes
Para tudo alentar e refazer?
Maternalmente, replicou, bondosa:
 – Ajudar e esquecer!

Alma, se aspiras à ascensão sublime
Na luz do amor, sem nunca esmorecer,
Guarda o lema da vida em toda parte:
 – Ajudar e esquecer!


 (*) Informa Liberato Bitencourt, em sua obra Homens do Brasil, vol. II, que Osório Pais estudou em João Pessoa, e, aos dezesseis anos, se entregou ao comércio. Abandonando, depois, a vida comercial, seguiu para a Bahia, onde se diplomou em Odontologia. «Alma boêmia, foi um poeta lírico, um trovador espontâneo, tocador de violão e fazedor de serenatas» – escreveu Luiz Pinto em sua Col. de Poetas Paraibanos –, continuando mais adiante: «A sua colaboração nos jornais e revistas da Paraíba e do Brasil ficou muito esparsa, dela não havendo noticia segura. Era arredio, por índole, a instituições culturais.» E o mesmo autor, Luiz Pinto, é quem afirma em seu livro Cad. de Poetas Brasileiros, pág. 47: «Uma das vocações poéticas mais belas que conheci na Paraíba foi a desse inveterado boêmio, de bondade extrema.» (Alagoa Grande, Paraíba, 14 de Junho de 1886 – João Pessoa, Paraíba, 24 de Abril de 1949.)

BIBLIOGRAFIA: Primícias, versos.

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