sexta-feira, 6 de outubro de 2017



--> -->


A MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

 
Para falar da influência da Maçonaria na independência dos países da América do Sul, é de justiça começar pelo educador ideológico dos próceres americanos, chamado o precursor Francisco Antonio Gabriel de Miranda e Rodríguez, nascido em Caracas em 28 de março de 1750. Miranda foi iniciado em 1780 na Loja América de Virginia (USA), nada menos que pelo Irmão George Washington. Na sua vida teve glórias e distinções das mais altas, concedidas por personalidades da Europa, EEUU e Rússia, mas nunca se deixou levar pela vaidade e, em todo momento, com fé de um verdadeiro maçom, manteve latente seus ideais de independência para as colônias espanholas da América. Foi em Londres que o Irmão Miranda começou a fazer seu trabalho de doutrinar os patriotas americanos. Em 1797 fundou a "Loja Grão Reunião Americana" que funcionava na Grafton Street, 27, Fitzroy Square, perto de Piccadilly Circus. O Irmão Miranda morava nesse mesmo endereço e desenvolvia algumas atividades particulares que lhe garantiam a sobrevivência o que, na realidade, servia mais para disfarçar seus trabalhos para selecionar as pessoas certas para a causa americana.


                                                                                    
É grande e importante a lista de patriotas que receberam a luz maçônica do malhete do Irmão Miranda e que logo se espalharam pelo Continente levando a semente revolucionária, explicando-se deste modo, porque a Revolução da Independência foi simultânea no Continente, fenômeno que tem chamado a atenção dos historiadores. Somente para citar alguns dos maçons preparados pelo Irmão Miranda, temos: Bernardo O´Higgins Riquelme, Libertador do Chile, sua pátria; Carlos Montúfar, ilustre militar equatoriano; Vicente Rocafuerte, Presidente da República do Equador; Bernardo Monteagudo, notável estadista argentino; José Cecílio del Valle, político e jurisconsulto hondurenho que foi eleito Presidente da sua pátria mas morreu antes de tomar posse; Pedro José Caro, político cubano; Servando Teresa de Mier, jurisconsulto mexicano; José Miguel Carrera, o primeiro dos Presidentes do Chile (O´Higgins o antecedeu mas com o título de Diretor Supremo); Mariano Moreno, jurisconsulto argentino; Pedro Fermín de Vargas, ilustre filho de Socorro que hoje é o departamento de Santander, Colômbia; Simon Bolívar, o Libertador; Antonio Narino, o precursor da emancipação de Nueva Granada a Colômbia de hoje desde 1831 (data da divisão da Gran Colômbia) até 1858, quando tomou o nome de Confederação Granadina; Andrés Bello, famoso educador, poeta, jurisconsulto e diplomata venezuelano posteriormente naturalizado chileno; José de San Martín, argentino e libertador de três países. A lista é longa e para não estende-la em demasia, podemos completar com os nomes do venezuelano Luis Méndez, dos chilenos José Cortés de Madariaga, Manuel José de Salas, Juan Antonio de Rozas, Gregorio Argomedo, Juan Antonio Rojas, os granadinos (colombianos) Francisco Antonio. Devemos esclarecer aos nossos leitores que devido a discrição própria da Maçonaria, e que sendo a finalidade da Loja Grão Reunião Americana decididamente revolucionária, os historiadores tem encontrado informações divergentes, mas a lista anterior tem o apoio de muitos deles. Como exemplo, citaremos três casos de divergências: o Irmão Carlos de Montúfar e Larrea teria sido iniciado em Paris; e quanto ao Irmão Simon Bolívar há historiadores que dão sua iniciação em Cádiz (1803) existindo ainda uma ata de uma Loja francesa em poder da Grande Loja da Venezuela, que cita que sua Iniciação e Elevação teriam acontecido nesta Loja, em Paris em 1805. O Irmão José de San Martín teria sido iniciado na Loja Legalidade de Cadíz, em 1808.

PRIMEIROS MOVIMENTOS NA EUROPA
Os patriotas começaram a se movimentar na Europa para obter apoio político. Foram instaladas outras Lojas como filiais da Grande Reunião Americana, em Paris e em Madri com o nome de Junta das Cidades e Províncias da América Meridional e, em Cadíz, como Sociedade de Lautaro ou Cavalheiros Racionais, tendo esta última uma grande importância devido a ser Cádiz o porto de enlace com a América do Sul. Daí os patriotas levavam e traziam notícias referentes a causa americana. Porém, era de Londres que emanavam todas as ordens para dar cumprimento ao Plano Emancipador de toda a América espanhola, conforme inspiração de Miranda. O Rei da Espanha, Fernando VII, de triste lembrança, odiava a Ordem e estava informado do papel que a Maçonaria desempenhava na Independência; sua maior preocupação era com a própria maçonaria espanhola que atuava principalmente através da imprensa, semeando sua mensagem de liberdade.   É bom lembrar que, anteriormente, o mais ilustre maçom da Espanha, o Irmão Pedro Pablo Abarca de Bolea, Conde de Aranda, como Primeiro Ministro de Carlos III, tinha proposto dar independência às colônias americanas e associá-las a Espanha numa espécie de "commonwealth". Numa nova etapa, a Maçonaria patriota estendeu sua ação ao próprio continente americano e, em diversas cidades, começaram a serem instaladas as célebres Lojas Lautarinas. O irmão Miranda viajou para os EEUU onde preparou a primeira expedição libertadora a Venezuela em 1806; a expedição foi um fracasso militar, mas conseguiu comover profundamente o sistema colonial espanhol.
AS LOJAS LAUTARINAS
                                                                                    
San Martin regressou a Buenos Aires no início de 1812, quando o processo da independência tinha começado e colocado sua espada ao serviço da causa, enquanto secretamente instalava junto com os Irmãos Carlos Maria de Alvear e Matias Zapiola, a Loja Lautarina de Buenos Aires. É bom lembrar que na Argentina já existiam desde 1775 Lojas Maçônicas independentes dos Orientes da Irlanda e da França, mas em 1812 as citadas Lojas estavam totalmente desorganizadas.O nome de Sociedade de Lautaro ou Loja Lautarina ou Lautariana, este último nome conforme o léxico argentino, teria surgido numa conversação entre Miranda e O'Higgins em Londres, na qual este último mencionou o nome do toqui (chefe índio) militar dos índios araucanos do Chile na luta contra os invasores espanhóis na metade do século XVI e que ficou como exemplo de espírito libertário. Muito se tem discutido se as Lojas Lautarinas foram ou não maçônicas, ficando, finalmente, o consenso que não foram Lojas maçônicas regulares. Formadas com a finalidade de lutar pela liberdade dos povos americanos, eram autônomas, não submetidas a nenhuma Potência Maçônica regular. Possuíam um ritual muito similar ao de uma Loja regular, prestavam juramento e tinham 5 graus, a saber:
a) No 1º Grau, o iniciante comprometia-se com a vida e seus bens, a trabalhar pela Independência Americana.
b) No 2º Grau, fazia confissão de fé democrática;
c) No 3º Grau pedia-se ao filiando trabalhos de propaganda em prol dos novos ideais;
d) No 4º Grau o filiando era comissionado para influir sobre os funcionários públicos que, no momento supremo, poderiam favorecer a causa; e
e) No 5º Grau de caráter secreto e reservado aos grandes chefes, discutia-se a ação militar e a futura administração e governo político dos países a ser libertados. Este Grau tinha o nome de "Comissão do Reservado". A lenda mística das Lojas estava simbolizada por três letras U. F. V. que significavam União, Fé, Vitória. O'Higgins preparou o Regulamento e as Obrigações dos Irmãos os quais eram rigorosos especialmente os referentes ao segredo e a obediência às disposições da Loja, contemplando para os infratores até a pena de morte.  Este detalhe que tem criado muita polêmica por parte dos eternos inimigos da Ordem tem apresentado as Lojas Lautarinas como sociedades que mantiveram a coesão de seus membros mais por temor que por convicção aos seus princípios.
                                                                                       
Autores maçônicos de prestigio, como Bartolomé Mitre (argentino) indicaram que estas penas eram somente de caráter moral ou simbólico (aliás, similar a como hoje é), não existindo antecedente de alguma eliminação física de pessoas devido a divulgação de segredos. De qualquer maneira, devemos levar em consideração que os costumes da época eram diferentes das atuais, mostrando os homens um desapego a vida que atualmente chama a atenção. Estando em jogo interesses tão elevados até que poderia ter sido normal a implantação de disciplinas tão rigorosas. Dando prosseguimento à tarefa de formação de uma base de apoio à causa revolucionária, San Martín muda para Mendoza, a cidade argentina que fica mais perto de Santiago, capital chilena, onde instalou uma Loja Lautarina. Incorporou-se nela Bernardo O'Higgins, que tinha sido parcialmente derrotado pelo exército espanhol na batalha da cidade chilena de Rancagua. Unidos os patriotas chilenos e argentinos, fundou-se mais uma Loja Lautarina em Tucumán. San Martín prepara seu plano para organizar um exército Libertador com chilenos e argentinos que iria a expulsar as forças espanholas definitivamente de Chile e Peru, como única forma para que o processo de Independência de Argentina, Chile e Peru fosse irreversível.

LIBERTAÇÃO DO CHILE 
O Chile foi libertado e O'Higgins tomou posse como Diretor Supremo da nova República. Começou a administrar um país pobre saindo de uma guerra estando com sua produção, administração, educação e estrutura social e jurídica atrasada ou nula. O'Higgins tomou diversas medidas, afetando seriamente as classes abastadas e as pertencentes à nobreza e em boa parte, a Igreja Católica, orientado pelo pensamento dos livres pensadores laicos agrupados nas Lojas Lautarinas. O sentimento contra O'Higgins ganhou força na crença que existia um poder superior que nas sombras tomava decisões e aplicava políticas, ficando as autoridades legítimas com simples "testas de ferro". Temos que reconhecer que houve erros, tais como o assassinato do herói popular Manuel Rodríguez, de posição política radical, o fuzilamento dos irmãos Carrera, dirigentes de um partido político antagônico e outros, próprios da inexperiência dos novos governantes.
                                                                                
San Martin desenvolveu a campanha do Peru, apoiado pelo mar por Lord Thomas Cochrane. Nesta etapa teve a oportunidade de demonstrar o seu humanismo maçônico quando se negou a abrir fogo contra a cidade de Lima, ganhando a inimizade de Cochrane e o risco de ter um motim na esquadra e no exército, obtendo, entretanto, a rendição de Lima sem derramar uma gota de sangue. Voltemos nossa atenção à Venezuela que em 19/04/1810 proclamou sua autonomia com o pretexto do exílio de Fernando VI; foi enviada uma comissão a Londres formada por Simon Bolívar, Luis López Méndez e Andrés Bello (todos maçons) que foi apresentada por Miranda ao governo inglês, mas sem resultados positivos. Os quatro voltaram a Caracas, onde Miranda em 05/07/1811 assinou a Declaração da Independência da Venezuela, numa reunião da Sociedade Patriótica (uma Loja maçônica que funcionava na clandestinidade), com a presença de Simon Bolívar, Peña, Iznardi, Espejo, Roseto, Yañez, Penalver e outras importantes figuras patrióticas, todos convictos de pertencer à maçonaria.
Simon Bolívar Na mesma data, outra sociedade secreta funcionava numa fazenda de Bolívar, que contava com a participação de Vicente Matias, Mariano Montilla, Francisco Iznardi, todos iniciados na Europa e Roscio, iniciado nos EEUU. Em 1811 fundou-se em Cumaná a Loja Perfeita Amizade No 74 sob os auspícios da Grande Loja de Maryland, EEUU. No seu quadro figuravam os nomes de Antonio José de Sucre, Santiago Mariño, Manuel Rivas, Miguel Aristeiguieta, Andrés Caballero, Agustín Armário, Diego Montes e José Francisco Bermúdez. Fala-se que Miranda, Bolívar, Rodrigues e outros maçons haveriam fundado em Barcelona a Loja Protetora das Virtudes No 1, em 01/07/1812. A reação dos realistas frente a independência da Venezuela foi forte. Miranda, solicitado pelos patriotas a assumir o governo como ditador, o que não condizia com seus ideais de liberdade, ocasionou clamoroso fracasso; capitulou em 25/07/1812 em San Mateo, acabando sua vida na prisão de La Carraca, Cádiz.

                                                                                                 
Bolívar começa sua triunfal epopéia militar que o leva a fama para toda a posteridade. No comando das tropas venezuelanas e colombianas libertou e proclamou a República da Colômbia, constituída por Nueva Granada e Venezuela, incorporando posteriormente Equador. Olhou para o sul e igual que San Martín percebeu que a liberdade da América não seria definitiva enquanto a Espanha ainda lutasse no Peru, onde San Martín já governava por um ano, realizando grandes reformas, porém sem conseguir expulsar totalmente o exército espanhol, que reforçara consideravelmente suas forças no interior do país. A viagem de Bolívar ao Peru foi um passeio triunfal. Sua entrada nas cidades parecia o regresso de um Imperador vencedor. Em Lima, aconteceu a famosa reunião com San Martín, a portas fechadas, na qual para evitar lutas fratricidas, San Martín cedeu a Bolívar a honra e a glória da eliminação das tropas espanholas do Perú e a libertação da Bolívia. O messiânico venezuelano, o Libertador, vai mudando para uma ambição sem limites. O contraste entre Bolívar e San Martín, do ponto de vista maçônico, é grande. Bolívar desprendeu-se de seus juramentos maçônicos quando significaram um entrave aos seus projetos. San Martín respeitou seus juramentos de nunca revelar os segredos maçônicos, negando-se a revelar os detalhes de suas brigas com a maçonaria, tendo regressado a Argentina e posteriormente partiu para o exílio.

A BATALHA FINAL
                                                                                 
A libertação da América espanhola chegou a sua culminação com a batalha de Ayacucho no dia 09-dez-1824, que teve fatos de fraternidade e generosidade e elevados limites e que nunca serão esquecidos pelos maçons. Na noite anterior à batalha, as Lojas que funcionavam em ambos exércitos foram citadas separadamente em uma reunião para procurar uma solução que evitasse o derramamento de sangue, mas essa solução não foi encontrada. Foi feita, em seguida uma reunião em conjunto, mas também com o mesmo resultado negativo. No dia seguinte um maçom espanhol solicitou a permissão para que familiares e maçons que militavam em diferentes exércitos fossem autorizados a abraçar-se pela última vez. Uma centena de soldados americanos e espanhóis avançaram para se cumprimentar; no lado esquerdo ficaram os maçons, que após se abraçaram por três vezes, participaram de uma fraternal reunião que durou quase uma hora e foi emocionante. Encontraram-se, entre outros, os irmãos Rodil, Espartero, Vergara, Virrey José de la Serna, Venerável Mestre General Canterac, Past Master Marechal Jerônimo Valdez, General Monet, Antonio Tur e General Ballesteros, no lado espanhol, e os irmãos José Faustino Sanchéz Carrión, General Antonio José de Sucre, General José Maria Córdova, Tenente Coronel Vicente Tur (espanhol, mas pertencente ao exército patriota e irmão carnal de Antonio Tur) e General Antonio Valero de Bernabé, no lado americano. Ficou o exemplo da fraternidade maçônica, que não reconhece raças nem nacionalidades, ainda que nas circunstâncias mais dramáticas. Terminou a batalha com a vitória das armas americanas e quando o chefe espanhol, o maçom La Serna, ferido seis vezes, entregou sua espada ao General maçom, Sucre, este não aceitou, solicitando que continuasse nas mãos do bravo militar. As atenções que os prisioneiros e, especialmente os feridos, receberam, foi outra amostra de fraternidade extrema, como igualmente a Ata de Capitulação, em que a generosidade do vencedor ultrapassou as demandas do vencido.
                                                                                     
Sucre foi nomeado Presidente Vitalício da nova República da Bolívia, ficando somente até 1828, quando solicitou demissão e voltou para Venezuela. Em 1830 foi chamado para presidir a República do Equador. Viajando para tomar posse, foi surpreendido pelos seus inimigos, na Colômbia, morrendo assassinado.
 
BOLÍVAR DESENTENDE-SE COM A MAÇONARIA 
 
Bolívar, envaidecido pela sua glória, recorreu aos países aos quais deu a independência, tentando manter á Confederação sob as suas mãos. Mas as ambições de seus próprios comandados vão contra ele, passando a ser o alvo de numerosos "complots" em meio a profundas desavenças políticas. Até que aconteceu o atentado mais sério, em Bogotá no dia 25 de setembro de 1828, perpetrado por uma sociedade secreta dirigida pelo frei Arganil. Bolívar salvou-se por milagre e reagiu violentamente emitindo em 8 de novembro de 1828 um decreto que fechava todas as associações secretas, evidentemente incluindo à Maçonaria. Todo o ministério que acompanhava Bolívar era maçom, com exceção de um, mas contra a vontade de Bolívar não adiantava discutir e foram inúteis todas as argumentações dos Ministros. Começou assim o desentendimento e que seria definitivo de Bolívar com a Maçonaria. E bom lembrar que da vida maçônica de Bolívar no Peru ou em outros países, fora da Venezuela, não existem provas tangíveis. Somente existe uma confissão ao escritor maçom, oficial francês, Luiz Peru de la Croix, na qual Bolívar reconhece que, por simples curiosidade, ingressou na Maçonaria, tendo recebido o grau de Mestre em Paris, mas afastou-se posteriormente.

O OCASO DOS HÉROIS
                                                                                                 
A América estava liberada do domínio espanhol. O trabalho dos maçons estava terminado e a América já não necessitava de seus heróis. Miranda morre numa prisão em Cádiz; San Martin exilou-se na França onde morre longe da pátria por ele libertada; O'Higgins morre exilado no Peru; Sucre é assassinado na Colômbia; Bolívar doente, morre desterrado na ilha de Santa Maria (Venezuela) protegido nos seus últimos dias por um espanhol. Todos morreram pobres, abandonados por quem tanto lutaram.

A LUTA IDEOLÓGICA NO BRASIL 
De forma similar aos patriotas da América espanhola, os brasileiros que iriam a dirigir o processo da Independência da sua Pátria desenvolveram seus estudos na Europa, principalmente em Portugal, onde toda a intelectualidade da época achava-se altamente influenciada pela Revolução Francesa com sua Declaração dos Direitos do Homem, pelas idéias dos enciclopedistas franceses liderados por Diderot e pela ação da Maçonaria com a sua filosofia liberal. Os dois principais patriotas brasileiros foram os maçons Joaquim Gonçalves Ledo e José Bonifácio de Andrada e Silva. Após seus estudos na Europa, regressaram ao Brasil e desenvolveram uma política ativa de engajamento libertário, com metas diferentes entre si, os que os tornou rivais. Ledo propunha um rompimento total com Portugal e Bonifácio, como conservador e vinculado ao poder econômico, queria a união com o reino de Portugal. A luta ideológica das duas facções começou nos Templos maçônicos, assumindo posteriormente caráter público através da imprensa e dos institutos constitucionais da época. O grupo de Ledo obteve de Dom Pedro I  a decisão do "Fico" e concedeu-lhe o título de Defensor Perpétuo do Brasil, conforme proposta da Loja Comércio e Artes, em 1822. A fundação, por Ledo, do Grande Oriente do Brasil, em 17 de Junho de 1822, procurou o envolvimento definitivo de Dom Pedro I na luta libertária dentro dos princípios do grupo liberal. Dom Pedro I foi eleito Grão Mestre em substituição a José Bonifácio.
                                                         
As brigas entre Ledo e José Bonifácio prosseguiram cada vez mais encarniçadas, provocando, infelizmente, uma cisão na família maçônica, incluindo o fechamento de todas as sociedades secretas. Ledo partiu para o exílio e quando regressa ao Brasil e ao Legislativo, vê perdido seu antigo prestigio e vai isolar-se em sua fazenda, onde morre em 19 de maio de 1847. Da sua parte, José Bonifácio sofreu os embates das ambições políticas e foi destituído do cargo de tutor do futuro Dom Pedro II, ficando preso na sua casa na ilha de Paquetá, falecendo em 6 de abril de 1838.BIBLIOGRAFIA
Compilado da Revistas Maçônicas do Chile e Revista A Verdade
Publicado na Revista A Verdade de Janeiro/Fevereiro de 1987

Nenhum comentário:

Postar um comentário