quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


CONFRONTOS
 
Tristeza oculta no peito
Tem mania de cupim
que, quando surge na casa,
O telhado já está no fim.
 
Ciúme (Deus me perdoe)
Parece em qualquer feição.
Com jararaca enroscada
Por dentro do coração.
 
Orgulho lembra o coqueiro
Que mais alto põe o cacho,
Um dia, o raio aparece
E o coqueiro vem abaixo.
 
Vaidade  recorda  a rã
Que não vê a própria face,
E pensa que o mundo inteiro
é a lagoa onde ela nasce.
 
Mentira é igual ao macaco
Que come ao pé da amora,
Corpo escondido  na rama
Deitando a calda de fora.
 
Melindre  parece a larva
Que cresce sem rebuliço
E acaba matando a rosa,
Sem que a rosa dê por isso.
 
Maledicência relembra
Um papagaio invulgar,
Que vive tanto mais preso
Quanto mais sabe falar.
 
Apego desenfreado
É igual à hera em ação
Que, aos poucos, abraça o muro
E atira o muro no chão.
 
Cobiça, se bem comparo,
É assim como poço fundo
Que cabe, de ponta a ponta,
Toda a miséria do mundo.
 
Jésus Gonçalves

Nenhum comentário:

Postar um comentário