quinta-feira, 7 de setembro de 2017


O PRIMEIRO MAÇOM

 

 

Nas pedreiras de antigamente, o trabalho de cortar, desbastar e lavrar pedras era uma atividade de caráter iniciático. Trabalhava-se com maço, ponteira e  cinzel em etapas distintas, conforme se quisessem pedras para alicerce, para parede ou para acabamento.

 

Cada tipo de pedra era trabalhado por operários especialmente treinados para o mister. Daí as graduações que se estabeleceram entre aprendizes e profissionais. Mais tarde, a atividade do artesão do maço (o maçom), evoluiu para um tipo mais sofisticado de trabalho, que já se podia chamar de arte.

 

Foi quando ele começou a tirar da pedra outras formas, imitando a natureza no seu trabalho de formatação das realidades físicas. Esse tipo de trabalho demonstrava que o homem possuía uma inteligência criadora e que sua consciência podia ser refletida na natureza através das obras de suas mãos. 


A história da aplicação do engenho humano nas pedras se confunde com a história da evolução do seu próprio psiquismo. O termo maçom é derivado dessa ocupação e a espiritualidade que acompanha essa profissão é decorrente dessa projeção da consciência sobre a matéria, formatando coisas e objetos, numa imitação da própria atividade criadora de Deus.


primeiro maçom foi o homem que desbastou a primeira pedra bruta, transformando-a em material de construção. Daí dizer-se que a Maçonaria é tão antiga quanto a presença humana sobre a terra, pois ela é uma prática que pode ser considerada contemporânea dos primeiros grupos humanos.

 

É bom que se diga, entretanto, que essa antiguidade só pode ser colocada enquanto prática operativa e atividade especulativa. Não é a Maçonaria como instituição, porquanto esta só apareceu no inicio do século XVIII a partir do trabalho de Anderson e seu grupo [1]
 
É também nesse sentido que podemos definir a Maçonaria como a arte de interar a mente humana com os elementos da natureza para produzir obra de criação. Como prática operativa ela é o trabalho que constrói o mundo, e como atividade especulativa uma fórmula que aprimora o espírito. Em ambos os sentidos ela é arte de construir, é arquitetura.  


Nos antigos canteiros de obras do Egito e da Mesopotâmia já se costumava separar os trabalhadores em grupos distintivos pelos seus graus. Aprendizes não comungavam com Companheiros nem estes com seus Mestres Um sistema de senhas e códigos eram usados nos diversos níveis profissionais, garantindo dessa  forma o segredo profissional e o método de transmissão dos ensinamentos. [2]

 

No próprio canteiro de obras do Rei Salomão, por ocasião da construção do Templo de Jerusalém, havia, segundo a Bíblia, profissionais e aprendizes de todos os tipos, desde cavou queiros para abrir as valas, serventes para acarretar e transportar cargas, até mestres arquitetos e fundidores, como Hiram e Adoniram, este último também administrador da obra.

 

E foi a partir dessas antigas fontes que nasceu a tradição iniciática que inspirou a divisão da Loja Simbólica dos maçons modernos em Aprendizes, Companheiros e Mestres.  Assim, podemos dizer que a organização da maçonaria tem inspiração nos antigos canteiros de obras egípcios e especialmente em suas pedreiras, cuja hierarquia contemplava essa divisão, sendo a congênere medieval – as antigas corporações de ofício, que congregava os pedreiros livres- uma adaptação de suas ancestrais egípcias.


De outra forma, podemos dizer também que a tradição iniciática que acompanha a profissão do construtor foi desenvolvida mais por necessidade prática do que por motivos religiosos, Constituía um sistema pedagógico, que ao mesmo tempo em que proporcionava segurança aos seus membros, representava um meio de defesa para os seus mercados, pois além de regular o exercício do ofício, mantinha um número ideal de profissionais.


Essa tradição foi repassada aos canteiros de obras medievais. Foi nestes últimos que a tradição de separar os trabalhadores por seus graus de profissionalização sacralizou-se, especialmente pelo fato das organizações dos pedreiros medievais estarem estreitamente ligadas á Igreja.

 

Sendo a época medieval um tempo de intensa busca espiritual, a prática do ofício de construtor passou a ser uma forma de ascese, onde o trabalho da mente se unia ao esforço das mãos para construir a obra externa, que era o edifício propriamente dito, e a obra interna, que era o próprio espírito do construtor. É dessa época a ideia de considerar o corpo humano como uma morada de Deus, da mesma forma que o era a Igreja.

O primeiro maçom especulativo

Não há consenso entre os historiadores de quem teria sido o primeiro maçom especulativo, ou seja, a primeira pessoa não pertencente aos quadros profissionais dos pedreiros livres a ser admitida como membro em suas Lojas.

 

O mais antigo registro de uma iniciação desse tipo é o de John Boswell, lorde de Aushinleck  que, em 8 de junho de 1600 foi recebido como maçom aceito na Saint Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Essa Loja teria sido fundada em 1228, no canteiro de obras preparado para a construção da Capela de Santa Maria, naquela cidade, que então era a mais importante da Escócia.

 

Era costume, naquela época, a organização de Lojas entre os pedreiros, pois assim se chamavam às assembleias dos obreiros que se reuniam para discutir sobre os assuntos referentes às obras e à profissão.


Após a iniciação de Lorde Bosswel, o processo de aceitação de maçons não profissionais se tornaria comum.

 

Logo se espalharia pelos canteiros de obras da Escócia, Inglaterra, Alemanha, França e outros países, de tal maneira que, ao final do século XVI, o número de maçons aceitos- então chamados de especulativos   ultrapassasse, os operativos. Assim, na primeira metade do século XVII, encontram-se registros de várias pessoas importantes sendo admitidas nas Lojas dos pedreiros livres.

 

Nomes como os de William Wilson, aceito em 1622, Robert Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria, que se tornou posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire e o famoso antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de outubro) que o coronel Henry.


Na área da arquitetura os maçons operativos já haviam perdido a maior parte do seu prestígio, já que a forma arquitetônica tradicional deles, a gótica, já havia caído em desuso, eclipsada pela modelo neoclássico. Porém, em 2 de setembro de 1666, um grande incêndio irrompeu na cidade de Londres, destruindo mais da metade da cidade -cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas.

 

Nessa ocasião, os maçons operativos foram chamados para participar do esforço de reconstrução da cidade, sob a direção do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que foi logo iniciado maçom.  Foi no canteiro de construção da igreja de S. Paulo, que ele presidia que em 1691, foi fundada a Loja São Paulo (em alusão à igreja), conhecida como Loja da taberna "O Ganso e a Grelha", uma das quatro Lojas que, em 1717, iria, juntamente com as outras três Lojas londrinas, se unir para a fundação da Grande Loja de Londres. Nasceria dessa fusão a Maçonaria moderna. Londres só iria terminar em 1710.

  

[1] Anderson, por exemplo, situa o nascimento da Maçonaria no Éden e indica seu filho Seth como sendo o primeiro maçom histórico. “Entretanto, antes do nascimento da moderna maçonaria, com a fusão das Lojas Londrinas e o advento das Constituições de Anderson, havia Lojas que atribuíam essa primazia ao rei Nenrode, citado na Bíblia como “poderoso caçador” perante o Eterno”,  pela construção da famosa Torre de Babel.

 

Há também os que sustentam ser Moisés o primeiro maçom pelo fato de ele ter fundado a primeira e verdadeira fraternidade do mundo, ou seja, a nação de Israel. Da mesma forma, existem teses que conferem esse título a Zorobabel, o rabino judeu que liderou a reconstrução de Jerusalém após a volta do cativeiro da Babilônia. Esse parece ter sido o pensamento de André Michel de Ransay, por exemplo.
 

[2] Em nosso trabalho “Lendas da Arte Real”, identificamos Moisés com Osarseph, um líder dos trabalhadores das pedreiras, que organizou e liderou essa classe de trabalhadores no Egito, fundando uma poderosa organização. Isso teria ocorrido no século XIV AC, época em que a maioria dos historiadores acredita ter ocorrido o Êxodo israelita. Segundo Apion, esses trabalhadores, escravos na maioria, eram estrangeiros e as regras estabelecidas por Osarseph eram bastante semelhantes às que Moisés escreveu para os israelitas.

 

Por: João Anatalino

Fonte: https://focoartereal.blogspot.com.br/

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

SUPORTA
 


Nos momentos de crise, não te abatas. Escuta.


Por nada te revoltes, Nem te amedrontes. Ora.


Suporta a provação. Não reclames. Aceita.


Não grites com ninguém. Nem firas. Abençoa.


Lance de sofrimento. É o ensejo da fé. Silencia. Deus sabe o instante de intervir.
 
Emmanuel




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terça-feira, 5 de setembro de 2017


RELIGIÕES

 

Os cultos religiosos, em sua feição dogmática, são igualmente transitórios como todas as fórmulas do convencionalismo humano.

 

Diz-se que o pensamento religioso é uma ilusão. Tal afirmativa carece de fundamento. Nenhuma teoria científica, nenhum sistema político, nenhum programa de reeducação pode roubar do mundo a ideia de Deus e da imortalidade do ser, inatas no coração dos homens. As ideologias novas também não conseguirão elimina-la.

A religião viverá entre as criaturas, instruindo e consolando, como um sublime legado.

 

O que se faz preciso, em vossa época, é estabelecer a diferença entre religião e religiões.

A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. Muitas delas, porém, estão desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambição lamentável dos seus expositores; mas, a verdade um dia brilhará para todos, sem necessitar da cooperação de nenhum homem.

 

 Livro Palavras de Emmanuel

segunda-feira, 4 de setembro de 2017


Grandes Verdades
 
Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra.
 
Ninguém se engane, julgando mistificar a natureza.
 
A psicologia e a psiquiatria, entre os homens da atualidade, conhecem tanto do espírito, quanto um botânico, restrito ao movimento em acanhado círculo de observação do solo, que tentasse julgar um continente vasto e inexplorado, por alguns talos de erva, crescidos ao alcance de suas mãos.
 
Todas as teorias evolucionistas no orbe terrestre caminham para a aproximação com as verdades do Espiritismo, no abraço final com a verdade suprema.
 
No dia em que a evolução dispensar o concurso religioso para a solução dos grandes problemas educativos da alma do homem, a Humanidade inteira estará integrada na religião, que é a própria verdade, encontrando-se unida a Deus, pela Fé e pela Ciência então irmanadas.
 
Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.
 
Ninguém acredite que o mundo se redima sem almas redimidas.
 
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
 
Emmanuel

domingo, 3 de setembro de 2017


A MAÇONARIA NO MUNDO – ESTATÍSTICAS


Estima-se que a população mundial é de cerca de 7,4 bilhões de habitantes, dos quais algo em torno de 3,6 milhões são Maçons, significando que existe 1 Maçom para cada 2.056 habitantes do planeta.


Os 5 países mais populosos representam cerca de 47,3% da população mundial: 1. China (1,4 bilhão), 2. Índia (1,3 bilhão), 3. Estados Unidos (322 milhões), 4. Indonésia (256 milhões) e 5. Brasil (205 milhões). Desses 5 países, somente nos Estados Unidos e no Brasil existe um contingente significativo de Maçons.


Os 5 países com o maior número de Maçons, representa 57,5% dos Maçons do planeta. São os seguintes, com o número de Maçons, suas respectivas populações e relação entre os Maçons e a população:


1 – Estados Unidos – 1,5 milhão Maçons para uma população de 322 milhões = 1 Maçom para cada 215 americanos;


2 – Reino Unido – 250 mil Maçons para uma população de 65 milhões = 1 Maçom para cada 260 britânicos;


3 – Brasil – 190 mil Maçons para uma população de 205 milhões = 1 Maçom para cada 1.079 brasileiros;


4 – Canadá – 87 mil Maçons para uma população de 36 milhões = 1 Maçom para cada 414 canadenses; e


5 – França – 45 mil Maçons para uma população de 67 milhões = 1 Maçom para cada 1.489 franceses. 


Interessante observar que o país comunista com o maior contingente de Maçons é Cuba, o sétimo com o maior número de Maçons do planeta (o sexto é a Austrália, com 41.000 Maçons), com cerca de 29.000 para uma população aproximada de 11,2 milhões, significando 1 Maçom para cada 385 cubanos. 


Para satisfazer a curiosidade de IIrm.’. portugueses que frequentam esta página, Portugal, com uma população de cerca de 10,6 milhões de habitantes, conta com aproximadamente 4.000 Maçons, significando 1 Maçom para cada 2.650 portugueses, relação esta mais desfavorável que a média mundial, que é de 2.056.





 

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sábado, 2 de setembro de 2017


HISTÓRIA DA CISÃO DE 1927
 

Enquanto o ambiente político nacional estava agitado, no inicio da década de 20, diante da nova eleição presidencial e dos episódios que, supostamente, envolviam o candidato Arthur Bernardes, a situação do Grande Oriente do Brasil também não era tranquila, pois iniciava a década com uma nova cisão, provocada por uma eleição fraudulenta. Com a morte, a 28 de janeiro de 1921, do Grão-mestre Adjunto Luiz Soares Horta Barbosa, realizaram-se novas eleições, a 25 de abril daquele ano, para o preenchimento do cargo vago, quando se apresentaram duas candidaturas: a de Mário Marinho de Carvalho Behring e a do general José Maria Moreira Guimarães. Com o apoio de São Paulo, o general Moreira Guimarães obteve a maioria dos votos (2.770 contra 2.124 dados a Behring). Manipulando, todavia, os dados, a junta apuradora anulou votos de ambos os lados, mas principalmente os do general, de tal maneira que Mário Behring acabaria sendo eleito com 1.410 votos.

Os elementos que ambicionavam o Grão-mestrado, estavam ligados ao Ministério da Justiça, então ocupado pelo Ir. João Luiz Alves, partidário da soma de forças maçônicas, pelo menos aparentemente, em torno do novo Presidente da República, cujo governo se iniciava. Numa antiga biografia do Ir. Everardo Dias - jornalista, escritor e líder de movimentos operários em São Paulo, nas décadas de 10 e 20 - o autor (desconhecido) e testemunha da Editoria, afirma:

"Foi, então, elevado ao Grão-mestrado Geral da Ordem, Mário Behring, figura medíocre na Ordem, mas insinuante em conquistar posições, substituindo o general Cavalcante: Sendo amanuense da Biblioteca Nacional, conseguiu com o ministro João Luiz Alves, a aposentadoria do diretor da Biblioteca e sua nomeação, pelo presidente, para esse cargo importante e bem remunerado, prejudicando outros funcionários mais antigos e capacitados".

Tendo ocorrido, nesse mesmo ano, o centenário do GOB, precedendo, de pouco, o centenário da independência, não houve, estranhamente, nenhuma festividade - houve, apenas, cunhagem de medalhas - embora já tivesse sido nomeada, em 1916, uma "comissão de festejos" do centenário e embora, para esse fim, tivesse sido aumentada a capacidade do Templo Nobre do Lavradio, com a construção de duas galerias laterais, que proporcionavam lugar a mais cento e vinte pessoas.

No ano de 1924, o Grão-mestre Mário Behring comprometia o patrimônio do GOB, ao hipotecar o Palácio do Lavradio, para obter um empréstimo de 300:000$000 (trezentos contos de réis), com que pretendia construir um orfanato maçônico em terreno no Méier, no Rio de Janeiro, pertencente à Associação Mantenedora do Asilo Henri­que Valadares, constituída a 9 de janeiro de 1904, sob os auspícios do GOB e aprovada pela Assembléia Geral, a 22 de setembro de 1904. Embora o GOB não fosse dono do terreno, o Grão-mestre lançou a pedra fundamental do orfanato a 16 de março do 1924; por desentendimentos com o construtor, com a obra quase pronta, em junho de 1925, o projeto inicial acabou sendo abandonado e o edifício teve diversas destinações, principalmente não maçônicas, convertendo-se numa dor de cabeça constante - pela irregularidade inicial - a qual duraria muitos anos, até à sua desapropriação, cerca de cinqüenta anos depois de construído.

Behring estava licenciado desde 21 de maio, mas reassumiu a 21 de junho, diante da celeuma provocada em torno da eleição para o Grão-mestrado, ocorrida a 20 de maio. Ocorre que Behring venceu Pedro Cunha, mas houve fraude, pois, das 315 Lojas, só 176 participaram da eleição e só 16 mostraram mapas eleitorais corretos assim, a As­sembléia Geral, em Sessão extraordinária de 5 de junho admitia a vitória de Pedro Cunha. Diante do impasse, em nova Sessão, no dia 8 de junho, os três candidatos propõem, à Soberana Assembléia, a anulação do ato e a convo­cação de nova eleição. Behring, vendo sua reeleição em perigo, retornou, então, no dia 23, dissolvendo o Conselho Geral da Ordem. No dia 13 de julho, perante a Soberana Assembléia, ele renunciava ao cargo, diante das provas contundentes de manipulação da eleição. Assumiria, então, como Grão-mestre Interino, o Adj. Ir. Bernardino de Almeida Senna Cam­pos, amigo e seguidor de Behring.

Em Sessão especial da Assembléia Geral, a 21 de dezembro de 1925, para apuração da nova eleição das GGr. Dignidades, realizada de 31 de agosto e 6 de setembro, nos termos do decreto n.° 815, de 9 de junho, eram proclamados e reconhecidos os mais votados IIr. Vicente Saraiva de Carvalho Neiva, para o cargo de Grão-Mestre e João Severiano da Fonseca Hermes para o cargo de Adj. O Ir. Carvalho Neiva recebera 3.179 votos, enquanto o Behring recebia apenas 117, num real julgamento plebicitário. Apesar de renunciar ao cargo de Grão-mestre, Behring manteve o de Sob. Gr. Comend. do Supr. Cons., contrariando o disposto na lei maior do GOB a qual previa a ocupação dos dois cargos pelo Grão-mestre, já que a Obediência era mista fato que fora totalmente aceita nos Congressos Internacionais de 1907, 1912 e 1922, sem implicar qualquer dúvida em torno da regularidade de GOB. Isso foi feito com a total conivência de Senna Campos.

Nessa ocasião, Behring já começava a tramar a cisão que viria a ocorrer em 1927, pois tratara, a 11 de novembro de 1925, de registrar os estatutos de Supr. Cons. embora já houvesse um registro do GOB - como Obediência mista - englobando o Supremo Conselho, feito por ocasião da promulgação da Constituição de 1907. Esse registro de 1925, portanto, era totalmente nulo, mas serviria, posteriormente aos desígnios de Behring.

A 18 de fevereiro de 1926, falecia o Grão-mestre Vicente Neiva, assumindo o Adj. Fonseca Hermes, com quem Behring assinaria um tratado, a 17 de junho de 1926, estabelecendo que no Rito Escocês Antigo e Aceito, os Graus Simbólicos fica­riam com o GOB enquanto que os Altos Graus ficariam com o Supr. Conselho. A assinatura do tratado, por parte de Fonseca Hermes fora arbitrária, pois usara poderes que a Assembléia Geral concedera a Vicente Neiva. Por isso, a Assembléia revogou o tratado e insistiu com Fonseca Hermes, no sentido de que este o anulasse. Não concordando com a exigência e não suportando as pressões, Hermes licenciou-se do cargo, a 6 de junho de 1927, assumindo, então, o Adj., Octavio Kelly, que fora eleito para o cargo e empossado a 21 de março do mesmo ano.

A primeira iniciativa de Oc­tavio Kelly, no sentido de sanar a irregularidade, aconteceu através do decreto n. 859, de 21 de junho de 1927, que revogava, para todos os efeitos, o decreto n. 858, que Fonseca Hermes assinara a 23 de fevereiro, no sentido de transformar a Assembléia Geral em Constituinte, a ser Instalada a 24 de junho, para colocar a Constituição do GOB de acordo com o tratado celebrado com o Supr. Conselho. Behring, todavia, sabendo, antecipadamente, o que iria ocorrer, promoveu, no dia 17 de junho de 1927, fora do Lavradio - e, portanto, às escondidas - na Rua da Quitanda, n. 32, uma reunião extraordinária do Supr. Cons., que contou com a presença de apenas treze membros efetivos e declarou a sua separação do GOB, sem ter esquecido, antes, de subtrair todos os papéis e documentos dos arquivos do Supr. Cons., no Lavradio, transportando-os para a Rua da Constituição, n. 38, num flagrante delito maçônico, pois os papéis não lhe pertenciam.

Defendendo a posição do Grão-mestre, Mário Bulhões diz que a situação era corolário de tudo o que vinha se passando desde 1921 e, principalmente, a partir de 1925, quando Behring renunciou ao Grão-mestrado, mas permaneceu como Soberano Gr. Comendador, a despeito da Constituição, em seu artigo 25, pará­grafo 2°, dispor que o Grão-mestre era o Sob. Gr. Comend., outros Conselheiros também defenderam a integridade do GOB, porém, sem sucesso pois a coisa já estava consumada.

Behring, pedindo a pala­vra, refere-se às eleições procedidas no Supr. Cons. desde 1921 e que se tornou necessário votar o tratado entre o Supr. Cons. e o GOB; e, considerando que vinha pedindo a reforma da Constituição, sem êxito, o Supr. Cons. deliberara, por unanimidade - (unanimidade de apenas 13 dos 33 membros?) - denunciar, à Confe­deração Internacional do Rito, a situação, e, consequentemente, o tratado de 1926. E termina por anunciar que se desliga do Conselho Geral. Behring, entretanto, já havia programado essa cisão, criando um substrato simbólico para o seu Supr. Cons. na figura de GGr. LLoj. Estaduais. A primeira delas, a da Ba­hia, já havia sido fundada a 22 de maio de 1927, recebendo, do Supr. Cons. a Carta Constitutiva n. 21; outras duas, fundadas logo depois de de­clarada a cisão, foram: a do Rio de Janeiro e a de São Paulo.

Em sessão de 24 de junho, da Assembléia Geral, o Grão-­mestre Fonseca Hermes, que se licenciara do cargo, a 6 de junho, renuncia a ele, entregando o comando, definitivamente, a Octavio Kelly. Este, numa inflamada mensagem, aplaudida, longamente, expunha a sua posição e a situação em que os dissidentes haviam deixado o Grande Oriente do Brasil:

"Digníssimos IIr. Representantes do Povo Maçônico na Sob. Assembléia Geral.

Em obediência ao exposto no art. 39, n. 12 da Constituição em vigor, cumpro o dever de dar-vos noticia, em breve relato, da minha curta gestão administrativa e dos assuntos que, durante ela, merecem exame e atenção.

O germe da dissociação minava, fundo, o nosso organismo, de norte a sul e, mesmo no Poder Central, graves divergências mantinham em hostilidade e suspeita figuras de brilhante representação na Ordem, esquecidas dos nossos mais próximos interesses, na hora em que as paixões lhes acerbavam os espíritos. A difícil situação financeira, agravada pelo enfraquecimento das rendas do Grande Oriente, dia-a-dia ferido na sua grandeza de outrora, pela separação de Oficinas que adotavam os exageros de estranha e errônea concepção de um radicalismo impenitente, ou se insurgiam contra as exigências de sua aplicação imoderada e áspera, comprometida pelos fortes encargos que pesam sobre o nosso quase falido patrimônio, esgotado e sujeito a obrigações que sobem de trezentos e cinqüenta contos de réis (ao débito contraído por Behring com a aventura do Orfanato Maçônico), favorecera se não estimulara, a criação de dissídios a que, de começo, me referi, para conjugar-se numa marcha macabra, com aspectos dissolventes da nossa antiga unidade e dos nossos velhos propósitos de harmonia e solidariedade, de progresso e de paz. [...] Aos que me inquiriam das pro­videncias inadiáveis e medindo a extensão da minha responsabilidade, entendi, então, deveria francamente responder-lhes com a bandeira do respeito à Constituição. Se, dentro dela, a ordem não poderia alcançar sua finalidade e seus altos desígnios, a solução seria não desobedecer-lhe, mas corrigi-la, infiltrando-lhe nos textos os meios de remover as dificuldades prementes. Enquanto tal se não fizesse, o dever elementar de todos os corpos, sujeitos à superintendência da sua autoridade e dos seus poderes expressos, seria o de segui-la sob a fé dos seus juramentos e a de res­peitá-la, para honra de seus compromissos.

Nesse impasse tormentoso, de queda em queda, como se um cataclismo pudesse envolver-nos a nós todos, o ambiente exigiu do espírito altamente conciliador do nosso II. e Pod. Gr. Mestre uma solução provisória da contenção ao movimento inicial que tinha por alvo o reconhecimento da independência do Supremo Conselho do Rito Escocês e, com o vosso referendum, firmou-se o tratado de 22 de outubro de 1926 - convenção de que não cogita a Constituição de 1907 – e que com esta colidia, subtraindo esse Alto Corpo Litúrgico aos deveres de subordinação administrativa ao Grande Oriente do Brasil [...] Devo, ainda, informar-vos que, em Sessão de 20 do corrente mês, tendo alguns PPod. membros do Supr. Cons. do Rito Esc., também componentes do Cons. Ger. da Ord. declarado que aquele Alto Corpo Litúrgico deixava de pertencer à Confederação Maçônica que tinha como órgão diretor o Gr. Or. do Brasil, e, por isso, renunciado a seus cargos, nomeei, usando da atribuição conferida pelo art. 53 do Reg. Ger. da Ord., para substituí-los, os PPod. e incansáveis Obreiros Francisco Prado e Agenor Augusto da Silva Moreira, para exercerem, interinamente, os cargos de Gr. Sec. e Gr. Tes. da Ord., e os dedicados IIr. Pedro da Cunha, Di­dono Agapito Fernandes da Veiga, Abel Waldeck, Carlos Castrioro Pinheiro e Anibal Medina Coeli Ribeiro, para completarem as vagas deixadas no Cons. Ger. pelos resignatários.

Nesse propósito e para cumprir as leis maçônicas, aqui me encontrareis, IIr. RRepres., sem tibieza nem tergiversações, sereno e decidido, disposto a dar à Ordem o maximo das minhas energias e a mais abundante messe dos meus esforços. No relatório apresentado pelo nosso prezado amigo e Pod. Ir. Grão-mestre efetivo encontrareis os dados complementares da exposição que ora vos faço. Sois dessa têmpera e, por isso, confio nas vossas luzes, na lealdade de vossas oficinas, no vosso concurso eficiente, no honesto em­penho de ajudar-me nesse empreendimento, para que o Gr. Or. do Brasil continue a ser o pálio a cuja sombra terão que viver todos os Ritos da Maçonaria Universal, conjugados, fundidos e irmanados no desejo since­ro de cultuar a Virtude ao serviço da Família, da Pátria e da Humanidade.

Octávio Kelly 33. - Gr. Mestre em exercício".

Sem os documentas básicos do Supr. Cons., subtraídos por Behring, só a muito custo Octávio Kelly conseguiu reerguê-lo, no início de agosto de 1927. Para isso, a 18 de julho, pelo decreto n. 866 A, isentava do pagamento dos metais devido os Obreiros que eram Investidos no 33° Grau, para a reconstituição do Supr. Cons., diante das defecções havidas; isentava, também, os que fossem eleitos para funções que exigissem a colação nos mais Altos Graus dos diversos Ritos. No mesmo dia, ocorria uma Assembléia Ordinária do Supr. Cons., com a presença dos Membros Efetivos Octavio Kelly, Virgilio Antonino de Carvalho, João Severiano da Fon­seca Hermes, Ticiano Corregio Doemon, Cantidiano Gomes da Rosa e João de Sousa Laurindo; nes­sa ocasião, Octavio Kelly explica o motivo da reunião: a reconstituição do Supr. Cons.. A presença desses membros efetivos mostra que não houve defecção unânime e que, portanto, o legitimo Supr. Cons. permaneceu, nas pessoas desses membros. A 01 de agosto, com a eleição de novos membros efetivos, para os lugares deixados vagos pelos dissidentes, era reconstituído o Supremo Conselho. Finalmente, por ato de n. 864, de 13 de agosto de 1927, o Grão-mestre suspendia os direitos maçônicos de Mário Behring, Amaro Arthur Albuquerque e Amélio Dias de Moraes.

Todavia, em 1929, Mario Behring se adiantaria e conseguiria que a 4a. Conferência Internacional de Supremos Conselhos, em Paris, impusesse, internacionalmente, a regularidade de seu Supremo Conselho dissidente. A 3 de agosto, o Supremo Conselho de Behring lançava um Manifesto às Oficinas Escocesas do Brasil e o Decreto n° 7 - que se tornaria famoso pela inusitada pretensão - que declarava, oficialmente, o GOB como Potência irregular no seio da Maçonaria Universal. O inusitado, no caso, é uma Obediência de Altos Graus de um Rito declarar irregular uma Obediência Simbólica. Apesar disso, Behring e seus seguidores não deixaram de cortejar a Grande Loja Unida da Inglaterra, no sentido de obter, dela, o reconhecimento para as suas Grandes Lojas, vendo, todavia, frustrados os seus intentos, em 1935, quando a Grande Loja Unida da Inglaterra assinou tratado de Aliança Fraternal com o GOB, o que é, na Maçonaria atual, o maior atestado de regularidade, pois afirma representar “uma intima e indissolúvel aliança entre as duas Potências.”

Há dois detalhes que impressionam, nesse episódio da cisão: a cisão do Supremo Conselho, operado por Mário Behring, se deu no dia 17 de junho. Não foi, porém, realizado em SESSÃO regular no edifício do Lavradio e sim em uma REUNIÃO extraordinária, diz a ATA, realizada fora da sede do Lavradio, num escritório particular, presentes, com Mário Behring, 13 (treze!) Soberanos Grandes Inspetores Gerais (é bom lembrar que um Supremo Conselho se compõe de 33 membros). Outro detalhe: na sessão de 3 de agosto, os mesmos treze e na sessão de eleição para os cargos do Sacro Colégio e Comissões, em 1 de setembro, Mário Behring só reuniu, contando com ele, 15 (quinze) membros. Sempre um grupo reduzido. Assim, o que houve, de fato, em 17 de junho de 1927, foi uma cisão do tradicional Conselho do Rito Escocês fundado por Montezuma em 1832, que funcionava no Palácio Maçônico do Lavradio desde 1842 (quando o Grande Oriente inaugurou o imóvel) e que formalizara em 1864 uma união com a Potência Simbólica, criando-se uma Potência Mista, como ocorria então em vários paises.

Hoje existe no Rio de Janeiro, dois Supremos Conselhos: o Supremo Conselho de Mário Behring (sediado em Jacarepaguá), que é o dissidente e o Supremo Conselho de Montezuma (sediado em São Cristóvão - GOB), que é o preexistente, e que tem a legitimidade, isto é, a autenticidade.

José Castellani




Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.

Khalil Gibran

sexta-feira, 1 de setembro de 2017


NESTE EXATO MOMENTO

 Neste exato momento, você está na situação mais apropriada ao exercício da compreensão e do auxílio:

- na circunstância mais favorável para fazer o bem;

- de coração ligado às criaturas certas, junto das quais precisa trabalhar e harmonizar-se;

- com a tarefa mais adequada às suas necessidades;

- nas responsabilidades justas de que deve desincumbir-se;

- no ponto mais importante para dar o testemunho de sua aplicação à fraternidade;

- de reconhecer que a nossa felicidade é medida pela felicidade que fizermos para os outros;

- de observar que, muitas vezes, vale mais perder para conquistar do que conquistar para perder;

- de ajustar-se à paciência e à esperança para consolidar o próprio êxito no instante oportuno; - de não esmorecer com a dificuldade, a fim de merecer o benefício;

- de sorrir e abençoar para receber simpatia e cooperação;

E, por isso mesmo, você agora está no momento exato de trabalhar para servir. E, trabalhando e servindo, você adquirirá a certeza de que toda pessoa que trabalha e serve caminha para a frente e, quem caminha para frente, com o bem de todos, encontrará sempre o melhor.

André Luiz