terça-feira, 13 de outubro de 2020

 A queda dos Templários e a maldição de Jacques de Molay



 “Todos vocês serão amaldiçoados até a 13ª geração”, foi a maldição lançada por Jacques de Molay, o último mestre templário, enquanto o fogo consumia seu corpo. Era o fim da mais poderosa ordem de cavaleiros surgida durante as Cruzadas. Como entender que, em poucos anos, os prestigiados monges guerreiros da Ordem do Templo, defensores da cristandade, se tornaram inimigos do Estado e do papa? Fortalezas templárias no Oriente destacando os pontos mais importantes: Jerusalém, Acre e Chipre. A data entre parêntesis é o ano em que a fortaleza foi perdida para os muçulmanos.

Surgida em 1119, em Jerusalém, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente Templários, tinha por missão proteger os locais santos de Jerusalém e os peregrinos cristãos que para lá viajavam. Lutando ao lado de reis durante das cruzadas derrotou as forças muçulmanas, inclusive na Península Ibérica. Paralelamente, acumulou uma enorme fortuna a ponto de emprestar dinheiro a reis e príncipes europeus tornando-se, em muitos países, a percursora dos bancos,  inclusive na Suíça.

O patrimônio da Ordem do Templo incluía mosteiros, fortalezas, terras aráveis, moinhos além muito ouro e prata guardados nos cofres de suas sedes espalhadas pela Europa. Os templários tinham ainda seus próprios navios nos quais transportavam artigos de luxo do Oriente para a Europa (sedas e especiarias). Tamanha riqueza pode ter contribuído para a ruína dos Templários. Ao final do século XIII, contudo, o destino dos templários começou a mudar.

As derrotas militares

Jerusalém foi sede da Ordem do Templo desde sua fundação, em 1119 até a queda da Cidade Santa, tomada por Saladino em 1187. A sede templária foi, então, transferida para São João de Acre onde permaneceu pouco mais de um século, até nova derrota para os muçulmanos em 1291. A queda de Acre, o último estado cristão na Terra Santa, foi um golpe para os cristãos e os templários, que haviam jurado defender os locais sagrados.

A ordem transferiu sua sede para a ilha de Chipre, a terra cristã mais próxima. Foi em Chipre que viveu Jacques de Molay, o último mestre da ordem, eleito em 1293. Em 1303, Chipre também foi perdida assim como a ilha de Rodes, e os cristãos expulsos do Oriente. O período das Cruzadas havia terminado.

Os Templários caem em desgraça

A perda da Terra Santa abalou o prestígio dos Templários e fez crescer a animosidade contra a ordem, especialmente pela vida de luxo e abundância de alguns templários, em contradição ao voto de pobreza. Em suas propriedades na Europa, cobravam taxas, banalidades, fretes, direitos etc. Possuíam um poder militar equivalente a 15 mil homens, treinados em combate – uma força que estava submetida unicamente ao papa. A presença dos templários como jurisdição pontifícia afrontava a soberania real limitando o poder do rei em seu próprio território.

A situação ficou particularmente ruim para os templários a partir de 1305 quando Clemente V foi eleito papa e aliou-se a Filipe IV, o Belo, rei da França. O novo papa comprometeu-se a retirar a excomunhão da família real francesa, colocada pelo papa anterior.

O papa e o rei, pensando em formar uma nova cruzada, propuseram juntar as duas ordens de monges guerreiros – templários e hospitalários – tendo por líder absoluto Filipe IV. O mestre templário Jacques de Molay rejeitou a ideia de fusão e se recusou a condecorar o rei francês como honorário da Ordem do Templo. Papa Clemente V (1264-1314). Mestre templário Jacques de Molay (1243-1314) Rei da França Filipe IV, o Belo (1268-1314)

Difamação, prisão e tortura dos Templários

Filipe IV começou uma campanha difamatória contra os Templários acusando-os de heresia. Segundo alguns historiadores, o rei teria obtido autorização do papa para prender os templários na França.

Na madrugada do dia 13 de outubro de 1307, em uma operação sigilosa, a guarda real prendeu o mestre Jacques Molay e todos os templários em território francês. O rei Filipe IV foi ainda mais longe na perseguição: enviou cartas aos monarcas de Portugal, Espanha e Inglaterra pedindo que fizessem o mesmo. Todos recusaram, afinal a Ordem do Templo estava protegida pela imunidade sancionada pelo papa, e não poderia ser submetida à justiça secular.

Filipe IV entregou os templários ao Grande Inquisidor da França. Durante sete anos, submetidos a interrogatórios brutais e sessões de tortura, alguns confessaram heresias e idolatria: negação da Santa Cruz, negação de Jesus Cristo, beijos obscenos, sodomia e adoração de um ídolo chamado de Bafomé, associado ao Diabo. Dos 138 templários presos, 38 morreram sob tortura.

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