quarta-feira, 8 de abril de 2020


Quem são os inimigos básicos da Maçonaria? 

Os inimigos da Maçonaria não são nunca os homens, são os conceitos, as idéias que se opõem ao progresso. Os inimigos são o fanatismo, a ignorância, a ambição; e é contra estes inimigos que continuamente luta a Maçonaria.

Neste início do século XXI podemos observar como de diferentes formas estes inimigos continuam operando. A sociedade ocidental está fazendo especial ênfase nestes valores negativos e continua fazendo que o “homem seja o lobo do próprio homem”  realizando afirmações tais como as que assinalam a existência de um eixo do mal e por tanto, a existência de seres possuidores da bondade e outros da maldade.

O PRIMEIRO INIMIGO, os fundamentalistas de determinadas confissões políticas e/ou religiosas, os fanatismos que fazem que só eu seja o possuidor da verdade e ninguém mais; estes fanáticos se comportam com total falta de liberdade real, já que seu objetivo é que exista um pensamento único, e que todo mundo veja através da forma que eu apresento, já que eu estou com a verdade absoluta cada vez mais presente.

O SEGUNDO INIMIGO, que continua vigente neste século é a ignorância. Parece até um pouco paradoxo esta afirmação, mas temos elementos que nos permitem sustentar esta afirmação. O feito de que as tecnologias avançaram, de que a comunicação seja muito rápida, de que podemos utilizar Internet e nos colocar em contato imediato com todo o mundo, poderá dar lugar a pensar que há diminuído o nível de ignorância mas pelo contrário, isto tem feito aumentar já que se pensa menos, se tenha menos critérios, seja menos livre a maneira de analisar e pensar. Como prova disto, encontramos analisando os diferentes meios de informação e de comunicação, vemos que cada vez estão mais globalizados, são mais idênticos, e com isto se produz uma menor capacidade de pensamento; podemos observar também uma formação acadêmica muito mais fechada, mais tecnocrática e com menor capacidade criativa individual.

Possuímos uma grande massa de informações, mas nela pairamos superficialmente, sem nos determos na sua essência.

Hoje estamos muito longe de conseguir aquilo que se alcançou na primeira metade do século XX e por isso a ignorância vai aumentando e a medida que ignorância aumenta os problemas fazem que o desenvolvimento humano se estanque.

O TERCEIRO INIMIGO, para não entrarmos em outros tantos, se traduz pela ambição,  o fenômeno mais característico da civilização ocidental no final do século XX e princípios deste século. A ambição marca uma pessoa não pelo o que é, senão pelo o que tem; o importante é o triunfo social, é mais importante a competitividade, o consumismos, o que eu possa comprar e quanto mais coisas possa eu adquirir mais importante serei. A concorrência entre os seres humanos nos faz não solidários com o ser que está a nossa frente, pois deverei combatê-lo para que eu possa triunfar. Estamos novamente, diante daquilo que nossos antepassados já consideravam como o grande problema,  e pelo qual fizeram evoluir uma Instituição como a nossa.

Nesta época em que se está impondo o pensamento único e a globalização que servem para que o ser humano seja menos livre, aumentam as desigualdades e se incrementa a não solidariedade, os valores que nós defendemos são a antítese de estes valores negativos que se vão estendendo em nossa cultura.

Diante dos fanatismos a tolerância, é admitir o que é diferente, aceitar que outro possa pensar de forma distinta a nossa, admitir que ninguém possui a verdade absoluta, e que as diferentes formas de ver, são facetas e caras de uma verdade absoluta que cada um observa e que as vezes como faces opostas de uma mesma figura, poderia nos parecer que são antagônicas quando na realidade não são.

Esta tolerância que nos permiti aceitar o diferente, o estranho, que nos possibilita conhecer melhor a outra pessoa e quando melhor conhecermos as pessoas teremos menos racismo e menos xenofobia, fatores que tem peso importante em nossa sociedade. Este é sem dúvida, um valor importante, que devemos de forma profunda compensar, diminuir e anular com nossos exemplos e nossas ações nos círculos em que nós vivemos, os males que o fanatismo possui.

Diante da ignorância, o conhecimento, o conhecimento pessoal, o conhecimento enriquecedor, o conhecimento que permitirá que o ser humano seja capaz de possuir critérios próprios, de possuir parâmetros que o permitam analisar se aquilo que vê, ou aquilo que lhe dizem, reúne ou não condições e os valores que o querem transmitir. Atualmente, em algumas ocasiões parece que o mais importante é negar uma realidade, já que desta forma faz com que a mesma não exista. É necessário que fomentemos ao máximo o conhecimento, a compreensão e que voltemos aos valores da educação de extrair de cada um o melhor que disponha e de conduzi-lo a níveis mais elevados.

Diante da ambição e da não solidariedade, a solidariedade, o amor fraterno, a fraternidade ou irmandade geral, para lutar precisamente contra os valores mais característicos destes tempos, e que se implantaram na metade dos últimos 50 anos, do século passado, nas sociedades mais desenvolvidas e cujo expoente ficava perfeitamente claro em um texto de psicologia intitulado “Os escaladores da pirâmide”. No qual se explica o que cada um deve fazer para atingir o cume desta pirâmide social onde uma série de indivíduos tentam ascender a mesma pelas suas diferentes faces e a tarefa que temos é tirar os que estão em cima e derrubar os que vem de baixo, para que não nos alcancem. Esta é a antítese da solidariedade, a antítese do amor fraterno e a antítese desta situação, por tanto é uma valor importante.

Na declaração de Lausanne de 1995 os Supremos Conselhos, definiram que é missão da Ordem a propagação e a defesa da liberdade de espírito nos limites da lei Moral para o bem do conjunto dos seres humanos.

Na atualidade se está vendo em todas as partes fundamentalistas de todas as tendências tratando a fé de afogar a liberdade dos homens abaixo de um jugo de terror, o que bastaria para justificar plenamente a necessidade da persistência de nossa Instituição.

Neste sentido queremos dizer quais sãos as perspectivas da Maçonaria para este SÉCULO:
Tem sentido, ou está antiquada, uma coisa para “velhos” ou nostálgicos?

Acreditamos que existe um sentido básico. Não é uma ONG, não é uma seita, não é uma religião, é um forma de moral pessoal com projeção externa que defende valores que continuam vigentes, por tanto, pensamos que se sabemos explicar esta vigência de valores, explicando como no início a respeito da tirania, ou em relação com o absolutismo das monarquias que existiam no século XVIII e no século XIX, com uma configuração atual que apresentam estes inimigos seculares da Maçonaria, ela tem um porvir positivo e progressista. Somos otimistas quanto ao futuro. Se nos convertermos em uma ONG, seguramente não teremos futuro, existem pessoas que fazem melhor do que poderemos fazê-lo. Se unicamente nos dedicarmos a fazer uma espécie de psicodrama entre nós, sem nos aprofundar nos princípios esotéricos, nos simbolismos e na tradição iniciática que já dissemos vem de muito longe, também perde interesse e então se terá pouco futuro. Pensamos que se mantendo os princípios basilares e mantendo as raízes que por sua própria transmissão, desde feitos muito antigos, raízes básicas e profundas, aí teremos um futuro esperançoso que desejamos atingir à Maçonaria, e esplendoroso século XXI, e basicamente que a nossa Instituição seja para melhoria da Humanidade.

E, finalizando gostaríamos de assinalar a importância que tem nossas reuniões em Loja, pois a Maçonaria é uma espécie de escola de forma multidisciplinar na qual o fato da reunião ir ao seio de suas Lojas, a Irmãos de diferentes procedências, aptidões e conhecimentos, forçosamente faz que cada um de seus membros possam extrair algumas conclusões:
  • A primeira das quais de forma indubitável é a que não só nós temos uma idéia senão que os outros Irmãos possuem idéias; que se os outros podem aprender com nossas idéias, nós também podemos aprender deles e que o conjunto de cada um se manifesta, o conjunto dos conhecimentos dos diferentes Irmãos na Loja faz que sejamos muito mais enriquecidos e que o todo que cada um leva é sempre maior que a soma das partes.
A necessidade de implantar novos valores, valores transcendentes, valores que superam os próprios aspectos humanísticos. Tendo em conta os aspectos transcendentais que dá sentido a nossa Instituição e que devemos fazer com que a tradição própria da Maçonaria, se mantenha, apesar das mudanças que as vezes possam se parecer necessárias.

Pensamos que a sociedade, especialmente a mais jovem, começa a demandar a existência de instituições que dêem valor a estas tradições, e que não encontram comumente. Talvez, por este motivo sem que possamos explicá-lo normalmente, muitos estão procurando instituições alternativas, ONG’s, e em outras filosofias não dentro da nossa tradição, e sim em outras culturas, como por exemplo as orientais. Mas é evidente, que existe um núcleo importante de jovens que se dirigem a este sentido e quando encontram alguma coisa que reúna esta condições se comprometem com as Instituições que venham a participar.

Cabe-nos receber e orientar esses jovens. E aqui a importância de recebê-los com todo o amor fraterno que possamos ter.

Não temos dúvida que a Maçonaria tem e terá sempre todo o futuro.

José Antônio Prates Jr. - M\M\

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