terça-feira, 4 de setembro de 2018


 


O TRAJE MAÇÔNICO E A "COR" PRETA*

Irmão Fowler Theodoro Braga Filho
Loja Apóstolos Paulistas, São Paulo-SP

Temos ouvido muita controvérsia em torno deste assunto. Alguns Irmãos, defendem que o traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul marinho, especialmente em Sessões Magnas, sendo tolerado o uso do Balandrau.

Outros irmãos defendem a ideia de que tanto em Sessões Mangas, quanto Econômicas, pode-se usar apenas o Balandrau e, no caso de ternos são aceitáveis o uso daqueles de cores claras.


Em nossa Potência, o uso do terno escuro foi tornado obrigatório pelo Grão-Mestrado. Apenas isto bastaria para que não houvesse polêmica em torno deste assunto. Entretanto, como uma das obrigações do maçom é a busca da verdade, procuramos em pesquisa, não só em torno do tipo de traje, mas principalmente, o uso da “cor” preta.

A origem do Balandrau

Segundo nosso irmão José Castellani, Balandrau designa a antiga vestimenta, com capuz e mangas largas, abotoada na frente; designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confraria, geralmente religiosa.

Embora, alguns autores insistam em afirmar que o Balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das associações de ofício organizadas (cujo conjunto hoje é chamado Maçonaria de Ofício ou Operativa), a dos “Collegia Fabrorum” criada no século VI a.C em Roma; segundo Steinbrenner, em "História da Maçonaria” os collegiatti quando se deslocavam pela Europa, seguindo as legiões de soldados romanos, para reconstruir o que fosse sendo destruído pelos conquistadores, portavam uma túnica negra; à semelhança deles, os membros das confrarias operativas dos Franco-maçons medievais (do século XIII em diante) quando viajavam para outras cidades, outros feudos e outros países, usavam um Balandrau negro.

Ainda sobre este assunto, nos lembra o irmão Walter Pacheco Jr. que o uso do Balandrau teve início nas funções do Primeiro Experto, durante os trabalhos de Iniciação em que atendia o profano na Câmara das Reflexões. Em um ponto ambos os irmãos têm opiniões coincidentes: o Balandrau é uma veste talar, ou seja, deve-se estender até os talões, ou calcanhares.

A “cor” preta

Inicialmente é preciso dizer que não existe cor preta. O preto é sim, ausência de cor. O tema cores é amplo, profundo e não caberá aqui a colocação das teorias acerca do assunto, pois não é este o objetivo deste trabalho. Podemos dizer que o branco, também, não é uma cor. Ele é sim, composto por cores primárias.

Leonardo da Vinci, Isaac Newton e Kepler entre outros formularam Teorias a respeito das cores, em tratados mundialmente conhecidos, particularmente as Teorias de Newton. Entretanto em 1820 foi publicado o “Esboço de uma Teoria das Cores” de nosso irmão J. W. von Goethe, trabalho que levou 100 anos para ser escrito.

Esta obra é, ainda em nossos tempos, considerada como o março inicial a respeito do entendimento das cores, quer seja no aspecto físico, ótico, espiritual, sensorial, enfim um tratado que até hoje incomoda. Sua Teoria confrontava-se diretamente com as de Newton, principalmente pelas dificuldades de comparações práticas relativas às Teorias de Newton.

Mas, antes de chegarmos às colocações de Goethe, vamos procurar mostrar algumas razões do porquê da cor preta em nossos trajes. Cor é energia e luz. Nosso olho percebe as nuances de cores ou tecnicamente a nossa visão cromática, pela freqüência das mesmas. O olho humano está limitado para perceber as emissões luminosas compreendidas entre 400 milimicrons e 700 milimicrons.

Podemos classificar a radiação solar como abaixo:

Ondas curtas – alta frequência; infra-vermelhos – acima de 700 milimicrons; Luz visível – entre 700 e 400 milimicrons; raios ultra-violetas – de 200 a 380 milimicrons; raios cósmicos – baixa freqüência.

Dentro da luz visível temos os dois extremos:

Vermelho – com 718,5 milimicrons; viol,ETA –de 393,4 a 486,1 milimicrons.

Podemos observar que o violeta é a cor de mais baixa freqüência, dentro do espectro visível.

Entretanto, como preto é ausência de cor não está nesta escala. Mas, sendo o violeta a cor que mais de aproxima do preto, e sendo o violeta a cor que delimita nossa acuidade visual na baixa freqüência, conclui-se que o preto é ausência de cor, pois absorve todas as outras cores.

O preto como “absorvente” de radiações

Várias são as ciências e filosofias que estudam as radiações, físicas ou espirituais.

Fisicamente temos um exemplo bastante prático do uso do preto como absorvente de radiações: os tanques de combustíveis de uma refinaria. Para os gases combustíveis como metano, propano e outros, que não devem ser aquecidos, os tanques são pintados na cor branca, pois esta reflete a luz solar evitando o aquecimento.

Nesses tanques, inclusive, existem aspersores de água em seu topo, para caso necessário efetuar um resfriamento forçado. Em contrapartida, existem fluidos que para manterem viscosidade suficiente para serem transportados (óleo lubrificante por exemplo), necessitam manter uma temperatura mínima. Nestes casos os tanques são pintados de preto para absorverem calor da radiação solar.

No campo da astronomia, temos os chamados buracos negros. De todas as teorias conhecidas até hoje, temos uma única certeza: trata-se de uma região negra onde toda a matéria, radiação (independentemente e sua frequência) é absorvida.

Do lado esotérico temos várias fontes que empregam as cores como radiações benéficas, pois nada na Natureza é imóvel. Mesmo nos reinos vegetal e animal, cada qual tem a sua vibração e cada vibração a sua cor.

Até alguns anos atrás a ciência não conseguia provar isto. Hoje temos a Máquina Kirlian, com a qual podemos obter fotografias das “auras” das pessoas, plantas e objetos. E, estas auras são coloridas. A cromoterapia utiliza as cores para ”curar”. Foi utilizada na era de ouro da Grécia e no antigo Egito, nos Templos de Heliópolis na Babilônia e nas antigas civilizações da India e China. Hoje sabemos que a cor pode curar, acalmar ou irritar. Dependerá de sua freqüência.

No Espiritismo de Kardec sempre se utilizaram os passes magnéticos. Magnetismo também é método em frequências e, a cor também é medida em freqüência. Logo podemos afirmar que o passe magnético também emite cor. E como atuam os passes magnéticos em nosso corpo?

Da mesma maneira que atuam as cores no processo de cromoterapia, os passes atuam nos chacras ou centros de força. Os mesmos chacras do kundalini hindu. Segundo o espiritismo e a cromoterapia (Tubal Kachan), os chacras são os:

a) Básico – Localiza-se na base da espinha dorsal, Capta a força primária e serve para reativação dos demais centros. Cores básicas: roxo e laranja forte.

b) Genésico – Localiza-se na região da púbis. Regula as atividades ligadas ao sexo. No espiritismo não é recomendada a energização deste chacra.

c) Esplênico – Localiza-se na região do baço. Regula a circulação dos elementos vitais cósmicos que, após circularem, se eliminam pela pele, refletindo-se na aura. Cores básicas: amarelo, roxo e verde.

d) Gástrico – Localiza-se no plexo solar, influi sobre as emoções e a sensibilidade e sua apatia produz disfunções vegetativas. Cores básicas: roxo e verde.

e) Cardíaco – Localiza-se no coração. Regula emoções e sentimentos. A reativação expande os sentimentos, influi na circulação e sua manipulação é delicada. Cores básicas: rosa e dourado brilhante.

f) Laríngeo – Localizado na região da garganta, regula as atividades ligadas ao uso da fala. Cores básicas: prata e azul.

g) Frontal – Localizado na fronte, também conhecido entre algumas filosofias como a Terceira visão. Regula as atividades inteligentes, influi no desenvolvimento da vidência. Tem ligação com a glândula hipófise. Cores básicas: roxo, amarelo e azul.

h) Coronário – Localiza-se na parte superior, no cérebro e tem ligação com a epífise. É o chacra da ligação com o mundo espiritual. Cores básicas: branco e dourado.

Voltemos à “cor” preta. Em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de todos os nosso Irmãos sejam eles Oficiais ou não, Principalmente durante a abertura do Livro da lei temos a formação da Egrégora. Este é um momento em que todos nós emitimos radiações e, ao usarmos a veste preta, estaremos absorvendo todas estas energias, reativando todos os nossos chacras.

Se examinarmos a ritualística, veremos vários pontos importantes. Em uma Iniciação, por que o recipiendário não está nem nu nem vestido? Entre outras razões, para que tenha seus chacras totalmente expostos para que emita e receba toda a sorte de vibrações. Como está com os olhos vendados, sua percepção estará em todos os seus sentidos. Receberá fortemente todas as expressões sonoras, odores e nossas vibrações. Obviamente cada um reagirá segundo a sua própria vibração. Mas ninguém passará indiferente!

Ainda sobre a “cor” preta em nossos trabalhos: nossas Bolsas de Propostas, têm seu interior negro. Assim, nada do que ali for depositado, “sairá”, somente nossos VV.`. MM.`. ao seu conteúdo têm conhecimento, em primeira instância.

E nosso traje?

Como vimos anteriormente, na abertura deste trabalho, grande é a controvérsia do uso ou não do terno ou na ausência deste, o Balandrau.

Se examinarmos com cuidado o que foi exposto sobre os chacras, podemos concluir em termos de traje, que o ideal esotericamente (ou misticamente) falando é o terno preto, com camisa branca, sapatos e meias pretas e luvas brancas.

O preto é oposto do branco. O preto absorve e o branco reflete. Quando usamos o terno preto, permanecem a descoberto, nossos principais chacras: frontal, laríngeo e coronário. Assim poderemos emitir, receber e refletir vibrações diretamente em nossos principais centros de força, pois estes estarão a descoberto.

Em contrapartida, nossos chacras mais sensíveis (fisicamente), como o esplênico, gástrico, básico, coronário e genésico estarão cobertos pela cor preta, protegidos de enviar para o ambiente radiações não positivas durante nossos trabalhos. Cabe neste momento uma pergunta: Todos nós durante os trabalhos irradiamos apenas boas radiações? Infelizmente a resposta é não.

Cabe tão somente a nós, esta vigilância. Podemos e devemos sempre reservar alguns minutos no Átrio, preparando-nos espiritualmente para nossa reunião Se adentrarmos ao Templo, munidos de sentimentos inferiores, estaremos contribuindo para que não haja Harmonia, não ocorra um trabalho Justo e Perfeito...

Ainda no campo psíquico, lembramos de Helena Blavatsky e Rudolf Steiner seu marido, que criaram verdadeira escola em que a ideia é o elemento primário no surgimento da cor. Segundo Steiner: “Com Goethe aprendemos que a beleza da core uma projeção da beleza interior do ser humano”.

Voltando a Goethe, ele mesmo diz em seu “Esboço de uma Teoria das Cores”:... “Foi exposto detalhadamente como cada cor produz um efeito específico sobre o homem, revelando assim sua presença tanto na retina como na alma. Deduz-se daí que a cor pose ser usada para determinados fins sensíveis, morais e estéticos. É compreensível que a cor seja também passível de interpretação mística, uma vez que o esquema em que se pode representar a diversidade cromática sugere circunstâncias primárias, tanto à mente humano quanto à Natureza; não há dúvida de que podem empregar-se nas relações suas relações como linguagem nesses casos em que se queira expressar circunstâncias primárias que não se destacam na mente com forças e características idênticas. O matemático aprecia o valor a utilidade Dio triângulo, inclusive o fenômeno cromático, de sorte que por duplicação e entrelaçamento se obtém o antigo e misterioso hexágono.

Quando se aprenda inteiramente a marcha divergente do amarelo e do azul, e particularmente a exaltação até o vermelho, significando que dois opostos se aproximam entre si e terminam por fundir-se numa nova entidade, desenvolver-se-á indubitavelmente um conceito místico peculiar, cabendo atribuir a essas duas entidades separadas e antagônicas um significado espiritual, e ao vê-las produzir abaixo o verde, e o vermelho acima, não se deixará de evocar respectivamente os engenhos terrestres e celestiais dos elohim. Mas não nos exponhamos ao risco de que nos tachem de místicos, sobretudo levando em conta que, se nossa teoria das cores tiver uma acolhida favorável, não deixarão de surgir as aplicações e interpretações alegóricas, simbólicas e místicas de acordo com o espírito de nossa época”.

*publicado na Revista A Trolha de no 88, Ano XXIII de Fevereiro de 1994 in “Dádivas Maçônicas” do Ir.'. Adalberto Rigueira Viana

Fonte: JB News – Informativo nr. 2.103

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