domingo, 11 de junho de 2017


Caminho

 

O Supremo Senhor fala:

Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina.


Quem está sempre tranquilo apesar das três misérias; quem não se deixa exaltar quando há felicidade; quem está livre do apego; quem não tem ódio nem medo; merece o nome de Sábio.


Neste mundo transitório quem não se deixa afetar pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na consciência divina.


Aquele que for capaz de retirar os sentidos de todos os seus objetos assim como a tartaruga recolhe os membros no casco, deve ser considerado um ser auto realizado.


A alma corporificada consegue renunciar aos prazeres dos sentidos muito embora ela não perca o sentido do prazer.

Porque, depois de provar o gozo transcendental, ela fixa a consciência.

Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por domá-los.

Quem controla os seus sentidos concentrando-se em Mim pode ser considerado um homem de mente estável.


Ao contemplar os objetos a eles nos apegamos, do apego vem a luxúria, e da luxúria a ira.


Da ira vem a ilusão, a ilusão turba a memória.

A memória confundida desbarata a inteligência, e quando esta se destrói cai-se de novo no poço.


Quem controla os seus sentidos por praticar os princípios da liberdade regrada recebe misericórdia e então fica liberado da aversão e do desejo.


E para quem recebeu misericórdia divina já não existem misérias, e a inteligência fixa-se nessa condição feliz.


Sem consciência divina a mente não se controla nem se fixa a inteligência, sem o quê, não existe a paz.


E onde não existe paz, pode haver felicidade?


Assim como um vento forte leva um barco mar afora, apenas um dos sentidos em que a mente se detenha pode levar para longe a inteligência do homem.


Arjuna de braços fortes, aquele cujos sentidos estão livre dos objetos, tem a inteligência firme.


O que é noite para todos é tempo de despertar para os auto controlados.

E o que é manhã para todos, para o pensativo é noite.

Quem não se deixa agitar pelo fluir dos desejos que entram qual rios no mar, que no entanto fica estável, é o único que tem paz; não aceite aquele que se esforça por saciar seus desejos.

A pessoa que abandona o sentimento de posse e os desejos dos sentidos, desprovida de egoísmo, alcança a paz verdadeira.

Eis o caminho da vida, divina e espiritual, onde não existe engano. Indo por este caminho, mesmo na hora da morte, chega-se ao Reino de Deus.

(trecho do Livro Sagrado Indiano: Bhagavad Gita).

 

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