Vícios e
Virtudes na Visão Maçônica
Introdução
Durante o
ritual de Iniciação, o Venerável Mestre pergunta ao iniciando:
–
“Senhor, que entendeis por Virtude?“
–
“Senhor, que pensais ser o Vício?”
Após, dadas
as devidas respostas e definições, o Venerável Mestre deixa a decisão e
escolha ao livre arbítrio do profano ao lhe perguntar:
– “Senhor,
preferis seguir o caminho da Virtude ou do Vício?”
Meus Irmãos,
se aqui estamos todos, é porque escolhemos o caminho da Virtude e renegamos o
caminho dos Vícios.
Mas, o que,
mais profundamente, são vícios e são virtudes? Como eles afetam as nossas vidas
e nossos relacionamentos? Por que eles existem? Como eles aparecem e se
manifestam?
Procurando
buscar estas respostas e entender o mecanismo de aparecimento desses vícios e
virtudes em nossas vidas, é que pensamos em elaborar este trabalho que é
sintético, visto que a complexidade do assunto requereria mais tempo de
pesquisa, consulta aos especialistas e mais tempo de exposição. Para tal,
buscamos respaldo na Filosofia, Teologia e na Psicologia para melhor entender
estes mecanismos.
História / Filosofia
Somos seres
relacionais, estamos sempre relacionando com os outros. Este ato relacional
sempre foi motivo de preocupação e estudos de legisladores e pesquisadores, uma
vez que ele estabelece a harmonia e o equilíbrio do grupo e da sociedade. E
nós, meus Irmãos, sabemos muito bem que para a construção deste ser social é
necessário desbastarmos as asperezas e arestas representados pelos nossos
vícios e aspirarmos às virtudes, caminho que escolhemos para esta construção
social.
O estudo das
virtudes se iniciou com Sócrates, na Grécia antiga… Para ele, a virtude é o
fim, o objetivo da atividade humana e se identifica com o bem que convém à
natureza humana.
Platão,
também na Grécia antiga, desenvolveu a doutrina de Sócrates e apresentou a
virtude como o meio para atingir as bem-aventuranças. Foi ele que descreveu as
quatro virtudes Cardeais: a Sabedoria, a Fortaleza, a Temperança e a Justiça.
Aristóteles,
sempre na antiga Grécia, ensinou que as virtudes não são hábitos do intelecto,
mas sim, da vontade. Para ele, não existem virtudes inatas, mas todas se
adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume (mos ou more)
gerando o nome virtude moral. O homem atormentado pelo vício perde de
vista seu fim moral.
A filosofia
de Aristóteles é a que melhor trabalha a questão dos vícios e virtudes, pois
ele sustenta que todos os atos do homem têm consequências e essas consequências
têm que ser pensadas. Conforme ele, no tocante à ética, toda ação humana tende
a um fim, que é fazer o bem. O homem deve aperfeiçoar-se naquilo que o
distingue de todas as outras criaturas: a razão. Para Aristóteles, a virtude
deve ser o ponto de partida das ações para se fazer o bem. Ele reforça a
virtude moral como sendo aquela que guia nosso comportamento e nossos
relacionamentos, sendo, portanto, uma virtude relacional.
Tornamos-nos
justos praticando atos justos e para a prática destes atos justos, Aristóteles
nos indica o caminho da “moderação”, sinônimo de “prudência ” e mesmo de “sabedoria”,
a primeira das quatro virtudes cardeais. Moderação, porque, toda virtude, toda
ação, todo sentimento ou conduta que praticamos, sendo deficiente (falta) ou
excessiva (excesso) pode tornar-se um vício. Há vícios por falta e vícios por
excesso. Também sentimentos e paixões tendem à falta (deficiência) ou ao
excesso. A virtude é a moderação. Entre os extremos, situa-se a virtude num
justo meio.
A questão levantada por
Aristóteles é: qual é este justo meio? Por isto a Prudência tem um papel
importante. Há uma relação de algumas virtudes e seus vícios decorrentes das
deficiências (falta) ou excessos. Por exemplo:
VÍCIOS POR DEFICIÊNCIA
|
VIRTUDES
|
VÍCIOS POR EXCESSO
|
covardia
|
coragem
|
temeridade
|
insensibilidade
|
temperança
|
libertinagem
|
avareza
|
liberalidade
|
esbanjamento
|
modéstia
|
respeito próprio
|
vaidade
|
desavergonhado
|
modéstia
|
timidez
|
moleza
|
prudência
|
covardia
|
rusticidade
|
agudez de espírito
|
zombaria
|
Aristóteles
preconizava a Prudência como qualidade que devem ter todos os chefes de família
e todos os homens de Estado. Para ele, a Prudência é uma qualidade que, quando
guiada pela verdade e pela razão determina nossa conduta sobre as coisas que
podem ser boas para o homem.
Teologia
São Tomaz de
Aquino, em sua Suma Teológica, reafirma a colocação de Aristóteles, ao dizer
que a Prudência é uma virtude especial, distinta das demais, regendo todas as
outras virtudes. Enquanto para Aristóteles as quatro virtudes cardeais são
frutos do esforço humano, a elas os teólogos acrescentaram outra três virtudes,
ditas teologais, que não originam do homem, mas são concedidas a ele como dom
de Deus. Vamos rapidamente repassar estas virtudes, seus significados e suas representações
nas artes.
Virtudes Cardeais
§
Prudência (Sabedoria): dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro
bem e escolher os justos meios para o atingir. Todas as outras virtudes devem
ser reguladas por ela. É representada pela imagem refletida no espelho,
simbolizando o homem prudente que pondera e reflete antes de agir. Modernamente
tem significado “cautela”;
§
Fortaleza: assegura a firmeza de superar adversidades e de não retroceder, bem
como a constância na procura do bem. Por isto, “a Paciência”, é uma virtude
subordinada à Fortaleza e consiste na capacidade constante de suportar
adversidades. É representada pelo Leão;
§
Temperança: virtude que consiste no constante aperfeiçoar da potencialidade
sensitiva de modo a conseguir equilibrar, colocar sob limites, moderar a
atração dos prazeres, assegurando o domínio da razão sobre os instintos e
propiciar o equilíbrio no uso dos bens. Serve, por exemplo, para controlar a
gula;
§
Justiça: consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o
direito e o valor que são devidos a alguém ou alguma coisa. É a constante e
firme vontade de dar ao outro o que lhe é devido. É representada por uma
estátua de Sofia, a Sabedoria, com os olhos vendados, representando a
imparcialidade, e a espada, símbolo do poder que dispõe para exercê-la.
Nalgumas representações há também uma balança, representando o equilíbrio, e a
ponderação entre partes em litígio.
Virtudes Teologais
§
Fé: é o consentimento do intelecto que crê, com constância e clareza, em
alguma coisa. Não se geste a fé dentro de si. Ou a tem, ou não. A fé é uma
crença acompanhada de ações que dão testemunho de suas convicções. É
representada pela cor branca;
§
Esperança: é a expectativa, a espera de algo superior e perfeito. Não é um
produto de nossas vontades, mas sim de uma espontaneidade que se manifesta nos
corações daqueles que têm fé. É representada pela cor verde;
§
Caridade: é a mãe de todas as virtudes. É a raiz de todas as virtudes, pois ela
a bondade suprema para consigo mesmo e para com os outros. A caridade
supera nossa natureza, pois graças a ela o homem avança além de si
mesmo, além de suas exigências biológicas. A caridade é representada pela cor
roxa.
“Qual a mais
meritória de todas as virtudes?” Perguntam a
Allan Kardec. E ele responde:
– “É aquela que se baseia na
caridade mais desinteressada”.
O apóstolo Paulo, ao descrever o
arco-íris do Amor, nos adverte: “permanecem a fé, a esperança e a caridade.
Destas, no entanto, a caridade é a maior.”
Da mesma
forma que os teólogos estudaram as virtudes, eles também se ocuparam de
catalogar os vícios. Um monge da Idade Média, preocupado com as tentações da
alma humana, catalogou os vícios em número de oito. O Papa Gregório Magno as
reclassificou em número de sete, para que pudessem ser a contraposição das sete
virtudes, e as chamou de “sete pecados capitais”, assim chamados, pois geram
outros vícios. Estes pecados ou vícios são, portanto, uma interpretação dos
cristãos da Idade Média feita a partir da Bíblia, já que não fazem parte das
Sagradas Escrituras e sim, da tradição e doutrina cristã. Contudo em
Provérbios, há um texto que diz:
“Seis coisas detesta Javé e sete lhe são abominação: olhos altivos,
língua mentirosa,mãos que derramam o sangue inocente, coração que maquina
planos malvados, pés que correm para a maldade, testemunha falsa que profere
mentiras, e o que semeia discórdia entre irmãos.”
Como citado
acima, estes vícios ou pecados eram as tentações que afligiam a alma humana.
Procurou-se descrevê-los e mesmo catalogá-los, sem, contudo, entender suas
causas e os mecanismos que os desencadeia. Hoje, com o avanço da ciência, da
Psicologia e da Psiquiatria, estes mecanismos podem ser melhores conhecidos e
suas causas trabalhadas e debeladas. Afinal sobre Freud se escreveu que ele “lançou
seu bisturi nos horrores da alma”.
Psicologia
Para algumas
vertentes da Psicologia, esses pecados capitais ou vícios, servem de base e
referência para quem busca trilhar o caminho do autoconhecimento. Para
enfrentá-los, é preciso conhecê-los e seus mecanismos de formação.
Inveja: É uma das emoções mais primitivas do homem,
geralmente negada por todos. Este mecanismo, responsável pelos nossos
ressentimentos é o mecanismo da comparação. Nunca haverá inveja sem que antes
tenha havido uma comparação. É um sentimento de inferioridade, fruto desta
comparação que se faz com o outro, em algum aspecto específico, como bens
materiais, sucesso na vida, beleza, e diversas outras qualidades. É um
sentimento que mistura raiva e tristeza. E também pode se manifestar em um
forte desejo que o outro se dê mal. Ao se sentirem menores que o os outros,
geralmente as pessoas tendem a se aumentar, vangloriar, se enaltecer, como um
mecanismo de defesa, para tentar evitar o mal-estar deste desequilíbrio na
comparação. Também quando se critica em demasia, diminui ou se fala mal de
alguém, provavelmente se está sentindo inferior a ela. “Olho gordo” também é
sinônimo de inveja.
A inveja é a
incapacidade de se ver a luz das outras pessoas, porque na verdade não nos
percebemos com esta mesma luz. O que há de negativo na inveja é a rejeição, em
algum momento, de seu próprio tamanho e sua incapacidade de acreditar ser capaz
de também conseguir. Por isto, se a pessoa possui autodomínio,
autoconhecimento, ela vai usar esta situação como motivação, alavancagem, para ações
transformadoras em sua vida.
Ira: A ira é a indignação descontrolada da cólera, raiva
e desejo de vingança. São emoções destrutivas tanto para quem a sente quanto
para quem se torna objeto delas. Ao longo de sua existência, o homem conseguiu
controlar sua agressividade através da razão. A agressividade gerada pela ira
demonstra a incapacidade de raciocinar. Pode estar associada a fatores
inconscientes, como traumas de infância, falta de amor ou mesmo incapacidade de
amar. O que os psicólogos aconselham para extravasar e aliviar as crises de
ira: surrar colchões ou travesseiros, imaginar que a outra pessoa está a sua
frente e lhe dizer tudo que sente, entre outras coisas. Quanto mais se busca o
autoconhecimento, melhor se domina as crises de ira. Não deixe que o outro
determine seu nível de humor, seja dono de você mesmo.
Gula: Pode ser entendida como uma forma de fuga de
problemas, dificuldades e sentimentos, bem como, forma de compensação para se
proteger, por exemplo, de excesso de sexualidade no caso de algumas mulheres
que se reprimem. A ansiedade também pode provocar a busca compulsiva por
comida. Ao se devorar compulsivamente a comida, tenta-se, inconscientemente,
destruir o problema. Pode se formar um círculo vicioso: come-se em excesso,
para fugir do que se sente; depois se culpa por isto, se pune, comendo ainda
mais. Hoje em dia se fala muito em bulimia, que são transtornos alimentares
caracterizados por compulsões alimentares, seguidos de comportamentos
compensatórios inadequados como o vômito. Então está claro que o que se queria
colocar para dentro não era a comida, senão não precisaria de se livrar dela. O
mais recomendado para evitar os excessos que a gula pode gerar, é descobrir o
que está levando a pessoa àquela situação e lidar com ela com a consciência de
que as suas necessidades estão muito além de comer, beber, ter poder: sua maior
necessidade é ter amor por si mesmo.
Avareza: A palavra vem do latim “avere”, ter. Avareza
é o excessivo e sórdido apego ao dinheiro, falta de generosidade e mesquinhez.
A avareza geralmente gera outras atitudes negativas: falsidades, mentiras,
fraudes, sempre na tentativa de enganar os outros para lucrar mais. Gera também
a desumanidade derivada do excesso de apego e a inquietude e preocupação em
sempre ganhar mais, isto é, aniquila qualquer paz de espírito. Ela está
relacionada ao medo de faltar, à carência. Geralmente tem origem na infância,
principalmente quando se passou privações, principalmente alimentares, ou se a
criança associou dos pais ou dos adultos que o dinheiro compra tudo, dinheiro
traz felicidade. A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na
“psiquê”, na mente humana. Ela tenta disfarçar o conflito com a busca de bens,
mas nunca consegue suprir a sensação de carência, fazendo com a pessoa sinta
uma insatisfação constante. Na realidade, a avareza é a falta de contato com
nosso próprio mundo interior, buscando incessantemente o que é exterior,
tentando compensar o vazio que tem dentro de si. Jung, um dos pais da
psiquiatria, relata que para este problema a solução é buscar um sentido para a
vida. Somente quando o homem tomar conhecimento de seu próprio mundo interior,
poderá deixar a doentia preocupação com o exterior. E um bom sentido para a
vida pode ser o socorro às necessidades dos mais carentes, através de gestos
concretos de caridade.
Luxúria: Luxúria representa o desejo desordenado pelos
prazeres sexuais. Apesar de ocorrer também em mulheres, é mais uma
característica dos homens. Procura-se compulsivamente satisfazer as próprias necessidades
sexuais, não se importando com a satisfação da parceira. Sua origem pode estar
na infância, quando os pais reprimem a criança de todo e qualquer impulso
sexual. Estes pais geram, através da repressão, muita culpa e criam, assim,
adultos reprimidos sexualmente ou liberados excessivamente. Do ponto de vista
psíquico, a mulher dá mais valor ao amor e à intimidade do que ao sexo, ao
contrário do homem que valoriza mais este último, fugindo do amor e da
intimidade. E isto é uma das principais fontes de conflitos entre casais.
Vivemos hoje a cultura da beleza, da aparência, da estética, do prazer. A mídia
mostra isto o tempo todo. O apelo sexual entra em nossos lares, sem a nossa
permissão, pela televisão, tornando-se um padrão de referência para nossos
filhos…
Ora, se a
vontade e a razão obedecem apenas ao prazer, a pessoa passa a buscar somente o
que lhe dá prazer. E se vicia no prazer. Perde os valores espirituais e muitas
vezes também os valores morais. O autoconhecimento, e, em conseqüência o crescimento
emocional podem retomar o equilíbrio e restabelecer a capacidade de amar ao
outro.
Preguiça: É a pouca ou falta de disposição
ou aversão ao trabalho, demora ou lentidão para fazer qualquer coisa. É um
sentimento que faz com que as pessoas desqualifiquem os problemas e as
possibilidades de solução. Não é somente física, mas também mental; preguiça de
pensar, de analisar e ponderar. Geralmente o preguiçoso usa o bordão: “deixa
para depois”. São pessoas que não conseguem administrar o tempo, adiam compromissos,
decisões e até mesmo simples afazeres rotineiros, comprometendo o resultado
esperado. Na verdade ocultam uma insegurança exagerada sobre sua própria
capacidade de agir, isto é, falta-lhes a autoconfiança. Utilizam-se do desânimo
e do esquecimento como estratégia para fugir da necessidade de enfrentar a
tarefa que lhes cabe. É como se estivessem imobilizados perante a vida. Somente
com a pressão de outros e um trabalho profundo de conscientização, é que
poderão sair deste estado de letargia.
Soberba: É o desejo destorcido de grandeza. A soberba leva o
homem a desprezar os superiores e desobedecer as leis. Tem ligação com ambição
desmedida, que é a cobiça, com a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a
presunção, a arrogância, a vaidade, o orgulho excessivo, um conceito exagerado
de si mesmo e, por fim, com a sede de poder. A soberba acarreta muitos
conflitos nas relações pessoais, pois o soberbo, busca manter o controle,
criticando, manipulando e dominando o outro com forma de poder. Ele precisa fazer
com que o outro se sinta diminuído para que ele se sinta superior. Geralmente
as pessoas acometidas pela soberba usam disto como uma máscara para compensar a
falta de autoconfiança, falta de amor próprio, vazio interno, sensação de
desamparo, provavelmente adquiridos na infância quando não encontraram este
amparo nos adultos com quem conviviam. A soberba está muito distante da
humildade, característica básica de quem possui autoconhecimento. Infelizmente
algumas pessoas só percebem esse comportamento no fim de suas vidas, muitas
vezes num leito de hospital, quando pouco ou nada se pode fazer para
reconstruir o que destruíram nos outros e em si mesmo.
Para
teólogos de várias religiões, a soberba é um pecado específico, uma forma
básica de pecado. Os demais pecados podem encontrar uma explicação biológica ou
psicológica, pois podem ser movidos pelo instinto de sobrevivência do homem, e
mesmo dos animais. Mas soberba não encontra uma explicação nem biológica, nem
instintiva. Ela não é percebida no comportamento do animal, por exemplo. Só o
homem desenvolve a vaidade e a soberba. Ela foi, por exemplo, o pecado de Adão,
que teve a ambição de se tornar Deus.
É preciso
desenvolver a consciência de que seu valor como pessoa independe da posição que
ocupa ou dos bens que possui e que somos seres humanos em constante processo de
evolução.
Perguntaram
a Allan Kardec qual era o vício mais radical e ele respondeu:
– “O
egoísmo. Dele deriva todo o mal. No fundo, em todos os vícios existe o egoísmo.
Nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade”.
Conclusão
A Maçonaria
conclama todos os Irmãos a desempenhar o glorioso papel de construtor social.
Somos recebidos Pedras Brutas, para que, em nosso ser moral, desbastemos as
arestas e asperezas e nos tornemos elementos úteis à construção deste edifício
social que a ela compete erigir. Estas arestas, asperezas, são os vícios que
atrapalham esta convivência relacional, e impedem a construção desta sociedade
moral. Algumas destas asperezas são de difícil desbaste, mas as virtudes da
Fortaleza e da Paciência por certo as removerão. Por isto nos reunimos em Loja,
para levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao Vício. A Maçonaria nos
conclama a praticar a virtude, a pautar nossas ações pelas virtudes. Por isto,
conhecendo nossa condição humana, nos adverte a não abusarmos de nossas
próprias fraquezas e muito menos do enlevo de nossas vaidades, pois o mal e a
tentação estão por todas as partes. Mas por todas as partes também está o bem e
estão os bem-aventurados homens de boa-vontade. Portanto, direcionemos todas as
nossas ações para o bem.
Hoje em dia
outro tipo sorrateiro de vício toma conta da sociedade, invadindo os nossos
lares fazendo de nossos filhos, seus reféns. São os chamados “vícios sociais”,
causados pela dependência química do álcool, do fumo e das drogas. A droga é
hoje o câncer que corrói a nossa sociedade. Basta vermos nos meios de
comunicação, diariamente, o quanto ela destrói vidas, destrói lares e mobiliza
todo um aparato policial para tentar contê-la. Por isso que é oportuna e
louvável a campanha da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, conclamando a
todos nós a engajarmos nesta luta.
Estas
reflexões sobre virtudes e vícios visaram conhecermos melhor nossos instintos
mais primitivos, nossas sombras, o lado escuro que todos nós temos, mas que é
possível, através da conscientização e do autoconhecimento, colocarmos luz onde
só era escuridão.
Afinal, meus
Irmãos “não somos nós que deixamos os vícios; são eles que, desprovidos de
nossa atração, nos deixam”.
Autor:
Sílvio Maria de Abreu
ARLS Obreiros da Verdade nº 52- GLMMG
Bibliografia
Vícios e
virtudes em Aristóteles e São Tomaz de Aquino – Cláudio
Henrique da Silva
A virtude e
as virtudes – Sérgio Biagi Gregório
Vícios e
virtudes – Newton Freitas
Sete pecados
capitais – Rosemeire Zago
Ritual do Grau 1 do REAA Ritual e Instrução do Grau 2 do REAA
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