Além do Avental
Texto do
Irmão Bruno Oliveira – ARLS Amizade, Trabalho e Justiça nº 36 – GOP-PR
O que te faz maçom além do avental que usas?
Discussões
dantescas a respeito de quando nos tornamos especulativos e deixamos de ser
operativos são travadas por celebrados escritores. Nas origens e etimologia da
palavra “pedreiro”, em grego “tekton”¹ , é aquele profissional que
se empenhava na transformação de materiais em construções diversas com variados
materiais, veja bem, não se limitando a pedra.
Chamo a
atenção pelo motivo de que às vezes nos achamos pensadores especulativos e na
verdade deveríamos estar trabalhando em algo. Em quê?
A filosofia
já cuida da mente. A ordem criada por Baden-Powell, das medalhas que usa sobre
vosso peito que me lembram mais escoteiros que qualquer outra coisa. Os Clubes
de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações. O que resta a você
como maçom?
O quê foi
construído desde que iniciaste, além da evolução oriunda de qualquer ser humano
que tem consciência cívica de melhorar a cada dia?
Os ritos e
rituais em seu cerne almejavam ser o método do obreiro. E hoje se resume a ser
discutido em termos e posições geográficas ou disposição de artefatos,
perdendo-se a essência e finalidade de sua existência. Ou você acredita que
foram criados para serem manuais de procedimentos simplistas? O ritual é uma
parte do laço místico. Como ou por que o homem deve fazer rituais e
aprendê-los, amá-los, preservá-los, é tão misterioso quanto qualquer coisa na
vida – mas sempre foi assim. Há algo profundo dentro de nós que exige uma forma
definida de expressão: podemos dizer o pensamento de mil maneiras, mas nós o
dizemos em uníssono e de uma maneira especial. E isto é verdade seja a
Maçonaria, a Igreja ou a vida cotidiana que é preenchida com um ritual.²
A pedra
somos nós mesmos. Mas tendemos a cinzelar a pedra alheia. Isso é demagogia se
você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é evoluir, não
passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a lição que o
traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora usas.
Recentemente,
em um grupo de comunicação Maçônica e DeMolay, soltei um texto que tirava da
zona de conforto e indagava a todos sobre seus deveres, resultado? Silêncio por
horas. Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos tendem a fingir que não é
consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é conosco mesmo o problema.
O filósofo
Marcuse em seu Livro “Eros e civilização” retrata essa gana da atual
sociedade em satisfazer seus desejos às vezes maquiados em boas intenções”. O
que você faz quando ninguém te vê fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te
ver” diz uma música. Maquiavel é ridiculamente estudado e utilizado como manual
por jovens que creem aprender politica com práticas traiçoeiras e vis.
O que a mão
esquerda faz a direita não fique sabendo é ignorado por publicidade desmedida.
O que te faz Maçom além do avental, são os “nãos” que você tem firmeza
pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou joia que usa.
Uma vez me
foi dito, rasgue a “procuração” de quem faz mal. Indaguei sobre a indisposição
criada. E me foi dito, se não tem vergonha de fazer o mal será você a ter por
dizer ?
Infelizmente
constatamos que, atualmente, adaptada aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade
iniciática, mas social/recreativa/religiosa congregando seres humanos comuns
que se ajudam mutuamente. Concluindo, esta reflexão, inquirimos se,
modernamente, em nossas Lojas: Realmente erguemos templos as virtudes?!³
Uma máxima
em engenharia diz que não controlamos o quê não medimos. Além de suposições,
qual o método que usas para te nortear na mudança de si mesmo? Ter consciência
dos defeitos e falhas não passa mera reflexão feita por qualquer profano.
Renascer para uma nova realidade por si só já é conceito do batismo de varias
religiões em variadas culturas.
Um método
interessante de trabalharmos em nossa própria pedra, a cada semana escrevemos
uma virtude em nossas anotações, que queremos melhorar e intensificar, e ao
findar o dia relatamos como nos saímos, e oque dificultou de praticarmos a tal
virtude. Isso é um exercício fantástico, e nos estimula a ficarmos vigilantes
como prega nossos rituais. Alguns vão dizer, já faço isso de cabeça. Será ?
E você meu irmão qual método utiliza ?
A corrupção
não esta em Brasília no planalto, mas nos nossos espíritos corrompidos que se
calam…, o cantor Renato Russo disse, “vivemos entre monstros de nossa
própria criação” mas não temos medo da escuridão, o maçom hoje, teme a
própria luz, por conta da aceitação social. Discutir maçonaria é falar sobre as
dificuldades da prática de alguma virtude e por ai se aprofundar, e não erros
de gráficas, datas de fundação ou algum fator que qualquer historiador não
iniciado poderia fazer e já fazem. Não que não seja importante, mas isso é
demasiadamente simplório se comparado ao que realmente é a Arte Real.
Aos outros,
a tolerância de serem como quiserem. A nós, a obrigação de sermos cada dia melhores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário