Iluminação
e Evolução do Pensamento
Charles
Evaldo Boller
A maior
dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar
para além dos limites que alguém impôs a si mesmo por condicionamento no
cativeiro debaixo do sistema econômico mundial.
Ser capaz de
pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente.
A capacidade
de criar ideias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e
meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas
idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da
meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente
diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem
passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou
das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera
terrestre.
É no
pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota
jamais foi dado saber o que o outro pensa.
Todo aquele
que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um
homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de
realização do pensamento.
Todo
desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente.
Pensamento é
energia.
Pensamento
revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a
razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e
financeiras.
Ninguém
escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela "aufklärung",
uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que
sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza
de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade
absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio
discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.
Liberdade
começa no pensamento; o resto é mera consequência.
Confúcio
disse: "Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é
perigoso".
Na era
paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao
que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve
sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita
selecionada de frutas.
No neolítico
passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro.
Durante
cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se
de máquinas automáticas.
Nos últimos
anos passou a usar intensamente do saber e da informação.
Existe um
abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade
humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica.
A velocidade
com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.
E como tudo
na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre
é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para
pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e se forem
sábios, serão mais felizes. Também são os mais ricos que mais espoliaram os
menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas.
Benevolência,
magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio
homem.
O único
caminho para progredir debaixo deste sistema de coisas é educar-se, estudar das
coisas da ciência para subsistir com qualidade e educar-se para obter maiores
possibilidade de obter sucesso e ser feliz.
Ao maçom é
propiciada esta oportunidade de auto educar-se, de progredir como pessoa, como
homem. A educação aqui preconizada é a educação natural, criada por Rousseau e
complementada por Kant. Todo aquele que percebe esta intenção e tira da Ordem
Maçônica tudo o que é importante para educar-se na linha natural vai obter
sucesso na vida e será mais uma pedra polida na sociedade humana, para honra e
à glória do Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia:
1.
ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução:
Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição,
Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2.
BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico de Sociologia,
tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN
978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;
3. GEORGE,
Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI,
título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN
85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo,
1999;
4. MASI,
Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial,
título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN
85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro,
1999;
5. ROUSSEAU,
Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro
Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.
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