O LEMA DA VIDA
Osório Pais*
Um dia, perguntei ao Sol: que
fazes
Para fulgir no eterno alvorecer?
O astro divino respondeu,
brilhando:
– Ajudar e esquecer!
Interroguei à árvore: que fazes
Para florir, amar e frutescer?
Ela, embora ferida, falou calma :
– Ajudar e esquecer!
Interpelei, depois, o pão: que
fazes
Para ser vida e bênção no dever?
O pão amigo acrescentou, sereno:
– Ajudar e esquecer!
E disse à fonte límpida: que
fazes
Para dar-te à renúncia por
prazer?
Atada ao solo, resumiu cantando:
– Ajudar e esquecer!
A própria terra consultei : que
fazes
Para tudo alentar e refazer?
Maternalmente, replicou, bondosa:
– Ajudar e esquecer!
Alma, se aspiras à ascensão
sublime
Na luz do amor, sem nunca
esmorecer,
Guarda o lema da vida em toda
parte:
– Ajudar e esquecer!
(*) Informa Liberato Bitencourt, em sua obra
Homens do Brasil, vol. II, que Osório Pais estudou em João Pessoa, e, aos
dezesseis anos, se entregou ao comércio. Abandonando, depois, a vida comercial,
seguiu para a Bahia, onde se diplomou em Odontologia. «Alma boêmia, foi um
poeta lírico, um trovador espontâneo, tocador de violão e fazedor de serenatas»
– escreveu Luiz Pinto em sua Col. de Poetas Paraibanos –, continuando mais
adiante: «A sua colaboração nos jornais e revistas da Paraíba e do Brasil ficou
muito esparsa, dela não havendo noticia segura. Era arredio, por índole, a
instituições culturais.» E o mesmo autor, Luiz Pinto, é quem afirma em seu
livro Cad. de Poetas Brasileiros, pág. 47: «Uma das vocações poéticas mais
belas que conheci na Paraíba foi a desse inveterado boêmio, de bondade
extrema.» (Alagoa Grande, Paraíba, 14 de Junho de 1886 – João Pessoa, Paraíba,
24 de Abril de 1949.)
BIBLIOGRAFIA: Primícias, versos.
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