Charles Evaldo Boller
Sinopse: Repudiar a vingança e estabelecer o amor
fraterno com educação como solução para os problemas da concorrência por
recursos enfrentada pela humanidade.
A sociedade não deve punir para
vingar, sua obrigação é a de ensinar o homem a melhorar cada vez mais. "Educai
as crianças e não será necessário castigar os homens" (Pitágoras de
Samos). O que se deduz da vida em sociedade real de hoje é que ela não ama seus
componentes, embrutecida e insensibilizada pela ganância e o poder tornou-se
subserviente a economia e espreme a todos até sobrar apenas bagaço.
É evidente que o homem é naturalmente
bruto, fera sanguinária cuja única força limitadora atenuante de sua natural
violência provém da lei e da intimidação que ela exerce. Lei escraviza. Lei é
artifício para selar uma espécie de acordo entre os cidadãos de uma determinada
sociedade. Concebida com o propósito dos cidadãos de determinadas sociedades
não sucumbirem devido aos exageros dos mais fortes e bem dotados. Surgiu da
necessidade de estabelecer regras de convivência que determinam, a priori, o
que não é aceito em nome da convivência pacífica por uma sociedade específica,
bem como as penalidades impostas àqueles que as desrespeitam. Cada sociedade
estabelece suas próprias leis. O que é aceito em uma pode ser condenada em
outra; não existe uniformidade universal; tentam, mas não conseguem devido à
diversificação moral que é característica de cada grupo social. As leis vão
crescendo em graus de complexidade até que se tornam uma carga muito pesada
para ser suportada pelo cidadão comum, a exemplo do que aconteceu com a antiga
lei mosaica que, na visão ocidental, o Cristo veio cumprir e que com sua morte
foi totalmente eliminada, remanescendo apenas a lei do amor fraterno. As leis
transformaram-se numa espécie de escravidão a que todo homem, que se diz
civilizado, é submetido compulsoriamente.
As decisões que cada um tomava de sua
própria iniciativa no Direito Natural passou a ser arriscado no jogo de azar da
interpretação de um terceiro, um juiz, nem sempre competente e com frequência
suscetível às influências dos donos do poder ou das amizades. Um avilte ao
direito natural intuitivo. Com isto a sociedade tomou para si o direito de
vingar do indivíduo e criou o que se denomina justiça - com letra minúscula. Em
todos os tempos, em todas as sociedades, a Justiça foi usada pelos poderosos
para oprimir os mais fracos e sem recursos. Mesmo que sua definição seja a
busca do equilíbrio entre as partes, independente de condição social dar a cada
indivíduo o que lhe pertence, em tempo algum ela ocupou esta posição, salvo nas
ideologias e utopias teóricas, ou na concepção de uns poucos otimistas.
Existem os que ainda acreditam que a
Justiça da sociedade está a seu dispor, isto é falácia! Na realidade a Justiça
dos homens está a favor do dinheiro, do poder, da influência e da amizade. O
engodo atravessa eras, em todas as sociedades a Justiça não só é usada por
vingança, mas também para usurpar a liberdade do homem de ir e vir, tomando
para si um direito de judiar e matar, usurpando o direito natural do individuo.
"Platão disse: meu caro amigo Antíoco, pode-se perdoar de bom grado a
confissão de qualquer homem amar-se excessivamente, mas, dentre os vários
vícios que nascem desse amor próprio, um dos mais perigosos é aquele que impede
um julgamento equilibrado e imparcial de si mesmo; pois a amizade deixa-nos
facilmente cegos a respeito do que amamos, a menos que uma educação sábia
tenha-nos acostumado a preferir o que é belo e honesto em si mesmo ao que nos
interessa pessoalmente" (Plutarco o Biógrafo Grego).
Pena de Prisão
Uma das grandes judiações é a pena de
prisão. É hipócrita, sórdida, desumana porque exclui o condenado da sociedade
por muitos anos e até o resto da vida do infeliz. Por vingança a Justiça prende
os que pecam contra a sociedade em lugares horrendos, afastando-os da
sociedade. Hipocritamente a isto denominam ressocialização, tentativa de
recuperar o homem para a sociedade. Entretanto, além de tomar um dos bens
inalienáveis do homem, sua liberdade, esta ação cria uma sociedade de reclusos
que, apartados da sociedade, concentram o mal em pequenos espaços; onde aumenta
a concorrência, a disputa para definir qual é o mais malvado e cruel. As
mazelas surgem exatamente porque a sociedade, desde tempos imemoriais se
amontoa, e devido a isso disputa, guerreia e luta pelo espaço físico.
Colocam-se homens uns ao lado de outros em prisões, propiciando condições muito
piores para restaurar um desvio de conduta em sua maioria diminuto e que pela
convivência piora; prolifera o contágio do mal. Muitos condenados são
resultados da falta de educação, de cultura, de oportunidades, ou da melhor
distribuição dos recursos. Ao amontoar o lixo social humano só se propicia a
fermentação dos piores desvios de conduta. "O homem não é nada além
daquilo que a educação faz dele" (Immanuel Kant).
Prostituição Histórica da Justiça
Quantas mentes brilhantes foram
caladas pelo despotismo de governantes e quantos santos foram queimados por
praticarem o bem em desacordo com a vontade do grupamento humano em que viviam.
Os assassinatos foram cometidos ao longo do tempo com todos os poderes de comum
acordo: Religião, Legislativo, Executivo e Justiça. Uma prostituição continua
ao longo das eras que em nome de um deus, do rei ou da pátria matou milhões de
inocentes. A promiscuidade é perceptível ao se permitir a formação de grupos de
meliantes que desafiam qualquer governo, que debocham daquelas instituições que
alienaram o direito natural do homem e o transformaram em instrumento de
vingança.
Diante desta horrenda realidade a
Maçonaria em sua filosofia busca conscientizar seus adeptos da necessidade de
não tomar a Justiça em suas próprias mãos, o que tornaria a vida insustentável
em meio aos extremos de concorrência por mais recursos. A própria natureza já
começa a mostrar os efeitos da característica extrativista do homem que nada
colabora com a sustentabilidade e a exaure ao limite. Para conter o desastre,
algumas lojas da Maçonaria Universal promovem debates e estudos do que pode ser
realizado para minorar o sofrimento humano, mas é insuficiente. Deve-se primar
por ação e não por reação. Já é tardia a reação à violência que assalta
diariamente o cidadão correto e honesto. As prisões estão tão cheias que tem
ladrão saindo pelo ladrão!
Ficam os questionamentos: deve-se
deixar o povo morrer de fome; um bilhão de seres humanos de hoje padecem fome
crônica todos os dias? Estaria a solução em mais uma guerra global, como era
realizado na antiguidade? Que fazer no Brasil do carnaval e futebol onde a miséria
enfeita vergonhosamente os barrancos das metrópoles? Aumentar a altura do muro,
grades e alarmes monitorados evitam a violência? Pena de prisão resolve?
Penas de prisão em nada contribuem,
antes aumentam o inchaço do problema onde a Justiça não tem força e com isto
tornou-se impotente, demorada, inexistente. Na eventualidade de surgimento de
sistema ditatorial, a força sem a Justiça se reduz a tirania. Sobra para
sociedade investir em educação. Não confundir educação com aquisição de
conhecimento. Assim como dito já nos tempos de Pitágoras, a educação
preconizada pela Maçonaria atua junto aos seus adeptos. Em seus templos são
cultuados virtudes e valores que permitem ao homem edificar-se com ferramentas
simbólicas que incentivam arrancar as nódoas do homem para com isto glorificar
a criação efetuada pelo Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia:
1. GAVAZZONI, Aluisio, História
do Direito, Freitas Bastos Editora, 2005;
2. OLIVEIRA FILHO, Denizart
Silveira de, Comentários aos Graus Filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito,
1997;
3. REALE, Giovani e ANTISERI,
Dario, História da Filosofia, Editora Paulus, 1990;
4. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A
Origem da Desigualdade entre os Homens, Editora Escala, 2006;
5. SACADURA ROCHA, José Manuel
de, Fundamentos de Filosofia do Direito, Editora Atlas, 2006.
Biografia:
1. Kant, conferencista,
filósofo, maçom, professor e teólogo de nacionalidade alemã. Immanuel Kant
nasceu em 22 de abril de 1724 em Königsberg. Faleceu em 12 de fevereiro de 1804
em Königsberg, com 79 anos de idade. O último grande filósofo dos princípios da
era moderna, um dos pensadores mais influentes;
2. Pitágoras, filósofo e
matemático de nacionalidade grega. Pitágoras de Samos nasceu em 26 de novembro
de 582 a. C. Em Ásia Menor. Faleceu em 500 a. C. Fundador da Escola de Crotona,
responsável pela criação dos números irracionais e do Teorema de Pitágoras;
3. Plutarco, biógrafo e
ensaísta de nacionalidade grega. Plutarco o Biógrafo Grego nasceu em 46 em
Queronéia, Beócia. Faleceu em 125, com 78 anos de idade. Tornou-se famoso pela
sua obra Vidas paralelas dos gregos e romanos ilustres.
Data do texto: 02/03/2011.
Sinopse do autor: Charles
Evaldo Boller, autor, engenheiro eletricista e maçom de nacionalidade
brasileira. Nasceu em 4 de dezembro de 1949 em Corupá, Santa Catarina. Com 61
anos de idade.
Loja Apóstolo da Caridade 21
Grande loja do Paraná.
Rito: Rito Escocês Antigo e
Aceito
Local: Curitiba.
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.
Área de Estudo: Consciência, Educação,
Filosofia, Justiça, Maçonaria.
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