O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA
por Arthur Aveline
O
progresso da Humanidade tem seu início na aplicação das leis de justiça, de
amor e de caridade. Princípios sempre defendidos por nossa Sublime Instituição
que, justamente por isso, é considerada progressista. Aonde não há Justiça e
amor vigora a barbárie e a violência. A Justiça nada mais é do que o respeito
ao direito de cada um. É a base para a convivência em sociedade, por
consequência, mola mestra do desenvolvimento. O amor, por sua vez, substituiu o
personalismo. É o triunfo sobre o ego, já que o amor, por definição, é
incondicional e não exige retorno.
O
amor, juntamente com a Justiça, é outra conquista importante do homem no
interminável processo de evolução. O amor é elemento fundamental — um
verdadeiro alicerce — na formação de uma personalidade sadia; gera e incentiva
um comportamento equilibrado. Uma criança amada é mais confiante em si mesma,
tem mais auto estima, por isso desenvolve seu potencial de forma mais uniforme
e rápida, transmitindo aos seus semelhantes o amor recebido.
Amar
é ser consciencioso e fazer aos outros apenas o que deseja para si. Amar é
compreender as fraquezas e defeitos do outro, é relevar seus erros e saber
perdoar. Quem cresce sem amor fatalmente será um adulto seco e desprovido de
compaixão, com um senso de justiça deturpado e deficiente.
A
caridade é o terceiro ponto desse alicerce, estendido para outras fronteiras
além do círculo familiar e fraternal do Homem e do Maçom. Para se viver a
caridade precisa-se desenvolver virtudes.
E
o que é virtude? Nosso rituais definem muito precisa e apropriadamente o que
vem a ser virtude: "é uma disposição da alma que nos induz à prática do
bem".
Construir
Templos à virtude é cultivar a permanente disposição para querer o bem, é ter a
coragem de assumir valores e enfrentar os obstáculos que dificultarão a subida,
rumo ao conhecimento.
Logo,
para vivenciar a justiça, o amor e a caridade é necessário antes de tudo ser
virtuoso.
Platão,
no século V a.C., já mostrava a virtude como esforço de purificação das
paixões. Dizia que o compromisso do homem virtuoso está vinculado à razão que
determina o exercício prático, o domínio do corpo.
Para
Aristóteles, a virtude é a equidistância entre dois vícios: um por excesso,
outro por falta. Ele nos alerta sobre a necessidade de sermos prudentes e buscarmos
o justo meio, sem o excesso e sem a falta.
Só
conseguiremos o justo meio a partir da reflexão sobre as duas partes,
utilizando a razão, a justiça e o amor pra não haver enganos, a partir do
auto conhecimento, que nos proporcionará a consciência da nossa realidade
atual, e assim, saindo das sombras da ignorância, poderemos atingir elevados
patamares, desenvolvendo valores conquistados.
Esses
valores e virtudes, indispensáveis no Maçom, são conquistados através da
vontade, imbuída de razão. Se temos direitos, temos também deveres, e não
somente para com os nossos IIr.:, para com nossos familiares, para com a
sociedade, mas principalmente para com nós mesmos, para com o nosso trabalho
interior, para o desbaste de nossa Pedra Bruta. A síntese desses deveres está
em cumprir com nossa obrigação, para conosco e para com nossos Irmãos. Não
podemos somente ser Luz no caminho alheio, temos que, antes de nada, ser Luz no
nosso próprio caminho.
Muitas
vezes esquecemos de olhar para nós mesmos, em se tratando de mudanças e
transformações. Exigimos que os outros mudem, sem no entanto, fazer nada para
sair de onde estamos. Não deve haver lugar em nossos Templos para a hipocrisia,
para a luta pelo poder, para a vaidade.
E
a virtude onde fica? E a Fraternidade, o objetivo de servir, de ser caridoso?
Será que esse nunca foi o objetivo? Teria sido apenas uma Luz que se apagou?
Onde estão nossos valores, sempre ensinados mas nem sempre empregados?
Na
verdadeira Maçonaria não deve haver espaço para brigas por cargos, para a disputa
política. A verdadeira Maçonaria é aquela em que vivenciamos o Amor, a
Fraternidade, a Verdade, o Dever e o Direito. A verdadeira Maçonaria é aquela
que nos proporciona o prazer indescritível de abraçar um Irmão; é aquela que
faz com que a convivência fraternal seja um prazer e não uma obrigação semanal.
Precisamos
reavaliar nossas atitudes, nossos comportamentos e valores. Estamos realizando
o trabalho que chamamos maçônico com respeito e humildade ou com arrogância e
orgulho? Estamos realmente cumprindo o que juramos, de forma livre, quando
conhecemos a V.: L.:? Estamos realmente cavando masmorras ao vício e levantando
Templos à virtude?
Nossa
Ordem precisa sair do imobilismo que se encontra. Precisamos, com união e
respeito, debater mais nossos problemas em Loja; precisamos aprender a criticar
e, principalmente, aprender a ouvir críticas; precisamos, acima de tudo, ser
mais tolerantes com os outros e menos tolerantes com nós mesmos; precisamos
desbastar nossa Pedra, não a do nosso Irmão.
Arthur
Aveline - MM, ARLS Dos Obreiros da Arte Real nº 154
Porto
Alegre - RS, GLMERGS
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