A ignorância é o princípio da
sabedoria
Nietzsche
disse que “a sabedoria é um paradoxo”, já que “o homem que mais sabe é aquele
que mais reconhece a vastidão de sua ignorância”. O pensamento do filósofo
alemão corrobora com a máxima socrática do “só sei que nada sei”, isto é, com a
ideia de que a ignorância é o princípio do conhecimento e que, portanto, é
necessário estar aberto à reflexão constante para que se possa atingir o mínimo
de conhecimento e sabedoria.
Em um
contexto como o nosso, em que há uma grande carga de informações, sobre os mais
diversos temas, disponível, a ideia que correlaciona ignorância e sabedoria
parece não fazer tanto sentido. O que se observa é a formação de um conjunto
enorme de pessoas que se coloca como possuidor das verdades últimas sobre as
coisas, ainda que essas verdades possam mudar constantemente e rapidamente de
acordo com a melhor conveniência de quem as define.
Dessa forma,
cria-se um ambiente inóspito para que o conhecimento possa se desenvolver, haja
vista a sacralização feita pelos indivíduos das coisas que eles julgam como
sendo verdadeiras e, por conseguinte, a impossibilidade de questionamento e de
debate sobre certas coisas, dogmatizadas. Isso não significa que as pessoas não
possam acreditar em algo com veemência ou que não exista uma verdade sobre as
coisas, mas até mesmo quando acreditamos em algo, precisamos estar abertos ao
novo, o que só é possível se estivermos abertos à reflexão e ao diálogo.
Em outras
palavras, é preciso estar aberto a outras formas de pensar, para que
problematizações possam surgir, a fim de ratificar aquilo que acreditamos (com
mais embasamento e mais espaço discursivo) e/ou para que possamos observar,
analisar e seguir novas perspectivas, até então desconhecidas. Nesse sentido,
percebe-se que o outro, que pensa de forma antagônica à nossa, passa a ser
considerado, o que estimula a interação entre situações contraditórias a partir
de uma perspectiva dialética, ou seja, de abertura para o novo que possa surgir
por meio do encontro estabelecido.
Essa relação
dialética que se instaura com gênese no reconhecimento da ignorância, isto é,
da compreensão da não completude sobre o conhecimento de todas as coisas,
permite que o sujeito possa crescer intelectualmente, já que passa a possuir um
horizonte com maior amplitude de alcance, além de evitar o enrijecimento dos
conhecimentos e convicções, bem como, o desenvolvimento do individualismo,
impeditivo para a compreensão, o respeito e o diálogo com cosmovisões e crenças
diferentes das que possuímos.
Fechar-se em
si mesmo e acreditar que não há nada a ser aprendido não denota convicção do
que se acredita, mas antes, ignorância, pois – como falava Paulo Freire – “Onde
quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que
ensinar, há sempre o que aprender”. Assim, para que consigamos atingir o mínimo
de sabedoria é imprescindível que consideremos e busquemos a sabedoria que está
no mundo, do qual não somos todo, mas apenas, parte.
Autor: Erick
Morais
Fonte: Genialmente
Louco
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