Milênio segundo
Dez séculos são
passados...
Bizâncio, empalidecida,
Transfere esplendor e vida
Ao poderio de Otão.
Desde o grande
Constantino,
O ocidente, aos tempos
novos,
Faz-se assembléia de
povos,
Esperando a paz em vão.
Há quem sonhe liderança
De nível superior...
Alguém que trouxesse amor
À construção do porvir;
Mas entre os feudos
altivos,
Irrompe Henrique Segundo,
Que grita, à face do
mundo:
"Conquistar ou
destruir..."
O milênio começava,
Tendo a Guerra por
destino...
Crescêncio, Arnoldo e
Arduíno
São ínclitos europeus;
Tramam ódios e batalhas,
Morrem, no entanto,
esquecidos,
Hoje, heróis de tempos
idos
Na pátina dos museus.
Pedro, o Eremita,
aparece...
Iniciam-se as cruzadas,
Nas cortes e nas Estradas,
Ao brado de "Deus o
quer..."
Viajam para a matança
Frederico, Godofredo...
Todo o Ocidente sem medo
Cede as vidas que tiver.
Após Francisco de Assis,
Destaca-se a Renascença;
Fulge o prodígio da
Imprensa,
A arte é brilho e
elevação.
A América é um Mundo Novo,
Mas, entre o ouro e os
conchavos,
Há milhões de homens
escravos,
Rogando libertação!...
Clamando pelo Direito
Que a tirania extermina,
No cepo da guilhotina
Pede a França novas leis;
Entretanto, Bonaparte,
Águia da força e do mando,
Passa, na Terra, formando
Tronos outros e outros
reis.
Novos tempos, novas
armas...
Nações alteram limites,
Há sinistros apetites,
Na terra, no mar, no ar...
A vida suplica aos homens:
"Deus existe!... Sois
cristãos,
Entrelaçai vossas
mãos!.."
E os homens gritam:
"lutar!..."
Os grandes conquistadores
Passaram a nobre arquivo,
Um só deles está vivo,
Espalhando amor e luz!...
Desde o século primeiro,
Esse imortal companheiro
É Jesus, sempre Jesus!...
Castro Alves, do livro Paz e Libertação.
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