O PRIMEIRO MAÇOM
Nas pedreiras de antigamente, o trabalho de cortar, desbastar e lavrar
pedras era uma atividade de caráter iniciático. Trabalhava-se com maço, ponteira
e cinzel em etapas distintas, conforme se quisessem pedras para alicerce,
para parede ou para acabamento.
Cada tipo de pedra era trabalhado por operários especialmente treinados
para o mister. Daí as graduações que se estabeleceram entre aprendizes e
profissionais. Mais tarde, a atividade do artesão do maço (o
maçom), evoluiu para um tipo mais sofisticado de trabalho, que já se podia
chamar de arte.
Foi quando ele começou a tirar da pedra outras formas, imitando a
natureza no seu trabalho de formatação das realidades físicas. Esse tipo de
trabalho demonstrava que o homem possuía uma inteligência criadora e que sua
consciência podia ser refletida na natureza através das obras de suas
mãos.
A história da aplicação do engenho humano nas pedras se confunde com a história da evolução do seu próprio psiquismo. O termo maçom é derivado dessa ocupação e a espiritualidade que acompanha essa profissão é decorrente dessa projeção da consciência sobre a matéria, formatando coisas e objetos, numa imitação da própria atividade criadora de Deus.
O primeiro maçom foi o homem que desbastou a primeira pedra bruta, transformando-a em material de construção. Daí dizer-se que a Maçonaria é tão antiga quanto a presença humana sobre a terra, pois ela é uma prática que pode ser considerada contemporânea dos primeiros grupos humanos.
É bom que se diga, entretanto, que essa antiguidade só pode ser colocada
enquanto prática operativa e atividade especulativa. Não é a Maçonaria como
instituição, porquanto esta só apareceu no inicio do século XVIII a partir do
trabalho de Anderson e seu grupo [1]
É também nesse sentido que podemos definir a Maçonaria como a arte de interar a mente humana com os elementos da natureza para produzir obra de criação. Como prática operativa ela é o trabalho que constrói o mundo, e como atividade especulativa uma fórmula que aprimora o espírito. Em ambos os sentidos ela é arte de construir, é arquitetura.
É também nesse sentido que podemos definir a Maçonaria como a arte de interar a mente humana com os elementos da natureza para produzir obra de criação. Como prática operativa ela é o trabalho que constrói o mundo, e como atividade especulativa uma fórmula que aprimora o espírito. Em ambos os sentidos ela é arte de construir, é arquitetura.
Nos antigos canteiros de obras do Egito e da Mesopotâmia já se costumava
separar os trabalhadores em grupos distintivos pelos seus graus. Aprendizes não
comungavam com Companheiros nem estes com seus Mestres Um
sistema de senhas e códigos eram usados nos diversos níveis profissionais,
garantindo dessa forma o segredo profissional e o método de transmissão
dos ensinamentos. [2]
No próprio canteiro de obras do Rei Salomão, por ocasião da
construção do Templo de Jerusalém, havia, segundo a Bíblia,
profissionais e aprendizes de todos os tipos, desde cavou queiros para abrir as
valas, serventes para acarretar e transportar cargas, até mestres arquitetos e
fundidores, como Hiram e Adoniram, este último também
administrador da obra.
E foi a partir dessas antigas fontes que nasceu a tradição iniciática que
inspirou a divisão da Loja Simbólica dos maçons modernos
em Aprendizes, Companheiros e Mestres. Assim, podemos
dizer que a organização da maçonaria tem inspiração nos antigos canteiros de
obras egípcios e especialmente em suas pedreiras, cuja hierarquia contemplava
essa divisão, sendo a congênere medieval – as antigas corporações de ofício,
que congregava os pedreiros livres- uma adaptação de suas ancestrais egípcias.
De outra forma, podemos dizer também que a tradição iniciática que acompanha a profissão do construtor foi desenvolvida mais por necessidade prática do que por motivos religiosos, Constituía um sistema pedagógico, que ao mesmo tempo em que proporcionava segurança aos seus membros, representava um meio de defesa para os seus mercados, pois além de regular o exercício do ofício, mantinha um número ideal de profissionais.
Essa tradição foi repassada aos canteiros de obras medievais. Foi nestes últimos que a tradição de separar os trabalhadores por seus graus de profissionalização sacralizou-se, especialmente pelo fato das organizações dos pedreiros medievais estarem estreitamente ligadas á Igreja.
Sendo a época medieval um tempo de intensa busca espiritual, a prática do
ofício de construtor passou a ser uma forma de ascese, onde o trabalho da mente
se unia ao esforço das mãos para construir a obra externa, que era o edifício
propriamente dito, e a obra interna, que era o próprio espírito do construtor.
É dessa época a ideia de considerar o corpo humano como uma morada de Deus, da
mesma forma que o era a Igreja.
O primeiro maçom especulativo
Não há consenso entre os historiadores de quem teria sido o primeiro maçom especulativo, ou seja, a primeira pessoa não pertencente aos quadros profissionais dos pedreiros livres a ser admitida como membro em suas Lojas.
O primeiro maçom especulativo
Não há consenso entre os historiadores de quem teria sido o primeiro maçom especulativo, ou seja, a primeira pessoa não pertencente aos quadros profissionais dos pedreiros livres a ser admitida como membro em suas Lojas.
O mais antigo registro de uma iniciação desse tipo é o de John Boswell,
lorde de Aushinleck que, em 8 de junho de 1600 foi recebido como maçom
aceito na Saint Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em
Edimburgo, na Escócia. Essa Loja teria sido fundada em 1228, no canteiro de
obras preparado para a construção da Capela de Santa Maria, naquela cidade, que
então era a mais importante da Escócia.
Era costume, naquela época, a organização de Lojas entre os pedreiros,
pois assim se chamavam às assembleias dos obreiros que se reuniam para discutir
sobre os assuntos referentes às obras e à profissão.
Após a iniciação de Lorde Bosswel, o processo de aceitação de maçons não profissionais se tornaria comum.
Logo se espalharia pelos canteiros de obras da Escócia, Inglaterra,
Alemanha, França e outros países, de tal maneira que, ao final do século XVI, o
número de maçons aceitos- então chamados de especulativos ultrapassasse,
os operativos. Assim, na primeira metade do século XVII, encontram-se registros
de várias pessoas importantes sendo admitidas nas Lojas dos pedreiros livres.
Nomes como os de William Wilson, aceito em 1622, Robert Murray,
tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de
Santa Maria, que se tornou posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do
Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de
Warrington, no Lancashire e o famoso antiquário e alquimista Elias Ashmole,
recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de outubro) que o coronel Henry.
Na área da arquitetura os maçons operativos já haviam perdido a maior parte do seu prestígio, já que a forma arquitetônica tradicional deles, a gótica, já havia caído em desuso, eclipsada pela modelo neoclássico. Porém, em 2 de setembro de 1666, um grande incêndio irrompeu na cidade de Londres, destruindo mais da metade da cidade -cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas.
Nessa ocasião, os maçons operativos foram chamados para participar do
esforço de reconstrução da cidade, sob a direção do renomado mestre arquiteto
Cristopher Wren, que foi logo iniciado maçom. Foi no canteiro de
construção da igreja de S. Paulo, que ele presidia que em 1691, foi fundada a
Loja São Paulo (em alusão à igreja), conhecida como Loja da taberna "O
Ganso e a Grelha", uma das quatro Lojas que, em 1717, iria, juntamente com
as outras três Lojas londrinas, se unir para a fundação da Grande Loja de
Londres. Nasceria dessa fusão a Maçonaria moderna. Londres só iria terminar em
1710.
[1] Anderson, por exemplo, situa o nascimento da Maçonaria no Éden e
indica seu filho Seth como sendo o primeiro maçom histórico. “Entretanto, antes
do nascimento da moderna maçonaria, com a fusão das Lojas Londrinas e o advento
das Constituições de Anderson, havia Lojas que atribuíam essa primazia ao rei
Nenrode, citado na Bíblia como “poderoso caçador” perante o Eterno”, pela
construção da famosa Torre de Babel.
Há também os que sustentam ser Moisés o primeiro maçom pelo fato de ele
ter fundado a primeira e verdadeira fraternidade do mundo, ou seja, a nação de
Israel. Da mesma forma, existem teses que conferem esse título a Zorobabel, o
rabino judeu que liderou a reconstrução de Jerusalém após a volta do cativeiro
da Babilônia. Esse parece ter sido o pensamento de André Michel de Ransay, por
exemplo.
[2] Em nosso trabalho “Lendas da Arte Real”, identificamos Moisés com Osarseph,
um líder dos trabalhadores das pedreiras, que organizou e liderou essa classe
de trabalhadores no Egito, fundando uma poderosa organização. Isso teria
ocorrido no século XIV AC, época em que a maioria dos historiadores acredita
ter ocorrido o Êxodo israelita. Segundo Apion, esses trabalhadores, escravos na
maioria, eram estrangeiros e as regras estabelecidas por Osarseph eram bastante
semelhantes às que Moisés escreveu para os israelitas.
Por: João Anatalino
Fonte: https://focoartereal.blogspot.com.br/
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