A Maçonaria do Real Arco
antes da União de 1813 – o 4º grau dos Antigos
Introdução
Ao longo da
história da maçonaria não há outro quebra-cabeças tão misterioso quanto a
origem do Grau do Real Arco.
Há duas
condições que contribuíram para esta circunstância nebulosa. A primeira é que
aqueles que sabiam algo definido sobre quando surgiu, não deixou nada
registrado sobre este conhecimento, a outra é que aqueles que escreveram sobre
este grau nos primeiros anos do século XIX, pouco sabiam sobre o que eles falavam,
e de muitas teorias criadas, pouco realmente se aproveita, se levarmos em conta
referências e provas dos ocorridos.
Uma alegoria
do que muitas vezes ocorre, foi quando Cavaleiros da Ordem Teutônica viram pela
primeira vez um camelo e o descreveram. Eles nunca tinham visto um camelo e
eles não tinham idéia do que ele parecia, assim detalharam com informações
oriundas das profundezas da imaginação, com resultados surpreendentes.
Da mesma
forma, a evolução da Maçonaria do Real Arco é atribuída a diferentes fontes com
a qual realmente não tem nada a ver, nem mesmo uma mínima relação.
O “modus
operandi” de alguns escritores, é impor um estilo autoritário, citando
numerosos escritores, de modo que uma pessoa pouco instruída, não poderia
duvidar de suas afirmações ou tentar refutar as suas conclusões.
Mas, no
entanto, quando a pesquisa da origem do grau, foca em examinar as atas
originais das Grandes Lojas e das lojas e capítulos, torna-se óbvio que o
método de escrever a história através de uma viagem para os reinos de fantasia,
não é o melhor caminho para se chegar à verdade sobre o assunto.
Também fica
claro que as declarações destes chamados historiadores, foram baseadas, não em
fatos seguros ou comprovados, mas apenas em suposições. Supõe-se que o grau
tenha evoluído de uma determinada forma e, portanto, deve ter surgido da mesma
maneira.
Tal atitude
para desenvolver uma idéia é fatal para um pesquisador, mas muito fácil de
seguir:
Primeiro
cria-se uma teoria, mais ou menos provável, e só depois os fatos, ou apenas
inclui aquilo que possa parecer apropriado, para assim coincidir com a teoria.
Tal método produzir um efeito caótico na mente do genuíno buscador do
conhecimento.
Talvez o
melhor seja confrontar, com as noções de antigos escritores desacreditados e, em
seguida, fazer um resumo do que realmente é tangível, deixando de lado o reino
da conjectura, que tem seu próprio lugar, talvez para aqueles que preferem o
modo fácil para resolver uma questão controversa.
Vamos
analisar algumas das teorias que buscam explicar a origem do Real Arco:
A “Teoria do Cavaleiro Ramsay”, desacreditada.
O nosso
querido e mais elusivo amigo, o Cavaleiro Ramsay, que poderia ou não ser maçom
pois não há certeza de uma coisa nem outra, mas que em uma época foi dado todo
o crédito.
Deve ter
sido um homem de destaque, se ele tiver feito um décimo das coisas atribuídas a
ele. Em um período foi tutor dos filhos de Stuart e teve uma carreira muito
variada, dedicando sua vida à restauração da família Stuart ao trono de
Inglaterra, um empreendimento que ele falhou, como aconteceu com todos os que
tentaram ajudar esta dinastia infeliz e decadente.
Parece ter
dirigido sua atenção para qualquer um que pudesse lhe prestar assistência, e
mesmo que vago e improvável, poderia casualmente ser útil em seus projetos.
E o que
dizer sobre a organização global da ordem maçônica, uma moda entre a
aristocracia francesa?
Com esta
finalidade e uma meta em vista, carregando o crédito de inventar todos os tipos
de graus maçônicos, mas sem comprovação alguma de que tenha realmente feito
algo semelhante, em 21 de Março de 1737, Ramsay escreveu um discurso maçônico
que tem um charme inegável, mas comprovadamente irreal, apresentado em uma loja
maçônica ou na Grande Loja, em Paris, onde diferentes graus foram mencionados.
Em qualquer
um dos casos, seus esquemas não deram em nada e a casa Hanover permaneceu firme
no trono e tanto quanto sabemos, a Maçonaria continuou como de costume.
De acordo
com alguns pesquisadores, o discurso não foi lido em qualquer loja. Também não
é verdade que Ramsay escreveu um discurso, tudo o que sabemos, é que ele disse
ter feito. Dessa fraca fonte, provém todas as teorias de Ramsay, como uma
espécie de arco conspirador, que trouxe todos os tipos de inovações para a
Maçonaria.
Os textos do Rev. Dr. Oliver não são confiáveis
Hugham, no
livro “Origin of the English Rite” (1909), em Origem do Real Arco Inglês,
nos diz:
“O Dr.
Oliver afirma que o Cavaleiro Ramsay visitou Londres nos primeiros dias do
período em questão, a fim de introduzir um novo grau na Maçonaria Inglesa, e
que seus esquemas foram rejeitados pela Grande Loja Constituinte (primeira
Grande Loja), não é provável que ele iria deixá-lo para os cismáticos
(Antigos)…. Ramsay teria se dedicado a criar um grau Inglês”.
Discordo
completamente com tais declarações, por muitas e suficientes razões. Não há
evidência alguma de que as invenções de Ramsay foram rejeitadas tanto pela
Grande Loja da Inglaterra, quanto pelos seus rivais (os Antigos) ou qualquer
outro organismo maçônico da Grã-Bretanha e Irlanda. A Grande Loja dos Antigos
só apareceu alguns anos após a morte de Ramsay. Aparentemente, Ramsay visitou
alguma parte da Inglaterra ou da Irlanda por volta do ano 1740, mas não foi por
motivos maçônicos e sim políticos, mas por falta de informação, só podemos
especular.
Rev. Dr.
Oliver era uma pessoa muito querida e um grande escritor. Como um dos pilares
da Igreja da Inglaterra realmente deveria ter sido mais cuidadoso em suas
declarações sem provas. Eu acho que, como Sidney Smith disse: Um pregador no
púlpito “estava três pés acima da contradição”. E assim o doutor com frequência
se contradizia, ficando assim, claro que não podemos dar muito crédito, à
medida que nem ele acreditava em suas próprias afirmações.
Outras opiniões
Robert Freke Gould:
Gould em
“History of Freemasonry” tenta provar que o grau do Real Arco teve sua estreia
nos graus “escoceses” que surgiam em todas as partes da França na década de
1740.
Naquela
época, a França estava cheia de Ingleses e Escoceses, partidários da causa
Stuart, que cruzaram o canal para conspirar em favor dos Stuarts. A maioria
eram ou se converteram ao catolicismo romano e é duvidoso que tenham se unidos
à ordem maçônica. Gould tenta, mas não prova nada.
Joseph Gabriel Findel:
Findel em “History
of Freemasonry” afirma que:
“O grau do
Real Arco consiste essencialmente de elementos decididamente de origem
francesa, mas recebeu uma forma diferente em sua chegada a Inglaterra,
agregando altos graus que eram florescentes no continente”.
Mais uma vez
encontramos uma declaração sem a menor tentativa de prová-la. O que gostaríamos
é de ter sinais para atestar essas afirmações, mas se são meramente hipóteses,
seria melhor deixar tudo como está.
Georg Franz Burkhard Kloss:
Kloss, no
entanto, tem algo melhor para nós, uma data definida, conforme escreveu em
“History of Freemasonry in England, Ireland and Scotland” (1848).
Ele diz que
a Maçonaria do Real Arco foi introduzida na Inglaterra em 1774 e, em seguida,
afirma que os britânicos encontraram o grau durante a Guerra da Sucessão
Austríaca entre 1741 e 1742.
Então,
felizmente, temos algo mais definido. Sabemos dos movimentos de tropas
britânicas durante a campanha inconclusiva em que Frederico o Grande conseguiu
o que queria, e o resto, incluindo a Inglaterra, só aumentou a dívida nacional.
Cerca de
16.000 soldados britânicos estavam estacionados na Holanda, mas não realmente
comprometidos com as forças de Maria Teresa da Áustria. Não podemos dizer que
nenhum Inglês esteve na Áustria durante esse período, mas a história nos diz
que é improvável. Em todo caso, se essas pessoas tiveram acesso ao grau em 1741
ou 1742, por que esperar até 1774 para introduzir o grau na Inglaterra? Se
sabemos que o Real Arco era praticado na Inglaterra antes desta data. As datas
certamente não batem.
Assim
podemos observar, que diversos e importantes escritores maçônicos, atribuem a
invenção do grau a fontes estrangeiras, de preferência francesas.
Os fatos comprovados da maçonaria do Real Arco
Agora vamos
deixar o fascinante reino das suposições, as hipóteses estranhas e
extravagantes, sem um pingo de evidência e ver o que podemos realmente atestar.
William
James Hughan, um escritor cujas declarações sempre foram apoiadas por provas
documentais, nos diz:
“É provável
que a Maçonaria do Real Arco foi a primeira cerimônia associada aos graus do
Craft, mas antes de haver atas de reuniões, o Real Arco já tinha registros de
graus extras, mas as referências anteriores a 1743-4, a coloca um uma posição de
ser uma das mais antigas cerimônias adicionais” (Origin of the English Rite of
Freemasonry)
A data de
aparição do Real Arco pode então nos levar aos anos de 1740, embora tenha sido
trabalhado antes dessa data, mas a prova documental de que era bem conhecido
após essa data, está cada vez mais estabelecida, à medida que registros antigos
vem à tona.
A primeira
menção do grau na literatura contemporânea é a obra intitulada “A Serious and
Inpartial Enquiry to the Cause of the presente Decay of Free-Masonry in the
Kingdom of Ireland”, escrito por Fifield Dassigny, Dublin, 1744. (A
investigação séria e imparcial sobre as causas do declínio da Maçonaria no
reino da Irlanda).
Este livro
havia desaparecido, até que H. Hugham descobriu uma cópia em 1867, que agora está
preservada na Biblioteca da Grande Loja de Iowa, EUA. Posteriormente, foi
descoberta uma outra cópia na Biblioteca de West Yorkshire. Em seu trabalho,
Dassigny refere-se especificamente ao grau do Real Arco, uma vez que estava
sendo trabalhado em várias cidades.
Registros dos Estados Unidos da América
Do ponto de
vista da continuidade do trabalho, nossos irmãos americanos podem, com justiça,
serem parabenizados, pois no Capítulo Jerusalém Nº3, da cidade da Filadélfia,
tem trabalhado o grau sem interrupção desde 1758 até hoje, verdadeiramente uma
posição privilegiada!
A primeira
ata que registra uma cerimônia do Real Arco, está localizado nos EUA, onde uma
loja de Fredericksburg, Virgínia, em 22 de dezembro de 1753, consta que “vários
irmãos foram elevados ao grau de Maçom RA” (elevado a grau de Maçom do Real
Arco).
Os “Antigos”, defensores da maçonaria do Real Arco
O
protagonista do Real Arco foi Lawrence Dermott, que não perdia a oportunidade
de proclamar que o grau era parte essencial e necessária da maçonaria.
Dermott
tinha sido lançado na Irlanda em 1740 e tornou-se Mestre na Loja nº26, de
Dublin, em 1746, e no mesmo ano foi feito Maçom do Real Arco. Em 1748 ele se
mudou para Londres e em 1752 foi o Grande Secretário da Grande Loja “Atholl”
dos maçons conhecidos como “Antigos”. Sua capacidade de trabalho era
simplesmente incrível, no início de sua carreira, como pintor, ele trabalhava
até 12 horas por dia. No final de sua jornada trabalhava como Grande
Secretário. Ele escreveu inúmeras cartas e sempre discutindo com alguém, seja
de sua própria Grande Loja ou da rival. Se a combatividade é uma característica
dos Irlandeses, então Dermott tinha uma atribuição dupla de tal propriedade. As
correspondências eram mais ásperas do que amigáveis e podemos dizer que geralmente
usava mais “o punho de ferro do que a luva de seda”. O seu poderoso esforço era
em função do rápido avanço, do que chamou de “a raiz, o coração e a medula da
Maçonaria”. Morreu em 1791, não viveu para ver os frutos de sua esperança mais
secreta, mas antes de sua morte era óbvio que suas idéias tinham ganhado um
crescente espaço e era apenas questão de poucos anos para prevalecer.
Mas desde quando o Real Arco fazia parte dos trabalhos dos Antigos?
Surpreendentemente,
a primeira menção do Real Arco como um quarto grau, não aparece nos Registros
de John Morgan, primeiro Grande Secretário eleito pela Grande Loja dos Antigos
(1751) ou qualquer outro documento referente aos antigos, até a publicação das
leis e regulamentos de 1794.
O primeiro
registro de Morgan, data de 17 de julho de 1751 e inclui 16 regras e
regulamentos que seriam praticados pelos Antigos. Duas regras adicionais foram
adicionadas por Lawrence Dermott em 6 de Abril e 1 de Julho de 1752,
respectivamente.
Não há
nenhuma palavra que se refira ao Real Arco nos documentos mais importantes dos
antigos. Os demais graus, de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom e a cerimônia
de Instalação, são descritos em detalhes.
As atas das
Antigos iniciam em fevereiro de 1752, e o Real Arco aparece pela primeira vez
na segunda ata de 4 de março de 1752, e se refere a um processo contra um certo
Thomas Phealon e John Macky, que aparentemente iniciaram muitas pessoas por
mera consideração de uma perna de cordeiro para o jantar.
Eles ficaram
conhecidos como “Os maçons da perna de cordeiro”.
As atas,
escritas pelo próprio Dermott, afirmam que Dermott tinha falado com Macky e
descobriu que, ele conferia o grau do Real Arco sem nenhum conhecimento do
grau.
A primeira
edição do Ahiman Rezon, o Livro das Constituições dos Antigos, apareceu em
1756. Essa é a fonte usada pela maioria dos pesquisadores, para interpretar a
atitude de Dermott sobre a primeira Grande Loja.
Existe uma
frase que está estreitamente relacionada com Dermott e os Antigos com a
Maçonaria do Real Arco, e é escrito por ele:
“Tendo
inserido esta oração e dito que parte da Maçonaria é comumente chamado Real
Arco (do qual eu acredito firmemente, ser a raiz, o coração e a essência da
Maçonaria) …”
O conteúdo
entre aspas, é quase uma referência à importância atribuída a esse grau
adicional. As páginas que seguem são de pouca importância, em relação ao Real
Arco.
A implicação
de tudo isso é, como mencionado anteriormente, que Dermott estava ansioso para
preservar o Real Arco como uma “arma” contra os modernos. Ele estava convencido
de que o Real Arco deveria ser preservado como um elemento importante da
tradição maçônica dos antigos, mas estranhamente, não mencionou isso quando a
ocasião surgiu, ou seja, quando escreveu as suas constituições (Ahiman Rezon).
O único
outro aspecto notável em várias edições do Ahiman Rezon são esforços contínuos
de Dermott, para associar os Antigos com a maçonaria de York, dando a sua
Grande Loja uma aparência de antiguidade.
Em abril
1760, é publicada uma divulgação intitulada “As três batidas distintas ou a
porta da mais antiga Franco-Maçonaria”. A introdução é extensa e detalhada,
implicitamente declara que o ritual descrito é praticado pelas lojas
pertencentes a Grande Loja dos Antigos. Não há nenhuma menção ao Real Arco. Por
que não?
Essa é a
omissão mais notável no desenvolvimento histórico da Grande Loja dos Antigos
naqueles primeiros dias. A única explicação para a omissão do Real Arco na
divulgação detalhada dos três graus e da cerimônia de instalação, tal como
praticada pelos antigos, é que o autor não tinha conhecimento da existência
desse grau.
Essa é a
única explicação viável para o que seria uma extraordinária omissão e isso
mostra que nove anos após a formação, o grau ainda não era funcional nas lojas
“antigas”.
Como já foi
dito, Dermott associava os “Antigos” com a maçonaria de York. Por exemplo, as
linhas iniciais de todas as suas cartas patente, desde 1752, afirmavam que sua
autoridade emanava da Sua Alteza Real, o Príncipe Edwin, no ano de 924 e em
York. Esta associação errônea com York pode ser confundida com eventos reais
que aconteceram em York e não tinham nenhuma conexão com os Antigos, nem as
atividades desta Grande Loja.
Em uma
reunião em Sign of the Punch Bowl em Stonegate (uma taberna) de York em 7 de
fevereiro de 1762, os quatro fundadores da loja, “pediram” para ser elevados ao
quarto grau da Maçonaria, denominada Mui Sublime Real Arco.
A equívoca
associação entre os Antigos e a Grande Loja de York, pode bem provocar que se
atribuam os eventos ocorridos em York em 1762, aos antigos, muito mais cedo do
que a data real. Mas foi 32 anos mais tarde, em 1794, que os antigos começaram
a se referir ao Real Arco como um quarto grau.
Ele sempre
afirmou que o Real Arco era praticado nas lojas sob a jurisdição da Grande Loja
dos Antigos, sob a sua autoridade, mas não foi encontrada nenhuma explicação
satisfatória para a origem de tal autoridade.
Seria de se
esperar que a autoridade para praticar graus além daqueles do Ofício, apareceu
nas Cartas Patente emitidas para as lojas. O texto destas patentes, desde o
início, começa com uma declaração da suposta autoridade garantida aos Antigos,
pelo Príncipe Edwin de York, no ano 924. Ele continua com a afirmação implícita
de que a autoridade foi dada para “Admitir e fazer Maçons de acordo com o
costume antigo e honrado da Arte real”.
Não há
nenhuma indicação de autoridade, a mais do que para os três graus e a cerimônia
de instalação. O Real Arco não aparece como praticado, nas duas primeiras
décadas de existência da Grande Loja dos Antigos.
A explicação
para essa autoridade sobre as lojas subordinadas emana da influência que a
Irlanda tinha sobre os Antigos. As patentes usadas em todas as lojas
irlandesas, declaram que a autoridade de todas as lojas sob a Constituição
Irlandesa, garante a cada loja, fazer leis e regulamentos que considere
adequadas para o seu funcionamento.
O resultado
é que as lojas irlandesas podem conferir qualquer grau com a autoridade de sua
patente, podendo criar os regulamentos necessários a loja.
A estreita
associação dos antigos com a Grande Loja da Irlanda pode deixar o pressuposto
de que os direitos implícitos semelhantes, poderiam ter sido dados às lojas sob
a jurisdição da Grande Loja dos Antigos.
É dito que
os Antigos adotaram o Real Arco desde o início da Grande Loja em 1751. Mas não
há evidências para comprovar isso. Os dados disponíveis indicam que o grau não
foi levado a sério pelos Antigos, até pelo menos 1766 e provavelmente até
dezembro de 1771.
Durante o
período transitório, enquanto o Real Arco foi conservado com fervor e tratado
quase exclusivamente por Laurence Dermott, ele encontrou no Real Arco uma
excelente ferramenta para usar contra os Modernos.
Os “Modernos” e a maçonaria do Real Arco
Foi com
grande dificuldade que a Grande Loja dos “Modernos” deu importância a
existência do grau do Real Arco, pois o grau, na época, estava sendo
extensivamente trabalhado por maçons “regulares”, desafiando a proibição de
suas autoridades.
Na
Inglaterra, sucessivos Grandes Secretários tentavam colocar panos frios no grau
e de tempos em tempos, emitiam uma norma como “Nossa sociedade não é arco, nem
Real Arco e nem Antiga”. O curso inexorável dos acontecimentos, no entanto,
causou uma mudança nessa atitude que levou à aceitação do grau nos artigos de
união entre as duas Grandes Lojas da Maçonaria da Inglaterra, proposto em 25 de
novembro de 1813 e ratificado em 1 de dezembro daquele ano:
Cláusula dois desses artigos
“Se declara
e pronuncia que a pura e antiga Maçonaria, consiste em três graus e não mais,
ou seja, Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo a Suprema Ordem do Santo
Arco Real. Este artigo não tenta evitar que qualquer loja ou capítulo, possa
realizar reuniões em qualquer um dos graus das Ordens de Cavalaria, de acordo
com as Constituições dessas ordens. ”
Assim foi
conseguido para a Suprema Ordem do Santo Arco Real, essa aliança com o Ofício,
que Dermott passara a maior parte de sua vida tentando proteger.
Conclusão
Com o ato de
união de 1813, ocorre a fusão da Grande Loja dos Antigos e dos Modernos, dando
nome a atual Grande Loja Unida da Inglaterra, que para atender as aspirações
dos irmãos de ambos os “lados”, criou uma loja de reconciliação, afim de
desenvolver um ritual refletindo estas duas correntes. As lojas que antes
trabalhavam nos três graus (aprendiz, companheiro e mestre), passaram a também
conceder o grau do Sagrado Arco Real, dito Inglês.
A Ordem do
Real Arco, composta por quatro graus, seguindo o praticado na Irlanda, tomou
força nos EUA e atualmente temos a oportunidade de trabalhar eles no Brasil,
com administração pelo Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do
Brasil, seguindo a estrutura americana, como parte dos altos graus do Rito de
York Americano. Seus rituais datam de 1797, sendo então, anteriores aos
primeiros rituais utilizados pelos Ingleses nas lojas simbólicas, em 1834, para
concessão do grau lateral do Arco Real. Assim, a Ordem do Real Arco reivindica
uma prática mais antiga do que a utilizada pelos ingleses.
Bibliografia:
Ahiman Rezon
– A constituição dos Maçons Antigos de Laurence Dermott – Traduzida e comentada
por Kennyo Ismail
The Builder Magazine – Maio de 1925
The Complex Origins of the Royal Arch –
Yasha Beresiner.
Royal Arch Masonry Prior to the Union of 1813
– John Stokes
History of Freemasonry – Robert Freke Gould
History of Freemasonry – Joseph Gabriel
Findel
History of Freemasonry in England, Ireland
and Scotland – Georg Franz Burkhard Kloss
Origin of the English Rite of Freemasonry –
William James Hughan
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