Editorial: A palavra do Grão-Mestre
21 de agosto de 2017
A esperança viva nos olhos. Este sentimento fortalece interiormente em mim quando do meu agradável encontro com nossos jovens Aprendizes.
Vejo neles depositados um forte desejo de conhecimento e uma ardente expectativa de que a Maçonaria seja o complemento do seu aprendizado adquirido com várias experiências ao longo de sua vida. Na brancura de seus aventais, eles trazem consigo o mais puro sentimento da Ordem e depositam no padrinho que lhes indicou a fiel confiança do passo certo na direção de sua evolução.
Esse processo de aprendizado é lento e necessita de paciência para assim ser compreendido. Não se deve tomar por exemplo os que falam de seu currículo maçônico como forma de status ou privilégio sobre os demais.
Ao ser apresentado a um recém-iniciado, já me deparei com a seguinte colocação infeliz: “Este é o Grão-Mestre, procure se esforçar, estude, que um dia você poderá ser ele”. Essa observação, mesmo que dita impensadamente é exagerada, pois se conflita com nossa identidade. Não nos reunimos para traçar um plano de carreira, mas sim, um plano de evolução espiritual.
Essa ambição maçônica por cargos e graus que alguns professam não pode ser tomada como norte para o progresso evolutivo na Ordem, pois tira o foco de nossa mais pura essência: os estudos e as práticas ritualísticas que vão solidificar a nossa vida na Maçonaria. Esses, sim, forjarão um Mestre em conduzir o próximo no caminho da perfeição, sem se deixar levar pelas tolas vaidades. É preciso conhecer, pois não se pode ensinar sem antes aprender e estar capacitado.
Tenho o hábito de observar nossas alegorias e suas mais variadas interpretações, mantendo sempre à vista a Bíblia Sagrada, o Código de Justiça Maçônica e Regulamento Geral, os Landmarks e um Avental de Aprendiz, elementos que me ajudam a repensar certas decisões em que cabe um discernimento mais apurado.
A Bíblia Sagrada me faz recordar sempre o juramento prestado à Ordem. Indica a minha crença neste Grande Arquiteto do Universo que a tudo traçou e a quem elevo meus pensamentos, renovando minhas forças e fortalecendo meu coração. O Código de Justiça Maçônica e Regulamento Geral reforça a certeza de que a Lei e a Ordem devem ser preservadas e aplicadas aos que se desviam, não contemporizando cargos e graus. Os Landmarks a mais autêntica das Leis que nos regem, reafirmam o dever de preservação e respeito. E, por último, mas não menos importante, o avental branco do Aprendiz, que nos iguala e nos faz observar sempre que temos que evoluir, que este é o início, o meio e o fim, sem distinção ou honraria que a trajetória maçônica possa nos trazer.
Construir uma vida maçônica fazendo sentir toda a sua energia, sua espiritualidade, requer muita renúncia e firme vontade em desbastar nossa imperfeição. Ser maçom não é apenas um rótulo, um distintivo, mas sim, um estado de alma destinado aos escolhidos, aos de bons princípios, aos de aventais brancos e imaculados.
Por mais alto e destacado que seja o cargo, por mais medalhas e honrarias que se possa ter conquistado, por mais tempo de Ordem que se tenha vivenciado ou por mais elevado o Grau alcançado, o verdadeiro maçom sempre se colocara como um Aprendiz diante da Maçonaria, mantendo constantes o processo de aprendizado e a transferência de conhecimento.
É assim que a Ordem se renova e mantém vivos os seus ideais e princípios de Igualdade, promovendo o progresso do ser humano.
Fraternalmente,
Ronaldo Fernandes
Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo
Editorial publicado originalmente na Revista Maçônica A Verdade – ANO LXIV – Nº 520 – Maio / Junho de 2017
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