Egrégora
Maçônica - Fenômeno da Força Incógnita
Com a vontade pura e a retidão de
propósitos deverá estar o Iniciado Maçom revestido ao ingressar junto à soleira
do Templo para início de mais uma jornada de trabalho. Esotericamente o fará
sempre com o lado esquerdo ligeiramente avançado para que os caminhos do
magnetismo destrocêntrico possam se manifestar com maior amplitude já logo de
sua chegada para o convívio inicial com seus irmãos que o aguardam.
A primeira limpeza espiritual começa
a ser desencadeada nesta hora, quando não por vontade própria, mas por dever
anímico, o maçom deverá entrar em um processo de “escaneamento das impurezas
profanas”, senão extirpando, pelo menos lutando para cauterizar de seu âmago as
amarguras da vida externa.
É nessa hora que o primeiro passo de
um fenômeno que adiante será descrito começa a se apontar. Daí temos a
importância do sentido de introspecção de que o maçom deve estar imbuído, pois
o elo de ligação que nos une como se verdadeiros irmãos fôssemos, começará
dentro da mística maçônica a se formar. Os comportamentos profanos nesta hora
hão de se cessar para dar lugar senão ao respeito a cerimônia que se inicia ao
menos em respeito a ética maçônica de que todos indistintamente devem observar.
Esotericamente antes dos Ir:.
adentrarem ao templo, com um único golpe mântrico do bastão no chão mosaico o
Augusto Irmão Mestre de Cerimônias ordena que os espíritos se elevem, pois os
trabalhos logo se iniciarão. Esotericamente com esse golpe mântrico o som de
propaga e atinge o cérebro, já intimamente ligado ao significado egregoral que,
- disciplina e ordena a mente - a aug:. sessão irá começar, o sinal foi dado.
Mas é na abertura da loja, com a
leitura do salmo 133 do Livro Sagrado Bíblia pelo Irmão Orador que o fenômeno
da EGRÉGORA toma força. É quando o salmo 133 acena com a agradabilidade da
convivência em união fraterna, e a compara com “o óleo precioso sobre a cabeça
o qual desce para a barba, a barba de Aarão... é como o orvalho do Hermon que
desce sobre os montes de Sião...ali ordena o Senhor sua benção e a vida para
sempre...” o que quer traduzir que o amor fraterno é comparado ao óleo santo de
consagração e ao orvalho que umedece Jerusalém dando vida à natureza.
Assim deve ser a convivência
fraternal, a tudo que permeia e umedece como a fina borrasca de um final de madrugada.
No preciso momento da abertura do
livro sagrado e no curso da leitura de uma passagem do Livro da Lei conforme o
grau em que se abre a loja, inicia-se a formação da EGRÉGORA, assunto objeto
desta modesta peça que começa a ser detalhado cujo campo maçônico se interlaça
com o da espiritualidade.
Para se crer e entender o significado
da EGRÉGORA impõe-se primeiramente acreditar na existência do espírito. Neste
sentido a Constituição de Anderson em seu Landmark (1) de número 20 exige do
maçom uma crença na vida futura. E para não incorrer em erro substancial neste
assunto de tamanha profundidade por este neófito “que não sabe ler nem
escrever” e está longe de dominar, mas podemos ficar com a lição de Aristóteles
(Estagira – Grécia 384 AC) e sua sabedoria grandiosa que distingue a alma do
espírito: “A alma é o que move o corpo e percebe os objetos sensíveis;
caracteriza-se pela auto nutrição, sensibilidade, pensamento e mobilidade; mas
o espírito tem função mais elevada do pensamento que não tem relação com o
corpo, nem com os sentidos”.
Para este discípulo de Platão, em sua
inteligência universal, o Mundo surgiu de um Primeiro Motor - DEUS – IOD –
(TETRAGRAMATON – nome sagrado e impronunciável do Senhor ). È ao mesmo tempo
Potência e Ato. A primeira engrenagem do Universo.
Sob outro enfoque podemos dizer que o
espírito apesar de não se constituir de matéria bruta é formado da união de um
corpo físico, de um corpo mental (vital) e de um corpo astral (períspirito).
Deste amálgama que ligado pela saliva divina surge o Homem. O Homem é espírito
em movimento.
Mas é de uma zona física,
períspiritica física, extracorpórea, que tangencia a cútis, é que partirá uma
quantidade de energia, tênue e quase imperceptível, como um fio de névoa, para
alguns até um estado quase que plasmático, como um rastro sutil de fumaça,
formando um corpo protetor, livre de sua origem dos conceitos físicos de
tempo-espaço.
Não emulado pela fé ou religião, mas
força atômica, material e tangível. Um campo de força material. À saída destes
corpos, sempre quando em assembleia reunida e neste caso, em Loja, dá-se o nome
de EGRÉGORA.
Quanto à referência à doutrina,
pode-se colher no ensinamento de J. Boucher a seguinte lição. “Chama-se
egrégora uma entidade, um ser coletivo originado por uma assembleia, cada Loja
possui a sua egrégora, cada obediência possui a sua, e a reunião de todas essas
egrégoras forma a grande EGRÉGORA MAÇÔNICA”.
Rizzardo Da Camino em seu Grande
Dicionário Maçônico ensina que Egrégora deriva do grego `egregorien` com o significado
de velar ou vigiar. No Livro de Enoch está escrito que os anjos que haviam
jurado velar sobre o Monte Hermon teriam se apaixonado pelas filhas dos homens,
ligaram-se a elas.....que será tema de um próximo trabalho deste humilde ir:.
Papus, em seu magnífico “Tratado
Elementar da Ciência Oculta” introduz a noção de que as egrégoras seriam
imagens astrais geradas por uma coletividade.
Serge Marcotoune, iminente mestre do
Martinismo russo, constata que a energia nervosa se manifesta por raios no plano
astral. O plano astral estaria cheio de miríades de centelhas, flechas de cores
das ideias-força. “Cada pensamento, cada ação a que se mistura um elemento
passional de desejo, se transmite em ideia movimento dinâmica, completamente
separada do ser que a forma e a envia, mas seguindo sempre a direção dada.
Essas ideias seguem sua curva traçada
pelo desejo do remetente”. É por isso que precisamos controlar nossos desejos a
fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura
cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram seu ser,
permitindo emitir ideias sadias e tranquilizantes para que no plano astral, os
espíritos guias canalizem as ideias força para zonas determinadas.
Em A Chave da Magia Negra, Stanilas
de Guaita afirma que no plano astral as coisas semelhantes aglutinam-se para
criar um coletivo, graças às suas vibrações idênticas. “A egrégora, ser astral,
possui seu eixo nesse plano e busca um ponto de apoio terrestre para se
assegurar de formas estáveis”.
O maçom pode assim se aproximar dos
seres superiores e elevados através somente do seu livre-arbítrio. No astral
nascerão os germes das grandes associações, das grandes amizades, das grandes
proteções.
Mas como as egrégoras estão em
constante modificação, por força das variações das ideias força, não possuem um
ponto de apoio.
Por isso a necessidade da
concentração sem esforço durante a ritualística, para que essa egrégora possa
permanecer o maior tempo possível ativa, constante e homogênea.
Emanuel Swedenborg diz que viajaremos
em grupos unidos, sendo ensinados pelos diversos grupos de anjos que formam
sociedades a parte agrupadas em um grande corpo por que segundo ele “o céu é um
grande homem”.
O mestre Yeshuah(2), citado pelo
apóstolo Mateus, disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estarei entre eles”.
G. Descomier ( Phaneg ) representante
do Martinismo(3) Francês, escreveu que “todo coletivo constitui na verdade uma
família no plano espiritual. Por isso jamais se deve responder ao ódio com o
ódio, porque então as duas egrégoras formariam uma aliança estreita para o mal.
Egrégora é uma forma pensamento que é
criada por pensamentos e sentimentos, que adquire vida e que é alimentada pelas
mentalizações e energias psíquicas. É uma entidade autônoma que se forma pela
persistência e intensidade de correntes emocionais e mentais. Pensamentos e
sentimentos fracos criam egrégoras mal definidas e de pouca vida ou duração,
porém pensamentos e sentimentos fortes criam egrégoras poderosíssimas e de longa
duração.
Existem egrégoras positivas que
protegem, atraem boas energias e afastam cargas negativas, e egrégoras
negativas que fortalecem o mal, canalizam forças negativas e repelem forças
positivas.
Locais sagrados como as localidades
de Aparecida do Norte (Brasil), Lourdes (França) e Fátima (Portugal), têm
egrégoras poderosíssimas, formadas pela fé e mentalizações dos devotos, que
acumulam as energias psíquicas dos fiéis, e quando alguém consegue canalizar
para si as energias psíquicas acumuladas na egrégora provoca o conhecido
“milagre”. Esta é a explicação oculta da realização de grande parte dos
milagres que acontecem. Os locais possuem egrégoras formadas pelas energias
psíquicas de seus frequentadores que as canalizam em seu benefício através da
fé.
A origem do termo EGRÉGORA é a mesma
de "gregário", do latim gregariu: o que faz parte da grei, ou seja,
rebanho, congregação, sociedade, conjunto de pessoas. No plano da
espiritualidade usa-se o nome egrégora para designar um grupo vibracional, um
campo de energia sutil em que se congregam forças, pensamentos ou vibrações com
um determinado objetivo.
A egrégora pessoal é formada pelas
energias psíquicas da pessoa e principalmente pelos seus pensamentos. Assim,
uma pessoa psiquicamente equilibrada e com pensamentos positivos, cria uma
egrégora positiva. Do mesmo modo, uma pessoa desequilibrada emocionalmente e
negativa cria uma egrégora negativa. Porque a egrégora é como um filho coletivo
que se realimenta das mesmas emoções que a criaram.
O maçom correto deve ter plena
convicção de que as suas aspirações e desejos de bem, ainda que em pensamentos,
nenhuma se perde. Nossa vida deve produzir idéias força poderosas. Esse é o
segredo da prece dos ditos “fracos”.
A maçonaria aceita a presença da
Egrégora em suas sessões litúrgicas. A egrégora é uma “entidade” momentânea que
subsiste enquanto o grupo está reunido. Para que ela surja é necessária a
preparação ambiental, formada pelo som, pelo perfume do incenso e pelas
vibrações dos presentes.
Estas vibrações devem ser puras. O
maçom deve eliminar, ainda no átrio, todos os pensamentos inapropriados para o
culto maçônico. A ritualística e a liturgia(4), preparam o surgimento da
egrégora, no exato momento em que o Irmão Orador termina a leitura em voz alta,
do trecho do livro sagrado, a egrégora forma-se brotando do altar como tênue
fio espiritual para adquirir corpo etéreo com as características humanas. Os
mais sensitivos percebem esta entidade, ela se mantém silenciosa mas atua de
imediato, em cada maçom presente, dando-lhe a assistência espiritual de que
necessita, manipulando as permutas de maçom para maçom, construindo assim a
Fraternidade(5). Para cada loja forma-se uma egrégora específica.
Os céticos não aceitam esta entidade,
porém os estudos aprofundados revelarão a possibilidade de seu surgimento.
Porém, esta entidade não deve ser motivo de adoração pois é uma entidade
formada pela força mental e pelas vibrações do conjunto. A egrégora é a
materialização da força do maço enquanto em loja.
CONCLUSÕES
A egrégora pode ser associada à
consciência de grupo, mas ela é, ao mesmo tempo, algo mais do que isso.
Aprendemos que quando dois ou mais se reúnem em um
esforço conjunto, é criado algo maior que a soma de seus
esforços pessoais. Daí podemos comparar essa ideia à ideia de que o TODO é
maior do que as partes que o compõem. Também não devemos nos esquecer que a
egrégora de nossa Ordem inclui todos os maçons vivos e também aqueles que
passaram pela transição e hoje vivem no Oriente Eterno. A egrégora é portanto o
resultado de nosso pensamento criativo nos planos exotérico e esotérico do
pensamento.
A egrégora surge em loja a partir do esforço e da meditação de cada irmão. É um ser diáfano(6), que apesar de compacto deixa transparecer a luz que mesmo emana e absorve. Ela atua equilibrando as desigualdades emocionais e espirituais dos IIr:. em loja. Grande é sua atuação na CADEIA DE UNIÃO. E somente em Loja existe e existe oriunda da formação assemblear, onde todos nós irmãos, somos condôminos deste fenômeno.
Representa na sua forma mais sublime
a expressão “ESTAR A COBERTO”. Mais do que um manto protetor(7) configura para
o maçom a materialização de sua fraternidade quando um pouco de si é ofertado,
por um mecanismo sobrenatural e divino ao Irmão necessitado. Para tanto
impõem-se as posturas mentais, espirituais e corpóreas mencionadas, não somente
como um exercício de Virtudes Teologais (8) ( Fé, Esperança e Caridade) e
Cardiais (9) ( Prudência, Temperança, Justiça e Coragem ), mas como também na
visão Aristotélica de perfilar pelo caminho do justo meio o bem absoluto e
teleológico do ser humano: a felicidade; que para nós pode ser simbolizada pelo
alcançar do cume da ESCADA DE JACÓ, para que possamos um dia gozar com firme fé
da glória do Grande Arquiteto Do Universo e ao seu lado tomarmos assento, para
que possamos descobrir em cada Irmão nossos dons espirituais mais acanhados e
possamos sempre nos orgulhar dos verdadeiros motivos que nos levam a estar em
fraternidade, na esteira do pensamento do filósofo Immanuel Kant(10), em seu
imperativo categórico “age de tal modo que a máxima de tua ação possa ser
elevada, por sua vontade, à categoria de lei, e de lei de universal
observância”. Tudo isso para que possamos sempre contribuir para o crescimento
espiritual de nossa loja, alijando o comportamento profano que obscurece a
formação da egrégora.
Oportuna ainda a citação das palavras
do maçom emérito Rizzardo da Camino em sua obra “O aprendiz maçom”, atinente ao
assunto posto em pauta e que diz respeito também a ética maçônica:
“ Aqueles que ´nada veem`, que
´nada sentem` e que atuam “mecanicamente” que participam da cerimônia porque a
isso foram conclamados pelo Venerável Mestre, devem aceitar o desafio de
participação efetiva e espiritual. Então, só assim, hão de se dar conta que
maçonaria não é um clube social ou recreativo.”
Que a paz profunda a todos invada.
(1) Os landmarks da Maçonaria
são um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha
a unidade maçônica mundial, criado em 1723 por James Anderson.
(2) Yeshua (ישוע) é considerado por muitos ser o nome hebraico ou aramaico de
"Jesus". Este nome é usado principalmente pelos judeus messiânicos -
ou por pesquisadores, historiadores e outras pessoas que creem ser essa a pronúncia original. O nome
"Yeshua" deriva-se de uma raiz hebraica formada por quatro letras – ישוע (Yod, Shin, vav e Ain) - que significa “salvar”, sendo muito
parecido com a palavra hebraica para “salvação” – ישועה, yeshuah – e é considerado também
uma forma reduzida pós-exílio babilônica do nome de Josué em hebraico – יהושע, Yehoshua' – que significa “o Eterno que salva”.
(3) Ordem Esotérica criada por
Papus baseada nos escritos de Saint-Martin que hoje faz parte dos Graus Superiores
da Ordem Rosa- Cruz.
(4)O vocábulo
"Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de
"laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou
trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo
grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um
carácter eminentemente público.
(5) Segundo o apóstolo Pedro
era o tipo de união que identifica os verdadeiros cristãos. - 1Pedro 2:17
(6) em que a luz passa
parcialmente; translúcido.
(7) Verificar passagem bíblica
no II Reis, 2-14, sobre a passagem do manto protetor do profeta Elias.
(8) têm este nome porque são
ordenadas direta e imediatamente para Deus como fim último. Têm Deus como
origem, motivo e objeto
(9) Elas são derivadas inicialmente
do esquema de Platão e foram adaptadas por: Santo Ambrósio, Agostinho de Hipon
e Tomás de Aquino.
(10) Fórmula da Lei Universal.
obs. trabalho concluído com a participação e revisão final do Irmão Márcio Moreira.
Trabalho publicado no site: http://misticismoeesoterismo.blogspot.com.br
Caros
IIr.'.
Pensamento
maçônico internacional, onde diz: - para se unirem basta seguir os rituais
centenários da maçonaria e serem verdadeiros maçons.
A Maçonaria somos nós, e ela somente será grande se nós formos pessoalmente grandes. Não esperamos encontrar na maçonaria o que não encontramos dentro de nós mesmos. Nada poderá ser maior do que a soma da grandeza de seus componentes.
(Extraído do livro: Antologia Maçônica de Ambrósio Peters)
Fonte:
"O GOEAM"
Cultura Maçônica no Amazonas
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