“Um
homem não é grande por aquilo que ele fez e sim por aquilo a que ele
renuncia”!
O
homem veio a este planeta para semear e colher. E todos os bens materiais do
mundo estão colocados à sua disposição. Assim o quis o Grande Arquiteto do
Universo.
Acontece
que na grande maioria dos casos, a busca a esse “status”, e a luta pela
riqueza e o prestígio, acabam afastando o homem de um outro desenvolvimento
tão importante quanto o progresso material: o desenvolvimento espiritual, e,
principalmente, a assumir responsabilidades diante das nobres e altruísticas
missões que nos aguardam em prol do bem comum.
É
importante, pois, que todos nós saibamos encontrar uma fórmula, que nos
permita escapar desse roteiro constituído de trabalho profissional,
preocupação financeira e conquista de espaços nas colunas sociais. O homem
que deseja progredir em relação ao seu desenvolvimento espiritual – e
principalmente o Maçom que deve desbastar a Pedra Bruta – precisa ter em
conta que a bagagem para a Grande Viagem não é a mesma que se leva quando de
roteiros de negócios ou turismo. É preciso que tenhamos isso em mente! Não
apenas em alguns momentos de reflexão, mas em cada minuto do dia. É preciso
que o homem se localize como fiel da balança, sabendo até onde deve ser
conduzido pelos seus desejos mundanos, naturais, de progresso material e até
onde precisa levar sua vida, construindo um destino que, ao final, venha
somar em seu crescimento espiritual.
Vejamos
o que pode nos acontecer num encontro mais ou menos assim:
Ao
fim de um dia estafante, de um dia de rotina, o homem procurou repousar e
rapidamente dormiu. Dormindo, em sonho, ele pressentiu a presença de alguém.
Era um estranho personagem que, dirigindo-se a ele, disse-lhe que se preparasse,
porque a qualquer momento deveria viajar.
-
Arrumai a mala!... – falou o estranho.
Embora
aturdido pela nova situação e mesmo confuso e sem poder raciocinar direito,
como um autômato, o homem começou a juntar tudo que tinha e que poderia
levar com ele. À sua frente, o estranho personagem observava de perto os
gestos do importante homem de negócios. Abriu a mala com um gesto quase
automático, e começou a juntar suas coisas: roupas, livros, troféus, sapatos,
diplomas e tantas coisas. Silente, o estranho apenas observava. E o homem foi
colocando mais coisas na mala: um álbum de fotografias – onde estavam suas
lembranças queridas; retratos de antigas namoradas; cartões de visita do seu
grande círculo de amizades, etc, etc. – Ah! E o talão de cheques! Como
esquecê-lo? Junto com o talão, apanhou seus cartões de crédito, colocando-os
no bolso interno do traje branco, junto aos seus documentos pessoais e
dinheiro vivo, em moeda corrente. Por um instante, levantou os olhos e viu o
estranho que continuava ao seu lado, olhando aquela cena toda. O estranho
sorriu, sacudiu a cabeça e disse:
-
Nesta viagem não precisas de nada disso. O supérfluo deve ficar e contigo
deves conduzir apenas aquilo que é realmente importante. O homem transpareceu
surpresa no olhar e falou:
-
Mas como? Roupas, dinheiro, calçados, documentos, cheques, nada disso é
importante? Não estou entendendo!
-
Verdade – retrucou o estranho – disseste-o muito bem. Nesta viagem que farás
nada disso é importante. E constatando o olhar surpreso do homem, o estranho
continuou falando calma e tranqüilamente. E disse que esta é uma viagem
diferente. Tão diferente que, apesar de nem saber quando seria, o homem já
deveria ir se preparando desde agora. E não poderia levar coisas que não
fossem realmente importantes e necessárias. Sua voz continuava tranqüilamente
a esclarecer:
-
Não precisaras ocultar a nudez do teu corpo. Não precisaras de livros para
ler, pois nada mais poderás aprender nos livros que possuis. Os teus sapatos
não terão qualquer serventia, posto que não andarás mais na terra nem pisarás
mais o chão. Os teus troféus e as tuas medalhas não terão qualquer valor para
onde vais. Nem tampouco diplomas te serão pedidos. As tuas fotografias nada
mais significarão para ti e outras serão tuas lembranças. Deves esquecer
conquistas sem finalidade, e nem todos os cheques de todos os bancos do
universo comprarão sequer um banco rústico onde possas sentar. Para onde tu
vais, o teu dinheiro não vale nada!
-
Mas minhas roupas de alto valor? Meu “smoking”? Meu terno branco de tanto
gosto? – perguntou o homem.
-
Nada disso importa! – Não deves te preocupar com a brancura do teu terno, mas
sim com a alvura da tua alma, a branco pureza que deve vestir o teu
espírito...
Nesta
altura do diálogo, o homem sentiu-se envolver por uma aura de luz dourada que
chegava até eles, sem que se pudesse perceber de onde. Então, sem entender
bem porquê, o homem começou a tirar toda aquelas coisas da mala, que logo
ficou vazia.
-
Para que a mala? – pensou ele, perguntando em seguida – Apesar de teres dito
para arrumar a mala, ei-la vazia, sem razão de ser e sem finalidade. Que
querias dizer quando ordenaste que eu arrumasse a mala?
-
Quando te mandei arrumar a mala, não me entendeste! Eu me referia a que
reuniste tudo de puro e de bom que teus sentimentos abrigam na bagagem do teu
espírito, no recesso do teu coração. Eu pedia que reunisse num somatório,
todos os gestos de amor que praticaste até aqui; toda a palavra de perdão que
proferiste; todo o amor fraterno que ofereceste aos teus Irmãos; toda a fome
que ajudaste a mitigar, a sede que saciaste, o corpo de alguém que
agasalhaste; toda a palavra que proferiste para educar, ensinar, guiar,
esclarecer e proteger. Esta, apenas esta, é a bagagem que deves reunir. Esta
mala que está ao teu lado, não tem qualquer serventia a não ser aqui. A
outra, a mala que te mandei arrumar, é a mala do coração e da mente.
No
faiscar de um instante, num relance, o homem compreendeu que a viagem que
deveria fazer seria para além do mundo material. Galgaria os céus, ou quem
sabe, desceria aos infernos. Subiria á culminância das estrelas, num encontro
fatal com os anjos portadores da balança da Lei e, depois, quem sabe onde
iria parar. No recesso da Casa do Pai ou nas profundezas abismais das trevas
e do medo.
-
Então, a minha viagem é agora – falou. O suor deslizava pela sua testa e se
precipitava no abismo de suas faces. Sua voz estava rouca. A garganta estava
seca. E o homem fez um esforço e disse:
-
Vou morrer?
O
estranho sorriu e respondeu tranquilizando o homem.
-
Não! A tua viagem não é agora. Mas poderá ser no próximo minuto, dentro de
alguns dias, talvez semanas, quem sabe dentro de muitos anos, ainda. Mas ouve
o meu conselho: não deixa para arrumar tua bagagem no minuto anterior à
partida. Não! Deves cuidar dos teus bens (se é que possui algum) agora.
Prepara-te com antecedência. Mesmo porque não poderás saber quando chegará o
momento do céu se abrir e as trombetas dos anjos anunciarem que a tua viagem
está começando. Que não sejas pego de surpresa. Que não viajes despido e sem
nada. Porque se assim o fizeres, certamente terás que retornar para recuperar
o que perdeste e para construir o que não edificaste. E o que é bem pior,
voltarás para trocar teus valores e, então sim, encontrareis o teu tesouro.
Cuida-te, pois! Construir na matéria a finalidade maior da vida terrena,
esquecendo que acima de tudo isto existe a essência Maior, que conduz à
morada espiritual na Casa do Pai, é um trágico e amargo engano que a maioria
dos homens comete. Pára e medita. Traça um paralelo entre a vida do homem
espiritual em seu manancial de verdadeira Luz e Sabedoria. Se as trombetas
tocassem agora e os anjos chamassem teu nome, terias pronta a bagagem para a
grande viagem?
Valdemar
Sansão
E-mail:
vsansao@uol.com.br Este endereço de
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Fone:
(011) 3857-3402
Bibliografia:
Coletado
no trabalho: “O Estranho” do
Ir\
Tibiriçá Freitas (A TROLHA Mar-Abril/90)
A
Maçonaria existe para servir os homens e para transmitir o facho de
conhecimento coletado e secreto, de uma outra geração de iniciados!
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
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