Maçonaria – Uma História
sem Mistérios
Detalhes
Escrito por A Jorge
Organizações de ofício, as precursoras
Desde
que o homem deixou as cavernas e as suas vivendas de nómada, sedentarizando-se
e formando uma sociedade estratificada, surgiram os profissionais dedicados à
arte da construção, os quais foram se aperfeiçoando, não só na ereção de casas
de residência, mas, também, na de templos, de obras públicas e obras de arte. Embora
tivessem, esses profissionais, desde os seus primeiros tempos, mantido, entre
si, certa camaradagem e um sentimento de agregação, não havia, na realidade,
uma organização que os reunisse, que regulasse a sua atividade e que lhes
desse um maior sentido de responsabilidade profissional.
Foi
no Império Romano do Ocidente, da Roma conquistadora, que, em função da própria
atividade bélica, surgiu, no século VI a.C., a primeira associação organizada
de construtores, os Collegia Fabrorum. Como a conquista das vastas regiões da
Europa, da Ásia e do norte da África, levava à destruição, os collegiati
acompanhavam as legiões romanas, para reconstruir o que fosse sendo destruído
pela guerra. Dotada de forte carácter religioso, essa organização dava, ao
trabalho, o cunho sagrado de um culto às divindades. De início politeísta,
tornou-se, com a expansão do cristianismo, monoteísta, entrando, porém, em
decadência, após a queda do Império Romano do Ocidente, ocorrida em 476 d.C.,
embora persistissem pequenos grupos da associação no Império Romano do Oriente,
cujo centro era Constantinopla.
Na
Idade Média é que iria florescer, através do grande poder da época, a Igreja, a
hoje chamada Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da
Arte Real entre os mestres construtores da Europa. Assim, a partir do século
VI, as Associações Monásticas, formadas, principalmente, por clérigos,
dominavam o segredo da arte de construir, que ficou restrita aos conventos, já
que, naquela época de barbárie, quando a Europa estava em ruínas, graças às
sucessivas invasões dos bárbaros, e quando as guerras, os roubos e os saques
eram frequentes e até encarados como fatos normais, os artistas e arquitetos
encontraram refúgio seguro nos conventos.
Posteriormente,
pela necessidade de expansão, os frades construtores começaram a preparar e a
adestrar leigos, proporcionando, a partir do século X, a organização das
Confrarias Leigas, que, embora formadas por leigos, recebiam forte influência
do clero, do qual haviam aprendido a arte de construir e o cunho religioso dado
ao trabalho.
É
dessa época aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários
construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho
do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com
as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e
aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da
confraria e que é, geralmente, chamado de Carta de York.
Quase
na mesma época, surgiriam associações simplesmente religiosas, que, a partir do
século XII, formaram corpos profissionais: as Guildas. A elas se deve o primeiro
documento em que é mencionada a palavra "Loja", para designar uma
corporação e o seu local de trabalho. As Guildas e sua contemporânea, a
organização dos Ofícios Francos, foram as principais precursoras da moderna
Maçonaria. O seu nome "Gild", de origem teutónica, deriva do título
dado, na antiga região da Escandinávia, a um ágape religioso, durante o qual,
numa cerimónia especial, eram despejados três copos de chifre (chavelhos),
conforme o uso da época, cheios de cerveja, sendo um em homenagem aos deuses,
outro, pelos antigos heróis, e o último em homenagem aos parentes e em memória
dos amigos mortos; ao final da cerimónia, todos os participantes juravam
defender uns aos outros, como irmãos, socorrendo-se mutuamente nos momentos
difíceis. As Guildas caracterizavam-se por três finalidades principais: auxílio
mútuo, reuniões em banquetes e autuação por reformas políticas e sociais.
Introduzidas na Inglaterra, por reis saxões, elas foram modificadas por
influência do cristianismo, mas, mesmo assim, não eram bem aceitas pela Igreja,
que não via com bons olhos a prática do banquete, por suas origens pagãs, e a
pretensão de reformas políticas e sociais, que pudessem, eventualmente,
contribuir para diminuir os seus privilégios e os privilégios das corporações sob
a sua protecção. Assim, para evitar a hostilidade da Igreja, cada guilda era
organizada sob a égide de um monarca, ou sob o nome de um santo protetor.
No
século XII, associada às guildas, surgia uma organização de operários alemães,
os Steinmetzen, ou seja, canteiros, que, sob a direção de Erwin de Steinbach,
alcançariam notoriedade, quando este conseguiu a aprovação de seus planos para
a construção da catedral de Estrasburgo e deu um aperfeiçoado sentido de
organização aos seus obreiros. Canteiro é o operário que trabalha em cantaria,
que esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta; cantaria (palavra
derivada de canto) designa a pedra lavrada para as construções.
Surgem os ofícios francos, ou franco-maçonaria
No
século XII, também, iria florescer a associação considerada a mais importante
desse período operativo: os Ofícios Francos (ou Franco-Maçonaria), formados por
artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos das obrigações e
impostos reais, feudais e eclesiásticos. Tratava-se, portanto, de uma
organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que
ficavam presos a uma mesma região, a um mesmo feudo, à disposição de seus amos.
Na Idade Média, a palavra franco designava não só o que era livre, em oposição
ao que era servil, mas, também, todos os indivíduos e todos os bens que
escapavam às servidões e aos direitos senhoriais; esses artesãos privilegiados
eram, então, os pedreiros-livres, franco-maçons, para os franceses, ou
free-masons, para os ingleses. Tais obreiros, evidentemente, tinham esses
privilégios concedidos pela Igreja, que era o maior poder político da época,
com grande ascendência sobre os governantes.
A
palavra francesa "maçon", correspondente a pedreiro, converteu-se em
"maison" (casa) e, também, embora só relativamente, em
"masse" (maça, clava). Essa maça, ou clava, habilitava o porteiro a
afastar os indesejáveis intrusos e curiosos. O pesquisador alemão Lessing, um
dos clássicos da literatura alemã, atribui a palavra inglesa
"masonry" (maçonaria) a uma transmissão incorreta. Originalmente, a
ideia teria sido dada pelo velho termo inglês "mase" (missa, reunião
à mesa). Uma tal sociedade de mesa, ou reunião de comensais, de acordo com a alegoria
da Távora Redonda, do rei Artur, poderia, segundo Lessing, ainda ser encontrada
em Londres, no século XVII. Ela se reunia nas proximidades da famosa catedral
de São Paulo e, quando sir Christopher Wren, o construtor da catedral,
tornou-se membro desse círculo, julgou-se que se tratava de uma cabana dos
construtores, que estabelecia uma ligação de mestres construtores e obreiros;
daí, então, ou seja, dessa suposição errada, é que teria se originado o termo
"masonry", para designar a sociedade dos construtores.
Uma
explicação para o termo inglês "freemason" (pedreiro livre) está
ligada ao termo "freestone", que é a pedra de cantaria, ou seja, a
pedra própria para ser esquadrejada, para que nela sejam feitos cantos, que a
transformem numa pedra cúbica, a ser usada nas construções. As expressões
"freestone mason" e "freestone masonry", daí surgidas,
acabaram sendo simplificadas para "freemason" (o obreiro) e
"freemasonry" (a actividade). Esta é uma hipótese mais plausível do
que a de Lessing, que só considerou o caso particular da Inglaterra, quando se
sabe que não foi só aí que existiu uma íntima ligação com o trabalho dos
artífices da construção.
Nessa
fase primitiva, porém, antes de, propriamente, se ter iniciado a formação de
Lojas, quase que não se pode falar em Maçonaria no sentido que ela adquiriu na
fase moderna, pois, sobretudo, naquele tempo não podia ser considerada como uma
sociedade secreta. O segredo não era, a princípio, mais do que o processo pelo
qual um dos membros da irmandade reconhecia o outro. Diga-se a bem da verdade,
que, na época atual, a Maçonaria já não pode mais ser considerada secreta, mas
apenas discreta. Os segredos mais guardados e que persistem são, obviamente,
apenas os meios de reconhecimento, reservados só aos iniciados, já que, de
posse deles, um não iniciado poderia ter acesso aos templos maçónicos e às
sessões das Lojas.
É criado o importante estilo gótico
Na
metade do século XII, surgia o estilo arquitetónico gótico, ou germânico,
primeiro no norte da França, espalhando-se, depois, pela Inglaterra, Alemanha e
outras regiões do norte da Europa e tendo o seu apogeu na Alemanha, durante 300
anos. Tão importante foi o estilo gótico para as confrarias de construtores,
que as suas regras básicas eram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou talhadores
de pedra; tão importante que a sua decadência, no século XVI, decretou o
declínio das corporações.
No
século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique
III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole
Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que,
segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em
1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e
da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do
templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente
terminada, quando foi resolvido ampliar o projeto original e, para isso, foi
chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitectos da
Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembleias
e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de
Cátedra (Meister von sthul).
Esclareça-se
que, na época, os obreiros criavam uma Loja, fundamentalmente, para tratar de
determinada construção, como é o caso dessa catedral. Tais Lojas serviam para
tratar dos assuntos ligados apenas à construção prevista, já que, para outras
reuniões, inclusive com obreiros de outras corporações, eram utilizados os
recintos de tabernas e hospedarias, principalmente em solo inglês. A palavra
Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma
guilda . Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge,
designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de
edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos
artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e
venda de produtos manufaturados, enquanto que as guildas artesanais adoptaram
o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos
artífices.
Próximo
desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a atuação do
Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários . Os membros
dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas,
adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antiguidade e
constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a
construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à
Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo
catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do
Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em
1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Adquirindo
prestígio e riqueza, a ordem excitaria a cobiça do rei francês Filipe IV,
cognominado "o Belo", que, com a conivência do papa Clemente V,
conseguiu a sua extinção, em 1312, seguida da execução, na fogueira, de seu
Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Antes da extinção, necessitando, em
suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos, os
templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhe um estatuto chamado Santo
Dever, de acordo com sua própria filosofia.
No século XVI, a decadência das corporações de
ofício
Já
na primeira metade do século XVI, as corporações, diante das perseguições que
sofriam - principalmente por parte do clero - e diante da evolução social
europeia, começavam a entrar em declínio. Em 1535, realizava-se, em Colónia,
uma convenção, que fora convocada para refutar as calúnias dirigidas pelo clero
contra os franco-mações. Embora ela não tenha tido o brilho e a frequência de
outras convenções, consta, embora tal afirmativa seja contestada, por carecer
de comprovação, que, na ocasião, teria sido redigido um manifesto, onde era
estabelecido o princípio de altos graus, que seriam introduzidos por razões
políticas.
Em
1539, o rei da França, Francisco I, revogava os privilégios concedidos aos
franco-mações, abolindo as guildas e demais fraternidades e regulamentando as
corporações de artesãos. Em contrapartida, em 1548, era concedido, aos
operários construtores, de maneira geral, o livre exercício de sua profissão,
em toda a Inglaterra; um ano depois, todavia, por exigência de Londres, era
cassada a autorização concedida, o que fazia com que os franco-mações ficassem
na condição de operários ordinários, como tais sendo tratados legalmente. Em
1558, ao assumir o trono da Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação
de 1425, que proibia qualquer assembleia ilegal, sob pena dela ser considerada
uma rebelião. Três anos depois, em Dezembro de 1561, tendo, os franco-mações
ingleses, anunciado a realização de uma convenção em York, durante a
festividade de São João Evangelista, Isabel ordenou a dissolução da assembleia,
decretando a prisão de todos os presentes a ela; a ordem só não foi confirmada,
porque lorde Thomas Sackville, adepto da arte da construção, estando presente,
demoveu a rainha de seu intento, fazendo com que, em 1562, ela revogasse a
ordenação de 1425.
Em
1563, a Convenção de Basileia, feita por iniciativa da confraria de
Estrasburgo, organizava um código para os franco-mações alemães, o qual
serviria de regra à corporação dos canteiros, até que surgissem os primeiros
sindicatos de operários, no século XIX. Mas era patente o declínio das
confrarias, no século XVI. A Renascença relegara o estilo gótico e a estrutura
ogival das abóbadas - próprias da arte dos franco-mações medievais - ao
abandono, revivendo as características da arte greco-romana. Assim, embora ela
tivesse atingido a todos os campos do conhecimento e a todas as corporações profissionais,
foi a dos franco-mações a mais afetada. No final do século, Ínigo Jones
introduzia, na Inglaterra, o estilo renascentista, sepultando o estilo gótico e
apressando a decadência das corporações de franco-mações ingleses. Estas,
perdendo o seu objectivo inicial e transformando-se em sociedade de auxílio
mútuo, resolveram, então, permitir a entrada de homens não ligados à arte de
construir, não profissionais, que eram, então, chamados de Maçons aceitos.
Iniciava-se a transformação na Maçonaria atual
As
corporações, evidentemente, começaram por admitir pessoas em pequeno número e
seleccionadas entre os homens conhecidos pelos seus dotes culturais, pelo seu
talento e pela sua condição aristocrática, que poderiam dar projeção a elas,
submetendo-se, todavia, aos seus regulamentos. Era a tentativa de suster o
declínio.
O
primeiro caso conhecido de aceitação é o de John Boswell, lord de Aushinleck -
ou, segundo J.G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck - que, a 8
de Junho de 1600 foi recebido como Maçom aceito - não profissional - na Saint
Mary's Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia.
Esta Loja fora criada em 1228, para a construção da Capela de Santa Maria,
destinando-se, como já foi visto, às assembleias dos obreiros e discussões
sobre o andamento das obras.
Depois
disso, o processo de aceitação, iniciado na Escócia, iria se espalhar e se
acelerar, fazendo com que, ao final do século, o número de aceitos já
ultrapassasse, largamente, o de franco-mações operativos. Os mais famosos nomes
de "aceitos", na primeira metade do século XVII, foram: William
Wilson, aceito em 1622; Robert Murray, tenente-general do exército escocês,
recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria e tornando-se, posteriormente,
Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing,
recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire; e o antiquário e
alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de Outubro)
que o coronel Henry.
Em
1666, os franco-mações iriam recuperar parte do antigo prestígio, diante do
grande incêndio, que, a 2 de Setembro daquele ano, aconteceu em Londres,
destruindo cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas. Nessa ocasião,
os Maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução, sob a direção
do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que, em 1688, viu aprovado o seu
plano para reconstrução da cidade, sendo nomeado arquiteto do rei e da cidade
de Londres. A obra principal de Wren foi a reconstrução da igreja de S. Paulo,
em cujo adro se desenvolveria e se estabeleceria, em 1691, uma Loja de
fundamental importância para a História da Maçonaria moderna: a Loja São Paulo
(em alusão à igreja), ou Loja da taberna "O Ganso e a Grelha", em alusão
ao local em que, como faziam outras Lojas, realizava suas reuniões de carácter
informal e administrativo, como se verá adiante. A reconstrução de Londres só
iria terminar em 1710.
E nascia a primeira Grande Loja
Como,
na época, não existiam templos maçónicos - o primeiro só seria inaugurado em
1776 - os Maçons reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas. As tabernas,
cervejarias e hospedarias desse tempo, principalmente na Inglaterra, tinham uma
função social muito grande, como local de reunião e de troca de ideias de
intelectuais, artífices, obreiros do mesmo ofício, etc. . A Loja da Cervejaria
"The Goose and Gridiron" (O Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, inicialmente
formada só pelos Maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres,
resolvia, em 1703, diante do número cada vez maior de Maçons aceitos, em todas
as Lojas, admitir, a partir dali, homens de todas as classes, sem qualquer
restrição, promovendo, então, uma reforma estrutural, que iria dar o arcabouço
da moderna Maçonaria. A admissão, em 1709, do reverendo Jean Théophile
Désaguliers , nessa Loja, em cerimónia realizada no adro da igreja de São
Paulo, iria apressar o processo de transformação, já que Désagulliers iria se
tornar seu líder e paladino.
A
7 de Fevereiro de 1717, Désagulliers conseguia reunir quatro Lojas
metropolitanas, para traçar planos referentes à alteração da estrutura
maçónica. Nessa ocasião, foi convocada uma reunião geral dessas quatro Lojas
existentes em Londres, para o dia 24 de Junho daquele ano. Essa reunião foi
realizada na taberna "The Apple Tree" (A Macieira), e as Lojas
presentes foram, além da "O Ganso e a Grelha": a da Cervejaria
"The Crown" (A Coroa), a da Taberna "Rummer and Grappes" (O
Copázio e as Uvas) e a da Taberna "The Apple Tree" (A Macieira).
E,
no dia 24 de Junho de 1717, como fora marcado, as quatro Lojas reuniam-se e
criavam The Premier Grand Lodge (a Primeira Grande Loja), em Londres,
implantando o sistema obediencial, com Lojas subordinadas a um poder central,
sob a direção de um Grão-Mestre, já que, antes disso, as Lojas eram livres de
qualquer subordinação externa, concretizando a ideia do "Maçom livre na
Loja livre". Isso era, portanto, um fato novo e uma grande alteração - uma
verdadeira revolução - na estrutura maçónica tradicional, o que faz com que
esse acontecimento seja tomado como o divisor de águas, o marco histórico entre
a antiga e a moderna Maçonaria, ou seja, entre a operativa, ou de ofício, e a
dos aceitos, ou especulativa, sua forma moderna.
Prancha
de Autor Desconhecido
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