AS INSPIRADORAS
COLUNAS BOOZ E JAKIM
Sinopse: Especulação a respeito da função
das colunas Booz e Jaquin com uso da física quântica.
O significado simbólico maçônico das duas
colunas é controverso e confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã,
em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o
portal do iniciado no caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de
seu interior, do seu templo, da sua espiritualidade.
Pesquisando diversos autores maçônicos respeitados,
eles também têm inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de
justificativas aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas,
tão vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e
filósofo que adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a
natureza como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas
previsíveis.
Entretanto, esta visão mecanicista do século
passado aos poucos vai cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada
instante, novos conceitos antigos desabam na presença de novos conceitos e
provas científicas que, da mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas
crendices místicas, este mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus
conceitos derrubados na edificação de novas conceituações científicas da física
quântica. Porque não reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas
colunas não estariam colocadas à vista dentro do templo maçônico exatamente
para materializar a possibilidade de novo salto do pensamento?
Se tomadas com o propósito de apenas
representarem a porta de entrada para o conhecimento, desconsideradas as
características que lhe desejam debitar os que defendem interpretações
místicas, alquímicas e mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do
lado externo e o interno do templo. São construídas com metal nobre porque o
portal separa dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do
outro o templo, a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com
suas bateias mentais dentro de si mesmo.
Desconsiderando o que foi omitido em relação ao
original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje
existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações
criadas pelas especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar
verdade absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e
este derrubou o misticismo.
Cada elemento da composição artística do
símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio
abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é
desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a
oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada
componente das colunas que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo.
Ademais, o obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o
usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida.
Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo e Aceito
da Grande loja do Paraná, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do
templo, no extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este
espaço, sua locação é comumente confundida com as colunas norte e sul.
A interpretação mais usual da ação de ficar
entre colunas é considerada postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é
uma interpretação incorreta. Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas
norte e sul, entre irmãos, entre pessoas de carne e ossos, sobre uma linha
imaginária que une o altar do primeiro vigilante com o do segundo vigilante e
no local onde cruza com o eixo longitudinal do templo.
A abrangência de encontrar-se entre as colunas
norte e sul só termina no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o
obreiro tem a certeza que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos
têm certeza que tudo o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois
uma mentira ali tem graves consequências.
Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga
o obreiro a responder todas as perguntas que lhe forem dirigidas com
sinceridade, sem omissão, sem reserva mental.
A loja maçônica não é representação real,
maquete, cópia fiel do Templo de Jerusalém, e sim, representação simbólica de
alguns aspectos físicos daquele. Estarem às colunas Booz e Jaquin no átrio ou
dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito a que servem.
Na bíblia judaico-cristã elas são designadas
como colunas vestibulares, de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do
edifício, portanto, colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando
portal de acesso ao interior.
No templo real é assim, mas no simbólico isto
não se aplica. Se for para colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade
com o templo real, que se retirem de dentro da loja maçônica as colunas
zodiacais, a mobília, altares, balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente
e ocidente, decoração do teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de
Jerusalém; podem ser levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das
colunas num templo maçônico é em seu interior.
Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã
elas poderiam ficar fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do
templo porque todos os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês
Antigo e Aceito têm finalidade educacional.
Participam dinamicamente da metodologia para ensinar
aos obreiros as verdades necessárias para sua escalada na construção de
sociedade justa. Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido
propedêutico na instrução maçônica.
Considerando a utilização como instrumentos de
trabalho, as ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que
trabalha na pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e
Jaquin estão guardadas outras ferramentas de trabalho.
As colunas, todas as ferramentas e objetos
utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como
método iniciático, propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve
encetar para entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua
mente. As colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram
Abiff, figura referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui
lenda dentro da Maçonaria.
É ficção, mas transmite conceitos profundos de
moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm
vivência com o abstrato. Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao
abstrato é o que exige a presença física das colunas dentro do templo. Com isto
a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa,
independente de sua formação intelectual.
É o princípio da igualdade em ação. É dentro do
templo que o maçom procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "Sophia",
filosofia que visa o desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o
erudito ou homem de instrução vasta e variada.
Ao maçom basta o conhecimento que propicie
liberdade independente de formação ou berço.
O resultado almejado é a geração de sociedade
onde a fraternidade, mesmo em presença de rusgas características das relações
interpessoais, é de fato praticada indistintamente por todos os seus membros.
Um símbolo não observável é o mesmo que um ato
de fé e acreditar no inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça
dogmas com veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de
vista são o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: -
irmão aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. -
Todas as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver
aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que os
trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas ferramentas.
Acreditar que as colunas existem lá fora
tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões
impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem
ser vistas, não tem lógica, ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica
usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de
ilustração, a materialização de ficção para fins exclusivamente educacionais.
As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e
físicas dentro da loja e devem estar lá para objetivo que pode numa primeira
instancia fugir ao entendimento. Será que elas não têm outros significados que
simplesmente albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?
Todos os símbolos usados pela pedagogia da
ritualística maçônica devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua
utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de
pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar
algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas
aceitem sem questionar.
No passado, quando não existia explicação para
determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o
mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são
limitados por seus sensores e em função de sua clausura no planeta Terra.
Na escola primária, na fase concreta dos
métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização,
por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a
vista e depois se subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio;
gravando na mente o conceito de zero.
Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao
menos numa primeira instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro
se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.
A ciência avança nas áreas da física quântica,
cosmologia, psicologia transpessoal e revela continuamente a existência e ação
de energias, verdades e realidades que colocam em xeque crenças e ideias a
respeito do Universo. É isto que a Maçonaria visa com sua motivação à
auto-educarão e o despertar dos imensos potenciais que até o momento existem
apenas em resultado de experiências empíricas transmitidas pelos sentidos.
Aos poucos, os maçons de formação mecanicista,
influenciados pelos místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o
funcionamento destas energias, não como mágica, mas com alicerce científico.
Partindo da especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das
possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou
Universos.
É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin
dentro do templo, como modelo de dipolo energético de campos elétricos,
magnéticos e gravitacionais, ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez
concentradores das energias da cosmologia quântica de que o homem é feito.
É o mesmo que ensinar o conceito do zero para
as crianças do jardim da infância há necessidade de manter o modelo, o
inspirador de novos pensamentos até o instante em que o mais cético venha a
entender o que os outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os
exercícios especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe,
surjam novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu
futuro.
Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro
entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a
sabedoria necessária para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até
obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da
polidez e educação maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma
seu lugar de destaque na sociedade humana.
Por Charles Evaldo Boller
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