Traje Maçônico, (Terno Preto e
Balandrau), Uso e costumes
Basicamente, a uniformização da
indumentária visa à harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima
psicológico favorável à integração e ao controle. As diversas organizações
uniformizam as pessoas na busca da disciplina, do controle e da integração. É o
caso das Forças Armadas, dos Estudantes, das Polícias Militares, das grandes
corporações de operários, etc.
No caso da Maçonaria, a
uniformização tem os mesmos benefícios já citados, além de naturalmente, os
aspectos, que se somam e que dizem respeito, ao uso da cor preta. Na prática
dos trabalhos em nossos Templos, buscamos dentre outras coisas, esotericamente,
captarem energias cósmicas, ou fluidos positivos ou forças astrais superiores
para nosso fortalecimento espiritual. Da física temos o conceito de que o preto
não é cor, mas sim um estado de ausência de cores. As superfícies pretas são as
mais absorventes de energias de qualquer natureza.
Então, a indumentária preta nos tornará
um receptor mais receptivo e mais que isso, nos tornará também um acumulador,
uma espécie de condensador deste tipo de energia. Por outro lado, a couraça
formada pela nossa roupa preta, faz com que as eventuais energias negativas que
eventualmente possam entrar no Templo conosco, não sejam transmitidas aos
nossos Irmãos. Por isso o Maçom veste-se de roupas pretas para participar dos
trabalhos em Loja.
A indumentária recomendada para
as Sessões Magnas é o terno preto, com camisa branca e gravata preta ou branca.
Para as Sessões Econômicas, admite-se o uso do Balandrau, que deve ser comprido
e preto, complementado pelo uso obrigatório de calças, meias e sapatos pretos.
A comodidade que oferece ao
usuário fez com que o Balandrau se difundisse rapidamente, mas é preciso
salientar, ele deve ser comprido e ficar a um palmo do chão, pois é uma veste
talar, ou seja, que vai até ao calcanhar. Desta forma, também não são
indumentárias maçônicas as “mini-saias” que alguns Irmãos usam como se fosse um
Balandrau.
Importante observar que, tanto do
ponto de vista lingüístico como do ponto de vista maçônico, preto e escuro não
são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo, toda indumentária que
não seja preta, embora escura, não é maçonicamente adequada.
Alguns autores são de opinião de
que o rigor do traje preto deve ser exigência para as Sessões Magnas, podendo
ser livre quanto à cor nas Sessões Econômicas, mas mesmo assim todos são
unânimes de que é indispensável o uso do paletó e da gravata.
Cabe ao Venerável Mestre decidir,
dentro dos princípios do bom senso e da tolerância em torno das exceções, caso
algum Irmão visitante em viagem ou mesmo de algum Irmão do quadro, que por
alguma razão plenamente justificável, se apresentar ao trabalho com roupa de outra
cor.
O Balandrau Maçônico e seu uso em
loja
Embora, na opinião de muitos, não
seja esta uma discussão tão importante, é, de fato, uma questão interna de Loja
que sempre causa alguns transtornos nas Sessões Maçônicas, entre aqueles que
condenam o uso do balandrau e aqueles que o defendem. Para alguns Irmãos, o
traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho,
especialmente em sessões magnas, sendo tolerado o uso do balandrau.
Outros sustentam a idéia de que
tanto em Sessões Magnas, quanto Ordinárias, pode-se usar apenas o balandrau.
Discussões
à parte, para mim o mais importante é o Maçom participar da Sessão com todo o
seu coração, imbuído da seriedade que o momento exige. É como diz o ditado “o
hábito não faz o monge”.
BALANDRAU [lat. balandrana; it.
palandrano]
Capa em feitio de batina, feita
de tecido leve e preto.
Embora alguns autores afirmam que o balandrau não é veste maçônica, na realidade o seu uso remonta à primeira das associações organizadas de ofício, a dos Collegia Fabrorum, criada no séc. IV a.C., em Roma.
Embora alguns autores afirmam que o balandrau não é veste maçônica, na realidade o seu uso remonta à primeira das associações organizadas de ofício, a dos Collegia Fabrorum, criada no séc. IV a.C., em Roma.
Quando as legiões romanas saíam
para as suas conquistas bélicas, os collegiati acompanhavam os legionários,
para reconstruírem o que fosse destruído pela ação guerreira, usando, nesses
deslocamentos, uma túnica negra; da mesma maneira, os membros das confrarias
operativas dos maçons medievais, quando viajavam para outras cidades, feudos,
ou países, usavam um balandrau negro. Assim, o balandrau, que é veste talar –
deve ir até os talões, ou calcanhar -, foi uma das primeiras vestes maçônicas.
Teve inicialmente o seu uso
ligado às funções do 1° Experto, durante os trabalhos de Iniciação em que
atendia o profano na Câmara de Reflexões e na cena de S. João. Acreditamos que
o nosso clima tropical, a comodidade que o mesmo oferece ao usuário e
especialmente o seu baixo custo fizeram com que se difundisse entre nós.
Segundo Nicola Aslan, a presença
do Balandrau remonta à última metade do séc. XIX, tendo sido introduzida na
Ordem Maçônica pelos Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de irmandades
católicas e de Lojas Maçônicas, e que foram, sem dúvida, o motivo da famigerada
Questão Religiosa, nascida no Brasil por volta de 1872. Rizzardo Da Camino,
escreve:
“O Balandrau surgiu no Brasil com
o movimento libertário da Independência, quando os maçons se reuniam
sigilosamente, à noite; designando o local, que em cada noite era diverso, os
maçons percorriam seu caminho, envoltos em balandraus, munidos de capuz, com a
finalidade de penetrando na escuridão permanecerem ‘ocultos’, nas sombras para
preservar a identidade”.
Fica aqui, pois esclarecido que o
emprego do Balandrau é aceitável e freqüente, na Maçonaria Brasileira, desde
que comprido até os pés, mangas largas, de cor preta, fechada até o pescoço e
sem qualquer insígnia nele bordada. Mas lembrando sempre: que a consciência do
homem está no seu interior e não na roupa.
O negro significa ausência de
cor, empresta as sessões um clima pesado de luto; igualando a todos, não haverá
distinção para analisar qualquer personalidade; todos emergem em um oceano de
neutralidade. Que lições podem tirar desse costume maçônico? Que a parte
externa de nós próprios, em certas oportunidades mostra-se em trevas ansiando
todos por uma luz.
Lendo alguns artigos de autores
maçônicos da atualidade, percebemos que há até entre eles algumas idéias que,
se não chegam a se contradizerem, mostram algumas diferenças de pensamento,
principalmente em relação ao uso do balandrau em Loja.
Este trabalho visa trazer algum
esclarecimento sobre o tema aos meus irmãos da Loja Maçônica Asilo da Virtude,
Loja essa que me proporcionou enxergar a luz maçônica e da qual tanto me
orgulho. Tentarei ir por partes e peço um pouco de paciência, caso venha
extrapolar um pouco o tempo, que eu sei ser de 15 minutos.
A vestimenta maçônica (traje
maçônico)
Quando se fala em traje maçônico,
logo se pensa em paletó, gravata, sapato preto. Entretanto, temos de levar em
consideração que o traje maçônico mesmo é o Avental, sem o qual o obreiro é
considerado nu, na acepção de Castellani. Temos de concordar com isto, pois
embora a cor da vestimenta (calça, gravata, etc) possa ser diferente para cada
Rito ou mesmo dependendo de cada país, o Avental, como diz Jaime Pusch, é a
insígnia obrigatória do maçom em loja, não podendo sem ele participar dos
trabalhos.
Não há muito que discutir sobre
traje maçônico, pois como diz Castellani: “discutir traje em loja é o mesmo que
discutir o sexo dos anjos”, devido às variações sofridas nos trajes masculinos
através dos tempos, inclusive de povo para povo; em algumas partes do mundo,
principalmente em regiões quentes dos estados unidos, os maçons vão às sessões
até em mangas de camisa, mas não se esquecem do avental; no Brasil, o traje,
antigamente, era previsto nos Rituais (Séc. XIX e início do Séc. XX) como
indicação e não imposição, devido à diversidade de ritos.
Posteriormente é que a exigência
do traje foi colocada na legislação das obediências, padronizando conforme o
rito majoritário no Brasil (REAA); a palavra “terno”, gramaticalmente falando,
quer dizer um traje que se compõe tradicionalmente de um trio de peças de
roupa: calça, colete e paletó.
Os mais antigos talvez se lembrem
que era assim que os homens algumas décadas atrás se vestiam, completando este
trio com o uso do chapéu e da bengala. Posteriormente, o colete foi abolido,
talvez devido ao clima tropical do brasil. o terno tornou-se, então, um
parelho, ou seja, um par, constituído da calça e do paletó, equivocadamente
chamado atualmente de terno.
Grande é a controvérsia do uso ou
não de terno ou na ausência deste, o balandrau. No Brasil, e só no Brasil,
convencionou-se o uso deste, e de acordo com os estatutos de várias obediências
o balandrau é “tolerado” em Sessões Ordinárias;
Traje maçônico segundo o RGF-GOB
O RGF do GOB traz em seu Art. 110
que “Os Maçons presentes às sessões magnas estarão trajados de acordo com o seu
Rito, com gravata na cor por ele estabelecida, terno preto ou azul marinho,
camisa branca, sapatos e meias pretos, podendo portar somente suas insígnias e
condecorações relativas aos graus simbólicos”.
“§ 1º – Nas demais sessões, se o
rito permitir, admite-se o uso do balandrau preto, com gola fechada,
comprimento até o tornozelo e mangas compridas, sem qualquer símbolo ou
insígnia estampado”.
O traje maçônico no RGF é
definido em relação às sessões magnas, admitindo-se o balandrau nas outras
sessões, de forma eventual. Faço aqui os seguintes questionamentos: Por que se
exigiu de forma mais clara somente em relação às Sessões Magnas?
A palavra terno diz respeito ao
trio paletó, colete e calça, como sempre foi tradicionalmente e
gramaticalmente, ou somente ao paletó e calça, já que a palavra terno quer
dizer ternário, trio? A palavra eventual significa um acontecimento incerto,
casual, fortuito; o verbete eventualmente no RGF tem o mesmo significado? Se
tiver, o balandrau pode ser admitido casualmente, em quantidade incerta? Não
deveria conter o RGF uma exclusão de proibição do balandrau em sessão magna, já
que é usado pelo experto nas iniciações?
Antes de concluir, quero falar um
pouco do que é o balandrau, motivo maior deste trabalho.
Definição, origem e uso do
balandrau na Maçonaria
Balandrau – do latim medieval balandrana, designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimônias religiosas. Assim, o balandrau não é exclusividade maçônica.
Balandrau – do latim medieval balandrana, designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimônias religiosas. Assim, o balandrau não é exclusividade maçônica.
Embora alguns autores insistam em
afirmar que o balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a
primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos
“Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Quando as legiões
romanas saiam para as suas conquistas bélicas, os Collegiati acompanhavam os
legionários para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando
nesses deslocamentos uma túnica negra.
Da mesma maneira, os membros das
confrarias operativas dos Franco-Maçons medievais (Séc XIV e XV), quando
viajavam pela Europa Ocidental, usavam o balandrau negro. Segundo outros
autores, o uso do balandrau teve início nas funções do Primeiro Experto,
durante os trabalhos de iniciação em que atendia o profano na Câmara de
Reflexões.
Para outros, como Jaime Pusch e
Rizzardo Da Camino, o balandrau foi inicialmente restritivo à Câmara do Meio,
no Grau de Mestre de alguns ritos, mas que depois foi aceito, nos outros graus.
Percebemos, através deste pequeno
relato, que o balandrau está presente na história da Maçonaria desde o princípio,
pois era uma forma de igualar os participantes e proteger suas identidades
através do capuz, principalmente da perseguição da inquisição.
Hoje, a vestimenta é tolerada
pelas altas autoridades das potências maçônicas e muitas lojas adotam o balandrau
como vestimenta oficial para as Sessões Ordinárias, deixando o terno somente
para as Sessões Magnas. Isto acontece muito nas cidades grandes, principalmente
em função da distância casa-trabalho-loja maçônica. Outras lojas admitem o uso
do balandrau somente para visitantes, desde que seja do mesmo rito da loja
visitada.
Algumas conclusões sobre o tema
em questão
Diante do que foi exposto cheguei a algumas conclusões que, de antemão, afirmo serem bem pessoais. Não peço a ninguém que concorde comigo, mas que respeite a minha forma de pensar como pretendo respeitar o pensamento alheio. Vamos a elas:
Diante do que foi exposto cheguei a algumas conclusões que, de antemão, afirmo serem bem pessoais. Não peço a ninguém que concorde comigo, mas que respeite a minha forma de pensar como pretendo respeitar o pensamento alheio. Vamos a elas:
• A verdadeira veste
maçônica é o Avental. Sem ele o Obreiro é considerado nu, não podendo
participar dos Trabalhos.
• Sob o Avental deve haver,
porém uma roupa sóbria e decente, sendo o balandrau uma forma de igualar e
uniformizar o traje. O uso do balandrau iguala e nivela os maçons em loja. Nada
de exigência de ternos, cores de gravata etc. A igualdade na vestimenta
demonstra um desapego a toda e qualquer vaidade humana – tão combatida pela
Maçonaria – e nivela os IIr.’. em Loja, por uma única veste.
• Em um ponto, os Irmãos têm
opiniões coincidentes: o balandrau é veste talar, deve ir até os calcanhares, e
pode ser considerado um dos primeiros trajes maçônicos, sendo plenamente
justificado o seu uso em Loja;
• Terno quer dizer um traje
que se compõe de calça, colete e paletó. Assim, a maioria dos maçons atuais
está irregular em loja, já que usamos somente calça e paletó, duas peças, a que
se dá o nome de parelho (par);
• Deve haver um equívoco no
RGF do GOB no que diz respeito ao terno, usando este termo no sentido do já
citado parelho;
• Se observarmos nosso
padrão climático e o tecido mais leve, me parece ser o balandrau uma boa ou,
talvez, a melhor e mais justificada alternativa.
O balandrau tira de nós a
aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade; iguala-nos e nos mostra
que, independentemente de qualquer posição profana, somos todos iguais, todos
IIr.’. em todos os momentos;
• Concluindo este trabalho,
queremos dizer que, de acordo com a vontade da Loja, ou talvez de sua
diretoria, e também de acordo com o RGF, procurarei ao máximo comparecer às
sessões em nossa Loja de parelho ou, como nós mesmos denominamos o conjunto
calça e paletó, de terno, para que assim possa haver mais harmonia nos
trabalhos, já que o meu balandrau parece incomodar sobremaneira a Diretoria de
nossa Loja;
• O mais importante em uma
Sessão Maçônica é o clima fraternal criado a partir de emanações de energia dos
Irmãos; – em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações
emanadas de todos os nossos Irmãos, sejam eles Oficiais ou não. Principalmente
durante a abertura do Templo, temos a formação da Egrégora. Este é um momento
em que todos nós emitimos radiações, e ao usarmos a veste preta, estaremos
absorvendo todas essas energias, reativando os nossos Chacras, ou nossos
centros de forças, de emissão e recebimento de energia;
• Quando usamos terno preto
ou o balandrau, permanecem descobertos nossos Chacras: frontal, laríngeo e
coronário. Assim poderemos emitir, receber e refletir vibrações diretamente em
nossos centros de força, pois estes estarão descobertos. Em contrapartida,
nosso Chacras mais sensíveis estarão protegidos de enviar vibrações negativas
durante os trabalhos.
• E a questão maior que
deixo hoje para todos nós é justamente esta: Estamos, de fato, emanando bons
fluidos? Estamos de fato vivenciando o amor fraternal? Cada um responda por si
e a si mesmo somente, que é o mais importante.
FONTE: Diário de um Aprendiz Maçon
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