Parece que, por volta da metade
do séc. V a.C., houve uma divisão dentro da Escola, De um lado, estavam os
“matemáticos”, representados por nomes do peso de Archytas e Aristoxenus, que
estavam interessados nos estudos científicos, especialmente em matemática e na
teoria musical; de outro lado estavam os membros mais conservadores da Escola,
que se concentravam nos conceitos morais e religiosos, e que eram chamados de
akousmatikoi (plural de akousmata, os adeptos das tradições orais). Estes
elementos – religiosos e científicos –estavam já presentes nos ensinamentos de
Pitágoras.
As doutrinas ensinadas por
Pitágoras são as seguintes:
1- Em primeiro lugar, e acima de
tudo, estava a crença de Pitágoras na existência da alma. Ele também acreditava
na transmigração das almas dos indivíduos, mesmo entre diferentes espécies.
Esta transmigração poderia ocorrer em seres mais ou menos evoluídos. Se um
indivíduo tivesse uma vida virtuosa, o seu espírito poderia inclusive se
libertar da carne, isto é, deixaria de reencarnar. Este conceito filosófico foi
atribuído a Pitágoras por Platão, em sua obra Fédon (que relata os momentos que
antecederam a morte de Sócrates pela ingestão de cicuta). Não se pode deixar de
ressaltar a importância deste conceito na história das religiões.
2 - Levar uma vida virtuosa
consistia em obedecer a certos preceitos, muito deles vistos hoje como tabus primitivos,
como, por exemplo, não comer feijão ou não remexer no fogo com um pedaço de
ferro. Estritamente morais eram as três perguntas que cada um devia fazer ao
final do dia, e que eram: Em que é que eu falhei hoje? O que de bom eu deveria
ter feito hoje? O que é que eu não fiz hoje e deveria ter feito? Um dos
principais meios externos que ajudavam a purificar o espírito era a música.
3- A fascinação da Escola pelos
números deve-se ao seu fundador. A maior descoberta de Pitágoras foi a
dependência dos intervalos musicais de certas razões aritméticas existentes
entre cordas de comprimentos diferentes, igualmente esticadas. Por exemplo, uma
corda com o dobro do comprimento de outra emite a mesma nota musical, mas uma
oitava acima, isto é, mais aguda. Tal fato contribuiu decisivamente para
cristalizar a idéia de que “todas as coisas são números, ou podem ser
representadas por números”. Este princípio foi a pedra de toque da filosofia de
Pitágoras. Em sua obra Metafísica, Aristóteles afirma que os números representavam
na filosofia de Pitágoras o que os quatro elementos – Terra/Ar/Fogo/Água
representaram no simbolismo de outros sistemas religiosos.
De acordo com este princípio,
todo o universo poderia ser reduzido a uma ”escala musical e a um número”.
Assim, coisas como a razão, a justiça e o casamento, poderiam ser identificadas
com diferentes números. Os próprios números, sendo ímpares e pares, ou
limitados e ilimitados, de acordo com Aristóteles, se constituíam na primeira
definição das noções de forma e de matéria. Os números um e dois encabeçavam a
lista dos dez primeiros pares de opostos fundamentais, dos quais os oito pares
seguintes eram “um” e “muitos”, “direita e esquerda”, “masculino e feminino”,
“repouso e movimento”, “reto e curvo”, “luz e escuridão”, “bom e mau” e
“quadrado e oblongo”. Esta era a filosofia do dualismo metafísico e moral,
através da qual se chegou ao princípio que via o universo como a harmonia dos
opostos, no qual “o um” gerou toda a serie de números existentes. Assim, a
música e a crença no paraíso estelar, (originalmente associados à Astrologia da
Babilônia) são os pontos de união entre o conteúdo religioso da filosofia de
Pitágoras com os estudos matemáticos e científicos realizados mais tarde pela
ala científica de sua Escola. O primeiro apresentar um sistema compreensivo foi
Filolaus, um de seus discípulos.
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