A Semente de Mostarda
“Se tiverdes
fé do tamanho de um grão de mostarda” ... – assim falou o Senhor.
Importante
indagar porque não teria o Mestre recorrido a outros símbolos.
Jesus poderia
ter destacado a grandeza da fé, buscando quadros mais sugestivos.
A beleza do
Hermon...
A poesia do
lago de Genesaré...
O esplendor do
firmamento galileu...
A riqueza do
Templo de Jerusalém...
Todos esses
primores da paisagem que o circulava ofereciam temas vivos para a exaltação da
sublime virtude.
Entretanto, o
Benfeitor Celeste toma a semente minúscula da mostarda, como a dizer-nos que
sem o reconhecimento de nossa própria pequenez à frente do Eterno Amor e da Eterna
Sabedoria não conseguiremos amealhar o tesouro do entendimento e da confiança
que a fé consubstancia em si mesma.
A semente microscópica
desaparece, em verdade, no seio da Terra, qual se fora inútil ou desprezível,
todavia, não se abandona à inércia, por sentir-se relegada ao abandono aparente.
Confia-se às
leis que nos regem e, na dinâmica da obediência construtiva, desvencilha-se dos
envoltórios inferiores que a encarceram, germina, vitoriosa, e cresce para produzir,
não para si mesma, mas, para benefício dos outros, num eloquente espetáculo de
bondade espontânea, ante a majestade da natureza..
Possa o nosso
coração, no solo das experiências humanas, copiar-lhe o impulso de simplicidade
e serviço e a nossa existência será testemunho insofismável da magnificência
divina cuja sublimidade passaremos então a refletir.
Cessemos
nossas indagações descabidas e busquemos na Criação o justo lugar que nos compete.
Nem com o
brilho do diamante, nem com a cintilação do outro... nem com a sedução da
prata, nem com a aristocracia do mármore, em que tantas vezes procurado simplesmente
a ilusão do poder que a morte arrebata e modifica, mas, sim com a humildade
viva do grão de mostarda que, arrojado à solidão da Terra, sabe vencer,
desabrochar, florir e cooperar na extensão do brilho de Deus.
Emmanuel
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