QUEM
FOI JAMES ANDERSON?
Nada
predispunha o Reverendo James Anderson (1679-1739) a se tornar o mais famoso
entre os maçons modernos; especialmente não a publicação em 1732 de sua
obra-prima:
Genealogias
reais, ou Tabelas genealógicas de imperadores, reis e príncipes, desde Adão até
os dias atuais. Mas o acaso quis que ele fosse um dia escrever as “Constituições”
de uma associação que, no entanto, tinha muito poucos membros. Nascido em Aberdeen
de um pai vidraceiro (e Maçom aceito na loja operativa local) James Anderson
fez os estudos necessária para a ordenação na Igreja da Escócia; mas foi em uma
velha paróquia huguenote, em Londres, que ele se tornou, na década de 1710, um
pastor presbiteriano. Não está claro até hoje, se em 1717 ele foi um dos maçons
aceitos que contribuíram para a formação da Grande Loja de Londres; temos, por
vezes, sugerido que ele poderia ter sido iniciado na Escócia,
antesde
se mudar para Londres. O caminho para a fama, no entanto, abriu-se para ele em
setembro de 1721, quando, durante uma assembleia geral realizada na presença de
oficiais e membros de dezesseis lojas “erros foram revelados nas antigas
Constituições Góticas”, ele foi convidado a “realizar as correções necessárias
em uma nova e melhor apresentação”. Três meses depois, quatorze irmãos “educados”
foram nomeados para examinar o manuscrito do irmão Anderson. Em 25 de marco de
1722, durante uma nova sessão da Grande
Loja,
a História, os Deveres, os Regulamentos e os Cantos de Mestre foram aprovados
com algumas alterações “ao que a [Grande] Loja pediu ao Grão-Mestre que
mandasse imprimir”. Assim, em 17 de janeiro de 1723, na taverna King's Arms,
dois eventos memoráveis aconteceram: a adesão de Philip, primeiro duque
de
Wharton ao grão-mestrado de Londres e a apresentação do novo Livro das
Constituições. Nesse dia especial, “A Maçonaria conhecendo a harmonia, a fama e
o nome, muitos nobres e cavalheiros de alta linhagem pediram para serem
admitidos na Fraternidade, assim como outros homens esclarecidos, comerciantes,
membros do clero e trabalhadores, que encontraram na Loja um lugar de
relaxamento
agradável,
longe do estudo, dos negócios e da política”. Anderson disse na segunda edição
de sua obra, publicada em 1739, ou seja, no mesmo ano em que ocorreu sua morte.
Note-se que neste mesmo 17 de janeiro de 1723, James Anderson, que havia
anteriormente ocupado as funções de Mestre de Loja foi nomeado para o ano em
curso Grande Vigilante da Grande Loja de Londres. Muitas vezes, nos é
perguntado
por
que motivo ele tinha sido convidado, e não outro Irmão, a elaborar as novas
Constituições da Ordem.
David
Stevenson, autor de um estudo sobre o homem, apresenta a ideia de que a escolha
teria resultado de uma viagem de John Desaguliers, um membro influente da maçonaria
londrina a Edimburgo e sua descoberta da maçonaria operativa escocesa. Anderson
sendo de ascendência escocesa e nascido de pai maçom (além disso, antigo
Secretário e Mestre de Loja) teria sido considerado mais qualificado do que qualquer
outro para ser promovido a historiador e legislador. A vida maçônica de James Anderson,
no entanto, permanece obscura até hoje. Ignora-se quais atividades específicas ele
pode implantar, quais lojas ele pode frequentar; registra-se que pertencia em
1723 à Loja do Chifre, e em 1735 da Loja francesa, e sua presença em algumas
assembleias de Grande Loja, mas isso é tudo… De sua vida secular, conhecemos
pouco fatos precisos. Anderson se casou com uma viúva rica de Londres, que lhe
deu um filho e uma filha, mas viveu pobremente devido ao maus negócios
ocorridos na década de 1720. Ele fez, como pastor, alguns sermões
que
lhe valeram duras críticas, e foi obrigado a mudar de paróquia em 1734, depois
de desentendimentos com alguns paroquianos. Em 1731, ele recebeu também do
Colégio Marischal de Aberdeen um diploma de doutor em teologia. No ano
seguinte, Anderson, cujas primeiras Constituições tinham sido esgotadas,
propôs
à Grande Loja de Londres, voltando da Inglaterra, uma nova edição, revista e
ampliada. Se a primeira consistia de apenas 91 páginas, a segunda teve em sua
publicação cerca de 231 – incluindo o nome do autor, acompanhado pelas iniciais
D. D. para esclarecer suas credenciais acadêmicas…Enquanto isso, Anderson
tinha
dedicado seus talentos literários à elaboração de sua obra sobre as genealogias
reais, bem como uma Unidade na Trindade (1733), uma Defesa da Maçonaria (1738) –
da qual nada há a dizer – Notícias do Eliseu (1739) e uma História da Casa de
Yvery (1742). James Anderson morreu no final de maio 1739. De acordo com o
jormal The Daily Post, datada de 02 de junho: Ontem à noite, foi enterrado
em uma cova anormalmente profunda, o corpo do Dr. Anderson, pastor não
conformista. [...] Ele foi seguido por uma dúzia de maçons que cercaram
a sepultura. [...] Os irmãos, exibindo grande tristeza, levantaram as mãos,
sinalizaram e golpearam três vezes os seus aventais em honra do
falecido. Assim viveu e morreu o autor do Livro das Constituições, o verdadeiro
documento de fundação da Maçonaria especulativa moderna.
Autor
desconhecido.
Fonte:
Jornal do Aprendiz Página 20, edição de abril 2015
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