RENUNCIAÇÃO CRISTÃ
Emmanuel
Quando Jesus nos concitava à renunciação aos laços
consaguíneos para buscar-lhe o Reino de Amor e Luz, não se propunha implantar
entre nós o espinheiro do ódio ou o frio da indiferença. Proclamava, sim, o
impositivo de nossa fidelidade a Deus, no cumprimento integral dos nossos
deveres para com a Lei Divina que institui a Terra como sendo a nossa própria
família.
O Mestre nunca anulou a personalidade dos
discípulos, à maneira do ditador humano que exige cega obediência à sua
bandeira egocentrista, na clã política em que se lhe enraíza o precário poder.
Preocupava-se, acima de tudo, em soerguer-nos o espírito para a
responsabilidade de que somos detentores ante os princípios eternos que nos
regem os destinos, em nome de Deus.
Por isso mesmo, alertava o ânimo dos aprendizes
para o leal desempenho dos compromissos que haviam esposado, à frente da Boa
Nova, num mundo hostil e atormentado qual aquele em que se expandira o arbítrio
romano, poderoso e dominador.
Urgia estabelecer a coragem e consolidá-la no
espírito dos seguidores que seriam compelidos, logo depois de seu sacrifício
Supremo, a trezentos anos de suplício e aflição, violência e martírio,
humilhação e morte.
Por vezes, é necessário recorrer ao painel do
passado para compreendermos a força de certas expressões que os séculos
obscureceram e que hoje se afiguram sem maior significação, de nodo a lançarmos
nova claridade no rumo do porvir.
Estudando a essência da lição, sem as fronteiras
acanhadas e asfixiantes da letra, podemos repetir que todos aqueles que se
mostrem incapazes de esquecer o conforto doméstico ou de desvencilharem das
vantagens e gratificações da existência física para o serviço a causa do bem, a
benefício de todos, ainda não se mostram habilitados ao árduo trabalho na
charrua do dever cristão bem atendido, porque se revelam excessivamente presos
às veludosas algemas dos interesses imediatos na carne que passa breve.
Quanto ao imperativo de renunciação propriamente
considerado, não nos esqueçamos do padrão em que o próprio Mestre renunciou.
Gênio Celeste, abandona o seu Império Resplendente
de Glória para fazer-se escravo das criaturas: Governador da Terá, submete-se
às convenções sociais do mundo, satisfazendo-lhe as exigências qual fora
cidadão comum e Anjo Crucificado pela ingratidão dos próprios beneficiários, em
ressurgindo da morte, fixa-se-lhe a atenção na volta generosa aos companheiros
que o haviam esquecido e abandonado, a fim de reerguer-lhe a esperança e
restabelecer-lhes a alegria.
Renunciemos à satisfação de
sermos amados ou compreendidos por nossos familiares, servindo-os e
auxiliando-os, cada vez mais, tanto quanto o Senhor nos tem auxiliado e
servido, não obstante as nossas velhas e reiteradas defecções, e estaremos
praticando com segurança e valor, os Excelsos Ensinamentos.
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