RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
RIZZARDO DA CAMINO
A Maçonaria deixou de ser uma
"sociedade secreta" para apresentar-se como uma Instituição Civil
devidamente registrada nos Livros do Cartório competente, obtendo, assim, uma
personalidade jurídica, sujeita às leis do País onde funciona. No Brasil, a
Instituição tem progredido favoravelmente, multiplicando suas Lojas e
registrando novos adeptos. Apesar da evolução em todos os sentidos, observada
na Instituição, ela conserva os princípios fundamentais promulgados nas
sucessivas Constituições, a partir de 1717, compiladas em 1723 por James
Anderson, personagem que viveu entre 1680 a 1739; essas Constituições forem
publicadas em 1723 e 1738 e precederam os "Manuscritos". Esses, eram
compilados como manuscritos, apesar de já existir a tipografia e foram em
grande número a partir do Poema Regius de 1390. Os Manuscritos são conhecidos como
as "Old Charges" e constituem a base moderna da Maçonaria. O escritor
Assis de Carvalho 1 relacionou a maioria deles, o que nos dá uma idéia da
riqueza dessa literatura, infelizmente, desconhecida pela maioria dos maçons
não tanto pelo desinteresse individual, mas pela escassez de literatura; Assis
refere a existência de mais de 140, o que constitui uma verdadeira biblioteca.
As Constituições de Anderson surgiram após os Manuscritos de Papwort, Roberts,
Macnab e Hardon (entre 1714 a 1723) e tiveram grande divulgação; até hoje, é
fácil encontrá-las, vez que são traduzidas por muitos Autores e inseridas em
Manuais e Constituições de cada Grande Loja. O curioso desses Manuscritos e das
Constituições é a ausência de uma definição sobre o que seja a Maçonaria. Dizem
respeito, mais, sobre o comportamento maçônico, moral e social dos Adeptos.
Paralelamente a esses Manuscritos e sucessivas Constituições, surgiram os
Ritos. 2 Dentre mais de 200 Ritos, posto em uso, apenas alguns, no Brasil o
Rito Escocês Antigo e Aceito, teve a preferência. Face a isso, julgamos
apropriado, apresentar um trabalho que envolvesse todos os 33 Graus do referido
Rito. Poucos são os autores brasileiros que nos brindaram com comentários
ritualísticos completos; desconhecemos a existência de algum livro que
apresentasse todo o Rito. Somos dos Autores que escreverem já, sobre todos os
Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, porém fizemo-lo em oito partes
separadas, sem a continuidade necessária para uma observação genérica e
panorâmica de todo o Rito. Obviamente, resultou um trabalho restrito e conciso;
como o fizemos, cada Grau presta-se a uma longa dissertação, o que resulta
cansativo; num só volume resulta cômodo e de fácil manuseio; procuramos
registrar os pontos fundamentais, com a preocupação de evitar comentar a
respeito das "palavras de passe" e dos elementos
"sigilosos". Nada impediria explanarmos com toda amplitude, os
mínimos detalhes; no entanto, certos elementos são privativos de cada Grau e
esse privacidade tem o escopo de evitar profanação. 1. A Maçonaria, Usos e
Costumes: Francisco Assis Carvalho. 2. Ritos e Rituais de Francisco Assis
Carvalho. Certa "reserva" é conveniente para manter uma unidade
preservada aos adeptos, posto, sendo as palavras em hebraico de difícil
interpretação, poucos consigam memorizá-las. Ademais, o assunto Maçonaria não
encontra maior interesse entre os não maçons e assim o "vulgo
profano" não tem acesso aos "sigilos", às partes preservadas e
aos "segredos". Contudo, nem todos os Autores apresentam o mesmo
escrúpulo e, com extrema facilidade, atiram as "pérolas" aos que
possivelmente, as possam pisotear. Nossa preocupação é manter os princípios e
filamentos filosóficos que podem resumirem-se na crença a Deus e no amor
fraterno. Esse binômio conduz à conquista de uma série de virtudes. A crença em
Deus, instituído por nós como Grande Arquiteto do Universo, não significa o
surgimento de uma religião. Sabemos, perfeitamente, o que seja Religião: a
religação entre Deus o a criatura humana; porém, através de um caminho pleno de
dogmas e revelações particulares de pessoas predestinadas que se arvoram em
Mensageiros diretos causando uma avalanche de expressões que diferem entre si,
embora com a proclamação de exclusiva verdade. A "profissão de fé" do
Maçom é simples: crer na existência de Deus, como divindade, sem a preocupação
de detalhar essa crença e sem o afã de um contato direto, de um diálogo
(oração) ou submissão total. Essa fé é raciocinada; a bondade que emana da
Divindade deve ser imitada e assim, o Maçom, ama o seu próximo, antes mesmo de
amar-se a si próprio. Duas são as partes essenciais: a espiritual que respeita
a Deus e a material que se traduz no culto ao amor fraterno. A Maçonaria não
apresenta um culto a Deus; ela o tem presente através dos símbolos, sendo o Livro
Sagrado, um deles. O amor fraterno, esse, sim, é cultivado, exercitado e
positivado. Crer em Deus e amar o seu Irmão, fazem do Iniciado um Maçom. A base
que sustenta o Edifício é a tolerância. A Maçonaria não exclui a existência de
dogmas quando esses são manifestados pelos seus adeptos; a tolerância leva ao
respeito da crença de cada elo, mas com a exigência de que haja uma crença em
Deus. A Maçonaria carreia todo seu empenho para a Iniciação. Crê que pode
contribuir para uma Sociedade digna, oferecendo-lhe membros perfeitos,
decorrendo essa perfeição da Iniciação. Existe uma complexidade de Iniciações
partindo da básica do Io Grau, para o "ápice", passando por uma série
de "provas" e enunciações. É sabido da existência da separação entre
a Maçonaria Simbólica e a Filosófica; são dois campos isolados, mas que fazem
parte de um todo. Há um traço de união entre os 33 Graus que é a Lenda de Hiram
Abif e o desenvolvimento harmonioso dos Rituais. O Rito Escocês Antigo e Aceito
é desenvolvido em toda amplitude no Brasil, e apesar da separação entre o
simbólico e o filosófico, ambos os Corpos marcham unidos; praticamente, toda
Loja Simbólica participa dos Altos Corpos sem que haja qualquer dissonância; ao
contrário, percebe-se uma união muito mais estreita entre os Maçons. Os Maçons
possuidores dos Graus superiores emprestam às suas Lojas Simbólicas excepcional
força, nos trabalhos, desde o Grau 4 até o último. A Iniciação cria um estado
de consciência próprio para desenvolver os Princípios básicos maçônicos; o trabalho
lento e persistente conduz ao pleno conhecimento da Arte Real e daí o acerto de
existência dos 33 Graus. O que exsurge dos Graus são os "Mistérios"
que vêm assim definidos, no vernáculo: parte enigmática e oculta. Ao lado de
Mística, o Mistério apresenta-se como se fora uma Coluna paralela; Mistério e
Mística, possuem a mesma raiz na linguagem, posto sejam derivações isoladas. Os
Mistérios da Iniciação Simbólica prolongam-se até o final do Rito,
robustecendo-se de Grau em Grau, até a obtenção da Coroa gloriosa, posto de
espinhos, dada aos Poderosos Soberanos Grandes Inspetores Gerais. Os Mistérios
Maçônicos são constituídos de todas as verdades morais ocultas sob formas
alegóricas, expressas por sinais, palavras, números, fórmulas, lendas e
cerimoniais. Um dos Mistérios tidos como permanentes, é o fato de a Revelação
permanecer oculta; constata-se essa Revelação de forma individual e reservada;
ela surge na mente dos Maçons de forma Mística; cada um, a possui como um bem
sagrado responsável pela atitude de vida desenvolvida. O amor para com um Irmão
é um desses Mistérios que é responsável pelo elo de União. Esse é o Segredo
maçônico que não pode ser revelado levianamente, mas mantido ciosamente; é o
"segredo a dois" que purifica a amizade e busca a Perfeição, outro
Mistério insondável. A Maçonaria não se desenvolveu isoladamente e
espontaneamente; as suas alegorias, os seus símbolos, vieram do mundo antigo,
em especial, do Egito, transformando-se em linguajar sagrado. A Maçonaria
nasceu e subsiste para liberar o Espírito do Homem assim, ela apresenta-se,
também, como essencialmente Espiritual. A consulta dos Mistérios da antiguidade,
nas suas Iniciações, no campo filosófico, esotérico e místico, nos capacitará a
compreender por que "trabalhamos em Loja" e sobretudo por que nossa
Liturgia, nossos Símbolos e nossas práticas. Cada Grau, como se fora um
"degrau de uma Escada", auxilia a compreensão do Grau precedente. O
Rito Escocês Antigo e Aceito como um bloco só, surgiu, juntamente, pare dirimir
dúvidas e capacitar compreensões. É evidente que havendo outros Ritos, eles
atuam da mesmo forma, vez que se compõem, por sua vez, de um certo número de
Graus que atuam independentemente. A finalidade da Maçonaria é
"pinçar" do mundo profano os "escolhidos" (pela inspiração
Divina) para congregá-los numa única Família, aperfeiçoando o ser humano. O
Grupo (que não é muito numeroso) aparentemente, subsiste isolado, mas como ato
de Mistério, dissemina-se entre a população influenciando a Sociedade,
tornando-a melhor. Para tanto, não é preciso um trabalho "operativo";
essa influência automática. Com a melhora do indivíduo, melhora a Família e
essa é a célula da Sociedade. No prefácio dos Estatutos Gerais promulgados em
Lausanne, em 1820, constatamos: "Aquela união de homens sábios e
virtuosos, que com alegórico significado apelida-se ordinariamente de
"Sociedade dos Pedreiros Livres", foi considerada em todo tempo, como
o santuário dos bons costumes, uma Escola de Virtude, o Templo da Filantropia.
Por princípio, crê na existência de um Deus, que adora e respeita sob a fórmula
de um Grande Arquiteto do Universo; tem por fim o aperfeiçoamento do coração
humano é propõe-se, qual meio necessário para a obtenção dessa finalidade, o
exercício e a prática de Virtude. A Sociedade dos Pedreiros Livres é de
natureza eminentemente humanitária, ocupada a erigir a construir Templos à
Virtude e cavar profundas masmorras ao vício". Essa definição tem
inspirado as definições que se encontram em todo livro maçônico. Pelo seu
conteúdo constata-se que resume ao máximo a atividade intelectual; registra com
destaque, a construção de Templos e a adoração a Deus, criando certa confusão,
vez que, sugere um "culto religioso". Essa "adoração",
contudo, diz respeito à disposição da Alma em exteriorizar o amor que possui.
Crer em Deus e o adorar, não é um princípio maçônico; cremos que em vez
vocábulo "adorar" seria mais apropriado o de "obedecer",
pois, sendo Deus, já significa que possui todo o poder e que esse deve ser
aceito com submissão. A definição (e isso é um dos Mistérios) do que seja a
Maçonaria, cada Maçom a traça dentro de si sem a necessidade de ser
exteriorizada. Há uma ampla liberdade de pensamento garantida pelo próprio
Poder Divino; cultuar a Deus dentro desse liberdade, não significa oposição,
mas ao contrário, uma submissão amorosa. A Iniciação visa semear o amor dentro
do coração do Iniciando como se fora uma semente que necessita germinada e
cultivada até surgir como árvore frondosa. A definição quanto o que possa ser a
Maçonaria tem percorrido um longo caminho e até hoje, posto enriquecidos os
termos, não a temos gloriosamente como desejaríamos. Na Constituição de 1762
vem apresentado o fundamento da Instituição: "O regime de vida de nossos
antepassados, nutridos e crescidos dentro da perfeição, apresenta um quadro,
bem diverso, dos nossos costumes modernos. Naquele venturoso tempo, a
Inocência, a Pureza e o Candor conduziam, naturalmente, o coração verso a
justiça e a Perfeição. Porém, com o tempo, todos as virtudes destruíram-se causada
pela corrupção dos costumes e do transviamento do Coração e da Inteligência: e
a Inocência e o Candor periclitantes, desapareceram paulatinamente deixando a
humanidade imersa nos horrores da miséria, da injustiça e da imperfeição. Não
obstante, o vício não prevaleceu entre os nossos antepassados. Os nossos
primeiros Cavaleiros souberam manterem-se afastados dos numerosos males que os
ameaçavam de ruins e conservaram-se naquele feliz estado de Inocência, Justiça
e Perfeição, que afortunadamente, legaram à posteridade, século após século,
revelando os sagrados mistérios somente àqueles merecedores de participação; em
cujos mistérios o Eterno permitiu que nós fôssemos iniciados". Nas
"Novas e Secretas Constituições da Antiquíssima e Venerabilíssima
Sociedade", promulgadas em 1786 por Frederico da Prússia, vem destacado:
"Esta Instituição universal, cujas origens provêm do berço da Sociedades
Humana, é pura nos seus dogmas e na sua doutrina: é sábia, prudente e moral nos
seus ensinamentos; na prática, nos propósitos e nos meios: a recomendam,
especialmente, a finalidade filosófica e humanitária que se propõe. Tem por
objetivo a Harmonia, a Fortuna, o Progresso e o Bem-Estar da Família humana em
geral e de cada homem, individualmente. Com tais princípios é seu dever
trabalhar sem descanso e com firmeza até alcançar essa finalidade, única
finalidade digna dela". Esses princípios fazem supor que eram observados
rigorosamente e que a Instituição era formada por homens, realmente, sábios e
de elevada moral. Qualquer comparação entre a, Maçonaria de hoje e a do
passado, nos deixa frustrados; estamos, nós os Maçons, longe daqueles ideais,
posto os relacionamos e exaltamos como princípios básicos. A Maçonaria talvez
não tenha mudado, mas os seus adeptos, esses sim e como desafio de uma pretensa
evolução Cremos que a base dessa "derrota" seja a pouca crença que
depositem em Deus; a fé frágil que nos sustem, nos dá forças suficientes para
mantermos o ideal maçônico, vivo, esperançosos de retomarmos à fé inicial e à
pureza que nossos antepassados possuíam. Rever os propósitos de ontem nos anima
para um amanhã promissor. Para tanto, torna-se necessário instruirmo-nos e
instruir aos demais. Prosseguindo na nossa exposição vejamos como surgiu o Rito
Escocês Antigo e Aceito: Dizer das origens do Rito Escocês Antigo e Aceito, constitui
por certo, uma aventura.
A autoridade de José Castellani 1 esclarece
que o "escocesismo" nasceu na França stuartista, como primeira
manifestação maçônica em território francês, precedendo a fundação da primeira
Grande Loja de Londres (1717) remontando o evento ao ano de 1649, após a
decapitação do Rei Carlos I, da família dos Stuarts, pelos partidários de
Oliver Cromwell. É dito "Escocês" face à origem das personagens
envolvidas em sua fundação que foi lenta, sofrendo inúmeras alterações. Assis
Carvalho 2 nos relata: "Já dissemos que os Grandes nomes da Maçonaria
Primitiva, eram escoceses. Que o primeiro Maçom Especulativo - John Boswell,
iniciado em 8 de junho de 1600 -, era escocês, que a Primeira Loja Maçônica - a
Loja de Kilwinning - por isso chamada de Loja Mãe do Mundo foi fundada na
Escócia, que o Primeiro Compilador de uma Constituição Maçônica - o Reverendo
James Anderson, em 1721, Constituição que até hoje rege os destinos de
Maçonaria, no mundo todo, era escocês, que o idealizador dos Altos Graus, em
1737, André Miguel, Cavaleiro de Ransay, era escocês, o Primeiro Professor de
Maçonaria - 1772, William Preston, também nascera na Escócia, e muitos
outros". Não se pode confundir Rito com Ritual, vez que os primeiros
trabalhos em Loja organizada obedeciam a outros Rituais que envolviam até o
Grau 3; paulatinamente, os Graus Filosóficos foram surgindo e assim, o Grau 4,
antes de 1740 atribuindo-se a sua criação ao Barão de Tschoudy. O atual Rito Escocês
Antigo e Aceito, na realidade é recente, pois, firmou-se em 1801. Ouçamos o que
Assis Carvalho compilou e que com sua autoridade deve ser considerado:
"Com a morte de Etiene Morin em 1771 e a completa inoperância de Henry
Franckem, a partir de 1783, o crescimento do Rito de Perfeição perdeu sua
Direção Central. Seu desenvolvimento ficou nas mãos de alguns Deputados
Inspetores Gerais, nomeados por Morin e por Franckem - e esses Irmãos foram os
que levaram adiante o sonho dos Dois Donos do Rito. Voohris fez uma lista com
aproximadamente 50 nomes de Inspetores Gerais, existentes em 1800, sendo que a
maioria deles estava na América Central, e não na área de Charleston. Deputados
Inspetores Gerais, estavam totalmente independentes de um Controle Central, durante
o último quartel do século XVIII. E parece que eles estavam dando as
boas-vindas ao dilúvio de Novos Ritos que estavam sendo criados na França,
naquela época. 1. José Castellani: O Rito Escocês Antigo e Aceito 2. Ritos e
Rituais Com a advento de Guerra da Independência Americana e suas consequências
posteriores, durante a década que se seguiu, as comunicações entre as índias
Ocidentais e a América do Norte ficaram deterioradas, difíceis. E o Rito de
Perfeição começou a perder sua forma original, e o sistema de Altos Graus, no
Hemisfério Ocidental, tornou-se caótico. Em 1795, dois cidadãos franceses
chegaram a Charleston. Eram eles - Alexandre Francisco, conde de Crasse de
Rouville, Marquês de Tilly, e seu sogro - João Batista Noel Maria De La Hogue.
A esses dois franceses deve-se creditar-lhes a maior parte, na criação do Rito
dos Maçons Antigos e Aceitos, de Charleston. Como não podia deixar de ser, seus
métodos eram freqüentemente criticados como sendo impróprios. Mas deve ser
levado em consideração que o período em que eles trabalharam com o Rito, foi um
período, constante de guerras, para que se fizesse alguma coisa com mais
capricho, com mais critério. O Conde Grasse-Tilly, como era sempre chamado,
tinha ido para a América Central, ainda solteiro e casou-se em São Domingos a
filha de La Hogue. Em 1791, estourou a rebelião dos negros escravos, em São
Domingos. Como ex-oficial, Grasse-Tilly alistou-se como o Primeiro Voluntário,
contra as forças rebeldes. Em 1795, a situação dos brancos da ilha estava péssima
e tiveram de abandoná-la nas mãos dos rebeldes. Grasse-Tilly, De La Hogue, e
seus familiares foram para Charleston, na Carolina do Sul, como refugiados.
Eles permaneceram ali até 1802. Em 1798, Grasse-Tilly, fez uma curta viagem até
São Domingos. Em Charleston ele foi convidado a ingressar no novo Exército
Americano, no posto de engenheiro. Depois que eles deixaram São Domingos, ambos
Grasse-Tilly e De La Hogue, atribuíram a si próprios o domínio do 32° Grau,
embora esse Grau ainda não tivesse sido atribuído naquele Rito, como eles
supunham. Ambos tinham também atribuído a eles mesmos, a Patente de Deputados
Graus de Inspetores Gerais do Rito de Perfeição, que continha apenas 25 Graus.
Não há informação de como eles adquiriram esses Títulos, embora houvesse
Deputados Inspetores Gerais, em São Domingos, naquele, tempo, mas nenhum deles
havia conferido aquele título a homens Maçons, de importância social tão
elevada, como era o caso de Grasse-Tilly e seu sogro - De La Hogue. Quando se
refugiaram em Charleston, ambos continuaram com suas atividades maçônicas. Com
outros Maçons lá residentes, eles fundaram uma Loja de Católicos Romanos - a La
Candeur (A Candura), e em 1801, Grasse-Tilly tornou-se o Grande Mestre de
Cerimônias da Grande Loja da Carolina do Sul. Mas era nos seus Altos Graus que
eles causavam impacto. De acordo com Mackey, uma Loja de Perfeição tinha sido
instalada em Charleston, em 1783, por um Deputado Inspetor Geral: um americano
chamado Isaac da Gosta e, em 1788, um Conselho de Príncipes de Jerusalém,
também fora instalado ali. Em 12 de novembro de 1796, Hymanlong, que tinha
recebido uma lista de Deputados Grande Inspetores Gerais, na Jamaica, no ano
anterior (1795) estendeu a autoridade de Grasse-Tilly e outros franceses
refugiados área de Charleston. Era difícil entender porque havia uma
necessidade disso, se eles estavam sob as Leis de Constituição de 1762 e ela
não limitava os campos de atividade dos Deputados Inspetores Gerais - isto é, a
Constituição não fazia nenhuma menção dos Limites Territoriais, A ambição
maçônica de Grasse-Tilly, era insaciável. No mesmo dia em que ele recebeu a
Patente do Grau 25, conferida por Hymanlong, ele publicou, emitiu uma do Grau
33, para o seu sogro e diversos outros cidadãos franceses. Quando ele retornou
a São Domingos após uma curta visita que fizera começo do ano, ele assinou uma
patente, como Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho das índias
Ocidentais Francesas, fundado por eles mesmos entre 1797 e 1798, quando viviam
no "Exílio". Pode ser que isso tenha acontecido por um curto espaço
de tempo, mas é muito duvidoso o que isso tenha acontecido. Não há registros de
atividades maçônicas de Grasse-Tilly e De La Hogue - de 1798, até maio de 1801,
quando o Supremo Conselho foi fundado. Mesmo na Ata de fundação, não aparecem
suas assinaturas. As referências existentes, são de que estavam atarefados em
planejar com seus amigos locais o início do Supremo Conselho Americano. Eles
eram "experts" em Altos Graus Maçônicos e deviam estar bem informado
sobre os Graus que tinham vindo da França, em décadas anteriores. Os americanos
que estavam para fundar o Novo Supremo Conselho, deviam estar necessitados de
suas ajudas, especialmente e particularmente, da notória habilidade de De La
Hogue, em rascunhar documentos. Em 25 de maio de 1801, um encontro de
portadores do Grau 33, em Charleston, queria ajudar, mas não sabiam como. Então
Grasse-Tilly, De La Hogue e outros franceses, Membros do Supremo Conselho das
índias Ocidentais Francesas, ajudaram, impondo suas próprias idéias, pois eram
as únicas pessoas qualificadas para conferir Graus. O Soberano Grande
Comendador do futuro Supremo Conselho Coronel John Mitchell, tinha sido
contemplado com o título de Deputado Grande Inspetor Geral (25° Grau) em 1795.
Ele, ainda, nem conhecia o futuro Tenente Grande Comendador - o Irmão Frederico
Dalcho. Se os franceses - Tilly e De La Hogue, se negassem a conferir aos
americanos o Grau 33, eles mesmos o auto-confeririam a si mesmos. O certo é que
em 31 de maio de 1801, o Novo Supremo Conselho estava aberto, com uma imponente
cerimônia. E assim foi fundado, em Charleston, o Supremo Conselho Americano do
Rito Escocês Antigo e Aceito. E já começava errado, pois Antigo e Aceito eram
os Maçons e a Maçonaria, o Rito não. O Rito acabava de ser fundado. E é o mais
antigo sobrevivente Supremo Conselho do Mundo. E os Graus, como surgiram? Quem
os selecionou? Os Graus 1, 2 e 3, eram administrados pelas Grandes Lojas
Americanas que trabalhavam e ainda trabalham no Rito York Americano. O Supremo
Conselho só teria autoridade nos Graus que iam do 4o ao 33° Grau. Havendo
completa e absoluta independência entre os Corpos que regiam esses dois
sistemas - Graus Simbólicos e Graus Filosóficos." A pequena história de
cada Grau será apresentada oportunamente, na descrição respectiva. Vejamos como
surgiram os três primeiros Graus, Graus básicos da Maçonaria Universal. Nosso
trabalho, contudo, nunca poderá ser completo, vez que, a cada livro, vêm
apresentados uma teoria e um histórico cada vez mais apurados. Nosso propósito
é apresentar "uma visão geral" dos 33 Graus, mantendo-os num só Corpo
porque afinal, são os 33 que fazem parte do Rito e que são Rito, quando
agrupados sem qualquer exclusão. Entre nós, nenhuma Grande Loja e nenhum Grande
Oriente isolam-se nos três primeiros Graus; todos os Membros de uma Loja tomam
parte numa Loja de Perfeição, num Capítulo ou nos Conselhos. A beleza do Rito é
que os Graus apresentam-se "entrelaçados" e a Lenda de Hiram Abif
constrói-se paulatinamente tendo seqüência nos Graus sucessivos. Esperamos que
o presente e modesto trabalho seja do agrado dos leitores maçônicos e útil como
ensino básico para progredir nas partes filosóficas e litúrgicas. O Autor
Prefácio Durante mais de vinte anos nos dedicamos a escrever sobre os trinta e
três Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito. Apresentamos esses Graus,
agrupados, nos livros Simbolismo do 1o, 2o e 3o Graus; Graus Inefáveis;
Cavaleiro do Oriente, Príncipe Rosa Cruz e seu Mistérios, Kadosch e O Ápice da
Pirâmide, obras que circulam pelo Brasil todo com várias reedições. Faltava um
compêndio que abrangesse em um só livro, todos esses 33 Graus, tanto para uma
visão global como para facilitar o estudo. Evidentemente, baseados nos livros
já lançados, embora com alterações, entendemos escrever um só volume. O
trabalho será útil porque resume todo o Rito apresentando de forma simples e
até didática, o nosso conceito a respeito da Maçonaria, vez que o Rito Escocês
Antigo e Aceito é o mais propagado entre nós. Por uma questão de convenção, em
Lausanne, houve a separação dos Graus simbólicos e Filosóficos, porém, o Rito
os abarca em um só conteúdo. Para melhor compreensão, fomos obrigados a
"transcrever" passagens dos Rituais que colocamos entre aspas, porém,
os unimos ao nosso entendimento a respeito da filosofia global. Esperamos que a
utilidade de obre satisfaça aos leitores e estudioso da Arte Real. É evidente
que o leitor, para amplificar a visão, deve munir-se das monografias e assim,
terá, frente a leitura dos Rituais respectivos, um entendimento prático. Nosso
intuito não foi apresentar uma "obra-prima" reconhecemos desde já a
existência de inúmeras falhas que devem ser relevadas. Destacamos que,
precedendo cada Grau, colocamos o "Emblema Heráldico" respectivo. Nós
os pedimos por "empréstimo" (perdoem os Autores) da magnífica obra
italiana Gli Emblemi Araldici Delia Massoneria, cujos emblemas coloridos são um
primor artístico; infelizmente não pudemos colocá-los coloridos, mas em preto e
branco; mesmo assim, nos dão um panorama brilhante da obra artística de Lorenzo
Crinelli e Cario Pierallini. A edição é da Convivio/Nardini Editore - Florença,
Itália. Não se trata de um "plágio", mas sim, de uma divulgação; o
livro é de difícil aquisição eis que impresso no ano de 1988. A Editora Madras envidou
todos os seus esforços para apresentar um trabalho técnico admirável; a ela, os
nossos agradecimentos. Entregamos, assim, aos leitores maçônicos, mais um
"esforço" literários e auguramos proveito e utilidade. A todos, os
nossos mais sinceros agradecimentos. O Autor O Grau de Aprendiz - grau 1o A
origem dos Graus Simbólicos é confusa, vez que, inexiste um documento que a
descreva; tudo é suposição, argumento e dedução. A primeira fonte, é a Lenda de
Hiram Abif que seguindo a organização administrativa imposta pelo Rei Salomão,
dispunha de três classes de trabalhadores: Aprendizes, Companheiros e Mestres;
o próprio Hiram era um Mestre Arquiteto. O evento trágico envolvendo a morte de
Hiram, foi protagonizado por três Companheiros. As Sagradas Escrituras, Io
Livro dos Reis, informam palidamente sobre a construção do Grande Templo e
fala-se em "trabalhadores" e "Chefes Oficiais", sendo o
nome "servo" destinado ao próprio Salomão e a Davi, como "Servo
de Deus". Não encontramos classificação hierárquica dos trabalhadores,
apesar das diversas tarefas, como os talhadores de pedras, os carregadores e os
artesãos. A divisão de Aprendizes, Companheiros e Mestres, é notada tão-somente
na Lenda de Hiram Abif que, como lenda, não satisfaz e não preenche a lacuna; lenda
é suposição baseada em algum aspecto histórico. Augusto Franklin Ribeiro de
Magalhães 1 nos relata: "A primeira organização efetiva que se conhece
data do ano 704 a.C. quando Numa Pompílio estabeleceu em Roma um sistema de
vários colégios de artesãos, que possuía no ápice o Colégio de Arquitetos e
englobava os gregos trazidos da África. Daí vieram os Colégios Romanos,
similares às organizações gregas, de acordo com a legislação de Sólon. Tinham
um regimento especial e celebravam suas reuniões (Logias) a portas fechadas, em
locais próximos ao do trabalho. Conforme Pompier, seus componentes
"estavam divididos em três grupos: aprendizes, companheiros e mestres e se
obrigavam por juramento ante as ferramentas e os utensílios de seus ofícios e
profissões a ajudar-se mutuamente e a não revelar os segredos de suas
agrupações aos estranhos. Tinham o costume de admitir como membros de honra as
pessoas que não pertenciam a seus ofícios, porém que eram consideradas úteis
para os agrupamentos e se reconheciam entre si por sinais e palavras secretas
Suas assembleias eram presididas por mestres eleitos para período de cinco
anos, assessorados por dois inspetores ou vigilantes. Dedicavam-se à
arquitetura religiosa, civil, naval e hidráulica e também dirigiam as construções
militares, executadas por soldados." Esses Colégios perduraram até o ano,
aproximadamente, 1200 para dar lugar às "Guildas". Sem maiores
explicações, desses Colégios sacerdotes levaram a organização para os
conventos, tomando a si o encargo de construção dos conventos e das catedrais.
Se assim foi, pode-se afirmar que a incipiente Maçonaria, passara a um regime
religioso, cuja influência (resquícios) permanecem até hoje, nos Rituais
Maçônicos. Os monges, da Idade Média eram denominados de "Caementerii",
"Latomii", e também de "Massonerii". 1. Simbologia
Maçônica, Io volume. O "sigilo" não dizia respeito à organização em
si, mas à profissão, "os segredos de cada profissão", em especial dos
arquitetos que construíam as cúpulas, arcadias, alicerces suportando o peso da
construção, o equilíbrio das traves e a dificultosa ramagem dos telhados. Os
monges movimentando-se, chegaram à Alemanha no século XII fundando a Corporação
dos Steinmetzen que reuniu os "talhadores de pedra" com as Guildas;
evidentemente, a origem foram as construções romanas; os monges aperfeiçoaram a
organização administrativa e a chefia tinha autoridade eclesiástica sobre os
subordinados. Pertencer a essas organizações constituía um privilégio, tento
como meio de subsistência, como de proteção, pois aqueles "artífices"
eram respeitados pelas autoridades e pelo povo; todos tinham uma auréola de
misticismo, formalizada pelo poder do clero. Prossegue Magalhães: "Essa
associação, que passou a denominar-se de "Confraternidade dos Canteiros de
Estrasburgo", alcançou notoriedade. Erwin de Steinbach que a dirigiu,
submeteu ao bispo de diocese os planos para a construção da catedral de
Estrasburgo e, ao mesmo tempo que iniciava as obras, deu aos seus operários uma
organização que se tornou célebre em toda a Alemanha. Em 1275, foi realizada
uma convenção histórica, talvez a primeira da Ordem. As Constituições de
Estrasburgo, de 1459 as Ordenações de Torgau, de 1462, e o Livro dos Irmãos, de
1563, tornaram-se as Leis e Fundamentos que serviram de regra a essas
corporações, até o aparecimento dos primeiros Sindicatos alemães. A entrada dos
franceses em Estrasburgo, em 1681, e o Decreto da Dieta Imperial, de 1731.
acabaram com a Fraternidade dos Steinmetzen". As Corporações foram se
ampliando, disseminando-se por toda a Europa, todas já desligadas dos mosteiros
e tendo vida própria. As "Lojas" mantinham as tradições recebidas das
Guildas anteriores e conservavam "um Ritual", rústico e simples
orientado para manter o agrupamento coeso. Esse Ritual, quiçá, tinha apenas um
Grau: o do Aprendiz, mas, na evolução natural, seguiu-se o de
"Companheiro" para afinal, estabelecer-se o de "Mestre".
Não há documento que registre esse "nascimento". O Ritual não passava
de uma "adaptação" da organização dos monges. Os rituais atuais do
Simbolismo Maçônico, dão ao Grau de Aprendiz uma ênfase maior; é o Grau mais
complexo e básico, sustentáculo dos Graus posteriores. O Grau de Aprendiz,
entre nós, é o mais divulgado de todos, vez que, nas centenas de Lojas que
existem no País, os trabalhos são realizados no Io Grau. Praticamente, em cada
Estado (e são 27) há uma Grande Loja e, com raras exceções, cada uma possui um
Ritual diferenciado. Mesmo que essas diferenças sejam mínimas, não temos no
Rito Escocês Antigo e Aceito, uma uniformidade ritualística. Já nos Graus
Filosóficos, as diferenças são oriundas dos diversos Supremos Conselhos
existentes; quanto às Grandes Lojas, os Rituais são idênticos, vez que,
emitidos por um único Poder, o Supremo Conselho. No entanto, apesar das "ligeiras"
diferenças, o cerne é mantido e nenhum Ritual desrespeita os Landmarks. Nós,
afirmamos que essas diferenças caracterizam a Loja e constituem a sua
"personalidade". Os maçons mais antigos, como nós, por exemplo, já
com 50 anos de Loja, enfrentamos algumas dificuldades quando visitamos Lojas (e
a nossa própria) vez que, encontramos "inovações". As alterações que
os Grãos-mestres introduzem, aparentemente inócuas, na realidade, às vezes
ferem a liturgia e alteram o sentido da frase ritualística. Freqüentemente, os
Rituais são renovados e assim, perdem o que a tradição deveria conservar.
"Eu aprendi assim", "no meu tempo se fazia assim", são
afirmações muito comuns; a tendência é conservar a tradição, mesmo que esse
contenha erros vernaculares ou interpretações desusadas. No entanto, as Lojas
progridem e a Fraternidade cresce; talvez esses alterações sucessivas, porque
feitas de boa-fé não prejudiquem tanto o organismo em si; os prejuízos
revelam-se na parte esotérica, que é a menos estudada. A divisão simbólica em
três Graus, recorda a tríade: corpo, espírito e alma nas suas distintas fases:
nascimento, vida e morte. São fases progressivas visando uma
"construção" decorrendo daí que se faz necessário um aprendizado, uma
comunicação e um mestrado; esse como garantia de perpetuação da construção; um
edifício, após concluído, destina-se a alguma função e essa é permanente,
sediada num complexo bem realizado e permanente. A trilogia representa a Deus,
à Inteligência e à Virtude e essas fases influenciam a Vida. Um nascimento e um
estágio de companheirismo, seriam próprios da juventude; todavia, a Maçonaria
inicia a jornada com o homem adulto, vendo nele o desenvolvimento completo;
temos então, como se fosse um contra-senso, um adulto nascendo novamente. Uma "criança",
ao mesmo tempo, adulta, recebendo o alimento próprio para a criança. O
simbolismo esconde sigilos, mistérios e esoterismos. O Iniciado é,
simbolicamente, um recém-nascido e a vivência desse recémnascido é realizada
dentro da Loja e não no mundo profano; sai da sessão de dentro de um Templo,
para a Sala dos Passos Perdidos, não o recém-nascido mas um adulto renovado; a
sua inteligência compreenderá a transformação e o campo experimental, no mundo
profano será numa trajetória virtuosa. A passagem pelo aprendizado objetiva a
"União", o "Aperfeiçoamento" e a "Felicidade" da
humanidade. O "culto" exercitado dentro do Templo, redunda em
benefício do físico, do intelecto e da moral. Portanto, a ação do Aprendiz,
materializa-se beneficiando o próprio Corpo (o afastamento dos vícios)
robustecendo o intelecto, pelos novos conhecimentos através do estudo e do
conteúdo de um catecismo. O catecismo é o resumo da Doutrina, parte
compreensível de imediato e parte dependente do raciocínio prolongado. A
Maçonaria fornece os "princípios" estáticos; o simbolismo auxilia na
interpretação e a prática contribui para a evolução. O Mistério maçônico
exsurgirá das regras contidas nos princípios e se revelará paulatinamente para
o indivíduo maçom. Cada Grau (são 33) possui seus Mistérios; ultrapassado o
Grau de Aprendiz, os mistérios dos Graus terão sido assimilados e ao final,
chegado o maçom ao ápice da pirâmide, nenhum Mistério existirá. No entanto, as
revelações serão individuais porque ficarão dependentes do estudo e da perseverança.
Como a solução dos mistérios é lenta e difícil, cada maçom conservará para si,
e isso constituirá o "sigilo". Dentro dos Graus Simbólicos, os
"mistérios maiores" exaurem-se vencido o 3o Grau, ou seja, o
Mestrado. O Grau do Aprendiz filosoficamente, vem consagrado ao desenvolvimento
dos princípios fundamentais de Sociedade (Maçônica e profana) e ao ensinamento
de suas leis e costumes compreendidos nas seguintes expressões: Deus,
Beneficência e Fraternidade. Deus, porque constitui um princípio consagrado; o
Maçom deve crer na existência de Deus, caracterizado historicamente através das
Sagradas Escrituras. Beneficência, porque o coração do Maçom não pode permitir
que um Irmão (membro de sociedade) padeça necessidades. Fraternidade, porque
todos os homens são filhos de Deus, portanto, simbólica, histórica e
filosoficamente, nossos Irmãos. O Aprendiz cumpre esquadrejar a Pedra Bruta com
trabalho, capacidade, persistência e fé. Sem preparar a Pedra Bruta, não
poderá, o Maçom, entregar-se à construção do Edifício moral, físico e
espiritual; essas três fases resultam em construção de um edifício material e
espiritual que é o corpo humano, compreendida a razão e a vida. A saída do
estado de imperfeição somente é realizada através do trabalho. Esse trabalho, quanto
ao Aprendiz é auxiliado pelos seus Irmãos de idade maior (2o e 3o Grau). O
Maçom trabalha em um Templo onde se encontra a Loja que por sua vez mantém uma
Oficina. A INICIAÇÃO Todas as Instituições espiritualistas valem-se da
Iniciação para o recebimento dos adeptos. Iniciação simbólica em um misto de
participação efetiva e física a começar pela proposta. A rigor, em especial na
América Latina, o candidato recebe um convite para participar da Instituição.
Esse convite é precedido de uma rigorosa sindicância realizada sem o
conhecimento do candidato. Aqui, candidatura não significa
"aspiração", mas "indicação" de um Mestre de um candidato
que julga digno de participar de Família Maçônica do convívio fraterno. Grande
é a responsabilidade do proponente, vez que, há riscos grave na admissão de um
estranho. Estranho que ignora tudo a respeito da fraternidade e que se entrega
à Iniciação de "olhos vendados"; trata-se de uma dupla aventura: para
a Loja e para o candidato. Quando uma Loja "enfraquece" e há necessidade
de uma campanha para a obtenção de prosélitos, o risco é ainda maior, porque se
faz necessário admitir quem possa contribuir para o fortalecimento. A seleção
deve ser severa; não é difícil, pinçar dentre milhares de profanos, aquele que
deva preencher um lugar vago. Não basta que um Mestre proponha um amigo seu ou
um parente; ele deve colocar acima de sentimentos, o interesse da Loja. Em toda
parte nota-se um fenômeno inexplicável: o rodízio de membros que figuram no
quadro, mas que não assistem aos trabalhos. Deve-se alertar o proposto, logo
após o cerimonial iniciático, que ele "jurou", isto é,
"assumiu" o compromisso de assistir a Loja o que vale dizer,
"assistir aos seus Irmãos". Todo aquele que deixa de cumprir os compromissos,
na realidade passa a ser um "perjuro", pois, a sua ausência,
enfraquecerá a Loja. Todo candidato passa por uma rigorosa sindicância que
objetiva o conhecimento da personalidade, seu modo de viver. Aquele que não é
cumpridor dos deveres profanos, para com a família, o seu trabalho e a
sociedade, é evidente que não será útil à Instituição e resultará em um peso
morto. Logo, o segredo do êxito está na sindicância. Essa tem sido
"superficial"; trata-se de uma falha gritante do Mestre sindicante
que age inconscientemente porque sabe que não sofrerá qualquer punição. A
responsabilidade deveria ser apurada e exigir do proponente e dos sindicantes a
tarefa de orientar o Neófito, acompanhar seus passos, incentivá-lo e,
sobretudo, instruí-lo. O Neófito passa a ser um "discípulo" do Mestre
que o propôs. Na prática e na realidade, porém, encontramos Lojas que possuem
um grande quadro de Mestres, mas... sem discípulos, o que é um contra-senso e
uma falha. O nome do proponente é mantido em sigilo; as propostas escritas não
são registradas e ninguém sabe quem propõe, o que constitui uma falha grave,
vez que, não há possibilidade de exigir do proponente que acompanhe o seu
proposto. Na realidade, caso se mantenha em sigilo o nome do proponente,
deveria ser dado ao Neófito, um Mestre, seja indicado, seja aceito ou
voluntário que o deseje ser. Parece um problema simples e superficial; no
entanto, constitui a raiz da eficiência de uma Loja. Um Venerável Mestre que se
preocupe com a permanência em Loja dos Neófitos, poderá exercitar o Seu mandato
com eficiência. Durante o aprendizado, poder-se-ia adotar uma
"caderneta" onde a Secretaria anotaria a presença, caderneta em poder
do Aprendiz e esse só poderia ter acesso ao Companheirismo, provando sua
presença em Loja. Apesar de milenar, a Maçonaria, com sua experiência, ainda
não possui instrumentos para incutir aos seus membros o dever de freqüência.
Concluídas as sindicâncias, e aprovado o candidato, esse será procurado e
convidado a ingressar na Ordem. Raros são os casos de negativa. E por quê? Toda
vez que o nome de um candidato for pronunciado em Loja, o candidato em seu
subconsciente é tocado e ele recebe os chamamentos que o despertam
interessando-se quanto ao aceitamento do convite. E uma predisposição criada
pelas "mensagens" esotéricas. É sabido que a palavra sonora
transmite-se em ondas que ocupam todos os espaços e que se alargam, de forma
permanente. Os sons permanecem "materialmente" e atingem os visados;
é a parte mística da Liturgia Maçônica É evidente que o candidato inquirirá a
comissão que o visita para o convite a respeito do que seja a Maçonaria. Posto
a par, embora, resumidamente, comparece no local e hora designados, onde tem
início a cerimônia. O Candidato passa pelo despojamento, dos metais, de tudo o
que porta consigo, permanecendo descalço, semidespojado da vestimenta e
calçando grosseiras alpargatas. "Perde" tudo o que porta, até a
visão, pois os olhos lhe são vendados e com essa cegueira momentânea, os outros
sentidos lhe são aguçados. É conduzido à Câmara de Reflexão. A venda lhe é
retirada e na penumbra, vislumbra o recinto; uma mesa tosca; alguns papéis,
caneta e tinteiro, inscrições nas paredes, alguns objetos estranhos; uma
ampulheta medindo o tempo; silêncio absoluto; um odor de mofo; um crânio,
algumas tíbias, símbolos mortuários. Teias de aranha dão ao ambiente caráter
lúgubre. Qual a reação do candidato? De temor, de curiosidade? A resposta,
oportunamente, é solicitada e o candidato, não sabendo exatamente do porquê
daquela passagem, titubeia e dá uma resposta vaga. Na Iniciação, a permanência
na Câmara de Reflexão (é denominada também de Câmara de Reflexões, no plural,
vez que são sucessivas reflexões que o candidato é chamado a executar) pode ser
considerada como a parte principal pois, a preparação psicológica não tem a
interferência de qualquer pessoa; trata-se de uma auto-reflexão que ocorre sem
qualquer orientação; o candidato é chamado a refletir isoladamente. Qual a
reação para quem se defronta com símbolos mortuários, com inscrições de
admoestação severa? Certamente, conduzirá a uma reflexão inusitada. Após uma
Iniciação, conversando com o Neófito, esse disse que jamais lhe ocorreria
pensar sobre a morte na forma como foi solicitado; é aterrorizante, nos disse.
Ao contrário do que se poderia pensar, não é a Loja que prepara o candidato
para a Iniciação; é ele que se auto-prepara, que psicologicamente espera o pior
e somente sua fibra de homem é que consegue vencer o temor crescente. Essas
preliminares são relevantes: se não forem bem executadas, quiçá a Iniciação não
surta o efeito desejado. Quando assistimos a um funeral de algum amigo e
contemplamos na câmara mortuária, aquele corpo inerte, rosto amarelecido,
traços rígidos, é que nos ocorre que algum dia tocará a nós e isso conduz a uma
reflexão mórbida, triste e nervosa; porém, quando a morte é sugerida através de
um sem número de símbolos, e nós nos sentimos isolados do mundo, reclusos em um
lugar insólito, a reflexão torna-se mais profunda e a antecipação de nossa
própria morte nos acabrunha. Com esse sentimento é que compareceremos às
"provas". AS PROVAS Uma prova (ou provação) é realizada para medir a
resistência nervosa, os sentimentos e o destemor do que será provado. Na
evidência de que essas provas são meramente simbólicas, é que o candidato as enfrenta,
pois, na atualidade, jamais alguém seria agredido e correria riscos maiores. Na
Idade Média, essas provas, certamente, causavam real temor, porque nas tidas
"Sociedades Secretas", o simbolismo era duro e o candidato, temendo o
pior, atuaria de forma natural para a época. Partindo desse fato, nenhum
candidato, mesmo após a estada na Câmara de Reflexões, temeria lhe ocorresse um
mal real. No entanto, existem casos em que o candidato nervosamente, pede para
"desistir" da Iniciação tão impressionado fica e tão temeroso que lhe
falta a coragem para prosseguir. Uma sindicância bem realizada, porém, pode
revelar o estado de espírito do candidato; se é pessoa impressionável, nervosa
o proponente deverá ter com o candidato uma reunião onde Será esclarecido que a
Iniciação é simbólica. Esses casos são raros, mas podem ocorrer. Precede as
provas propriamente ditas, um questionário, ainda, na porta de entrada sobre o
nome, a idade, lugar de nascimento, a profissão e o domicílio. É evidente que
os presentes sabem esses detalhes, mas como se trata do primeiro contato com o
candidato, ele é quem deve prestar as informações solicitadas. Até aqui, o nome
do candidato sempre foi pronunciado dentro da Oficina; agora, esse nome é
referido de "fora para dentro", ou seja, no Átrio e vale como um
consenso. E a primeira oportunidade que o candidato tem de, diante de uma
assembléia, confirmar que deseja ingressar na Ordem.
RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
RIZZARDO DA CAMINO
Me interesso por esta filosofia. Gostaria de saber mais e queria muito fazer parte dessa irmandade.
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