Perseverar…
Quando
em Maçonaria se afirma que esta é uma instituição iniciatica, que promove o
progresso e evolução da humanidade, através do auto aperfeiçoamento dos seus
membros, só se pode dizer que tal só é possível, se existir uma enorme “dose”
de perseverança na atitude dos seus membros.
Tanto
que esta qualidade a par de outras também importantes, é das que talvez, no meu
entender, seja de maior relevância para os maçons.
É
somente tendo uma atitude perseverante que o maçom poderá almejar atingir os
objetivos a que se proporá, nomeadamente no que toca ao seu aperfeiçoamento
pessoal.
Tal
como na vida profana, apenas agindo de forma perseverante e laboriosa, é que
alguém consegue obter alguma coisa a que se proponha a ter ou alcançar. Nada
cai nas nossas mãos de “mão beijada” e até é habitual se afirmar que “não há
almoços grátis”; logo apenas trabalhando em prol de algo, se consegue alcançar
ou aceder a tal.
E ser
perseverante não é nada mais que ter uma atitude positiva face às
contrariedades da vida, ter a coragem necessária para ultrapassar essas
adversidades que se vão atravessando no nosso caminho, apreendendo algo com
essas situações menos positivas, transformando-as numa motivação suplementar
que potenciará a nossa vontade de atingir as metas a que inicialmente nos
propusemos a atingir e fundamentalmente ter a noção de que apenas com o nosso
empenho e com o nosso trabalho é que tal poderá ser possível. Nada mais simples
que isto.
Mas
apesar de toda esta aparente simplicidade, alguns problemas se poderão colocar;
uma vez que não é na teoria em si, que acima explicitei e que se suporá
de fácil concretização, mas será na parte prática que vamos encontrar as
maiores dificuldades a ultrapassar.
É
verdade que custa agir de uma forma plenamente perseverante a todo o momento,
pois nem sempre temos a motivação necessária e nem sempre conseguimos encarar a
vida com o respeito e com a nobreza que ela merece ser vivida.
Quantas
vezes não acordámos nós sem ter vontade de nada fazer, estando deprimidos e de
“mal com a vida”?!
E com
a trágica ideia de que tudo o que possamos fazer não correrá como o esperado?
Ou que
tudo o que façamos (nesses dias) será visto como algo negativo ou ineficaz?
Tal
acontece e sempre acontecerá… Somos humanos e nem sempre temos as “defesas” que
queremos ter e nem sempre tudo pode decorrer como desejaríamos como sucedesse.
Essa
variável é que torna a vida ser interessante em ser vivida.
Parece
antitética a afirmação que fiz, mas é a verdade.
Se
fosse tudo sempre igual, teríamos tanto prazer em viver?
Talvez,
por uns tempos, porque depois da rotina instalada tudo seria igual, tanto o
“dia como a noite” não teriam diferença sequer…
Por
isso é que também é necessário ao ser humano que por vezes algo
considerado como negativo ou menos positivo, possa acontecer. Essas más
experiências serão novas lições a serem adquiridas e as consequências
dessas situações permitem sempre novas aprendizagens que a longo prazo
serão assumidas (em alguns casos) como uma mais valia na vida de
cada um. Mas com paciência e com um espírito resiliente até, tal será
ultrapassável.
–
Naturalmente que estou a falar num sentido muito amplo. Ninguém deseja passar
por situações traumáticas ou que lhes seja prejudicial e/ou que prejudique
outros por isso, apenas para “aprender a viver”… –
E
“baixar os braços” e ter uma atitude de resignação e derrotista face a esses
momentos negativos que por vezes sucedem na nossa vida, não nos trará nada
de benéfico, apenas infelicidade e tristeza. Por isso somente uma atitude
pode prevalecer. Ser perseverante!
E se
com o nosso sentimento de perseverança conseguirmos cativar outros, através
da prossecução do nosso exemplo, na nossa forma de estar e de agir no meio
que nos rodeia, para que também eles possam atuar da mesma forma nas suas
vidas ou pelo menos sentirem-se inspirados para tal, tanto melhor.
– Não
temos de ser líderes nem guias espirituais, mas como maçons, temos a
obrigação de fomentar e de exercer na sociedade os valores que assumimos
como nossos e como tal, devemos ambicionar e propormo-nos a agir de forma
a que o progresso e a evolução dos povos possa suceder sem altercações de
maior. –
E se
com a nossa atitude conseguirmos mudar a forma de vida dos outros e torná-la
em algo melhor ou em algo que lhes proporcione alcançar as “ferramentas”
para que isso possa ser ambicionável, tal é do mais gratificante que se
possa sentir. Seja porque através da nossa própria atitude, conseguimos transformar
a vida dos outros para melhor, bem como em relação à nossa vida pessoal,
esta poderá ter uma perspectiva em que pelo menos a maioria das coisas a
que nos proponhamos a cumprir, poderão de facto ser exequíveis. Apenas
ficando por cumprir aquilo que não dependerá somente de nós próprios ou da
nossa boa vontade. Mas essa variável sempre existirá…
Por
isso, não podemos tudo, mas podemos fazer algo para que tal possa
acontecer…
Nuno Raimundo
FONTE: Ceberusmagazine.com
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