Aurora |
A ESSÊNCIA ...
O maçom tem que caminhar uma
longa trajetória, para se considerar e ser na realidade um verdadeiro Iniciado.
Ele, para entrar na Ordem passará
por duas portas. Uma, a porta física do Templo onde o espera um estranho e
intrigante ritual, mas ao mesmo tempo belo, um verdadeiro teatro simbólico e
sublimado.
É o dia do seu recebimento formal
na Ordem, que quando bem desempenhado pelos Iniciadores, (Bom desempenho
significa, que o Venerável, e todos os Irmãos que forem ler algum trecho do
Ritual, o façam com clareza, com boa dicção, palavras bem pronunciadas, para
que todos ouçam, sem tartamudear (gaguejar) e que os procedimentos tenham sido
devidamente muito bem treinados. Não se devem dar trotes nos candidatos, aliás,
costume grosseiro, medieval, desumano que ainda persiste, e que bloqueará ainda
mais a mente do neófito. a cerimônia o marcará, de forma indelével na mente.) A
segunda porta é simbólica. Do ponto de vista mental, é um acesso através de uma
pequena fresta, isto é, uma pequena abertura que está fechada pelo Subconsciente.
Uma vez a venda cobrindo a visão, isto fará com que o Iniciando desperte e
aguce os outros órgãos dos sentidos, e ele então enxergará com os olhos da
mente e se colocará especialmente numa situação de pura introspecção que nada
mais é que uma verdadeira jornada interior e que para a grande maioria dos
Iniciandos é o reencontro, ou mesmo o primeiro encontro súbito, inesperado e surpreendente
com o seu duplo Eu, há muito tempo adormecido, talvez nunca procurado, ou quem sabe
ele nem soubesse da existência de um duplo estado de sua consciência. O profano
terá que, justamente auxiliado por uma técnica iniciática perfeita e bem
desempenhada, usando-se uma ritualística bastante eficiente fluente e fácil,
franquear esta barreira, e passar por ela, mas para isso ele terá que se sentir
humilde, pequeno, diminuto, ínfimo. A Iniciação neste primeiro dia de contato com
a Maçonaria se consubstancia neste detalhe. Será apenas a conscientização de
que existe este outro estado do Ser, um outro estado da mente.
É necessário frisar que não
haverá com esta conscientização a descoberta instantânea de todo o conhecimento
humano, ou maçônico, dos mistérios ou segredos, mas tão somente a auto
revelação de sua consciência dupla, tomando-se conhecimento que existe em cada
um de nós um outro EU. Este aspecto é
apenas o começo. Esta revelação não é tudo. A verdadeira Iniciação se processará
durante toda a vida através do estudo, da pesquisa, da meditação, da dedução,
do conhecimento adquirido corretamente, e do auto aperfeiçoamento. Ela será
praticamente inatingível em sua totalidade, porque o Homem jamais atingirá a
perfeição. Ele tenderá a chegar perto, e quanto mais perto chegar, mais poderá
ser considerado um Iniciado. Já na própria Antiguidade o conceito de Iniciação
foi se atualizando e se transformando numa forma de conhecimento gradativo pelo
qual o Iniciando receberá inicialmente instruções através de mensagens
dogmáticas, ainda que hipotéticas, ele a partir delas, desenvolverá, por seus
próprios meios, a sua iluminação interior, das quais apenas ele só possui a semente
ou germe. Se considerarmos que o maçom tem duas entradas, para ele permanecer
na Ordem ele terá didaticamente duas saídas para escolher qual a delas ela
adotará. Ele escolherá aquela do seu aprimoramento pessoal, ou então escolherá
aquela que identifica apenas a sua passagem física pela Maçonaria. Ele terá que
escolher a opção correta e isso será tão somente uma decisão sua. O grande
mérito seu, de sua mente, será pessoal, intransferível, ninguém conseguirá lhe
ensinar, ele aprenderá sozinho por qual das duas saídas ele optará. Grande
parte dos maçons não percebe ou não querem perceber que estão tendo a grande
opção enquanto estão passando pelos graus simbólicos, aliás, graus estes que
constituem a verdadeira Maçonaria. Infelizmente, estes maçons constituem a
grande maioria, e embevecidos acham que a Ordem é festa, banquetes, auxilio
mútuo, graus, política de lojas, fachada para outras atividades, belos
aventais, distintivos na lapela, e outras tantas dicotomias, Que são na verdade,
verdadeiros subprodutos ou complementos que a Ordem coloca a disposição de
todos. Alguns até acabam descobrindo através dos anos, que tudo isso não está
coerente, não está certo. Mas acham que é tarde demais para mudar. Não têm
coragem. Continuarão inertes e coniventes, pois já estão um tanto quanto
idosos, e esperam que os maçons mais jovens mudem tal situação. Puro engano. Um
verdadeiro maçom jamais poderá se considerar idoso, mas sim experiente humilde
e sábio, e ele terá a obrigação de ter a ousadia e firmeza de mudar o que pode
e deve ser mudado. Esta é em síntese, a primeira saída que normalmente a
maioria dos maçons escolhem ou preferem. Mas existem aqueles que descobrem durante
a sua vivência maçônica que há algo mais profundo, mais abrangente por trás das
mensagens dos rituais, ou das migalhas maçônicas que as Lojas oferecem em
matéria de ensinamentos, que toda aquela ganância em torno do poder maçônico,
da bulimia maçônica também conhecida por fome exagerada de graus, sem conhecer
a fundo o grau em que se está colado; da filantropia amadora e ingênua mal
feita, da fraternidade hipócrita que alguns são hábeis em aplicá-la enganando
outros inocentes e bons Irmãos, da falta de instruções, alem de outras inúmeras
razões, enfim, decidem mudar, porque descobriram a ESSÊNCIA da natureza da
Entidade para qual foram chamados a integrá-la e ao entenderem a sua
profundidade, mudam completamente seu comportamento mental. Passam a entendê-la
como uma Escola de Vida, descobrem que sua principal função é político-social,
e que eles serão consequentemente os construtores da futura sociedade mundial,
que terão que amadurecer como cidadãos, que terão que ser embriões
catalisadores dos movimentos de vanguarda, atuando como aglutinadores de ideias,
de sonhos que se tornarão realidades, não responsabilizando nem Lojas e nem
Irmãos com relação a este compromisso que será só deles, pois eles serão o
fermento que provocará os fenômenos sociais e que, tão somente a introspecção,
a meditação, a análise exata, o raciocínio transparente e o estudo eficiente e
correto da Filosofia, da História, do Simbolismo do Ritualismo e das coisas
pertinentes à Ordem lhes darão o poder do conhecimento, o qual poderá ser
repassado ou dividido com os demais adeptos, mas ninguém lhes tirará esta
riqueza intelectual encerra. E consequentemente
neste caminho deslumbrarão toda a espiritualidade que este estado mental.
Descobriram simplesmente a
ESSÊNCIA porque acabaram de despertar para um mundo novo...
Quando chegarem nesta fase
mental, o autoconhecimento e a espiritualidade adquiridos farão com que estes
Irmãos mesmo que não se apercebam, e se perceberem não deixarão que os outros notem,
já estarão alguns passos à frente deles. Considera-se que eles avançando em
seus progressos penetrarão nas profundezas do Subconsciente ou Inconsciente,
alcançarão a Consciência Cósmica e, indo alem, chegarão á Superconsciência que
é nada mais que o próprio
GADU mais justo, bom, racional e
espiritual de um livre pensador. Uma verdadeira transformação ocorrerá na mente
quando se perceberá uma sensação que não é de insatisfação com esta humanidade
imperfeita, ela é muito mais um sentimento de calma, que mais parecerá uma percepção
de humildade de bondade e compreensão, que será mais uma entrega de si mesmo, a
uma força maior que, embora desconhecida objetivamente, sentem-na presente. E
assim conhecerão a expansão do campo da consciência, e verão que as coisas se
tornam mais belas, a vida tem mais sentido, quase não ficam aborrecidos ou
irritados, porque este estado especial, desviará sua agressividade instintiva
para algo mais construtivo. Este autoconhecimento é considerado como uma
verdadeira catarse, limpeza ou purificação da mente, porque ele mostra,
estabelece e orienta a força capaz de criar, reprogramar e incentivar a
condução da própria vida. Neste momento o maçom estará preparado para ser um
verdadeiro líder e também estará no caminho seguro em direção à sua verdadeira
Iniciação Real. Para se chegar a este estado mental, percorrer-se-á um caminho
tortuoso, difícil, gratificante, mas totalmente individual, pois somente o
adepto sem auxilio de quem quer que seja, o alcançará. Este é o autêntico
segredo maçônico. Os sinais, palavras toques rituais e etc., não são em
realidade os verdadeiros segredos. O Irmão que chegar a esta situação mental
não terá condições, nem que queira de transmiti-la, descreve-la ou
conceitua-la.
Não conseguirá. Será impossível. É inexprimível. É um estado da alma que não estará ao alcance
de ninguém, a não ser tão somente de sua psique. Será só seu. É o mesmo
mecanismo que se observa nas transformações mentais dos gurús, dos santos, dos
chamãs, dos jejuadores, de alguns paranormais e dos Grandes Iniciados. Estará
em estado de expansão da mente, em ondas cerebrais “alpha” ou “theta”.
Acresça-se que não é só a Maçonaria que realiza Iniciações. As grandes escolas iniciáticas
da Antiguidade, das quais somos herdeiros, e mesmo outras entidades iniciáticas
do presente, basicamente sempre utilizaram técnicas muito semelhantes. Temos
que ressaltar que nosso Inconsciente sempre busca satisfazer nossos desejos
instintivos, mas eles são bloqueados por outra parte da mente chamada de
Superego segundo Freud. Nossa civilização incide neste fato, onde os conflitos
deste bloqueio geram a infelicidade do homem. O Iniciado deverá romper esta barreira.
É uma bela e fantástica aventura, esta ruptura. Este é o ideal superior que ele
se proporá a realizar. A sua mente deverá se abrir. Eis a sua tarefa. A
trajetória percorrida para se chegar a este ideal superior é muito linda e rica
em sabedoria, por causa das observações, incidentes de percurso e das
experiências vividas para se chegar lá. Quantas lindas verdades ocultas serão
descobertas a caminho. O percurso será tão importante quanto o ideal a ser
atingido. É uma linda e longa viagem para dentro de SI MESMO. ( O poder
verdadeiro e respeitado dos dirigentes advém tão somente do carisma, bondade,
sabedoria, polidez, educação já que nenhum maçom é obrigado a obedecer a dirigentes
déspotas, e impositivos que não conheçam os princípios básicos da democracia e
que o “poder” lhes tenha “subido à cabeça”.
Um Grão-Mestre ou um Venerável
não governarão seu povo por decretos, leis, por imposição, a grito ou através
de tramas e perseguições, só governarão pela bondade de seu coração... O poder
verdadeiro e respeitado dos dirigentes advém tão somente do carisma, bondade,
sabedoria, polidez, educação já que nenhum maçom é obrigado a obedecer a dirigentes
déspotas, e impositivos que não conheçam os princípios básicos da democracia e
que o “poder” lhes tenha “subido à
cabeça”. Um Grão-Mestre ou um Venerável não governarão seu povo por decretos,
leis, por imposição, a grito ou através de tramas e perseguições, só governarão
pela bondade de seu coração...).
Ir.·.Hercule Spoladore- Loja de
Pesquisas Maçônicas Brasil
Fonte: Jornal do Aprendiz ,
edição de junho de 2014, pág. 1, 2 e 3.
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