A
SUBLIME SENTENÇA
Francisco
Antônio de carvalho Júnior*
Ao pé de
templo enorme, a praça tumultua.
Ansiosa
expectação na calçada poeirenta...
A massa
encontra o Cristo e, trágica, apresenta
Consternada
mulher a chorar seminua...
– “Adúltera,
Senhor!” – velho escriba insinua.
– “Que dizes,
Mestre?” – insiste a multidão violenta –
“Somos o
tribunal que a tradição sustenta,
A lei é
apedrejar nos libelos da rua!”
– Fita o
Mestre a infeliz que à miséria alanceia;
Inclina-se, em
seguida, e escreve sobre a areia,
Como quem
grava o sonho onde a vida não medra.
Depois,
contempla em torno a malícia, o veneno,
E exclama para
a turba, entre nobre e sereno:
– “Quem for
puro entre vós, lance a primeira pedra!”
(*)
Depois de ingressar na Faculdade de Direito de S.
Paulo, fazendo o terceiro e quarto anos no Recife, sòmente em 1877 concluía o
curso em S. Paulo. Ainda estudante, colaborou na República, de Lúcio de Mendonça.
Poeta, folhetinista, critico literário, dramaturgo. Nomeado promotor de Angra dos
Reis, em 1878, transferiu-se depois para o Rio, onde viria à desencarnar no ano
seguinte, como juiz municipal.
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