A ENCRUZILHADA DA MAÇONARIA
José Maurício Guimarães
Para reencontrarmos nosso
caminho é necessário o convencimento de que nossa Ordem, a Maçonaria, é forte
por si mesma: livre, independente e autônoma.
Se deixamos de fazer uso
dessas características é porque outros "valores" se intrometeram em
nossa dinâmica pelas mãos dos eternos caciques que tentam controlar tudo, e
daqueles que, sob o disfarce de servirem a Maçonaria, vão construindo suas
"candidaturas" (a palavra vem de "cândido, isto é, puro) ou
garantindo um lugar ao sol dentro das Potências.
O único lugar ao sol
existente na Maçonaria fica nos assentos entre as colunas, no Oriente ou nos
altares, para aqueles capazes de contemplar a luz maior do Conhecimento
simbolizada pelo Astro Rei, o bom e velho Sol. Os demais pertencem à classe dos
satélites aventureiros.
Fazer Maçonaria não é
falar grosso. É amar a sabedoria e buscar conhece-se a si mesmo. Maçonaria é
caminho e maneira de vida e ensina melhor quem coloca o exemplo de vida acima
do palavrório.
Pertencer à Maçonaria
consiste num permanente vontade de saber e não na constante vontade de poder. A
postura do maçom é a de respeito intelectual pela verdade e não na reverência
cega diante dos políticos profissionais – as raposas – estejam elas entre nós
ou no mundo profano.
Aprendizes e Companheiros:
despertem para este fato, pois cada um de nós pode contemplar a realidade tal
qual ela é, mesmo dentro das atuais limitações de conhecimento. O subjetivismo
dos que tentam nos enganar acaba por deformar a instituição para atender aos
interesses pessoais. Se não reagirmos, em breve teremos que reformar toda a
Ordem para que o espírito da Maçonaria seja preservado puro e imaculado. É isso
que desejamos?
Felizmente essa reação já
se esboça entre as novas gerações de maçons que identificam tais manobras e
resistem contra elas, seja apoiando as direções das Lojas e das Potências
quando alinhadas com os objetivos da verdadeira Maçonaria.
Alguém poderá perguntar:
MAS QUAIS SÃO OS VERDADEIROS OBJETIVOS DA MAÇONARIA? E eu só poderia responder:
"Se você pergunta quais são, é porque ainda não aprendeu o suficiente
sobre Maçonaria (ou talvez nem devesse ter se afiliado...)." – desculpem
minha franqueza.
Eu é que não entendo essa
necessidade urgente que alguns apontam para que a Maçonaria se curve diante dos
(maus) representantes do povo ou busque se justificar perante a sociedade
bajulando essa ou aquela religião.
As religiões têm força em
si mesmas e não precisam do aval da Maçonaria; nem a Maçonaria carece da
aprovação delas. Deve prevalecer o respeito mútuo. Nossa Ordem não é uma
religião, e como tal respeita todas e reconhece o bom trabalho que estão
realizando; mas somos reciprocamente livres, independentes e autônomos.
O mesmo se dá com a
política: devemos votar conscientemente e eleger representantes dignos do
mandato popular. Mas a Maçonaria não deve interferir na administração pública,
assim como a política partidária não pode interferir na vida das Lojas e das
Potências. Nossa aliança preferencial deve ser com o povo, com os cientistas
sociais, as universidades e as instituições que apresentem um projeto ético e
válido para "o bem estar da Pátria e da humanidade". Esta sim, é a
boa política maçônica e profana para o século XXI.
Estou falando de uma nação
e de uma instituição milenar, não de uma coisa transitória como um partido
político e suas frágeis alianças. Nesse aspecto, nossa vista tem que se voltar
vigilante para os ambiciosos caçadores de assentos na administração pública e –
pior ainda – na administração da Maçonaria, vestindo a pele de cordeiro com a
qual disfarçam sua fome voraz de lobos de avental. Prefiro os bodes.
O ano de 2016 coloca nossa
Ordem à prova. Não só no país como no âmbito da Maçonaria muitos acontecimentos
haverão de demonstrar de que lado estão os protagonistas que pretendem ser
lembrados no futuro – e o futuro é agora.
O objetivo das democracias
é que vivamos juntos, ajudando-nos mutuamente e sempre dizendo NÃO aos
preconceitos e aos fatores que distanciam o povo maçônico de suas autênticas
lideranças.
Não precisamos de cargos
nem de posições elevadas para sermos dignos e respeitados.
Olhemos primeiro, para a vida profissional, social e familiar
dos que pretendem falar "em nome da Ordem".
Esta é a lição do NÍVEL
que devemos exercitar em 2016, pois a Maçonaria não será mais a mesma após
decorrer este ano.
Quem tem ouvidos ouça;
quem tiver olhos, veja.
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