NÓS E
A PALAVRA
A
Maçonaria tem certas particularidades que a tornam única no mundo porque
nenhuma outra instituição alcança com tamanha nitidez a alma humana na mais
legítima expressão do bem, construindo ao longo da sua história o verdadeiro santuário
em defesa do Amor, da Fraternidade, da Solidariedade, que respeita a Família,
defende a Pátria e cultua a Bandeira como expressão do patriotismo que orgulha os
seus filhos e, principalmente, pela fraternidade universal praticada pelos Maçons
espalhados por todo orbe terrestre.
No
que se refere a Deus e a religião, o Maçom não pode nunca se esquecer de
praticar a moral como forma de cumprir os mandamentos do Grande Arquiteto do
Universo, nunca negando a sua existência ou a vida do amanhã, não se lhe permitindo,
jamais, ser ímpio, ateu ou agnóstico. A Maçonaria é por excelência uma
instituição eminentemente filosófica, obsessivamente segura dos seus propósitos
de tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes, da propagação
da ordem e da paz, principalmente, pela preservação da família como elo da
força invisível do espírito e a própria existência do homem. Mas, no conjunto
da obra, o Maçom acredita nos postulados da Ordem Maçônica e segue, passo a
passo, o longo caminho que o leva a atingir a perfeição do seu caráter,
buscando na felicidade do seu semelhante a riqueza de que precisa para alcançar
a sua própria felicidade. Em sendo de cunho filosófico, nos ensina o Irmão Hipólito
Sérgio Ferreira, membro fundador da Academia Mineira Maçônica de Letras, a Instituição
Maçônica passa pelos mesmos caminhos de outras instituições do mesmo gênero e
até mesmo da maioria das religiões existentes.
Santo
Agostinho e Santo Tomás de Aquino são exemplos da fundamentação filosófica da Maçonaria,
iguais na teoria de que não existe paradoxo irreconciliável entre aquilo que
diz a filosofia e a razão, porque a revelação da fé cristã e da verdade são sinônimos
paralelos. A filosofia é nada mais, nada menos, do que uma forma de pensar, tanto
que a Maçonaria prima seu comportamento pelo soberano princípio do livre pensamento,
buscando no mundo das ideias a inspiração para chegar à verdade. A conciliação
da doutrina maçônica com o seu compromisso com a Humanidade está expressa no
documento que os Maçons conhecem como a Constituição de Anderson, aprovada em
17 de janeiro de 1723, resultado de um trabalho iniciado em 10 de setembro de
1721 que consistia no encerramento num mesmo título dos antigos documentos,
livros de Lojas e as antigas disposições, “levando-se em conta as mudanças do
tempo e das circunstâncias.
Agora,
digo eu, que a Maçonaria demonstra não ser estática, procura adequar-se ao
tempo e aos costumes da época, porém guarda incólume a tradição de se fazer
conhecida através da comunicação oral entre os seus membros, no que constitui
uma defesa natural contra os maledicentes da Ordem. Aliás, segundo a escritora Ana
Helena Goes, “a palavra é o primeiro elemento transformador do mundo de que
se vale o ser humano. A partir da palavra o homem passa a organizar e orientar-se
por todo significativo, organizado o real, dando-lhe significados, percepções e
sensações, ganham significados, a partir da palavra ganha um sentido recebendo
um significação, um nome. A palavra passa a fazer parte do mundo que é
construído por nós, onde evitamos o caos, a desordem e damos um caráter todo
unificado, ordenado por meio da linguagem.”
A
origem da palavra remonta à criação do mundo quando Deus,na sua infinita
sabedoria, fez nascer a luz e iluminou a terra para que todos os seres encantados
do Éden pudessem se ver mutuamente e aprender a dominar o tempo, a noite e o
dia para sua completa felicidade. Na Maçonaria, mais do que em qualquer outra
Ordem Iniciática, tudo nos leva à palavra como forma de transmissão oral da sua
história e reconhecimento, seja nas sessões ritualísticas, como também,
representa a segurança de que os meios e os fins que a fizeram traspassar os
séculos estão a salvo da curiosidade do mundo profano. Por isto que é de suma importância
na Instituição Maçônica garantir a palavra ao Maçom nas assembleias de que participar,
não somente porque é a forma dele expressar a sua verdade, mas, essencialmente
a oportunidade que tem de ouvir para aprender todas as razões encerradas no
simbolismo maçônico. Tão certo quanto o dia e a noite que se encontram no
milésimo de segundo em cada ciclo equinocial e, simbolicamente, representa a igualdade
que deve existir entre os Irmãos Maçons, sem brilhos ou sombras entre si
mesmos, é de fundamental importância que a utilização dos meios de comunicação
modernos, via internet, principalmente, se faça com a mesma discrição que
sempre pautou o comportamento maçônico.
Por
isto que os próprios Maçons têm o dever de policiarem a si mesmos, de saberem conscientemente
o limite para publicarem os seus conceitos maçônicos, guardando o costume da transmissão
oral da palavra maçônica, sem risco de, involuntariamente, abrirem as portas do
imponderável para conhecimento do mundo não maçônico.
Autor:
Ir.·. José Alberto Pinto de Sá
Fonte: Jornal do Aprendiz - EDIÇÃO DE
MAIO 2015 - ANO VI Nº 71: PRODUZIDO PELA
ARLS AMPARO DA VIRTUDE, 0276
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