Salmo 133
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CONSAGRAÇÃO
A DEUS
DAVI
Na
tradição hebraica, a figura de DAVI, rei de Israel, tem duplo significado; o
de fundador do poder militar judaico e o de símbolo da aliança entre Deus e
seu povo.
A história
de Davi é narrada na Bíblia, nos livros I e II de Samuel. Nascido em Belém, na
Judéia, entrou como harpista na corte de Saul, primeiro rei de Israel. Na
guerra contra os filisteus, o jovem Davi, armado com uma funda, matou Golias,
o gigantesco campeão dos inimigos.
Essa
vitória e outras que se seguiram despertaram o entusiasmo do povo e,
enciumado, o rei Saul resolveu eliminá-lo, embora este tivesse se casado com
sua filha Micol e fosse amigo de Jônatas. Davi então fugiu da corte, vivendo
em seguida em vários lugares. Depois da morte de Saul e Jônatas, Davi
regressou á Judéia e sua tribo o nomeou rei, ao mesmo tempo em que as tribos
restantes elegiam Isbaal, o outro filho de Saul.
Na guerra
que se seguiu, Isbaal foi morto e Davi tornou-se rei de Israel, fixando a
capital em Jerusalém e, para lá transferiu a Arca da Aliança, maior símbolo
religioso dos israelitas.
Vários
episódios dão á vida de Davi uma nota humana e realista, sobretudo seu
adultério com Betsabéia, mulher de Urias, para cuja conquista final teve de
liquidar, indiretamente, o marido, que era seu general e dessa ligação nasceu
Salomão.
Davi era
também extraordinário poeta e músico, e a ele se atribui boa parte dos poemas
que compõem o Livro dos Salmos. Na hora da morte, ungiu como rei seu segundo
filho, Salomão. Seu corpo foi levado para Belém e ali sepultado. Na tradição
posterior, Davi foi apresentado como garantia da união entre Deus e o povo.
SALMO 133
“OH! COMO
É BOM E AGRADÁVEL VIVEREM UNIDOS OS IRMÃOS!
É COMO O
ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA, A QUAL DESCE PARA A BARBA, A BARBA DE ARÃO E
DESCE PARA A GOLA DE SUAS VESTES.
É COMO O
ORVALHO DO HERMON, QUE DESCE SOBRE OS MONTES DE SIÃO.
ALÍ ORDENA
O SENHOR A SUA BENÇÃO E A VIDA PARA SEMPRE.”
Este salmo
tem sido atribuído ao Rei David. Há quem afirme que é obra do período pós
exílio; época que em forte clima emocional, é retomado o culto a JAVEH em
plena Jerusalém. Importante é que o tempo não apagou nem alterou tão profunda
mensagem, tendo sido transmitida com o tradicional zelo judaico através de
gerações até chegar hoje, de forma familiar, a todo maçom.
O Salmo
encanta por sua singeleza, por sua mensagem direta, profunda, e pelas
objetivas analogias que encerra. Embora não nos seja familiar a imagem do
óleo descendo da cabeça até a gola das vestes sacerdotais ou o cenário do
orvalho que dos montes (como o portentoso Hermon), desceu até os vales.
Para
transmitir o que esta unidade fraternal em sua essência significa, a poesia
traz á consciência de cada um o paralelismo com duas figuras bem familiares
ao povo hebreu: A barba de Arão e o Monte Hermon.
ARÃO:
Arão é o
primeiro nome lembrado toda vez que se falar em religião judaica. A citação
do seu nome evoca um paradigma sacerdotal, a linhagem levita.
Arão, é o
irmão mais velho de Moisés e seu principal colaborador. A figura de Arão
possui, um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de
patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus. Arão, membro destacado
da tribo de Leví, viveu em torno do século XIV A.C. De acordo com a descrição
do Exôdo, era filho de Amram e Jocabed e três anos mais velho que Moisés.
Segundo a maioria dos biblícistas, se Moisés encarnava a visão profética,
Arão simbolizava a necessidade de um poderoso testamento sacerdotal.
Durante o
exôdo do povo judeu, Arão é o escolhido por Deus para transmitir ao faraó e
ao povo a sabedoria por ele concedida a Moisés.
Em Exôdo:
4: 16," Ele falará por ti ao povo; ele será a tua boca, e tu serás para
ele um deus".
Do mesmo
modo, Arão ajudou Moisés a tirar seu povo do Egito, atravessando o deserto.
Enquanto Moisés se achava no monte Sinai, onde recebeu Os Dez Mandamentos,
Arão deixou de lado as recomendações do irmão e, ante as súplicas do povo,
mandou construir a imagem do Bezerro de Ouro. Isso provocou a cólera divina e
Arão não teve permissão para entrar na Terra Prometida. Apesar disso, Deus o
consagrou sumo - sacerdote, fazendo com que de seu cajado brotassem flores.
Foi o
primeiro sacerdote dos hebreus, o escolhido pelo Senhor para o sacerdócio,
introduzido no tabernáculo ainda no Egito.
Em Números
3: 5-10, temos a declaração explicita de Jahveh:
"Disse
o Senhor a Moisés: Faz chegar a tribo de Levi, e põe-na diante de Arão, o
sacerdote para que o sirvam, e cumpram seus deveres para com todo o povo,
diante da tenda da congregação, para ministrar no tabernáculo.
Terão
cuidado de todos os utensílios da tenda da congregação, e, cumprirão o seu
dever para com os filhos de Israel no ministrar no tabernáculo.
Darás pois
os levitas a Arão e a seus filhos; dentre os filhos de Israel lhes são dados.
Mas a Arão e seus filhos ordenarás que se dediquem só ao seu sacerdócio, o
estranho que se aproximar morrerá."
Em Exôdo:
40: 13-15, encontramos o comando de Jahveh a Moisés de forma definitiva:
"Vestirás a Arão das vestes sagradas, e o ungirás e o consagrarás, para
que me oficie como sacerdote.... e sua unção lhes será por sacerdócio
perpétuo durante as suas gerações”.
Unção!
É ato de
ungir, sagrar alguém ou algo para uma função ou atividade elevada. Na
liturgia hebraica, a unção era atribuição privativa dos sacerdotes e estes;
até a época de Salomão eram exclusivamente da tribo de Levi.
Disse
também o Senhor a Arão: Na sua terra possessão nenhuma terás, e no meio deles
nenhuma parte terás, eu sou a tua parte e a tua herança.
Os Levitas
administrarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a
sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será.
Em
Levitico: 8: 1-12, encontramos detalhes do ritual de sua “INSTALAÇÃO” como
sumo - sacerdote, celebrada por Moisés, conforme as instruções recebidas do
Senhor. Na etapa final desse que foi um dos mais solenes cerimoniais de
"instalação" descritos no Velho Testamento, o texto assinala :
"Então
Moisés tomou o óleo da unção, e ungiu o tabernáculo, e tudo o que havia nele,
e o consagrou; e dele espargiu o altar e todos os seus utensílios, como
também a bacia e o seu suporte, para os consagrar. Depois derramou do óleo da
unção sobre a cabeça de Arão, ungiu-o para consagrá-lo.
TABERNÁCULO,
OU TENDA DA CONGREGAÇÃO , era o templo provisório, móvel, utilizado por todo
o período anterior á construção do Templo de Salomão, o que ocorreu por volta
do ano 968 a.C.
Por todo
esse histórico, Arão é personagem importante na história do povo judeu.
Como
sacerdote, tinha o privilégio de participar do oficio e cerimoniais no
tabernáculo, apresentando diante de Deus as oferendas em nome do povo. Na
qualidade ainda de sumo - sacerdote tinha também a responsabilidade e suprema
honra de ser o único a entrar uma vez por ano no local "santíssimo "
onde se encontrava a Arca da Aliança.
Sua
consagração como sacerdote foi feita pelo próprio Moisés por meio do
derramamento do óleo sobre sua cabeça. O óleo que desceu sobre a sua barba
até alcançar as suas vestes, reveste-se de singular simbolismo no contexto.
O corpo
envolto no óleo, simbolizando a consagração sacerdotal, estaria capacitando
Arão de representar todo o povo diante do Senhor. Era como se o povo judeu
fosse, unido, representado por um corpo - um corpo ungido - perante o
Altíssimo.
É a esse
óleo que o Salmo da Fraternidade se refere como "precioso". Sua
composição, transmitida pelo Senhor a Moisés, reúne apenas cinco
ingredientes, em porções bem definidas:
"Tu
pois toma para ti das principais especiarias: da mais pura Mirra quinhentos
siclos, (Siclos: moeda dos hebreus, de prata pura que pesa- va seis gramas),
de Canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos; e, de
Cálamo aromático, duzentos e cinquenta siclos; e de Cassia quinhentos siclos
e de Azeite de Oliveiras um him.
Cumpre
ressaltar, a natureza santa desse óleo.
O sentido
do termo Santo é separado, sagrado, consagrado. Não é comum, profano ou
vulgar, tanto que o próprio Deus adverte explicitamente:
EM Exôdo
30: 31-33 "Este me será o azeite da santa unção nas vossas gerações. Não
se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante conforme á
sua composição: santo é, e será, Santo para vós. O homem que compuser tal
perfume como este, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado dos
seus povos."
De acordo
com o livro dos Números, Arão morreu no monte Hor com 123 anos de idade.
Outras
fontes bíblicas, porem, afirmam que ele morreu em Moserá.
MONTE
HERMON:
“É COMO O
ORVALHO DO HERMON, QUE DESCE SOBRE OS MONTES DE SIÃO.
ALÍ ORDENA
O SENHOR A SUA BENÇÃO, E A VIDA PARA SEMPRE.”
A outra
figura lembrada pelo salmista nos transporta ao portentoso e belo monte
Hermon, e o orvalho que do seu topo se precipita aos montes de Sião.
Reputado
como local sagrado pelos habitantes originais de Canaan, o monte Hermon
situa-se na região norte da Palestina hoje, na fronteira do Líbano com a
Síria e, se eleva a 2.800 metros de altitude. O cume do Hermon está
permanentemente coberto de neve. Aos seus pés tem origem o rio Jordão,
responsável por tornar fértil toda a região conhecida como vale do Jordão,
que se estende da cidade de Dã até a região de Edom, ao sul do Mar Morto.
A
fertilidade, isto é, a própria vida da região, é dádiva do monte Hermon. Se
não fora o orvalho de suas vertentes, não existiria o Jordão. A região
vizinha é inóspita e sem chuvas. As águas cristalinas do Jordão asseguram a
irrigação e com ela a vida ao longo do vale verdejante.
É possível
dai se entender o significado simbólico do "...orvalho do Hermon" e
a paráfrase da conclusão:
"Alí
ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre”.
Duas
figuras, o óleo que desce da cabeça de Arão e o orvalho do Hermon que também
desce, eis as analogias feitas pelo poeta para comparar as benesses da vida
em união. Tudo se passando como se ele tivesse dizendo que viver em união é
como ter Arão como sacerdote, em intimo contato com o Criador, interpretando
nossas dores e alegrias e oferecendo os sacrifícios. Ou então é como ter
garantida a vida, que frui do Hermon até aos montes de Sião, assegurando a
fertilidade da região de onde vem nosso sustento.
Com estas
duas figuras entendemos o que o salmista nos traz. Viver em união, como
irmãos, é a superação de todos os males. É sinônimo da máxima virtude humana.
É quando os homens ascendem ao clímax da felicidade. É a realização do EU
coletivo. Não o seremos "eus" mas "nós". A felicidade da
vida em união é comparada com dois planos: o espiritual, simbolizado pelo
óleo sobre a cabeça ungindo Arão, que permite o homem alcançar o plano do EU
superior. E material, representado alegóricamente pela água que descendo do
Hermon assegura a vida pela perene fertilidade do solo.
De um lado
o espirito – o compasso - de outro o corpo - o esquadro, e no meio o homem
plenamente harmonizado consigo mesmo, com os demais semelhantes, com a
natureza (a terra) e com o Principio Criador. O óleo, o homem, o monte e a
água formam os símbolos e alegorias, que nos levam a entender o significado
da real união entre homens que se definem como irmãos.
O Salmo
133 consagra o puro e verdadeiro amor fraternal, essência para a construção
dos novos tempos. "Ali ordena o Senhor a sua benção, e a vida para
sempre". Ele retrata os mistérios da felicidade interior dos que vivem
em harmonia com seus irmãos, tal como preconiza nossa ordem. Feliz aqueles
que compreendem o essencial deste poema, para alguns oculto, e, muito mais do
que isto, conseguem viver esta experiência.
O objetivo
primário da Maçonaria é unir os Irmãos de tal forma que possam parecer um só
corpo, uma só vontade, um só espírito, formando um Templo coeso, compacto, de
partes heterogêneas formando um todo. Os Maçons, portanto, quando unidos pela
Cadeia de União, não estão absorvidos nem diluídos, mas ligados através da
soma das forças físicas e mentais, existindo individualmente no todo.
“Segui a
palavra de Davi, é a voz de Deus na Terra ”.
Or.'. de
Santo André, 04 de Novembro de 2001 E.'.V.'.
Irmão
Antonio José Rodrigues
BIBLIOGRAFIA:
Texto
elaborado a partir das fontes abaixo:
Bíblia.
Revista A
Verdade nº 381.
Enciclopédia
Britânica ( Barsa).
Dicionário
Aurélio Eletrônico.
Revista 0
Milênio.
Ritual da
Magia Divina - Os Salmos de Davi e suas Virtudes.
apoio e
materiais fornecidos:
Cleanto
Pereira : ARLS Lealdade Paulistana
Jair
Mendes Ferreira : ARLS Cidade de São Paulo nº 416
|
Fonte: www.glesp.org.com
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