A dor causada pela perda dos
entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida a que
estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer
da vida será a de que um dia morremos.
Não costumamos pensar muito na
morte, não fazendo ela parte das nossas preocupações mais imediatas. Vamos
levando a vida sem pensar que um dia morremos. Mas daí vem o inesperado, e
quando nos deparamos ela bate nossa porta arrebatando-nos um ente amado.
Então sentimo-nos impotentes
diante dela e o pensamento de que nunca mais “o veremos” aumenta mais a dor.
Dor alguma é comparável a essa. Ceifando a alegria de viver de quem fica no
corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas
no campo emocional. Mesmo na vida física há separações traumáticas, longa e às
vezes definitiva. Na morte, então a saudade e a vontade de ter outra vez aquele
que se foi é perfeitamente natural e compreensível.
A morte, no entanto, é uma
fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no corpo, em
momento próprio dele serão arrebatados.
Algumas pessoas sentem com maior
intensidade a perda do ente amado, demorando a se recuperar da dor pela partida
deste. O chamado período de luto. O período de luto é influenciado por vários
fatores, dentre estes a idade, saúde, cultura, crenças religiosas, segurança
financeira, vida social, antecedentes de outras perdas ou eventos traumáticos e
principalmente quando a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como
acontece em desastres, acidentes ou por ato de violência. Cada um desses
fatores pode aumentar ou diminuir a dor do luto.
Mas porque é tão dolorosa a
perda, ou melhor, a separação de um ente amado? Justamente, porque os amamos, e
porque os amamos queremos tê-los continuamente junto a nós, e isso é natural,
portanto, não necessita de explicações! Vivemos em função uns dos outros, se
aquele que amamos se vai... Como não sentir? A impossibilidade de se conversar,
ouvir a voz, tocar no ente amado que partiu, é desvastador para aquele que ficou.
Uma foto, um aroma, uma música bastam para lembrar o ente querido e a dor da
sua ausência reaparece cada vez mais forte acompanhada da saudade causticante!
Diante de tão terrível e amarga
dor. Aonde procurar consolo? Aonde procura respostas? O que fazer e qual a
nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?
Para entender a atitude dos
espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é preciso entender a visão
espírita da morte!
Toda a religião espiritualista
tem em comum a crença na imortalidade da alma. No entanto, o Espiritismo
acrescenta e difere das demais, porque nos mostra que além de imortal, a alma
após a morte mantém sua individualidade, se aperfeiçoa e evolui pela
pluralidade das existências (reencarnação) e existe a comunicação entre os que
se encontram no Mundo Espiritual e aqueles que se encontram no mundo material.
Diante da imortalidade da alma a
morte é, pois: a destruição do corpo físico, comum a todos os seres biológicos,
seja pelas transformações orgânicas, pelo desgaste à medida que nele se
movimenta, ou por uma agressão violenta!
Considerando que o Espírito esta
em constante crescimento e renovação, a morte é um meio de transição e não um
ponto final, possibilitando assim através da reencarnação mudança de ambientes
e projetos de vida! Vejamos o que diz o Livro dos Espíritos.
Questão 153:
P: Em que sentido se deve
entender a vida eterna?
R: “A vida do espírito é que é
eterna; a do corpo é transitória e passageira. quando o corpo morre, a alma
retorna a vida eterna”
Segundo consolo que encontramos
na Doutrina Espírita: possibilidade de comunicação entre os encarnados e os
desencarnados!
A possibilidade da comunicação
com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem,
uma palavra que possa proprocionar-lhes a aceitação do ocorrido e que lhes
minore a dor da enorme saudade que sentem.
No entanto, é necessário se
precaver contra a urgência desenfreada de se obter essa comunicação,
principalmente quando é recente a desencarnação. Nesse caso, sabemos que ela
não é impossível, mas não é recomendada porque, e isto é natural e previsível
para todos os recém desencarnados, há um período de adaptação do Espírito a sua
nova realidade.
Não podemos olvidar também que as
condições em que se encontram os Espíritos no mundo espiritual, se dão pelo
próprio espírito, ou seja, pelas escolhas, a forma como viveu enquanto
encarnado, seus méritos e suas necessidades! Diante disso, a comunicação pode
ser impedida ou não possível por um determinado tempo.
Em segundo, as comunicações são
acompanhadas de uma necessidade e de uma utilidade! Temos que entender que o
mundo espiritual não esta para nos servir a qualquer hora ou custo, para saciar
desejos desenfreados, isso pode abrir portas para mistificações e ate
obsessões. Por isso toda e qualquer comunicação deve ser vista com cautela e
seriedade!
Então as pessoas que buscam o
centro espírita com profundo desejo de receberem uma mensagem de um ente
querido desencarnado, estejam avisadas de que este contato nem sempre é
possível. Às vezes passam-se meses e até anos antes de obterem uma palavra ou
mensagem. Nem os médiuns, nem os Espíritos estão obrigados a nos dar as
respostas que queremos, mas se a Misericórdia Divina permitir, com certeza será
recebida, como podemos comprovar por tantas psicografias, posteriormente
publicadas em livros, recebidas por Francisco Candido Xavier, mensagens
consoladoras e esperançosas para pais, filhos, amigos...
Outro consolo que a Doutrina
Espírita trás, diz respeito às desencarnações de entes amados em tenra idade,
jovens, filhos ceifados de um momento para outro, por meio de acidentes,
violência desenfreada, doenças rápidas! Esse tipo de desencarnação geralmente
causa espanto, e muita revolta para os que ficam. Mas no Evangelho Segundo
Espiritismo, no capitulo V, Instruções dos Espíritos no item perda de pessoas
amadas e mortes prematuras (Sansão, antigo membros da Sociedade Espírita de
Paris, 1863):
Ele diz assim: “a morte prematura
é quase sempre um grande beneficio que Deus concede ao que se vai. Sendo assim
preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à
perdição. aquele que morre na flor da idade não é vitima da fatalidade, pois,
deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na terra.”
Ressalta-se que nos casos de
morte em que não houve imprudência ou que não houve nenhuma participação do
desencarnado.
E Sansão ainda nos diz:
“regozijai-vos em vez de chorar
quando apraz Deus retirar um dos seus filhos deste vale de misérias. Não é
egoísmo desejar que ele fique para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe
entre os que não têm fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós espíritas,
sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães
sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem
perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa
lembrança os inebria de contentamento, mas também as vossas dores sem razão os
afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a
vontade de Deus!”
Diante dessas palavras
instrutivas do Espírito Sansão, podemos ver que os pensamentos, dirigidos aos
entes amados desencarnados, chegam como vibrações e são percebidas e
assimiladas por eles. Porque a morte nada mais é do que a destruição do corpo
orgânico, mas a alma imortal segue eterna, assim como os laços de amor e
afeições que os uniu aos pais, aos filhos, aos maridos, as esposas, aos amigos!
A Doutrina Espírita orienta-nos a
pensar e emitir vibrações de amor, e não de dor e desespero.
Vejamos o que nos
revela a questão 936 do Livro dos Espíritos.
P: - Como é que as dores
inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos espíritos que as causam?
R: O espírito é sensível às
lembranças e às saudades dos que lhes eram caros na terra; mas uma dor
incessante e desarrazoada, o toca penosamente, porque nessa dor excessiva ele
vê falta de fé no futuro e confiança em deus e, por conseguinte, um obstáculo
ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com ele.”
Da mesma forma os entes amados
que partiram nos emitem pensamentos e vibrações de amor e de esperança.
Acontece que muitas vezes, nos prendemos na dor, e não nos apercebemos da
presença deles. Muitas vezes, eles têm que recorrerem às sessões mediúnicas,
com a devida permissão dos seus orientadores espirituais, para pedir, que não
soframos mais. Que nosso sofrimento excessivo, os fazem sofrer, que nosso apego
as lembranças com dor os atingem e os afligem. Muitos ainda impossibilitados de
virem se comunicar, porque ainda estão de adaptando e se recuperando, (um dos
motivos que a evocação não é recomendada) solicitam aos seus mentores que mandem
noticias em seus nomes, para acalmar o coração dos familiares em sofrimento. A
morte não é o mergulho no nada, é apenas a mudança de estado, e que eles
continuam do lado de lá, recebendo de nós, os sentimentos de amor, ou de
revolta que possamos emitir.
Joanna de Angelis nos alerta
quanto nossa atitude perante nossos desencarnados entes queridos, na obra Rumos
Libertadores.
Ela diz assim: “não digas, ou
interrogues, antes os que desencarnaram: “deixaram-me, e agora? O que será de
mim?
Estes conceitos, profundamente
egoístas, atestam desamor, antes do que devotamento.
Nem te entregues ao desejo de
partir, também sob a falsa alegação de que não pode continuar sem eles.
Esta atitude fá-los-ás sofrer.
Poe-te no lugar deles.
Como te sentirias do lado de cá,
acompanhando o ser amado que se resolvesse complicar a própria situação,
justificando seres tu o responsável?
Imagina-te impossibilitado por
leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso,
chamasse e imprecasse por ti, e verificarás quanto te seria doloroso.
“Assim também eles sofrem em
razão de atitude contundente, quanto se alegra em face da resignação, da
saudade dulcida e das preces gentis que os afetos lhes devotam”.
Podemos tirar três lições do
texto de Joanna de Angelis:
Primeira lição: nossos
pensamentos emitidos os fazem sofrer ou os alegram!
Segunda lição: é não buscar
evocá-los; quando ela diz: “imagina-te impossibilitado por leis soberanas de
socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse
por ti...”
Terceira lição: envolve-los em
preces. O Evangelho Segundo Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da
importância da oração pelos que acabam de deixar a terra como forma de ajudar
no desligamento do Espírito, tornando seu despertar no além tumulo mais
tranqüilo.
Para enfrentarmos a dor da perda
de entes queridos, devemos partir primeiro da fé e confiança na imortalidade da
alma; que a morte é apenas a transição de um estado para o outro, qual seja, a
saída do mundo físico para a vida espiritual. Que a alma liberta do corpo segue
seu curso mantendo sua individualidade, levando consigo, as experiências, os
amores e os laços de família, que são ainda mais reforçados, posto que libertos
do corpo os Espíritos compreendem melhor certas situações, as quais, enquanto
estavam no corpo, passavam despercebidas.
A crença na vida após a morte e
que a separação é passageira, traz um grande consolo no momento da partida
daqueles que amamos. Lembrar os bons momentos vividos com esse ente amado,
sabendo que nada acontece ao acaso e que a separação é apenas momentânea
demonstrando assim fé e confiança nos desígnios de Deus e na possibilidade do
reencontro.
Sabendo que a desencarnação é
para, nós inevitável devemos nos preparar para ela, vivendo cada instante, uns
com os outros como se fosse o ultimo; aprendendo e compartilhando
conhecimentos! Amando, perdoando e servindo ao bem comum!
Cultuar a memória dos entes
queridos desencarnados mediante ações de que eles se alegram, de que possam
participar inspirando-nos e protegendo-nos, ou aprendendo conosco aquilo que
não souberam ou não quiseram aproveitar!
Nara Cristina Goulart
narinha_goulart@hotmail.com
Bibliografia:
Livro dos Espíritos
Evangelho Segundo Espiritismo
Rumos Libertadores
Nenhum comentário:
Postar um comentário