TEMPLOS DA VIRTUDE
Os templos sempre foram
construídos segundo uma estrutura determinada e com a propósito de serem
consagrados e dedicados às forças superiores, consideradas criadoras do
Universo.
Em Roma, eram lugares descobertos
e elevados consagrados pelos áugures (sacerdotes vaticinadores) às ações
memoráveis e aos veneráveis princípios espirituais. Esta sempre foi a idéia de
SAGRADO, um lugar solene e respeitável. Os templos são o reflexo da habitação
divina sobre a terra, o local da Presença Inefável, resumo do macrocosmo e
imagem espelhada do microcosmo. As concepções mais remotas de templo se
encontram no Egito. Mesmo em ruínas, pode-se perceber o respeito que aquela
adiantada civilização dedicava aos Mistérios Iniciáticos e religiões locais.
Muitos deles, devido a vários
fatores, foram desmontados pela moderna técnica de engenharia e reconstruídos
noutros locais. É o caso do Templo de Philae dedicado a deusa Ísis. Ostenta
dois pilonos no pórtico (análogos às duas colunas simbólicas) referindo-se às
deidades do mito de Ísis e Osíris. Outro templo importante do Egito é o de
Luxor, construído por Amenhotep III. Logo na entrada há uma enorme coluna e um
obelisco. No interior, pátios cercados por fileiras de colunas. Reparem na
semelhança dessas construções com o moderno Templo Maçônico. O Templo de
Karnak, cujo recinto sagrado ocupa trinta hectares, possui vários santuários
com a Sala Hipostila, composta por 134 colunas gigantes. A tradição egípcia de
considerarem os templos como A CASA DE DEUS, passou para os hebreus através dos
ritos iniciáticos. Primeiro, houve o Tabernáculo construído por Moisés no
deserto. Depois, o Templo de Jerusalém, onde se realizavam as oferendas e
sacrifícios (korbanot). Situava-se no Monte Moriah ao Norte do Monte Sião. De
acordo com a tradição, o Templo de Jerusalém começou a ser construído no
terceiro ano do reinado de Salomão. Foi concluído sete anos depois. Em 587 A.C.
foi destruído e incendiado por Nabucodonosor II.
Mas os judeus o reconstruíram, no
mesmo local, durante a dominação persa. Todavia, foi Herodes, o Grande – que
não era judeu e sim árabe – que terminou toda a obra cuja imponência é relatada
nos Evangelhos Cristãos. Mas, no ano 70 de nossa era, aquele Templo suntuoso
foi destruído pelas legiões do general romano Tito. A tradição diz que do
Templo de Jerusalém restam, atualmente, apenas as ruínas que formam o grande
paredão conhecido como Muro das Lamentações. Os antigos templos eram, além de
locais iniciáticos, pontos de referência da unidade “nacional”. Destruir o
templo significava enfraquecer um povo. Os templos gregos tiveram origem no
“mégaron”, espaços dos palácios de Micenas, um dos maiores centros da
civilização grega e potência militar. Eram compostos de um “pronaos” ou
antecâmara que antecedia o “naos” (nave principal) e que mais tarde se
transformou no “nártex”. A naos propriamente dita – nave ou “cella” – era um
quadrilongo com paredes sem janelas. Ali eram colocadas as estátuas das
divindades organizadas em três alas divididas por colunas.
Hoje, alguns templos maçônicos
ostentam essas três divindades nas figuras de Hércules (força), Palas Atenas
(sabedoria) e Vênus (beleza). Havia também o “aditon” ou “aditus” (entrada
sagrada) só acessível aos grandes oficiais para a dedicação de oferendas e outros
trabalhos reservados ao Círculo Interno. Por último, havia o “opistódomo”,
câmara mais interna onde se encontrava o Mais Alto Segredo. Os cristãos chamam
este local de Sanctus Sanctorum, local da “Arca da Aliança”.
Os templos atuais são simbólicos.
Não representam uma “verdade histórica”, mas princípios velados por alegorias.
Nossa Ordem não ensina a arte de trabalhar pedras no sentido literal, mas
prepara líderes para comandarem a transformação social e moral da sociedade.
Noutras palavras: o objeto primeiro é a construção do “corpo imortal”, a partir
de um “corpo em ruínas”. É a lição que herdamos da mitologia egípcia pela morte
e ressurreição de Osíris. O primeiro passo para a revitalização da Maçonaria
consiste na recuperação do caráter SAGRADO de nossos Templos. Esses espaços e o
trabalho que neles se desenvolvem são dedicados à honra e glória de Deus, o
G.'.A.'.D.'.U.'. PELA POSTURA, PENSAMENTOS, CONDUTA E PALAVREADO USADOS NO
INTERIOR DE UM TEMPLO MAÇÔNICO, PODE-SE DEDUZIR O NÍVEL EVOLUTIVO DE SEUS
OBREIROS E QUAL A FORÇA ESPIRITUAL DA OFICINA.
O mundo profano é separado de
nossos Templos pela Sala dos Pp.'.Pp.'. onde cada Maçom deve deixar suas
ambições, disputas políticas e religiosas, sua vaidade e outros assuntos
vulgares.
A entrada, permanência e saída do
Templo é obrigatoriamente solene, austera e sagrada.
Toda palavra vã, pilhérias e
gracejos proferidos em seu interior constituem um ultraje à dignidade da Ordem
e ao sentimento dos verdadeiros Maçons.
Estejamos atentos para a
fascinação, o terror e o aniquilamento que podem causar as faltas e as
blasfêmias cometidas diante da Face Invisível do Mestre da Evolução. Muitas
vezes não conseguimos entender o porquê de certas coisas acontecerem a um
Obreiro ou à Oficina como um todo…
Reunimo-nos nesses recintos
Sagrados “em Nome e à Glória do Grande Arquiteto do Universo”; os que não
acreditam nessa transcendência prosseguem com seus pensamentos, palavras e
gestos vulgares; mas, há uma Lei de Causa e Efeito; mais cedo ou mais tarde
toda a Oficina terá de arcar com as consequências.
Ir.'. José Maurício Guimarães M.'.I.'. Grande
Loja de Minas Gerais
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