DESAFIOS QUE A MAÇONARIA DEVE
VENCER
Ao longo de sua história, a
Maçonaria, não aquela das lendas e tradições românticas, de tempos imemoriais,
das guildas de ofício que pretendiam manter uma reserva intelectual de mercado,
mas sim a Maçonaria como Instituição, fruto de um momento social iluminista
originada ao longo do final do século 17 e início do 18, sempre enfrentou
oposição do chamado “mundo profano”, principalmente por seu caráter sigiloso,
reservado, secreto até.
Nestes 300 anos de existência a
Maçonaria se deparou com fortes movimentos que pretenderam controlá-la e até
mesmo suprimi-la, com a eliminação de suas estruturas, a prisão e mesmo a
condenação à morte de seus integrantes. Desde a emissão da Bula In Eminen
Apostolatus Specula, por parte do papa Clemente XII, em 28 de abril de 1738,
uma das primeiras tentativas de sua supressão, até os fortes ataques sofridos
ao longo do século 20 por nações totalitárias, de caráter fascista, mesmo assim
a Maçonaria sempre representou ao mesmo tempo um farol de conquistas sociais de
Liberdade e Igualdade entre os Homens e uma ameaça àqueles que pretendiam a
perpetuação de um status quo baseado no controle do Estado e da Sociedade por
poucos, uma elite perversa que visava ao controle do conhecimento, aos meios de
produção, às liberdades individuais.
Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras,
a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores, intelectuais, filósofos,
cientistas e artistas: de Saint-Marn e Washington; de Voltaire a Franklin; de
Mozart e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria sofreu e sobreviveu, sempre
permanecendo imune aos ataques externos e internos à sua estrutura globalizada,
em uma época em que o termo ainda nem sequer havia sido cunhado. Nestes 300
anos, lutou-se pela Liberdade social, pelo acesso universal à instrução, pelo
direito de acesso aos meios de produção, pela liberdade política, pela defesa
dos Estados laicos e pela comunhão entre os povos. Lutou-se pelo fim do Absolutismo;
pelo fim da Escravidão; pela eliminação das oligarquias na sociedade; pela
eliminação do totalitarismo de Hitler, de Mussolini e de Franco, exemplos de
Estados onde a Maçonaria foi perseguida e praticamente eliminada, com a morte
de aproximadamente 400.000 maçons em campos de extermínio, conforme os
registros oficiais apontam; lutou-se pelo fim da Ditadura do Proletariado nas
quatro décadas após o término da Segunda Guerra Mundial e tem se lutado ainda
pela supressão das injustiças sociais e econômicas.
Agora nestas primeiras
décadas do século 21, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta um inimigo
maior que todos aqueles que já a confrontaram: A indiferença. A indiferença por
parte de seus integrantes de que não há mais batalhas a serem vencidas; a
indiferença e a acomodação por parte de seus integrantes de que as grandes
causas se resumem a encontros sociais e a discursos vazios desassociados da
realidade prática de um mundo em transformação, um mundo que exige respostas
rápidas para questões cada vez mais complexas; a indiferença por parte de seus
integrantes com relação aos equívocos internos e à luta insana por um poder sem
poder algum; a indiferença diante de grupos que simplesmente se esquecem dos
compromissos assumidos no instante de suas iniciações.
Portanto, o maior
inimigo da Maçonaria não está somente no crescimento de movimentos antimaçônicos,
no crescimento de teorias de conspirações, nos ataques de grupos extremistas
que tem se infiltrado dentro da Ordem, com o intuito de se valer da “proteção”
de seus templos para fins menores e escusos. O maior inimigo da Maçonaria está na
constituição, internamente, em nossas fileiras, de grupos de interesses particulares,
na construção de uma oligarquia, de um governo de poucos, por si só perverso,
com pretensões de se perpetuar no poder da Instituição, transformando-se numa
autocracia ou mesmo numa plutocracia.
O que se tem visto de uma forma
generalizada é que os interesses maiores, os interesses sociais e culturais de
grande parte da sociedade profana e maçônica, foram deixados de lado, em troca
de uma política feita para se garantir regalias efêmeras e reuniões festivas
sem significados maiores. Mas quais desafios a Maçonaria deve vencer? Antes de
qualquer ação concreta, antes de se voltar à sociedade profana, a Maçonaria
deve se reinventar, não no sendo de se criar um novo padrão de atuação, mas sim
de se retornar aos princípios defendidos e elaborados por aqueles que
“inventaram” a Instituição; uma reformulação da “ética maçônica” com vias ao
reexame dos hábitos dos maçons e do seu caráter em geral, de modo a se evitar o
desmoronamento dos pilares de sustentação da Instituição; um reexame das reais
necessidades da Maçonaria, principalmente com relação àqueles que pretendem
ocupar a liderança e a representação de nossa Ordem, guindando-se aos seus
maiores postos, não só o mais carismático, mas também aquele que seja mais
preparado do ponto de vista ético, intelectual e moral.
Necessitamos de um novo
padrão de comportamento, não o comportamento vigente, voltado para a
autopromoção e a perpetuação de privilégios, mas sim um novo padrão para se
vencer os desafios referentes à construção de uma sociedade profana baseada nos
princípios fundamentais defendidos pela Ordem, ou seja, a formação de Homens
preparados para a diminuição das diferenças existentes entre as classes, não
somente sob a ótica econômica, mas também do ponto de vista cultural e
educacional.
O que devemos ter em mente e plenamente consciente que a Maçonaria
é a Instituição onde o mundo deve se espelhar e não o contrário. Que os
exemplos de valorização do Homem, da História e da Cultura que sempre foram os
grandes pilares da Maçonaria iluminem o mundo de trevas profano a partir de
nossas fileiras e não o oposto, pois não podemos permitir que as trevas desse
mesmo mundo obscurecessem as Colunas de nossa Instituição.
Devemos ser vaidosos
não por aquilo que pretendemos ser, mas sim, orgulhosos por toda ação e
comportamento que nos - identifiquem e reconheçam como Homens preparados para
transformar o Mundo.
Ir.·. Fábio Cyrino M.'.M.'.
Fonte: Jornal do APRENDIZ, PÁGINA
6, da ARGBLS AMPARO DA VIRTUDE, 0276 – Edição 122 - Pesqueira-PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário