A verdadeira maçonaria!!!!
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FLAVIO D. FERREIRA
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Aos meus queridos irmãos!!!
A maçonaria tem por fim
combater a ignorância em todas as suas modalidades; é uma escola mútua que
impõe este programa: (…) trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero
humano...
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Mais adiante, uma frase, que particularmente reputo
como uma das mais ricas e mais representativas de nossos verdadeiros
objetivos: " ( A Maçonaria) É uma instituição que tem por objetivo
tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela
tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião".
“Felicidade do gênero humano e
tornar feliz a humanidade”. Não
raro, em todas as obras e rituais maçônicos, deparamo-nos com a palavra
"humanidade". A idéia do valor intrínseco da pessoa humana,
encontra suas origens no pensamento clássico e no ideário Cristão. Na cultura
ocidental, diversas referências encontramos sobre a criação do homem " à
imagem e semelhança de Deus", premissa de que foi extraída a idéia de
que todo ser humano é dotado de um valor próprio, intrínseco, na figura de
uma só pessoa humana está representada toda a humanidade.
Ao longo da história, podemos comparar a evolução
da espécie humana com a idéia do que a humanidade pensa sobre sua própria
condição existencial. No pensamento histórico, verificado nas clássicas
tragédias gregas, já estava patente que o ser humano possuía uma dignidade
que o distinguia das demais criaturas, no sentido de que todos são
portadores da mesma, em que pese às diferenças sociais e culturais. Mesmo
durante o medievo, Tomás de Aquino continuou sustentando a divindade da
"dignitas humana". Immanuel Kant sustenta que o homem não pode ser
tratado - tem mesmo por ele próprio - como objeto, pois em si está
representada toda a humanidade. Os ideais da revolução francesa, com seu
tríplice "Liberdade, igualdade e fraternidade", foram uma
espécie de condensação de todo um pensamento filosófico produzido pela
humanidade ao longo de sua existência.
No moderno pensamento filosófico e social, a
questão da dignidade da pessoa humana está cada vez mais, ocupando espaço
como a questão fundamental, pilar de toda existência social, não obstante
flagrantes situações de desrespeito individual à condição humana, como bem
vimos nos recentes conflitos que permearam o Séc. XX. Mas,repito, desrespeito
individual, uma vez que praticados por grupos contra grupos. A utópica
realização plena da dignidade da pessoa humana continua a ser incansavelmente
buscada pelas relações sociais e jurídicas de grupos de nações e grupos de
pessoas, mesmo que entre este último, inconscientes de sua própria busca.
Quanto à característica utópica dessa busca, lembro-me vagamente das palavras
de Galleano, que situa a utopia no horizonte de suas intenções. A cada dez
passos que tenta aproximar-se desse horizonte, dez passos ele se afasta.
Vinte passos, e vinte passos afastados. Pergunta-se: "Mas afinal, porque
a busco? Qual o objetivo de sua existência, se já me convenci de que é
inalcançável?" E responde-se: "Seu objetivo é exatamente este,
obrigar-me a dar os passos."
E a Maçonaria atual, em que
ponto desta busca utópica se situa? Qual sua atuação no sentido de colaborar,
enquanto Ordem, no reconhecimento universal da Dignidade da Pessoa Humana? A
história é rica em relatar a participação de Maçons enquanto indivíduos, e da
Maçonaria enquanto instituição, na petrificação dos ideais humanitários. A
revolução Francesa, o abolicionismo da escravatura no Brasil, os diversos
fatos e atos de ilustres maçons no reconhecimento e na implementação de um
Estado igualitário, justo e perfeito. Ao lapidar a pedra bruta em que se
reconhece, o Maçom tem por dever aparar as mundanas arestas que o tornam
falível enquanto indivíduo, para que em si possa espelhar todo o valor da
humanidade plena. Tem por dever absoluto preparar-se para ser o ponto reflexivo
de tudo que em si representa esta idéia.
Ao jurarmos "...
conservar-me sempre cidadão honesto e digno, (...), nunca atentando contra a
honra de ninguém...", estamos perante o Grande Arquiteto do Universo,
prometendo envidar todos os esforços no sentido de valorizar um dos aspectos
mais marcantes inerentes à dignidade da pessoa humana: A honra. Honra e
Dignidade são palavras quase que sinônimas, pois encerram valores magnos
pertinentes e exclusivos do ser humano.
Dignidade, ou honra neste caso, são amplamente
garantidas na Carta Constitutiva do Brasil, e em quase todas as Constituições
do mundo livre, em suas cláusulas imutáveis, ou pétreas. Mas como transformar
a utópica afirmativa impressa na Constituição em fatos concretos, no nosso
dia a dia? Não podemos mais, a exemplo do passado, destinar o Tronco de
Solidariedade para a compra e alforria de um escravo, ou fomentar revoluções
libertárias no interior de nossos templos.
Não podemos mais ficar
adstritos aos Templos, enquanto lá fora a sociedade a qual pretendemos
modificar através de nosso interior aperfeiçoamento, peca pela omissão quanto
ao respeito a essa Dignidade. Quantas e quantas vezes, ao final de uma
sessão, após um lauto ágape, embarcamos em nossos carros e, na primeira
esquina, olhamos indiferentes ao ser humano, descalço que implora ao
"tio" uns trocados? Quantas e quantas vezes, enquanto cidadãos
encaram impotentes e apáticos à ação do Estado contra as minorias menos
abastadas? Quantas e quantas vezes passamos por um animal maltratado e
ficamos penalizados com sua situação, e quando olhamos nosso semelhante, não
damos à devida atenção?
Ora, direis, contar estrelas...
Quão inócua é a observação dos problemas sem a devida apresentação de
soluções prática, e quão fácil é o tratamento filosófico a uma situação real.
Mas a Maçonaria, se não esquecesse que a utopia é inatingível e não desse os
primeiros passos rumo ao horizonte utópico, não teria como contabilizar entre
seus feitos, uma revolução francesa, uma abolição da escravatura, e tantas
outras ações tomadas a partir de um ideal humanitário. A nós, modernos
Maçons, restam ainda muitos caminhos a serem trilhados. Se, unidos tal nossa
simbólica Cadeia de União, agregar esforços conjuntos e reconhecermos nosso
papel na luta pela Dignidade da Pessoa Humana em termos contemporâneos, ou
seja: a garantia à vida, à saúde, à alimentação, à moradia, e a uma
existência plena, estará justificando as gerações maçônicas passadas, e
quiçá, às futuras, nossa razão de existir.
A proposta atual, e factível, é a educação da
geração vindoura. Que nossas Lojas, nossos Maçons, aproveitem instituições já
consagradas como apoio à educação infanto-juvenil, tais como o escotismo, os De Molay, as APJ's, os Amigos da
Escola, as Filhas de Jó, e
outras, para que através de doações individuais ou enquanto Ordem - e tais
doações não necessariamente financeiras - possam trabalhar valores que, num
contexto a médio e longo prazo, farão a diferença na plena, e aí sim,
concreta, valorização da Dignidade da Pessoa Humana.
Que assim seja.
Flávio Dietz Ferreira.’.
TFA
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