QUASE
NADA!
MEA-CULPA
Maçons
recém-iniciados, e mesmo os antigos menos conhecedores da Filosofia, dos feitos
e da missão da Maçonaria, exaltam-se e julgam impropriamente estar a Sublime
Ordem, alheia aos problemas e dificuldades do homem.
Numa
de nossas sessões, na hora apropriada, um Irmão, preocupado com a imagem da
Maçonaria, lançou a indagação:
– Por
que oito entre dez maçons estão insatisfeitos (decepcionados) com a Maçonaria?
A
resposta foi dada através de outra pergunta:
– Será
que a Maçonaria está satisfeita com dois entre dez maçons? Comigo, com o
caríssimo Irmão?
NADA
Conta-se
que perguntaram a Pitágoras, após ter sido Iniciado nos mistérios egípcios, o
que tinha visto, tendo respondido: Nada. Se ao sair do Templo não tinha visto
nada, não se limitou a sair decepcionado, senão buscando a origem deste nada,
descobriu em si mesmo que não tinha visto nada mais que desejos e ilusões. Foi
então que começou seu caminho para a sabedoria.
Muitos
Irmãos recém-Iniciados se afastam da Ordem porque em nossas Lojas não encontram
nada, porque o nosso simbolismo não lhes significa nada, porque na Maçonaria
não se faz nada; outros se queixam que nas Lojas se fala muito de simbolismo e
nada mais; que só comparecem aos trabalhos da Loja para perder tempo e nada
mais.
Propomos
perguntar-lhes: o que significa esse nada com respeito à Maçonaria? O Neófito
não vai mais à sua Loja porque não encontrou nada… E como é que não encontrou
nada? Não encontrou o Templo com seu Altar, as colunas, os móveis e a
decoração? Não encontrou os Irmãos reunidos na Loja? E como é que diz que não
encontrou nada e que o simbolismo não lhe significa nada? Encontrou pelo menos
o simbolismo… O Neófito que entra no Templo encontra algo, porém não encontra o
que busca; isto dá margem a várias perguntas:
O que
busca o profano que solicita ao ser Iniciado?
O que a Maçonaria não
pode oferecer?
O que
a Maçonaria pode oferecer?
O que
encontra o Neófito ao dizer que não tem nada?
Respostas:
O que
busca o profano que solicita ser Iniciado? Pode solicitar seu ingresso por
vários motivos, desde o mais grosseiro materialismo, o desejo de encontrar
protetores para seus negócios de qualquer espécie, até o motivo de mais elevado
sentimento de humanitarismo.
Em
geral, é mistura de tudo, acrescido de curiosidade; e frequentemente haverá um
sentimento da própria imperfeição acrescido do desejo de melhorar-se e de
aperfeiçoar-se.
É um
dos problemas da Maçonaria que, pelo segredo e discrição que deve guardar seus
integrantes, o profano chega geralmente a nossas portas, desconhecendo
realmente o que espera vindo em contrapartida cheio de esperanças e ilusões que
vão do inadequado até o absurdo.
O que
a Maçonaria não pode oferecer? A Maçonaria não é feita à medida das ilusões do
Neófito. Se esse esperou uma renovação completa de sua personalidade por meio
de um remédio amostra grátis e que se oferece a todo aquele que entra na Ordem,
equivocou-se. Dão-lhe a luz, as ferramentas para trabalhar, mostrando-lhe a
Pedra Bruta e o modo de trabalhar nela. O resto é assunto do Neófito.
Se
buscava um meio cômodo para tornar a sua vida mais fácil e agradável, para
sentir-se importante sem esforço algum, para viver em paz consigo mesmo. E como
não achou o que buscava, diz simplesmente: Não encontrei nada. Aquilo que não
encontra era o que ele queria e nada mais. Dizer que a Maçonaria não faz nada é
outra maneira de revelar que querem conseguir satisfações de amor próprio a
baixo custo.
O que
a Maçonaria pode oferecer? Do ponto de vista das pessoas mencionadas, nada,
pois para elas o trabalho, o estudo não é nada. Quanto mais irreais,
fantásticas forem suas esperanças, mais necessitarão para encontrar o que
oferece a Maçonaria, e que é: trabalho, ferramentas para executá-lo, o salário
que somente se obtém trabalhando.
O que
encontra o Neófito ao dizer que não tem nada? Bate à porta do Templo, se abre
para ele e não encontra nada. O que é este nada? Algo ele encontra e se o
pressionarmos um pouco, ele nos dirá: “Não há nada, somente palavras, somente
Ritualística, somente Símbolos, somente ideias antiquadas”.Algo, portanto
encontra, porém “não o que buscava”.
O
Irmão que se afasta da Loja queixando-se de “não haver encontrado nada”,
afasta-se desgostoso, decepcionado. O encontro com o nada o afetou no mais
profundo do seu ser, reconhecerá que onde não encontrou nada, foi em si mesmo.
Este é o ponto onde começa a germinar a ideia maçônica. Se o Irmão chegar a
este ponto, começará ser maçom.
Temos
tido acesso a manifestos de destacadas autoridades, patriotas, que embora não
pertençam à Maçonaria, repelem o descalabro, as ignomínias das corrupções e da
falta total de caráter, de pudor e de vergonha que assolam a Nação.
Conclamam
a Ordem Maçônica à adoção de uma posição proativa, pela indignação, pela
perseverança, pelo esclarecimento, pela pressão, pelo alerta constante,
esperando que seu clamor seja ouvido, por aqueles que não podem deixar de ouvir.
Convoca-nos
continuarmos a luta contra o errado, o ilícito, a mentira e a trapaça que não
podem ser aceitas, mesmo que praticadas, apregoadas e admitidas como naturais.
Mas o
que fizemos até aqui para mudar?
Parece
haver uma mudança de um estado de apatia crônica dos maçons (que não deixa de
ser uma forma de protesto, uma espécie de resistência passiva) para uma
agitação ainda sem foco muito definido (talvez uma insatisfação geral), uma
forma de reação mais ativa, que cresce na medida em que os outros também se
movimentam.
Não dá
para ficar de braços cruzados, “vendo a banda passar”,nesse momento histórico,
quando todos estão cansados de tudo. Mudar esta triste realidade é tarefa de
todos nós.
A Loja
esta chata, o emprego é monótono, o salário é baixo, o atendimento médico é
precário, o trânsito é caótico, nunca temos dinheiro para comprar o que
queremos, a violência cresce perto de casa, as perspectivas de futuro não são
lá muito animadoras, estamos indignados com o que vemos e ouvimos sobre os
políticos, corrupção e impunidade.
Ônibus,
carros, lojas comerciais pilhadas e prédios públicos depredados e incendiados,
jornalistas intimidados porque trabalham para grandes empresas de comunicação,
agressões e mortes desnecessárias a policiais e a outros manifestantes. Como
evitar esses excessos no calor do momento?
Mas o
que fizemos até aqui para mudar? Quase nada! No momento em que tudo isso vem à
tona e percebemos que outros sentem e passam por situações semelhantes levemos
desejos e frustrações para o meio da rua e os protestos se tornam uma forma
efetiva de manifestar insatisfação, de tentar dizer um “basta”.
Os
governos federal e dos Estados procuram organizar-se para enfrentar o problema
de superpopulação e assassinatos nos presídios, motivo de aflições e agruras em
nosso país. A ideia que vem prevalecendo é construir mais cadeias públicas,
porque assim seria possível acomodar melhor os detentos e dificultar os
assassinatos.
A
edificação de novas penitenciárias, desacompanhada de um ataque direto e
objetivo às principais causas da criminalidade, talvez signifique quase o mesmo
que rasgar dinheiro e até mesmo uma visão inadequada do problema.
Conclusão
A
Maçonaria, em todos os tempos, tem se dedicado a iluminar a humanidade,
disseminando, por toda a parte, os postulados da Luz e da Verdade. Mas os
homens de hoje têm seus ouvidos e olhos fechados ao espiritual. Os maçons, em
grande número, não têm saído do estado de Aprendiz. Neles ainda prevalece à
matéria sobre o espírito.
Grandes
movimentos maçônicos acompanharam mudanças históricas importantes no Brasil e
no mundo. Mas sem foco definido, sem lideranças estabelecidas, com tantos
motivos para protestar, sem particularizar objetivos, sem formular caminhos,
como mudar o que não funciona?
Como
brasileiro exijo que não se dê “palanque” a nenhum bandido, corrupto, ladrão,
traidor da Pátria, independente de partido, ideologia, religião, seja magnata,
juiz, ministro, governador ou presidente. Que se faça justiça, no sentido exato
da palavra, para termos paz e futuro.
Como
Obreiros de Deus, vivemos no presente, caminhando e construindo para o futuro,
mas nada irá empanar as verdades eternas que nos vieram do passado.
Quem
diz sempre a última palavra é a morte; mas temos a esperança, e é por isso que
vivemos e que cremos na vida. Aqui estamos para fazer uma Nação justa!
Autor:
Valdemar Sansão
Fonte: JB News, nº 2332
Nenhum comentário:
Postar um comentário